Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Tag: 70 anos (page 1 of 4)

Guilherme Arantes chega aos 70 anos pleno e muito intenso

guilherme arantes- 400x

Por Fabian Chacur

O meu amigo Guilherme Arantes completa 70 anos de idade nesta sexta-feira (28). Sete décadas! Sendo que desde 1976, quando Meu Mundo e Nada Mais estourou nacionalmente, ele se mantém firme e forte nos corações dos brasileiros de bom gosto musical. O que falar para esse grande cantor, compositor e tecladista paulistano? Pra começo de conversa, votos de muita saúde, paz e tudo de bom, hoje e sempre, pois ele merece e muito!

Bem, vamos divagar um pouco sobre ele. Já fiz isso várias vezes aqui no blog e também em outros espaços, mas nunca é demais ressaltar algumas coisas acerca desse artista incrível. Que é romântico, mas não é o Fábio Jr., é roqueiro mas não é o Cazuza, é pop mas não é o Elton John, e é sofisticado, mas não é o Tom Jobim. Ele é uma soma de muitas coisas, resultando dessa forma em um artista único e inconfundível.

Mr. Arantes consegue ser popular sem cair no rasteiro, e sofisticado sem dar uma de metido a besta. Mergulha com categoria em todos os aspectos do amor, desde a descoberta até o fim e à sua permanência, sempre com aquela intensidade típica de quem certamente amou, ama e amará demais, com o peito aberto e sem medo de ser feliz e de fazer feliz.

Uma das vertentes da música deste grande criador vai por um lado visionário e de fé extrema, do qual a maravilhosa Amanhã é provavelmente seu fruto mais belo e delicioso. Não é por acaso que esta canção sempre volta à tona em situações em que precisamos de uma forte dose de esperança e força para seguirmos adiante, em quaisquer circunstâncias.

A generosidade e a simplicidade de Guilherme são marcas registradas de sua personalidade. Ele também é cara que não tem medo de expor os seus pontos de vista, independentemente de agradar ou não. E conversar com esse cidadão é uma delícia, um verdadeiro privilégio que ele não restringe, mostrando-se sempre acessível quando devidamente solicitado.

Se nos últimos tempos perdemos muitas pessoas incríveis no cenário musical brasileiro e mundial, temos a obrigação de valorizar cada vez mais quem permanece entre nós, pois se há algo lindo de se fazer é dar as flores em vida a quem as merece. E o autor de Êxtase, Cheia de Charme, Lindo Balão Azul, Cuide-se Bem (a minha favorita), Uma Espécie de Irmão e tantas músicas encantadoras merece um jardim inteiro delas.

A obra de Guilherme Arantes é ampla e recheada de bons momentos. Recomendo com entusiasmo a todos um mergulho nela, pois você certamente sairá melhor e muito energizado dessa experiência. Que este artista incrível e ser humano adorável conviva conosco por muitos e muitos anos, sempre com saúde, paz e se mantendo ativo e disposto a brincar de viver. Que ele sabe fazer como poucos.

Amanhã– Guilherme Arantes:

Suzi Quatro, 70 anos, uma bela e verdadeira rainha do rock and roll

suzi quatro 2-400x

Por Fabian Chacur

Não tem um só roqueiro da minha geração ou da geração anterior à minha que não seja até hoje apaixonado por Suzi Quatro. Não só pelo fato de essa cantora e baixista americana ser uma tremenda de uma gata. A coisa ia muito além disso. Esse ícone do rock and roll completa nesta quarta (3) 70 anos cada vez mais viva nos corações de quem curte rock de verdade. E esse sempre foi um forte diferencial dela. Tinha charme e era bonita, mas ganhava fãs fieis mesmo era na hora em que começava a cantar e tocar seus diversos hits.

Nascida nos Estados Unidos em 3 de junho de 1950, mesmo ano de Peter Frampton, Suzi tinha no pai (Art, funcionário da General Motors e músico de jazz nas horas de folga) uma influência. Ainda garota, montou dois grupos só de mulheres, ao lado das irmãs Patti, Nancy e Arlene.

A primeira banda das garotas, a The Pleasure Seekers, gravou dois singles, um em 1966 (com as faixas Never Thought You’d LeaveWhat a Day To Die) e outro em 1968 (incluindo Light Of LoveGood King Of Hurt). Vale o registro: Suzi nasceu e iniciou a sua carreira em Detroit, a cidade onde também nasceu e cresceu a mitológica Motown Records.

Em 1971, foi descoberta por lá pelo produtor britânico Mickie Most, que havia trabalhado com Jeff Beck, The Animals e Donovan, entre outros, e se mudou para a Inglaterra, onde foi contratada pela Rak Records, de Most.

Ela também havia recebido um convite da Elektra Records, mas preferiu o selo britânico, explicando em uma entrevista a razão:
“O presidente da Elektra me disse que eu poderia me tornar a nova Janis Joplin, enquanto Mickie Most me fez a oferta de me levar para a Inglaterra e me tornar a primeira Suzi Quatro. E eu nunca quis ser a nova coisa alguma!”

Uma rainha do rock nasce no Reino Unido e no mundo

Most preparou sua pupila durante mais de um ano. O primeiro single de Suzi, Rolling Stone, saiu em 1972, mas só se deu bem em Portugal. O sucesso veio em 1973 com dois singles explosivos, Can The Can e 48 Crash, ambos de autoria da dupla de compositores Mike Chapman e Nicky Chinn, que também fizeram hits para o The Sweet e vários outros.

Embora diferentes entre si, esses dois rockões tinham características em comum: abertura absurdamente energética de bateria, guitarras distorcidas na medida e o vozeirão ardido de Suzi dando o tom, além de melodias muito, mas muito bacanas mesmo. Além disso, temos seu visual, com longos cabelos loiros em corte repicado que virariam sua marca registrada e roupas justas de couro.

Ironicamente, Suzi Quatro não fez sucesso nessa época em seu país natal. Na Inglaterra, Europa, Austrália e diversos outros países, entre os quais o Brasil, a moça virou mania. Até 1975, outros sucessos rolariam, como Devil Gate Drive, Daytona Demon e a alucinada The Wild One.

Ela também fazia covers, e um é dos mais curiosos: I Wanna Be Your Man, de Lennon e McCartney e também gravada pelos Rolling Stones, na qual ela cantava “quero ser seu homem” sem o menor pudor, e também sem necessariamente a menor vontade de encarar alguém do mesmo sexo.

O sucesso retorna com um contorno mais pop

Após alguns anos de vacas magras, Suzi Gata voltou às paradas em 1978 com dois singles bem bacanas, mas com pegada mais pop: o sacudido pop rock If You Can’t Give Me Love e a popíssima Stumblin’ In, esta última em dueto com o cantor Chris Norman, vocalista do grupo Smokie, e o único hit de verdade de Suzy nos EUA, atingindo o quarto lugar na parada de singles americana em 1979.

Aliás, nos EUA a cantora ficou mais conhecida por ter vivido o papel da roqueira Leather Tuscadero no seriado televisivo de grande sucesso Happy Days, participando de sete episódios das temporadas de nº 5 e 6 da atração entre 1977 e 1979. O produtor do programa, Garry Marshall, propôs a ela estrelar uma série baseada nessa personagem, mas Suzi achou melhor recusar, pelo medo de ficar rotulada e perder força em sua carreira dessa forma.

Em 1980, lançou a poderosa Rock Hard, tema do filme Times Square, de Alan Moyle (conhecido pelo filme Empire Records, de 1995), que não fez sucesso mas tem uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos. Um dia preciso escrever sobre esse disco aqui.

Fora das paradas de sucesso, mas firme na ativa

A partir daí, o sucesso musical saiu de cena para Suzi Quatro. Ela também se dedicou durante algum tempo a ter filhos com o primeiro marido, o guitarrista de sua banda de apoio Len Tuckey, com quem se manteve entre 1976 e 1992 e teve Laura e Richard Leonard. Em 1986, lançou uma releitura de Wild Thing, dos Troggs, em dueto como o vocalista daquela célebre banda, Reg Presley. Ela também apresentou outros programas de rádio e TV, além dos já citados.

Residindo em Essex, na Inglaterra, passando alguns períodos em Hamburgo e em Detroit, Suzi continua bem ativa, mesmo sem o sucesso dos bons tempos, lançando novos trabalhos e fazendo alguns shows. Em 2017, ela lançou o álbum Quatro, Scott & Powell, reunindo três astros da era do glam rock: ela própria, Andy Scott (do The Sweet) e Don Powell (do Slade). Seu álbum mais recente, No Control, saiu em 2019 por um selo independente.

Algumas curiosidades bacanas sobre Suzi Quatro

*** Das três irmãs que integraram com ela o grupo The Pleasure Seekers (que em sua fase final virou Cradle), Patti foi quem avançou mais. Ela tocou com a irmã em algumas ocasiões e integrou outra banda feminina de sucesso, a Fanny, com quem gravou em 1974 o álbum Rock And Roll Survivors. As meninas também tinham outro irmão, Michael Quatro, que lançou vários trabalhos solo também na área roqueira. Arlene é mãe da atriz Sherilyn Fenn, conhecida por sua atuação em séries como Twin Peaks e Ray Donovan e no filme televisivo Liz: The Elizabeth Taylor Story, no qual viveu o papel da célebre estrela de Hollywood.

*** Quando chegou aos EUA oriundo da Itália, Art teve de mudar o seu sobrenome original, Quattrocchi, que virou Quatro por sugestão da imigração americana. A mãe de Suzi era oriunda da Hungria.

*** O britânico Nicky Chinn e o australiano Mike Chapman compuseram os maiores hits de Suzy Quatro, maravilhas do porte de 48 Crash, Can The Can, Devil Gate Drive, If You Can’t Give Me Love e Stumblin’ In, entre inúmeros outros. Eles também escreveram canções de sucesso para The Sweet, Huey Lewis And The News, Toni Basil, Smokie, Mud e Racey. Sozinho, Chapman também produziu álbuns dos grupos Blondie e The Knack e compôs sucessos para Tina Turner.

*** Suzi regravou vários clássicos do rock, entre eles All Shook Up, que estourou na voz de Elvis Presley. Diz o livro Guiness Book Of Rock Stars (1991), de Dafydd Rees e Luke Crampton, que o The Pelvis não só elogiou a performance da moça em sua regravação como a convidou (em 1974) para ir à sua casa, a mitológica Graceland, conhecê-lo. Dizem que ela amarelou, por Elvis ser seu maior ídolo e Suzi achar que não aguentaria o tranco!

*** Suzi é considerada uma das mais influentes mulheres da história do rock, citada como influência por grupos como The Runaways, Girlschool, The Bangles e até por Tina Weimouth, a baixista dos Talking Heads, que diz ter resolvido tocar baixo tendo como estímulo a intérprete de 48 Crash.

*** A primeira performance de Suzi foi aos oito anos de idade, fazendo uma participação em um show do grupo de jazz de seu pai, que fez questão de dar uma educação musical aos cinco filhos.

*** A roqueira americana está aproveitando a quarentena gerada pelo combate ao novo coronavírus fazendo lives com um curso gratuito de baixo. Confira o interessante canal dela no youtube aqui.

Veja uma sequência de clipes de Suzi Quatro aqui .

48 Crash (TV clip)- Suzy Quatro:

Robert Plant:70 anos de idade com Led Zeppelin e bem mais

robert plant-400x

Por Fabian Chacur

Em 1968, o ex-cantor do obscuro grupo Band Of Joy recebeu um convite irrecusável. Jimmy Page, guitarrista que havia se tornado famoso no cenário musical como músico de estúdio e integrante da última formação do celebrado The Yardbirds, ofereceu ao vocalista em questão uma vaga em sua nova banda. A resposta positiva equivale ao pontapé inicial rumo ao estrelato do sujeito em questão, um certo Robert Plant, que celebrou 70 anos de idade nesta segunda (20) ainda ativo e relevante.

Quando a banda de Page e Plant lançou seu álbum de estreia, em janeiro de 1969, rapidamente se transformou em uma das formações mais celebradas e icônicas do rock. Em seus 12 anos de existência, o Led Zeppelin vendeu milhões de discos, lotou estádios, superou a perseguição da crítica especializada de então e provou que o rock pesado podia ter horizontes musicais mais amplos e criativos do que alguns roqueiros mais radicais poderiam imaginar.

Com sua voz potente, capaz de alcançar agudos poderosos e também desempenhar muito bem nas regiões mais graves, Robert Plant ainda trazia como atrativos uma postura de palco extremamente eficiente e muito talento como compositor. Sua versatilidade como cantor ajudou o quarteto, que tinha também os brilhantes John Paul Jones (baixo e teclados) e John Bonham (bateria), a mergulhar em sonoridades distintas, criativas e repletas de prazer auditivo.

Não é qualquer cantor que pode se meter a cantar em uma mesma banda rocks pesados como Communication Breakdown, Celebration Day e Whole Lotta Love, blues ardidos e poderosos como Since I’ve Been Loving You, You Shook Me e I Can’t Quit You Baby, canções folk como Tangerine e híbridos como a folk-rock-soul Over The Hills And Far Away e a balada pesada Stairway To Heaven. E isso só para citar algumas das vertentes desenvolvidas pelo grupo…

Com o fim do Zeppelin em 1980, Robert Plant poderia facilmente ter se tornado um daqueles artistas que passa a viver do seu passado de glória. Mas isso não ocorreu. Em 1982, dava início a uma produtiva carreira solo com o lançamento do álbum Pictures At Eleven. Rapidamente se firmou na nova opção de carreira, e em momento algum caiu na tentação de fazer só um pastiche da antiga banda, mesmo não abandonar o rock.

Hits dos anos 1980, como a fortemente influenciada pelo tecnopop Little By Little, o rockão Tall Cool One, a belíssima balada Ship Of Fools e a vigorosa Hurting Kind (I’ve Got My Eyes On You) ilustram bem essa nova fase de sua carreira, ajudando-o a ser o bem-sucedido Robert Plant, e não “apenas” o ex-cantor do Zeppelin.

Com o tempo, retomou sua paixão pelo folk e pelo country e investiu em consistentes trabalhos nesses segmentos, dos mais o mais bem-sucedido em termos artísticos e de vendagens foi o excelente álbum Raising Sand (2007), gravado em dupla com a cantora, compositora e musicista americana Alison Krauss e que lhe rendeu cinco troféus Grammy (incluindo o de álbum do ano), algo que não havia conseguido em sua época de Led Zeppelin.

Nessa abertura por projetos diferenciados, ele foi em 1984 o vocalista principal do EP The Honeydrippers Volume One, no qual releu ao lado de amigos como Jimmy Page, Jeff Beck e Nile Rodgers cinco clássicos do r&b, entre eles a deliciosa balada Sea Of Love, que acabou se transformando em seu maior hit em termos comerciais fora do Zepp.

O mérito de Robert Plant é ainda maior se levarmos em conta que ele teve problemas com as cordas vocais em alguns momentos dessa trajetória, inclusive nos tempos de Zeppelin. Felizmente, conseguiu se recuperar, embora tenha passado a se concentrar um pouco mais nos registros vocais mais graves, sempre de forma inspirada e deliciosa.

Os fãs do Led Zeppelin sempre sonharam com um retorno do grupo, mesmo sem o saudoso baterista John Bonham, cuja morte em setembro de 1980 causou o fim da banda. No entanto, eles só deram algumas poucas oportunidades para saciar as saudades de todos: em 1985, no Live Aid, em 1988, no aniversário de 40 anos da Atlantic Records, e em 2007, com um show completo em Londres registrado e lançado posteriormente em DVD, Blu-ray e CD.

Page e Plant também proporcionaram aos fãs o lançamento de dois álbuns em dupla, No Quarter (1994) e Walking Into Clarksdale (1998). A turnê de divulgação do primeiro os trouxe ao Brasil em janeiro de 1996, em shows no Rio e em São Paulo durante a última edição do festival Hollywood Rock.

Robert Plant cantou no Brasil pela primeira vez em janeiro de 1994, no Rio e em São Paulo, como atração do festival Hollywood Rock. Nessa ocasião, tive a oportunidade de participar da entrevista coletiva concedida por ele em São Paulo no hotel Maksoud Plaza, na qual ele se mostrou simpático e bem-humorado, brincando que ele sempre se mantinha com o visual “carneirinho”, por causa da cabeleira cacheada.

Nessa mesma ocasião, consegui que ele me autografasse a coletânea em vinil Ten For Forty Seven. Lembro que dei a ele a contracapa para o autógrafo, e ele não reconheceu de pronto o álbum, olhando a seguir para a capa e comentando “ah, é Ten For Forty Seven…”.

Seu mais recente trabalho, o CD Carry Fire, saiu em outubro de 2017 e conseguiu ótimo resultado comercial e bons elogios por parte da crítica especializada. Ele foi acompanhado novamente pela banda the Sensational Space Shifters. Em março de 2015, vi o show deles no Lollapalooza Brasil, e fiquei impressionado com a ótima performance de Plant em termos vocais. Feliz 70 anos, mestre!

Tall Cool One (clipe)- Robert Plant:

Carlos Santana faz 70 anos às vésperas de lançar novo CD

Carlos-Santana-400x

Por Fabian Chacur

Nesta quinta-feira (20), um dos grandes magos da guitarra elétrica completa 70 anos de idade. É o mestre mexicano Carlos Santana. O roqueiro latino celebra a data às vésperas de lançar um novo e histórico trabalho. No próximo dia 28, chegará às lojas físicas e virtuais do mundo todo Power Of Peace, álbum gravado por ele em parceria com sua mulher, a baterista Cindy Blackman Santana, e o seminal grupo (hoje um duo) The Isley Brothers.

Gravado em 2016 durante aproximadamente quatro dias, Power Of Peace traz como protagonistas Santana e sua guitarra mágica, sua talentosa esposa na bateria, percussão e vocais, o sublime Ronald Isley nos vocais e o incrível Ernie Isley na guitarra, além de outros músicos de apoio. Também fazem participações especiais nos vocais as esposas dos irmãos, Kandy Johnson (de Ronald) e Tracy (de Ernie). O clima foi de muita paz e emotividade.

O repertório é composto por 13 faixas, sendo uma inédita (I Remember, de Cindy) e 12 releituras de clássicos dos repertórios de Stevie Wonder (Higher Ground), Billie Holiday (God Bless The Child), Muddy Waters (I Just Want To Make Love To You), Marvin Gaye (Mercy Mercy Me-The Ecology) Burt Bacharach (What The World Needs Now), Curtis Mayfield (Gypsy Woman) e dos grupos Swamp Dogg (Total Destruction Of Your Mind) e Chambers Brothers (Are You Ready e Love Peace Happiness). Veja um rápido making of do álbum aqui.

Santana se tornou conhecido mundialmente ao montar o grupo que batizou com seu sobrenome na segunda metade dos anos 60. Sua participação no Festival de Woodstock foi o cartão de visitas para o planeta música, com uma apresentação de Soul Sacrifice que seria eternizada no filme e na respectiva trilha sonora que registrou esse evento marcante para a história do rock. Seus três primeiros álbuns são grandes momentos do rock latino, reverenciados e copiados até hoje por inúmeros músicos. Leia sobre o álbum Santana 3 (1971) aqui.

Após a separação da formação clássica de sua banda original, que voltou a gravar junta em 2016 (leia mais sobre esse retorno aqui), Santana gravou com outras formações de sua banda e com parceiros diversos, além de se envolver com filosofias orientais e ser sempre um defensor ativo e sincero da paz e de causas humanitárias.

Em 1999, quando muitos o encaravam como um nome ligado ao passado, lançou o espetacular álbum Supernatural, o mais vendido de sua carreira, que o trouxe com tudo de volta ao topo das paradas de sucesso mundiais, de onde não mais saiu, para a nossa felicidade.

Sou fã desse cara desde que ouvi em 1971 um compacto duplo contendo as músicas Batuka (para mim, a melhor instrumental da história do rock), Everything’s Coming Our Way e Guajira, todas incluídas no seminal Santana 3. Sou fã dele desde então, e consegui seu autógrafo em 1991, durante o Rock in Rio 2, no qual ele fez dois ótimos shows. Gênio e também ídolo do meu saudoso irmão Victor.

Total Destruction Of Your Mind– Santana+Isley Brothers:

Elton John comemora 70 anos com um evento beneficente

elton-john-400x

Por Fabian Chacur

Elton John comemora 70 anos de idade neste sábado (25). Como forma de unir o útil ao agradável, ele realizará nessa data um evento de gala que celebrará não só essa efeméride, mas também os 50 anos da incrível parceria com o poeta e letrista Bernie Taupin, iniciada em 1967. A cerimônia terá apresentação do ator Rob Lowe e performances musicais de convidados como Lady Gaga.O local é o Red Studio, em Los Angeles.

O bacana é que toda a arrecadação será destinada à Elton John Foundation (EJAF), que assiste vítimas e entidades que ajudam a combater e a apoiar as vítimas da Aids desde 1993, e o The Hammer Museum, da UCLA (Universidade da Califórnia), que abriga exposições e apoia a arte. Nada mais lógico para um artista que durante toda a sua carreira sempre teve como marca o auxílio a causas nobres das mais diferentes origens, sempre de forma generosa e sincera.

Os números que envolvem a carreira deste cantor, compositor e músico britânico são impressionantes. Ele vendeu mais de 250 milhões de álbum em todo o planeta. Teve 58 singles entre os 40 mais vendidos nos EUA, fez mais de 3.500 shows em mais de 80 países, faturou 12 troféus Ivor Novello, 6 Grammys, um Oscar e um Tony, além de ser membro do Rock And Roll e do Songwriters Hall Of Fame, e ter o título de sir e também o de Cavaleiro de Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II.

Elton John nos visitou para shows pela primeira vez em 1995, e já tem datas marcadas para retornar ao nosso país. Ele fará shows, junto com James Taylor, em Curitiba (31/3- Pedreira Paulo Leminski- Curitiba), 1º/4 (Praça da Apoteose- Rio), 4/4 (Anfiteatro do Beira Rio- Porto Alegre) e 6/4 (Allianz Parque- São Paulo).

Leia o belo depoimento de Elton enviado à imprensa em comunicado pela sua gravadora, falando sobre seus planos para o futuro:
“Estou interessado em avançar o tempo todo, com o que eu crio, com as minhas colaborações, e também descobrindo o trabalho de outras pessoas. Acho que a idade é irrelevante, desde que possamos manter nossa mente viva e aberta para o novo. Eu posso ficar empolgado por um artista novo que toca para mim o seu demo como posso ficar com um novo álbum de um dos meus heróis musicais. Eu posso ficar empolgado ao me apresentar em uma nova cidade onde nunca toquei antes, ou revisitando um lugar que conheço bem e ver como ele está mudado. A vida está em um constante estado de fluxo para todos nós, e eu gosto de abraçar isso. Também me sinto muito feliz em usar o meu nome para chamar atenção para a injustiça no mundo e para tentar ajudar sempre que possível. Atualmente, estou mais feliz do que jamais estive.”

Quer ler diversas outras matérias de Mondo Pop sobre esse verdadeiro gênio da música pop? Entre aqui .

Veja o emocionante vídeo em homenagem aos 70 anos de Elton John:

Belchior 70: “apenas” aquele nosso rapaz latino-americano

belchior-400x

Por Fabian Chacur

Desde ontem (26/10), Belchior é oficialmente um rapaz latino-americano com 70 anos de idade. Infelizmente, sumido da mídia, sem lançar novos discos há mais de 15 anos, e só emergindo a partir de 2009 nas manchetes devido a questões constrangedores relativas a sua vida particular. Se ele nunca mais gravar e fizer shows, no entanto, já cumpriu sua missão com brilhantismo.

Como boa parte dos brasileiros, conheci a obra deste cantor e compositor cearense nascido em Sobral em 26 de outubro de 1946 nas ondas do rádio, ouvindo a maravilhosa Apenas Um Rapaz Latino-Americano. Embora com apenas 15 anos na época, senti no trabalho dele uma certa semelhança com Raul Seixas, especificamente nesta canção. Depois, veria que sua obra tinha muito a ver com Bob Dylan e outros ótimos trovadores urbanos pelo mundo afora.

Alucinação, seu segundo álbum e aquele que o alçou ao estrelado há exatos 40 anos, equivale a uma obra-prima incontestável, repleto de grandes canções que aliam letras líricas e corrosivas a belas melodias e a uma interpretação vocal própria, uma assinatura inconfundível que só pertence a grandes artistas do seu porte. Na minha opinião, um dos dez melhores trabalhos da história da MPB, do rock brasileiro, do folk brasileiro, ou de qualquer outro rótulo musical.

Os versos desse cara são simplesmente porradas na cara do conformismo, tipo “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, ou “estava mais angustiado que o goleiro na hora do gol”, “e no escritório em que eu trabalho e fico rico, quando mais eu multiplico diminui o meu amor”. Coisa de quem vivenciou muita coisa, observou muita coisa, leu muito e assimilou muitas informações bacanas, que passou a partilhar com os seus fãs.

Tive a honra de entrevistar Belchior umas diversas vezes entre 1987 e 1999. Era sempre um prazer. Um cara educado, erudito sem ser chato, simpático sem forçar a barra, que sempre lembrava o seu nome e que sempre tinha coisas relevantes para falar. Uma pena esse seu sumiço. No entanto, temos sua importante obra para reverenciar, suas belas canções para curtir, e seus versos intensos para apreciar. Apenas um rapaz latino-americano? Só porque ele quer!

Ouça Alucinação, de Belchior, em streaming:

João Bosco celebra 70 anos e o presente é de todos os fãs

João_Bosco_(TV_Brasil)-400x

Por Fabian Chacur

Hoje é o Dia Internacional do Rock, e é também o Dia Internacional do João Bosco. O incrível cantor, compositor e violonista mineiro completa 70 anos nesta quarta-feira (13). E que ninguém venha dizer que são opostas essas celebrações simultâneas. Afinal de contas, quem conhece o autor de O Mestre Salas dos Mares sabe que o cara curte o velho e bom rock and roll, especialmente um certo Little Richard, que ele até imitava nos tempos de moleque. Parabéns, fera!

Nascido na cidade mineira de Ponte Nova em 13 de julho de 1946, João chegou a cursar engenharia civil, mas não demoraria para ficar claro que sua atuação seria em outra área, a de engenharia musical. Em 1967, conheceu Vinicius de Moraes, e compôs várias canções com o saudoso Poetinha. Mas foi em 1970 que ele travou seu primeiro contato com o parceiro de uma vida, o genial poeta e letrista carioca Aldyr Blanc. Nascia uma dupla iluminada.

Meu primeiro contato com a obra desse mestre da MPB foi logo com a primeira gravação feita por ele e comercializada. O jornal O Pasquim, em parceria com o músico Sérgio Ricardo, criou o projeto Disco de Bolso, que consistia em uma revista com belo conteúdo e um compacto simples, incluindo de um lado um artista já consagrado cantando uma música inédita em seu repertório e do outro um nome emergente do nosso cenário musical brasileiro.

O primeiro exemplar, lançado em 1972, tinha no lado A Tom Jobim cantando a primeira versão de Águas de Março, bem mais rapidinha do que a que depois ficaria conhecida com o Maestro Soberano e com Elis Regina. No lado B, um certo João Bosco, cantando Agnus Sei. Eu tinha só 10 anos, mas meu irmão Victor, de 17, era fã do Pasquim, e comprou esse número inicial do O Som do Pasquim. E esse disco me marcaria profundamente para o resto da vida.

Adorei a música do Tom, mas a que me cativou mesmo foi a do João. Só voz e violão. Só? Devo estar doido. Com uma performance iluminada, tocando um arranjo fortemente influenciado pela música flamenca, João nos oferecia uma melodia meio medieval, tensa, com letra que podia ser associada tanto aos tristes tempos da inquisição como daquela ditadura militar que nos assolava. “O meu senhor não sabe que eu sei da arma oculta na sua mão” e “o tempo vence toda ilusão” são alguns dos versos de Aldyr. Um clássico, e minha versão favorita dessa música, que depois seria regravada pelo autor e por outros artistas.

O segundo contato veio em 1975, e foi fulminante. O álbum Caça à Raposa (1975) emplacou diversos sucessos na programação das rádios, que na época tocavam música boa em proporção bem maior do que hoje. Entre eles, as sublimes O Mestre Salas dos Mares e De Frente Pro Crime. Não comprei, na época, o LP, pois era uma criança sem muito dinheiro, mas sim um compacto duplo com quatro músicas. Pronto. João Bosco ganhou um fã pro resto da vida.

Dali pra frente, foi só alegria. As trilhas de novela ajudaram a expandir os horizontes para a música do artista mineiro. Bijuterias, que rendeu até nome de grupo (Pedra Letícia, que era como alguns entendiam os versos “Minha Pedra é Ametista”), Latin Lover e sua crônica agridoce de uma relação amorosa de anos, Linha de Passe e seu pique sacudido… Ah, a coisa vai longe, e vai muito, mas muito bem mesmo.

Como definir a música feita por João Bosco? Eis uma humilde tentativa: ele parte do samba como base, e acrescenta a ele, sem medo de ser feliz, bossa nova, bolero, latinidades diversas, africanidades mil, jazz e até o nosso amado rock and roll, aqui e ali. Com o tempo, desenvolveu sua voz de forma cirúrgica, interpretando como poucos as letras ora sarcásticas, ora românticas, ora agressivas do poeta Aldyr Blanc.

Em 1983, vi pela primeira vez o meu ídolo ao vivo, em show realizado no Centro Cultural São Paulo, na rua Vergueiro, 1.000, quase em frente de onde meu pai, Fuad, teve sua loja de calçados denominada Paraíso. E paraíso foi o que eu senti vendo aquele cara, voz e violão, literalmente esmerilhando o instrumento com classe, garra e uma habilidade digna de jato. Ah, meu Deus, eu, que já era fã, virei seguidor de vez.

Se eu parecia já devidamente convertido à fé João Bosquiana, não imaginava como seria conhece-lo pessoalmente. Melhor: entrevista-lo. E isso ocorreu pela primeira vez em 1989, quando ele lançava o excelente álbum Bosco e eu trabalhava no jornal Diário Popular. Dizem que nem sempre é bom conhecer um ídolo, pois às vezes eles podem nos decepcionar, mas no meu caso, só posso dizer que minha admiração pelo autor de O Bêbado e a Equilibrista só aumentou.

A partir daquela data, teria várias oportunidades de entrevistar João Bosco, e todas, sem exceção, foram extremamente prazerosas. Um cara tranquilo, bem-resolvido, articulado, capaz de falar sobre seu trabalho e suas concepções artísticas e de vida com a mesma categoria com que o faz. Um mestre zen! Que posso eu desejar para quem me trouxe tanta energia positiva com a sua música? Só muita saúde e paz para continuar seguindo em frente por muitos e muitos anos. Pois ele é o aniversariante, mas quem ganhou o presente fomos nós!

Confira, a seguir, uma seleção de sete músicas do extenso repertório do genial João Bosco. Escolhi algumas músicas não tão conhecidas e outras famosas, mas todas maravilhosas. Prestem atenção no humor corrosivo de A Nível de…, uma das minhas favoritas!

Água Mãe Água– João Bosco:

Agnus Sei (versão original, 1972)- João Bosco:

A Nível de..– João Bosco:

De Frente Pro Crime– João Bosco:

Bijuterias– João Bosco:

Latin Lover– João Bosco:

Quilombo- Tiro de misericórdia- Escadas da Penha (ao vivo)- João Bosco:

Projeto gera o CD que não faz juz ao talento de Gonzaguinha

Gonzaguinha-400x

Por Fabian Chacur

Estou com o CD Gonzaguinha Presente- Duetos há meses na pilha daqueles trabalhos a serem ouvidos, sempre sendo precedido por outros trabalhos e deixado para trás. A razão era simples: estava com medo de ouvir o resultado final. Agora, finalmente resolvi acabar com essa história e conferir essa obra. Meus temores infelizmente se confirmaram. São várias as razões que tornam esse álbum totalmente desnecessário e infeliz.

Desde o estouro em 1991 de Unforgettable, dueto proporcionado pela moderna tecnologia entre a cantora Natalie Cole e seu pai Nat King Cole (falecido em 1965), vários outros projetos similares tomaram o mundo. Aqui, o conceito é o mesmo: a voz de Gonzaguinha (1945-1991) foi extraída de 14 gravações feitas originalmente em estúdio e ao vivo e disponibilizada pelo produtor Miguel Plopschi para que novos instrumentos e arranjos fossem acrescentados, assim como somadas às vozes de 14 convidados especiais.

Logo de cara, vale o questionamento ético. O autor de Recado e tantos outros clássicos da MPB era um sujeito de personalidade forte. Como teria ele encarado o elenco escalado para esses duetos? Teria curtido ouvir sua voz utilizada à revelia em um trabalho cujo objetivo básico pode até ser uma homenagem justa, mas que no fim das contas tem como grande objetivo vender discos e downloads, ou seja, faturar?

Deixando essas questões de lado, chega a hora de conferir o resultado. E aí é que a coisa pega de vez. Logo de cara, vale ressaltar que alguns dos vocais do homenageado foram extraídos de versões ao vivo que não são as melhores dessas canções, como a de Espere Por Mim Morena, provavelmente para tentarem criar um clima mais descontraído e facilitando teoricamente a qualidade dos duetos. Não rolou, não.

A escolha dos convidados é bem abrangente, o que tem a ver com o espírito nada preconceituoso de Gonzaguinha, que era fã de artistas populares como Joanna e Agnaldo Timóteo (ambos deveriam estar em um projeto como esse, por sinal). Mas o desempenho de alguns deles é quase constrangedor, sendo os casos mais explícitos os de Ana Carolina em Não Dá Mais Pra Segurar (Explode Coração) (exagero puro), Luiza Possi em Recado (totalmente insossa) e Victor & Leo em Espere Por Mim Morena (totalmente perdidos).

No geral, as gravações são frias, sendo que os piores momentos ficam por conta das tentativas de interação “além túmulo” entre os convidados e Gonzaguinha, como as de Zeca Pagodinho em E Vamos à Luta e de Alexandre Pires em O Que É O Que É. Fica difícil entender como Daniel Gonzaga, filho do homenageado, entrou nessa, fazendo dueto tecnológico com o pai e o avô Gonzagão em A Vida do Viajante. Dá arrepios negativos…

Gonzaguinha merece ser louvado como um dos nomes mais expressivos da história da MPB, com suas belas canções indo do mais doce romantismo ao engajamento político-social mais ácido, sem perder a ternura jamais. Não teria sido mais decente fazer um disco com esses convidados interpretando as músicas entre si? Ou o lançamento de uma coletânea com as gravações originais? Da forma que saiu, que me perdoem, mas gerou um produto absolutamente desnecessário e constrangedor. Melhor ouvir os discos originais do autor de Recado.

Ouça sampler das faixas de Gonzaguinha Presente Duetos:

Syd Barrett, 70 anos, enigma que impulsionou o Pink Floyd

syd barrett-400x

Por Fabian Chacur

Um dos grandes enigmas da história do rock atende pelo nome de Syd Barrett. Líder da envolvente fase inicial do Pink Floyd, este cantor, compositor e guitarrista britânico sumiria de cena de forma estranha, ainda muito jovem, deixando um legado de pura genialidade. Se vivo, ele estaria completando 70 anos de idade nesta quarta (6). O roqueiro britânico nos deixou no dia 7 de julho de 2006, após longo ostracismo.

Barrett entrou no Pink Floyd em 1965, quando a banda ainda buscava um nome decente. Ele acabou sendo responsável por esse batismo, homenageando dois bluesmen que curtia muito, Pink Anderson e Floyd Council. E não demorou a se tornar o líder do time, como cantor de voz peculiar e agradável, compositor original e guitarrista de solos peculiares e timbres envolventes e viajantes.

Não demorou para que o Floyd se tornasse um dos grupos mais badalados da efervescente cena londrina do período, ajudando a criar os parâmetros para o estilo roqueiro rotulado como psicodelia, repleto de efeitos especiais, climas viajantes e etéreos e momentos imprevisíveis e soturnos. Arnold Layne, seu matador primeiro single, veio em 1967.

Em 1967, o ano em que o psicodelismo se tornou o estilo mais popular e influente naquele momento em termos de rock, o Pink Floyd nos proporcionou outro single incrível, See Emily Play, e o álbum The Piper At The Gates Of Dawn, com 8 faixas assinadas só por Syd, duas pelos quatro integrantes do time e uma pelo baixista Roger Waters. Um LP/CD indispensável para quem gosta de rock viajante.

Aí, Syd pirou. Com tendências a esquizofrenia, ele mergulhou de cabeça no LSD e outras drogas, e isso acelerou suas tendências a comportamentos erráticos, que foram piorando a cada semana. No início de 1968, seus colegas tentaram uma solução paliativa ao convidar um amigo de Barrett, o guitarrista e cantor David Gilmour, para entrar inicialmente como um quinto integrante, concentrando-se nos shows.

Nada melhorou, e em abril de 1968, o grupo divulgou a saída oficial de Syd Barrett do time. Seus colegas, no entanto, não desistiram dele. Durante boa parte de 1969, Gilmour e Waters foram aos estúdios da EMI com o ex-colega, no intuito de viabilizar um disco solo. Esse trabalho saiu em 1970, The Madcap Laughs, um disco que, se não é tão bom como seu trabalho no Floyd, é ainda repleto de bons momentos.

Ainda em 1970, com Gilmour (agora ajudado por Richard Wright) novamente na produção, sai Barrett, seu segundo álbum individual. Até 1972, ainda teríamos algumas tentativas de gravações e de shows, mas a partir daí, quando o cantor e guitarrista tinha apenas 26 anos, sua carreira como músico chegou ao fim. O cara virou um verdadeiro zumbi, morando com a mãe na maior parte do tempo e pintando quadros.

O Pink Floyd nunca se esqueceu de seu ex-líder, e fez músicas inspiradas na loucura ou explicitamente em Barrett, sendo que no segundo caso se encaixa a seminal Shine On You Crazy Diamond, incluída em Wish You Were Here (1975). Ainda seria lançado um álbum de inéditas de Barrett em 1988, Opel, com gravações daquele período 1969-1970, assim como coletâneas (como The Best Of Syd Barrett- Wouldn’t You Miss Me?) e registros ao vivo para a rádio BBC de Londres.

Quando finalmente deixou esse plano espiritual rumo ao desconhecido, em 2006, Syd Barrett já era uma figura do passado há muitos e muitos anos. Uma pena. Como teria sido se ele não tivesse mergulhado nessa viagem interna sem volta e continuasse sua vida como criador musical? Uma resposta que nunca teremos. Mas sua obra, mesmo pequena, é das mais atraentes, e continua influenciando novas gerações de músicos até hoje. E isso é o que importa.

Arnold Layne– Pink Floyd:

See Emily Play– Pink Floyd:

Octopus– Syd Barrett:

Terrapin– Syd Barrett:

Neil Young chega aos 70 anos muito relevante e necessário

Neil Young performing on stage at the Rainbow Theatre in London in 1973

Por Fabian Chacur

Neil Young comemora 70 anos de idade nesta quinta-feira (12). O roqueiro canadense não poderia chegar melhor em termos artísticos à sua sétima década de vida. Atuante, na ativa, produtivo, esse astro que frequenta o cenário rock and roller desde os anos 1960 merece ser reverenciado como um daqueles caras que realmente fizeram a diferença nesse seminal gênero musical.

O autor de clássicos como Heart Of Gold, Rockin’ In The Free World e Harvest Moon integrou duas bandas clássicas, a Buffalo Springfield e a Crosby, Stills, Nash & Young, com as quais fez trabalhos bem bacanas. Mas o lance dele sempre foi mesmo a carreira solo, mesmo que acompanhado em várias ocasiões pela banda Crazy Horse. Um errante. Ou, como ele mesmo se autodenominou, The Loner (o solitário).

O espectro musical desse cantor, compositor e músico é dos mais amplos, abrangendo hard rock, heavy metal, country rock, folk rock, country, folk, soul music e até jazz, sem deixarmos de lado seus momentos mais experimentalistas, nos quais concebe coquetéis sonoros digeridos por poucos. Mas não é um “maldito”.

Muito pelo contrário. Em quase 50 anos de carreira, Mr. Young várias vezes encarou os primeiros lugares das paradas de sucesso. Principalmente quando seu lado mais suave aflorou, em maravilhas como Harvest (1972), Comes a Time (1978) e Harvest Moon (1992).

As guitarras ardidas, com direito em alguns momentos a solos tortuosos e imprevisíveis, deram a carta em discos como Everybody Knows This Is Nowhere (1970), Tonight’s The Night (1975) e Ragged Glory (1990), por exemplo. E tem também alguns discos-síntese, nos quais vários de seus lados surgem em um único trabalho, cujo principal exemplo é o incrível Freedom (1989).

Young nunca teve medo de se arriscar, largando fases de muito sucesso comercial por trabalhos totalmente fora dos padrões com os quais perdeu popularidade. Mas sua busca pela satisfação artística sempre prevaleceu. Isso gerou vários discos bons, outros nem tanto e alguns ruins. E ele nunca pecou pela omissão, pois sua discografia é enorme.

Nunca teve medo de lutar a favor das causas em que acredita, gravando trabalhos polêmicos como Living With War (2006), no qual teve o peito de encarar o reacionário e intimidador governo de George W. Bush, ou o atual The Monsanto Years (2015), denunciando uma grande corporação. Esteja errado ou certo, sempre mete as caras.

Mergulhar na extensa obra de Neil Young é ter a chance de se deliciar com música de alta qualidade. Com sua voz ora ardida, ora mais suave, mas sempre fora dos parâmetros habituais da chamada “música comercial”, esse cara conquistou fãs nos quatro cantos do mundo. Só tocou no Brasil uma vez, em 2001 no Rock in Rio, e deixou saudade. Parabéns, fera! Ouçam agora alguns de seus hits encantadores/energizantes.

Cinnamon Girl – Neil Young (1969-CD Everybody Knows This Is Nowhere):

Old Man– Neil Young (1972- CD Harvest):

Walk On– Neil Young (1974- CD On The Beach):

Welfare Mothers – Neil Young (1979- CD Rust Never Sleeps):

Lotta Love– Neil Young (1978- CD Comes a Time):

Rockin’ In The Free World (acoustic)- Neil Young (1989- CD Freedom):

Someday– Neil Young (1989- CD Freedom):

Older posts

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑