fabinho reis 400x

Por Fabian Chacur

Durante anos, Fabinho Reis mostrou ao público seu talento e versatilidade como baterista, tocando com bandas e artistas de vários estilos musicais. Agora, chegou a vez de ele revelar seu lado cantor e compositor. Acaba de ser lançado pela via independente seu primeiro CD solo, Selfie, no qual ele solta a voz e mostra talento como autor de canções.

Divulgado por um belo clipe, Praça Bandeira, que já teve mais de 28 mil acessos no Youtube, Fabinho concilia a carreira solo como baterista free lancer e também integra a banda Aculia e o grupo de apoio do cantor e compositor mineiro Gabriel Guerra. Saiba mais sobre o disco e também sobre a carreira deste artista promissor em entrevista concedida a Mondo Pop via e-mail.

Mondo Pop- Gostaria que você falasse um pouco de sua atuação como baterista antes deste trabalho solo: com quem você tocou, gravou etc. Você estudou bateria, fale sobre a importância disso para a sua trajetória como músico.
Fabinho Reis– Meu interesse pela música foi por volta dos meus doze anos de idade, eu estudava violão, aos quinze comecei a me interessar pelos tambores. De lá pra cá eu tive contato com diversas bandas de garagem, todas com um repertório grande de músicas cover, o que muito me ajudou, pois passei pelo metal, rock, pagode, axé, até conhecer a MPB: foi aí que resolvi encarar o instrumento como minha profissão. Ficava completamente envolvido com a bateria quando ouvia Djavan, Gil, Marisa Monte, Milton Nascimento, queria tocar bateria igual aos bateristas deles, Carlos Bala, Jorginho Gomes, Neném e Lincoln Cheib, referências para nossa música brasileira.

Mondo Pop- E como foram esses anos iniciais?
Fabinho Reis
– Fui fazendo shows em bailes de formatura, casamentos, bares e aniversários de cidades como Poços de Caldas, na qual passei o maior tempo de minha vida, e por toda a região do sul de Minas. Em 2004, mudei-me para São Paulo continuando o mesmo trajeto, shows em pubs, formaturas… Como nos grandes centros as oportunidades são maiores, conheci muitos músicos que sempre me indicavam para outros trabalhos – foi assim que surgiu a oportunidade de trabalhar ao lado de Tico Santa Cruz (Detonautas), Egypcio (Tihuana), Eriberto Leão (ator da rede Globo), Digão (Raimundos), Borguetinho…

Mondo Pop- Com quem você está tocando atualmente?
Fabinho Reis
– Hoje eu sou baterista da Acullía, banda de rock com dois discos lançados e uma agenda de fazer inveja a muita banda de sucesso, com média de 15 a 18 shows mensais, a grande maioria em pubs de São Paulo, e também do Gabriel Guerra, músico também de Minas que vem despontando no cenário pop. Com Gabriel, tive a oportunidade de abrir shows do Capital Inicial, Roupa Nova, Jota Quest, Biquíni Cavadão, Nando Reis, Titãs etc.

Mondo Pop- No que o aprendizado formal te ajudou na música?
Fabinho Reis
– Bom, com relação ao estudo, desde os meus 18 anos comecei com professores em Poços de Caldas e me aperfeiçoei na faculdade, sou bacharel em música, e com professores de São Paulo. Na minha opinião, todos os músicos deveriam estudar instrumentos rítmicos, porque ajuda muito em um processo de criação, complementa as ideias; aliás, a música é um conjunto cujo estudo precisa caminhar junto: harmonia, melodia e ritmo.

Mondo Pop- Desde o seu início no meio musical a ideia era mesmo investir em uma carreira-solo como cantor, compositor e músico ou isso surgiu posteriormente, quando você já atuava como baterista?
Fabinho Reis
– Decidi que seria músico aos 15 anos quando comecei a tocar bateria, junto com a bateria, sempre toquei violão e escrevi músicas. A ideia sempre foi ter uma banda de músicas próprias, não imaginava que poderia eu mesmo lançar um disco de músicas inéditas e ainda mais como vocalista. O CD Selfie foi uma oportunidade que agarrei, mas que não imaginava.

Mondo Pop- Onde você nasceu e onde você foi criado? Qual a influência de sua cidade natal em sua vocação musical?
Fabinho Reis
– Sou natural de uma pequena cidade de Minas Gerais, Muzambinho, e morei uma boa parte da vida em Poços de Caldas. Minha influência maior vem do meu pai, José Maria Reis. Foi vendo ele tocar nas festinhas familiares que tudo começou, eu cantava com ele, fazíamos uma dupla, eu, muito menino de voz aguda, fazia a primeira voz e ele, a segunda… época muito boa! Não só a minha cidade natal, mas estar no estado de Minas contribuiu muito com a minha musicalidade. Acho que o músico mineiro tem uma sensibilidade diferente, aprendi muito ouvindo Milton Nascimento, Beto Guedes, 14 bis, Toninho Horta, todo o pessoal do movimento clube da esquina. Acho que foram estes os pilares para o que venho desenvolvendo musicalmente…

Mondo Pop- Fale um pouco de como foram as gravações do CD Selfie, e como foram escolhidos os músicos que tocam com você nele. E você, tocou outros instrumentos além da bateria e de cantar?
Fabinho Reis
– Olha, foi a primeira vez que entrei em um estúdio para gravar voz, uma experiência diferente e um pouco complicada, repeti a mesma música algumas vezes. Participei também das gravações de bateria e dos arranjos. O disco Selfie foi produzido pelo Leonardo Ramos (Supercombo), o que facilitou em vários aspectos, os músicos que participaram no disco foram convidados por ele, mas foram poucos, porque o próprio Léo foi o músico que mais gravou no disco! Foi um processo bem tranquilo.

Mondo Pop- Temos alguns exemplos bem bacanas de caras que começaram no meio musical como bateristas e depois se tornaram famosos também como cantores e compositores, tipo Phil Collins, Don Henley e Dave Grohl. Diga um pouco o tamanho da influência desses caras na sua trajetória.
Fabinho Reis
– Não diria influência, me inspirei na coragem e na atitude deles, temos músicos brasileiros que fazem isso muito bem também, Serginho Herval (Roupa Nova), Dom Paulinho… O contato com os músicos paulistanos e principalmente a Banda Acullía me ajudaram muito com isso, foi com o incentivo dos meus colegas de trabalho que resolvi cantar algumas músicas. O baterista é o cara que sempre fica escondido atrás de tambores, pratos e sair deste “escudo” e encarar o público como um front man requer muita coragem e atitude.

Mondo Pop- Como você define o seu estilo musical? Qual o caminho musical que você procurou desenvolver em Selfie?
Fabinho Reis
– Passei por muitas bandas, cada uma com um estilo diferente e, mesmo que elas não tivessem como um primeiro plano a música própria, eu compunha para elas, muitas vezes nem chegava a mostrar a composição para ninguém. Não elaborei e nem arquitetei o CD Selfie, ele emergiu com uma seleção que fiz de minhas músicas, sem rotular estilos, ritmos… Processo livre!

Mondo Pop- Em termos de letras, quais são os temas que mais te interessam, e que você desenvolveu neste disco?
Fabinho Reis
– Tenho uma queda por relações e por falar sobre o cotidiano.

Mondo Pop- Uma curiosidade: vários artistas, como você no caso do CD Selfie, costumam gravar os discos em estúdios brasileiros e fazer a masterização no exterior, especialmente nos EUA. Por quê? Ainda não seria possível fazer masterização no Brasil com grande qualidade, ou seria outra questão que envolve essa opção?
Fabinho Reis
– Acho que temos tecnologia e bons profissionais no ramo, não foi por falta de profissionais brasileiros ou de qualidade. Quando terminamos as gravações, um amigo me falou sobre o trabalho do Chris Hanzsek, que é americano. Pesquisei um pouco sobre ele e achei que seria muito válido deixar a master por conta de Chris. Trocamos alguns e-mails e ele foi muito atencioso e extremamente rápido, não tinha por que procurar outro.

Mondo Pop-O clipe de Praça Bandeira ficou muito legal. Como surgiu a ideia de gravar na região da Avenida Paulista com a cara pintada e distribuindo as rosas, e como foi essa experiência para você? A reação das pessoas te surpreendeu?
Fabinho Reis
– Eu queria um clipe sem atores ou algo programado, queria trabalhar com a reação das pessoas, sem ter nada combinado – foi aí que veio a ideia das rosas. A pintura no rosto foi uma intenção de existir um personagem, mas também uma forma de me esconder, de me sentir um pouco mais à vontade para sair pela paulista distribuindo rosas. Escolhi o coração de São Paulo para tocar o coração das pessoas. A região do Masp na Paulista é um local muito conhecido, por onde trafega todo tipo de pessoa.

Mondo Pop-Ainda sobre Praça Bandeira: temos nela a participação do rapper Mb2 Uclanos. Conte como surgiu a ideia de convidá-lo, de onde você o conhece, de onde ele é e como você avalia que ficou essa mistura entre o seu som e o dele.
Fabinho Reis
– Conheço o Mb2 Uclanos (Bebeto) de quando morava em Poços de Caldas. Quando fechamos o arranjo da música Praça Bandeira eu comentei com o Léo que ficaria muito bom se colocássemos um rap, mas eu não queria algo que falasse sobre política ou qualquer outro problema de que já estamos cansados de saber e de ver. Queria uma mensagem positiva, e foi assim que surgiu o Bebeto, ele entendeu direitinho, deu o recado muito bem dado. Comento com o Bebeto, “cara você salvou a minha música!” *risos*

Mondo Pop-Como serão os shows de divulgação do CD Selfie? Você irá tocar bateria neles, ou irá se dedicar mais aos vocais?
Fabinho Reis
– Nos shows eu tocarei violão, a bateria ficará a cargo de outro músico. Ainda não formatei tudo, não sei quem fará parte desta “festa”, talvez monte uma banda só de garotas. Estou trabalhando na divulgação do CD físico e mídias digitais e, para minha surpresa, está sendo bem aceito. Os shows que tenho feito atualmente são todos como baterista.

Veja o clipe de Praça Bandeira, de Fabinho Reis: