Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Tag: 2017 (page 4 of 6)

Fernanda Takai dá um banho de sutileza em seu novo DVD

na medida do impossivel ao vivo dvd capa-400x

Por Fabian Chacur

Em 2007, Fernanda Takai iniciou uma carreira-solo paralela à do grupo que a consagrou nacionalmente, o Pato Fu. Essa trajetória chega agora ao seu quinto lançamento, o DVD/CD (vendidos juntos, em embalagem digipack) Na Medida do Impossível- Ao Vivo No Inhotim (Deck). Trata-se de um trabalho no qual a sutileza, o bom gosto e o talento da cantora radicada há décadas em Minas Gerais se apresentam de forma superlativa.

O trabalho foi gravado ao vivo no Inhotim, um misto mágico e cativante de parque e galeria de arte ao ar livre situado em Brumadinho (MG) no dia 3 de setembro de 2016. Além da dona da festa no vocal principal e violão (e usando um belo vestido), temos Larissa Horta (baixo e vocais), Lenis Rino (bateria, MPC e vocais), Lulu Camargo (teclados e gaita) e Tiago Borba (guitarra, violão e vocais), um time afiado que se presta às várias sonoridades empregadas durante o espetáculo.

O repertório do DVD traz 18 faixas, sendo 11 das 13 canções incluídas em Na Medida do Impossível (CD de estúdio lançado em 2014), três de trabalhos anteriores e três novidades em seu repertório,

São elas De Onde Vens (que ela gravou em 2014 para o álbum-tributo a Nelson Motta, Nelson 70), Nada Para Mim (do marido e parceiro de Pato Fu John Ulhôa e gravada originalmente por Ana Carolina em 1999) e I Don’t Want To Talk About It (do saudoso Danny Whitten, do grupo Crazy Horse, sucesso em gravações de Rod Stewart e Everything But The Girl) e Fui Eu (hit de José Augusto nos anos 1980).

O CD, por sua vez, conta com 14 faixas, sendo 12 iguais às do DVD e duas gravações de estúdio de Nada Pra Mim e I Don’t Want To Talk About It. Ainda no DVD, surgem duas versões de Partida, uma ao vivo que aparece nos extras junto com um making of de 6m37 de duração, e outra ilustrada por um clipe gravado nos domínios do Inhotim.

O curioso é que o show foi gravado à noite, com uma iluminação que dá uma ambientação de “festa à luz de velas”. Desta forma, o cenário natural fica em segundo plano, podendo ser confundido com um registro em teatro ou local fechado. A atmosfera de encantamento não é prejudicada por essa opção, que, ao contrário, não banaliza a natureza presente. E para quem deseja ver melhor o local, basta conferir o clipe da envolvente Partida, que cumpre essa função com eficiência.

O show flui com muita felicidade, com um repertório que se divide entre canções folk, pop, rock, eletrônica e um pouco de samba/bossa nova aqui e ali. Tudo isso pontuado pela voz doce de Fernanda, que com sua presença de palco delicada e simpática cativa o público e cria um clima de empatia sem grandes dificuldades.

Sem prejudicar a trajetória do Pato Fu, a carreira solo de sua talentosa cantora segue como uma boa forma de Takai externar sonoridades e canções que não caberiam tão bem na banda, podendo assim ampliar seus horizontes musicais. Boa sacada.

Partida (clipe)- Fernanda Takai:

Banda PAD lança um primeiro single pela Universal Music

pad banda 400x

Por Fabian Chacur

Tem banda nova no cenário rock brasileiro. E com um bom pedigree. Trata-se da PAD. Criada em novembro de 2016, ela acaba de lançar seu primeiro single pela Universal Music, no formato digital e com direito a um lyric vídeo. Not So Vain tem título em inglês, mas a letra é em português, mesmo. Trata-se de uma amostra do primeiro álbum do sexteto, que está previsto para chegar ao mercado musical brasileiro ainda em 2017.

Not So Vain é um hard rock com levada swingada, e funciona como um interessante cartão de visitas para o time, que é composto por músicos bem experientes: Fábio Noogh (vocal, da banda cover The Soundtrackers), Marcos Kleine (guitarra, do Ultraje a Rigor), Thiago Biasoli (baterista, do Carranca Trio), Willian Bill de Oliveira (baixo- produtor do Dr. Sin e integrante do Trinta E3), Leandro Pit (guitarra- Os Travessos, Sensação e Intuição) e Rodrigo Simão (teclados).

A banda fez sua primeira apresentação em fevereiro deste ano, na Campus Party Brasil, em São Paulo. O seu nome surgiu de forma bem-humorada como uma espécie de trocadilho com “pé de galinha”, citação do nome Chickenfoot, superbanda americana liderada pelo vocalista e guitarrista Sammy Haggar, ex-Van Halen. Eles definem a letra do seu single de estreia como “Viver o momento intensamente e deixar o passado para trás. Não se apegar ao futuro”.

Not So Vain- PAD:

Turma do Pagode grava CD ao vivo com diversos convidados

turma do pagode gravacao dvd-400x

Por Fabian Chacur

Na última segunda-feira (12), em pleno Dia dos Namorados, o grupo Turma do Pagode gravou o seu novo CD ao vivo. O local foi o estúdio NaCena, em São Paulo, que contou com uma plateia composta por convidados especiais e integrantes de diversos fãs-clubes do grupo espalhados pelo Brasil. Ainda sem título definido ou data de lançamento programada, o trabalho trará bons atrativos para quem segue o seu trabalho.

Com 17 faixas, divididas entre regravações e inéditas, o repertório inclui, entre outras, Cobertor de Orelha, Se Eu Pudesse, Tá de Parabéns e Antes Só do Que Mal Apaixonada. O elenco de convidados é estelar, um verdadeiro “quem é quem” no cenário do pagode: Dodô (Pixote), Reinaldo- O Príncipe do Pagode, Netinho de Paula, Leandro Lehart e Márcio Art do Art Popular e os ex-Exaltasamba Chrigor e Péricles.

Com 15 anos de estrada, o grupo formado por Leiz (tantã e voz), Caramelo (banjo e voz), Rubinho (pandeiro), Marcelinho (cavaquinho), Leandro Filé (violão), Fabiano Art (surdo e percussão), Neni Art (repique de mão, pandeiro, cuica e percussão) e Thiagão (percussão) atualmente faz shows para divulgar seu DVD/CD XV Anos (2016), que traz como chamariz a faixa Deixa em Off, um dos grandes sucessos recentes do pagode, com mais de 55 milhões de acessos no Youtube.

Deixa em Off (ao vivo)- Turma do Pagode:

Good Vibes é 1ª faixa autoral da cantora pop Luisa Sonza

LUISA_CLIPE_1-400x

Por Fabian Chacur

Mais de três milhões de visualizações. Eis o resultado, durante apenas uma semana no Youtube, do clipe de Good Vibes, primeira música autoral da cantora e compositora gaúcha Luisa Sonza. O single marca a estreia da loirinha de 18 anos na gravadora Universal Music, e também está fazendo ótima performance no Spotify. “Estou muito feliz, esperei muito por isso, é surreal para mim, fico emocionada só de falar”, revela, em entrevista a Mondo Pop.

Embora muito novinha, Luisa já tem um currículo respeitável. Oriunda da cidade gaúcha de Tuparendi, ela brinca, dizendo que canta desde que nasceu. E aos 7 anos, recebeu o convite para integrar uma banda, na qual ficou durante muito tempo e com a qual fazia apresentações para públicos de até 5 mil pessoas. “Cantava Beatles, Abba, música sertaneja, música gaúcha de raiz. Sou muito das antigas”, comenta.

Sua fama se espalhou a partir do momento em que passou a postar vídeos no Youtube com releituras acústicas de hits alheios. Com milhões de acessos, cativou até famosos como o youtuber Whindersson Nunes e Luan Santana, que gravaram vídeos com ela. “Gosto de estar perto das pessoas, e o Youtube me aproximou delas. Fico muito feliz com tudo que o Youtube me proporcionou, e não acho que perdi minha privacidade por causa disso”, avalia.

Good Vibes foi composta em um período de seis meses. A gravação foi produzida pela dupla Umberto Tavares e Mãozinha, que assinam os hits de inúmeros artistas pop brasileiros atuais. “Trabalhar com o Umberto foi uma honra, eu me senti muito segura com ele, que me ajudou a ter uma pegada mais pop, a parte eletrônica veio dele, pois eu estava acostumada a gravar de forma acústica”, comenta.

O clipe do single teve como cenário a paradisíaca Fernando de Noronha. “A ideia desde o início foi ter uma praia como cenário, e escolhi Fernando de Noronha porque considero um lugar com ótimas vibrações, com pessoas legais, tinha tudo a ver com a música”.

Nem é preciso dizer que as comparações com Anitta, principal estrela no segmento pop brasileiro atual, já começaram. Ela não liga. “Acho a Anitta uma artista incrível, falo muito com ela, somos amigas. É uma honra ser comparada a ela logo em meu primeiro single autoral”.

No dia 7 de julho, já está programado o lançamento de um novo single autoral, com a música Olhos Castanhos. Por enquanto, não há previsão de um lançamento a curto ou médio prazo de um álbum completo, sendo a perspectiva mais clara a de lançar um EP no final deste ano ou no começo de 2018. Convidados podem pintar, mas Luisa prefere manter segredo. Ela iniciou uma turnê em maio, com shows nos quais canta músicas autorais e covers de seus ídolos.

Good Vibes– Luisa Sonza:

Barros de Alencar, radialista e cantor, nos deixa aos 84 anos

Barros de Alencar 02-400x

Por Fabian Chacur

“Barros de Alencar, vai apresentar, as sétimas do dia, as sete campeãs!” Após essa vinheta, uma voz grave e cativante anunciava: “sétima”. Eis uma das lembranças mais marcantes da minha infância. A emissora era a rádio Tupi Am, e quem a ouvia era minha querida e saudosa mãe Victoria. O filho pegava carona, e nessas ouvia os hits do momento. O dono daquele vozeirão se foi na manhã desta segunda (5) aos 84, o gente boa Barros de Alencar.

Entre os sucessos tocados lá pelos idos de 1969 por esse paraibano de Uiraúna, tinha de tudo, até os Beatles, geralmente com Ob-ladi Ob-lada, que ele anunciava de forma bem-humorada como “Os Britos”. Barros era um campeão de audiência, e também tocava as músicas que gravava, ora interpretando normalmente, a la Julio Iglesias (que nem estava em cena ainda) ou no melhor estilo recitativo, seara também seguida por Francisco Cuoco e outros, já nos anos 1970.

Lembro da surpresa de, ao entrevista-lo no finalzinho dos anos 1980, pelo Diário Popular, constatar que aquela voz potente vinha de um baixinho. Era incrível sua simpatia ao relembrar histórias de vida e carreira, e também da forma despretensiosa como encarava a carreira de cantor, sem se levar muito a sério. Mas ele vendeu muitos e muitos discos com canções como Meu Amor é Mais Jovem do Que Eu e Soleado.

Mas ele era quente mesmo como apresentador de rádio e também de TV, com um estilo descontraído. Na televisão, nos anos 1980, ajudou a popularizar diversos cantores populares e até as bandas de rock emergentes, como Magazine e Metrô, só para citar duas delas. Seus concursos de covers de Michael Jackson também marcaram época. Ele sofria com problemas cardíacos, e agora já deve estar ao lado de outros gênios do rádio, como Hélio Ribeiro, lá no céu radiofônico.

Meu Amor é Mais Jovem do Que Eu– Barros de Alencar:

Canábicos mostram hard rock potente no ótimo CD Intenso

Capa Canabicos Intenso-400x

Por Fabian Chacur

Dizem que a melhor forma de se aprimorar aquilo que se faz é fazendo, cada vez mais e sempre atento ao que se pode realizar para melhorar a qualidade do resultado final. O grupo Canábicos, na estrada desde 2013, aparentemente segue esse lema à risca, pois em quatro anos de estrada chega agora ao seu quarto álbum. E pela excelência de Intenso (Monstro Discos), o seu mais novo trabalho, o caminho é esse mesmo.

Cria de Araguari (MG), o grupo traz Clandestino (vocal), Murcego González (guitarra, também integra o ótimo Uganga), MM (baixo) e Mestre Mustafá. No currículos, os álbuns La Bomba (2013), Reféns da Pátria (2014), Alienígenas (2015) e o recém-lançado Intenso (2017). A vitória em 2015 no Fun Music, o maior festival universitário de música do Brasil, os ajudou muito na divulgação de seu trabalho.

A concepção musical do quarteto mineiro é centrada no hard rock de tempero setentista, com direito a influências bacanas como Led Zeppelin, Grand Funk Railroad, Deep Purple, Black Sabbath, Golpe de Estado e até Made In Brazil em seus momentos mais pesados. Temos enfurecidos riffs de guitarra, tocados de maneira tecnicamente admirável, acompanhados por uma cozinha sólida e um vocalista simplesmente demencial no seu carisma e poder de fogo.

Intenso é um título perfeito para o álbum, pois são oito faixas repletas de energia, elaboração e diversidade. Consegue conciliar a fúria com o bom gosto, algo nem sempre muito simples de se fazer. E o bacana é que as letras são todas em português, e muito boas em sua simplicidade e ataque direto e sem rodeios, prova concreta de que dá para se fazer hard rock ótimo sem ter de escolher o inglês como idioma.

O repertório do álbum é excelente, com direito à swingada Planeta Estranho, a incrível Lei do Cão (que merece entrar na programação de qualquer rádio rock que se preze) e a psicodélica Eu Não Sei o Que Vai Ser de Mim, que envolve o ouvinte e é encerrada pela repetição em looping de um sinistro som de saco de risos. Final surpreendente para um CD que contou com a ótima produção de Gustavo Vazquez, que deu ao álbum qualidade técnica internacional.

Planeta Estranho (clipe)- Canábicos:

Alexandre Grooves volta com o álbum Multi e show em SP

Alexandre Grooves -foto de Maurício Barone -2ab-400x

Por Fabian Chacur

Foram seis longos anos afastado da música, período usado para cuidar de uma lesão nas cordas vocais. Felizmente, deu tudo certo, e o cantor, compositor e músico paulistano Alexandre Grooves está de volta. E com força total. Ele está lançando o seu segundo álbum, Multi, e mostrará o repertório dele em show no dia 18 (quinta) às 22h30 no Bourbon Street (rua dos Chanés, nº 127- Moema- fone 0xx11-5095-6100), com ingressos a R$ 50,00 (quem comprar antecipadamente ainda leva o CD na faixa).

O envolvimento de Grooves com a música teve início quando ele tinha apenas sete anos e começou a ter aulas de piano e contrabaixo na escola Clam, do Zimbo Trio. Ele fez parte das bandas de Mauricio Manieri, Seu Jorge, Claudio Zoli e Jair Oliveira, além de integrar os grupos Funk Como Le Gusta, Grooveria e Paumandado. Em 2007, iniciou a carreira solo com o elogiado álbum Amanhã Eu Não Vou Trabalhar, que teve participações de Céu, Seu Jorge e Mauricio Manieri e recebeu muitos elogios por parte da crítica especializada.

Ele abriu o show da cantora britânica KT Tunstall na Via Funchal, em 2008, e também fez uma turnê pelos EUA no ano seguinte. Canjas ilustres de feras do porte de Wilson Simoninha, Luciana Mello, Jair Oliveira, Max de Castro, Milton Guedes e Gabriel Moura, além dos nomes já citados anteriormente, ocorreram em vários de seus shows.

Multi contou com produção arranjos e composições a cargo do próprio artista. A exceção no aspecto autoral é Ska, dos Paralamas do Sucesso, que com Alexandre ganhou um andamento mais jazzy e um frescor simplesmente incrível. Em termos vocais, fica nítido que ele está completamente curado, pois o timbre está melhor do que nunca, adequando-se feito luva às levadas que variam de faixa para faixa, com direito a bem deglutidas influências de Lenine, Djavan, Stevie Wonder e Gilberto Gil, entre muitos outros.

São dez faixas, que envolvem o ouvinte tanto pelos grooves como por suas ótimas letras, abordando temas essenciais como amor, tolerância, convivência pacífica entre os seres humanos e coisas assim. É Tudo Gente, Garota da Capa, Pra Viver Só Com Você e Respeite-me são destaques, mas Multi traz como principais méritos o equilíbrio e a excelência de seu repertório, que motivam o ouvinte a repetir a audição de novo, de novo e de novo. Show de bola!!! E a apresentação da versão em CD é impecável. Ouça em streaming aqui.

Garota da Capa– Alexandre Grooves:

Filme Eight Days a Week nos promete mais do que cumpre

eight days a week capa dvd-400x

Por Fabian Chacur

Depois do lançamento do maxi-documentário Anthology (1995), com mais de onze horas de duração e apresentando de forma profunda e repleta de material essencial a história dos Beatles, ficou difícil para alguém pensar em um projeto audiovisual que possa superá-lo ou ao menos chegar perto de tal excelência. O filme-documentário Eight Days a Week- The Touring Years, lançado em setembro de 2016 nos cinemas e agora saindo no formato DVD, chegou com essa pretensão, vide seu lema: “The Band You Know, The Story You Don’t” (a banda que você conhece, a história que não conhece).

Para completar a expectativa, o mentor de tal projeto era ninguém menos do que Ron Howard, conhecido por filmes como Apollo 13 (1995), Cocoon (1985) e Uma Mente Brilhante (2001), tendo ganho o Oscar de melhor diretor com este último. Diante de tanta expectativa, a pergunta é óbvia: o produto final atinge seu objetivo? A resposta é não, mas merece uma explicação minuciosa, para não soar como uma daquelas análises gratuitas só para atrair cliques ou irritar os fãs.

O documentário tem como objetivo mostrar a fase em que os Beatles se tornaram um fenômeno mundial em termos de popularidade, entre 1963 e 1966, e no qual as turnês pelo mundo afora foram uma ferramenta fundamental. Os anos da Beatlemania, para ser mais preciso. Como forma de nos apresentar esse incrível fenômeno comportamental e cultural, Howard se valeu de vasto material de arquivo já utilizado anteriormente, com apenas uma ou outra cena menos conhecida.

As entrevistas recentes feitas com Paul McCartney e Ringo Starr também são bastante redundantes, inferiores às feitas para o Anthology. Dessa forma, essa coisa de “a história que você não conhece” soa arrogante demais. Novidades ou possíveis revelações passam bem longe dos 106 minutos de duração do filme. Nem precisa ser um especialista daqueles realmente viciados em Beatles para ter tido conhecimento de tudo o que é contado aqui.

Lógico que um profissional do calibre de Ron Howard não faria um produto ruim em termos de apresentação, e nesse aspecto, Eight Days a Week é muito bem realizado, fluindo bem e encaixando os registros de forma bem ordenada. Os depoimentos do jornalista americano Larry Kane, o único que acompanhou todos os shows das turnês dos Fab Four pelos EUA em 1964 e 1965 também são pontos importantes.

Merecem um belo destaque os deliciosos testemunhos da atriz Whoopi Goldberg sobre sua idolatria em relação ao grupo britânico e da emoção de ter visto o mitológico show no Shea Stadium em 1965, e também o relato do show realizado em Jacksonville, Florida, em 1964, no qual eles se recusam a tocar para uma plateia segregada, resultando em um raro momento em que brancos e negros conviveram em um show dessas proporções naqueles lados dos EUA.

A qualidade das imagens é impecável, assim como o áudio. A narrativa vai até o último show oficial da banda, em agosto de 1966 no Candlestick Park, San Francisco (EUA), e o documentário acaba com cenas da última apresentação de fato do quarteto de Liverpool, realizado em janeiro de 1969 no teto do prédio onde estava os escritórios da gravadora deles, a Apple.

Muitas cenas de histeria do público ao redor do mundo foram usadas, e de forma bem eficiente para ressaltar o quanto o som do grupo inglês atiçava a libido do público, especialmente o adolescente, e também de como os adultos e boa parte da imprensa ficavam abismados com aquilo tudo, sem entender absolutamente nada.

Como os Beatles são um daqueles fenômenos de popularidade que desafiam o tempo, existem fãs que os conheceram há pouco, e para os quais até mesmo as carreiras solo de John Lennon e George Harrison podem parecer algo totalmente fora de seus radares. Para eles, Eight Days a Week funciona como uma boa introdução em termos audiovisuais. Mas para quem os curte há mais tempo, é um filme com cheiro de “já conheço bem essa história, e melhor contada”.

obs.: e o DVD não traz nenhum extra. Nada, nadinha. Eita muquiranice!!!

Eight Days a Week-trailer do filme:

Nico Rezende viaja com classe pelo repertório de Chet Baker

nico rezende canta chet baker-400x

Por Fabian Chacur

Nico Rezende tem várias afinidades com o saudoso cantor e trompetista americano Chet Baker (1929-1988). Ambos começaram como músicos, inserindo o canto em suas trajetórias logo a seguir, com sucesso. Outra característica: a pinta de galã. Sorte que Nico não seguiu outra marca do jazzista, o forte envolvimento com as drogas e bebidas e uma vida desregrada que o destruiu durante as duas últimas décadas de sua breve vida. Firme, forte e em plena forma, o músico brasileiro lança Nico Rezende Canta Chet Baker, belíssimo DVD com repertório de Baker.

Chet Baker viveu o auge de sua trajetória musical durante a década de 1950 e parte da de 1960. Seu trabalho seguia a linha do cool jazz, também chamado de West Coast pelo fato de ter sido predominante no oeste americano nos anos 1950. Músico refinado, elogiado até por feras como Charlie Parker, que o ajudou no início de sua carreira, ele começou a brilhar como cantor com o álbum Chet Baker Sings (1954).

Compositor não muito frequente, ele se valia bastante do repertório de standards da música americana, aquela coleção maravilhosa de composições assinadas por nomes como Cole Porter, George & Ira Gershwin, Sammy Cahn, Richard Rodgers & Lorenz Hart, Johnny Mercer e outros do mesmo altíssimo gabarito. A seleção de repertório feita por Nico enveredou por esse caminho, sendo que 8 das 17 faixas marcam presença no clássico Chet Baker Sings.

Para acompanha-lo nesta bela viagem musical, Nico, que se incumbiu dos vocais e do piano, convidou os excelentes Guilherme Dias Gomes (trompete), Fernando Clark (guitarra), Alex Rocha (contrabaixo acústico) e André Tandeta. A gravação foi feita durante o show que o quinteto realizou em Niterói (RJ), como parte do Tudo Blues Festival, no dia 5 de junho de 2016, no Teatro do Centro Artes UFF.

O timbre e o estilo de cantar de Nico se encaixaram feito luva neste repertório, e o entrosamento entre ele e os músicos de sua banda rendeu performances impecáveis, sempre abrindo espaços na hora certa para os improvisos e tratando com todo o carinho cada canção.

O registro visual, em tons mais escuros, cria um clima de casa noturna americana, como se estivéssemos nos EUA durante a década de 1950, ouvindo os reis do cool jazz. E o comandante da festa se mostra um ótimo mestre de cerimônias, com direito a uma bela interação com a plateia na parte inicial da música You’d Be So Nice To Come Home To.

Quando às 17 músicas incluídas no DVD, louvemos maravilhas como But Not For Me, Time After Time, Let’s Get Lost, You Don’t Know What Love is, There Will Never Be Another You, My Funny Valentine, As Time Goes By e That Old Feeling, canções que provam com veemência que o que é bom, é para sempre, não tem data nem época. Atemporais até a medula!

Nico Rezende Canta Chet Baker é uma bela forma que o cantor, compositor e músico nascido em São Paulo em 13 de outubro de 1961 e radicado há anos no Rio escolheu para comemorar os 30 anos do lançamento de seu primeiro álbum solo, autointitulado, do qual o hit Esquece e Vem saiu rumo às paradas de sucesso de todo o mundo. Ele também atuou como músico e arranjador para artistas do porte de Ritchie, Lulu Santos, Marina Lima, Roberto Carlos e Gal Costa.

There Will Never Be Another You– Nico Rezende:

Putos Brothers Band estreiam com um álbum visceral e cru

putos brothers-400x

Por Fabian Chacur

Aqui não há lugar para frescuras. Nada de elaboração excessiva, ou harmonizações bonitinhas, ou mesmo poesia lírica e impoluta. A opção da Putos Brothers Band foi cair de cabeça em um blues rock ardido, cru e repleto de papo reto, sem curvas nem nada do gênero, com direito a alguns palavrões aqui e ali. O resultado de sua estreia em CD, Tá Todo Mundo Puto Brother!, não poderia ser melhor, e transborda energia, personalidade e talento. Esse quarteto sabe das coisas!

Na estrada desde 2010, a Putos Brothers Band possui pedigree dos melhores, na figura de seu gaitista, Sylvio Passos. Sim, ele mesmo, fundador do Raul Rock Club e amigo pessoal do saudoso Maluco Beleza. O cara demorou a entrar no mundo das músicas autorais, pois há alguns anos integra a Raul Rock Club Band, especializada no repertório de Raulzito. Valeu a espera. E, não por acaso, os outros integrantes do time são dessa mesma banda.

Além de Sylvio, que de forma escrachada se classifica como o “Sid Vicious da gaita” (referindo-se ao péssimo baixista da fase final dos Sex Pistols), temos em campo (ou nos palcos) Agnaldo Araújo (vocal e guitarra), seu irmão Adriano Araújo (baixo) e André Lopes (bateria). Os quatro formam um grupo afiado, com os elementos fundamentais para uma banda de blues-rock dar certo: muita garra, talento e nenhum medo de errar, se o acerto geral for a meta.

O primeiro disco dos Putos Brothers Band ganha o ouvinte mesmo antes de começar a ser tocado. A apresentação visual do CD é simplesmente demais, com direito a capa desde já clássica, encarte com letras, informações e fotos bacanas e tudo o mais. Coisa de gente inteligente, consciente de que precisa oferecer algo mais ao público para justificar a aquisição do trabalho físico. Vá por mim: é melhor ter a versão em CD ou a em vinil, que sairá em breve.

Mas não adianta roupa bonita se o cara é feio, e aqui o som é na veia. Lógico que tem influências do autor de Ouro de Tolo, mas traz muito mais, como toques de Nasi & Os Irmãos do Blues, Barão Vermelho, Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix e vários outros, muitas e boas influências. As letras são sempre simples, mas muito bem sacadas, apostando na inteligência do público e mergulhando em ironia, poesia direta e protesto sem panfletarismo.

As dez faixas incluídas neste CD são bem legais, mas algumas merecem destaque adicional, como a contagiante Tá Todo Mundo Puto Brother, a deliciosa A Busca (com brilhante participação especial do guitarrista Israel Che Hendrix, da banda Gangster), a incisiva Ela Vem de Trem e a homenagem Um Blues Para Raul. Tá Todo Mundo Puto Brother é para se ouvir a toda altura, aumentando o alto astral geral. Mister Seixas teria orgulho do seu pupilo!

Tá Todo Mundo Puto Brother!(streaming, CD completo):

Older posts Newer posts

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑