Por Fabian Chacur

Mais uma vez o Brasil vive um momento de dor devido a uma tragédia que poderia ter sido evitada. Desta vez, 231 pessoas (até o momento) nos deixaram de forma precoce em um horripilante incêndio ocorrido na madrugada deste domingo (27) na boate Kiss, localizada na cidade gaúcha de Santa Maria. Boa parte composta por jovens universitários.

Tenho 51 anos de idade e tive a oportunidade de tomar conhecimento de inúmeras catástrofes como essa no Brasil e no mundo, todas geradas pelo descaso com medidas básicas na prevenção de acidentes. Alvarás comprados, laudos postergados, generosas propinas, o famoso “finge que não viu e deixe do jeito que está” e pronto! Mais uma bomba relógio está armada, pronta para levar embora mais gente antes da hora.

É impressionante como exigências em relação a infra-estrutura são deixadas em segundo plano. Obras para prevenir ou minimizar catastrofes naturais ou causadas pelo próprio ser humano são sempre postergadas, provavelmente com aquela famosa esperança de que “nada irá dar errado”. E aí, já viu, o errado surge quando menos se espera.

O mais difícil é aceitar o que virá a seguir dessa terrível catástrofe. Alguns serão presos, outros apontados como culpados, os governantes prometerão providências enérgicas para evitar nova carnificina inútil etc. Aí, depois de algumas semanas, todos se esquecerão do ocorrido e a vida seguirá, para quem conseguiu mantê-la.

Até que novo “imprevisível acidente” ocorra, e novas vítimas paguem o preço da inconsequência de alguns. E fica fácil agora culpar o grupo Gurizada Fandangueira pelo desastre. Eu particularmente odeio fogos e coisas do gênero exatamente por sua periculosidade, mas muita gente adora e apoia correr esse risco inútil em nome de “emoções baratas”. Taí o preço!

Só nos resta agora rezar pelas vítimas e por seus entes queridos, que agora terão de aguentar a administrar uma dor lancinante que não passa nunca e com a qual a gente é obrigado a aprender a conviver, pois a vida segue adiante. Com a palavra, o bom senso de todos nós, dos mais poderosos aos mais humildes.

Ouça e leia a letra de Imagine, de John Lennon: