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Tag: álbum 2021

Sandra Pêra canta grandes hits de Belchior em show em Sampa

Sandra Pêra-400x_Foto Maria Abraços

Por Fabian Chacur

Em 2021, Sandra Pêra quebrou um hiato de 38 anos e lançou o seu segundo álbum solo. Não que ela não tenha trabalhado e muito nesse período, como atriz e em eventuais reuniões com o grupo que a revelou, As Frenéticas. Mas desta vez a carreira individual ganhou um novo e importante item. E é para divulgar esse álbum, Sandra Pêra em Belchior, que ela se apresenta nesta sexta (9) às 21h em São Paulo mais precisamente no teatro do Sesc Belenzinho (rua Padre Adelino, nº 1.000- saiba mais aqui).

No álbum, a irmã da saudosa Marília Pera relê clássicos do songbook do não menos saudoso Belchior, entre eles A Palo Seco, Paralelas, Medo de Avião, Mucuripe, Velha Roupa Colorida, Sujeito de Sorte e Todo Sujo de Batom.

Além das músicas do álbum, ela também interpretará composições de Gonzaguinha, Fernando Lobo, Dominguinhos e Djavan, além de uma composição autoral (Se Pode Criar), esta última escrita em parceria com Guilherme Lamounier. Ela será acompanhada por Mimi Lessa (guitarra), Lourival Franco (teclados), Pedro Peres (baixo) e Flavio Santos (bateria)

A Palo Seco (lyric video)- Sandra Pêra:

ABBA volta após 40 anos com um belo exercício de estilo, Voyage

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Por Fabian Chacur

Outro dia, um grande amigo meu, o talentosíssimo crítico musical (ele vai me matar ao ler isso!) Zeca Azevedo definiu o álbum de estreia do supergrupo de r&b Silk Sonic como um “exercício de estilo”, ou seja, um trabalho que não nos oferece novidades e gira em torno de uma determinada sonoridade pré-existente, o que pode gerar álbuns bem legais. Bem, Voyage, o álbum que nos traz de volta o Abba após quatro longas décadas, é basicamente isso: um grupo histórico mergulhando em seu próprio jeitão de fazer música. E como deu certo!

A coisa começa bem logo na opção que Benny Andersson e Bjorn Ulvaeus, os músicos, compositores e produtores do seminal grupo sueco, tiveram de reunir um total de dez músicas no álbum, com uma duração total que equivale a de um LP de vinil de antigamente. Nem mais, nem menos, na medida certa, sem gorduras ou aquilo que na língua inglesa se define como “filler”, ou, em português mais avacalhado, de “encher linguiça”. Voyage não faz você perder o seu tempo.

A coisa começa com tudo, com a balada épica I Still Have Faith In You, de início mais contido e com uma explosão de emoções logo a seguir. Nela, uma marca registrada do Abba se mostra mais afiada do que nunca: os arranjos vocais, sempre precisos tanto nas intervenções solo das cantoras Agnetha Faltskog e Anni-Frid Lyngstad como nos sempre categóricos corais, capazes de cativar os ouvintes com rara facilidade. E as vozes do quarteto estão ótimas!

O lado mais folk-pop do quarteto aparece em When You Danced With Me. Uma marca do grupo, aquelas canções pop com leve influência erudita, surge em Little Things e Bumblebee. Don’t Shut Me Down mescla pop eletrônico com orquestra, enquanto I Can Be That Woman traz como marcas um romantismo mais denso também com adereços orquestrais bastante delicados e elogiáveis.

Just a Notion investe bem naquele estilo pop-rock nostálgico e dançante que o quarteto usou em hits anteriores. Ainda na esteira do rock, mas com umas guitarras um pouquinho mais ardidas, No Doubt About It pega na veia, enquanto Keep An Eye On Dan mostra a habilidade da banda na área do pop eletrônico, com uma discreta citação do hit S.O.S. no seu finalzinho.

O álbum é encerrado com outra canção de teor épico, a deliciosa Ode To Freedom, com direito a arranjo orquestral enxuto e ótimos vocais. O álbum atingiu o topo da parada britânica e o 2º lugar nos EUA, este último o melhor desempenho de um álbum do Abba no mercado norte-americano. Sem flertar com modernidades, mas sem soar empoeirado ou repetitivo, Voyage é certamente um retorno à altura para este grupo que tanto nos encantou em eras passadas.

Ouça o álbum Voyage, do Abba, em streaming:

Elton John tem seu mais recente álbum lançado em CD no Brasil

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Por Fabian Chacur

Uma boa notícia para os inúmeros fãs dos formatos físicos de música no Brasil. A Universal Music está lançando em uma versão caprichada em CD o mais recente álbum do genial Elton John. Intitulado The Lockdown Sessions, este trabalho (também disponível nas gloriosas plataformas digitais) foi gravado de forma remota durante 18 meses, exatamente o período mais sério da pandemia do novo coronavírus, que, vale lembrar, ainda não acabou.

The Lockdown Sessions traz 16 faixas com participações de convidados especiais de diversas gerações e estilos musicais, mais uma prova da versatilidade de Elton John. Temos desde Stevie Wonder até Dua Lipa, passando por um vasto elenco. Confiram: Eddie Vedder (Pearl Jam), Gorillaz, SG Lewis, Surfaces, Years & Years, Brandi Carlile, Charlie Puth, Dua Lipa, Gorillaz, Lil Nas X, Miley Cyrus, Nick Minaj, Rina Sawayama, Stevie Nicks e Young Thug. Ufa!

Ouça The Lockdown Sessions em streaming:

Nila Branco lança Lilith e fará um show em São Paulo em novembro

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Por Fabian Chacur

Nila Branco lançou o seu primeiro álbum em 1998. Desde então, conseguiu conquistar um público fiel e obter sucesso nos quatro cantos do país (leia mais sobre ela aqui). Mais ativa do que nunca, ela lançou recentemente o seu 10º trabalho, Lilith, com 10 canções que se dividem entre composições próprias e obras de Sylvia Patricia, Laura Finocchiaro, Karine Bizinoto, Juliana Lima e Tainá Pompeo.

O tema básico do álbum fica por conta de um olhar sobre o universo feminino a partir de vários ângulos, com uma sonoridade bem diversificada e pop, incluindo até um momento altamente dançante, a deliciosa Amor é… (Sylvia Patricia). O trabalho está disponível nas plataformas digitais e também em CD físico.

Aproveitando o retorno gradual das atividades presenciais na área cultura, Nila programou um show em São Paulo para mostrar o seu novo repertório e também dar uma geral em seus sucessos. O espetáculo está marcado para o dia 19 de novembro no Teatro UMC (Avenida Imperatriz Leopoldina, nº 550- Vila Leopoldina- fone 0xx11-3832-9100).

Amor é…– Nila Branco:

Fábio Jorge esbanja classe e muita poesia no álbum O Tempo

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Por Fabian Chacur

No início de 2020, o cantor Fábio Jorge (leia mais sobre ele aqui) celebrou 50 anos de vida sem nem ao menos imaginar o que estava se aproximando ali na esquina. Sim, veio a terrível pandemia do novo coronavírus, capaz de chacoalhar e apavorar o mundo. Uma das 1ª vítimas dessa terrível doença em nosso país, uma das mais de 600 mil que nos deixaram precocemente, foi a sua querida mãe. Em meio a essa dor insuportável, ele viu como forma de externar seus sentimentos mais profundos gravar um novo álbum. Eis a semente que gerou O Tempo, disponível nas plataformas digitais e com belíssima tiragem limitada em CD físico.

O 5º álbum do intérprete marca o fato de ter, pela primeira vez, quase todo o seu conteúdo em português, ele que até então se concentrava em canções escritas no idioma pátrio de sua mãe, o francês. Desta vez, a única música nesta língua é La Mamma, clássico sessentista do repertório do ícone da canção francesa Charles Aznavour. As outras nove canções foram selecionadas com precisão cirúrgica e muito bom gosto por Fábio, que fugiu de opções mais óbvias.

Ouvidas como um todo, as canções equivalem a um bom bate-papo com o ouvinte, envolvendo temas como a passagem do tempo, as idas e vindas do amor, as tristezas, as perdas e também a esperança de uma volta por cima e de seguir em frente com muita felicidade e fé, apesar dos pesares. Tudo com arranjos sucintos, de muito bom gosto e executados por músicos extremamente capacitados e sensíveis como Alexandre Vianna (piano), Joan Barros (violão), Thadeu Romano (bandoneon) e Rovilson Pascoal (também responsável por gravação, mixagem e masterização).

Do sempre inspirado Guilherme Arantes, temos a clássica Cuide-se Bem (1976), recado cada vez mais atual, e uma joia não tão conhecida, a intensa Nosso Fim Nosso Começo (1989), profunda análise de um relacionamento que fica em suspenso devido aos problemas de percepção típicos dos seres humanos. Ah, como seria bom dar um pé na porta dessas concepções medrosas e encarar a paixão de peito aberto! Eis o que essa música nos incentiva a fazer, nas suas maravilhosas entrelinhas, que Fábio nos oferece com finesse.

Do grande Gonzaguinha, que o intérprete já homenageou em show só com suas canções, temos a maravilhosa Pra Fazer o Sol Adormecer, que Maria Bethânia gravou em 1983 em seu álbum Ciclo. Outra canção do tipo dor-amor e centrada em contradições que se encaixam com rara felicidade é a absurdamente inspirada A Paz, parceria dos geniais Gilberto Gil e João Donato lançada nos anos 1980 e que tinha uma versão definitiva na voz de Zizi Possi. Tinha. Agora, a minha favorita é esta aqui. Ouçam e tentem não se emocionar, não ver as lágrimas vertendo de seus olhos sem que você as controle. Apenas tentem…

A melancólica e linda O Tempo foi defendida por seu autor, Reginaldo Bessa, no festival global Abertura, aquele vencido por Como Um Ladrão, na voz de Carlinhos Vergueiro, e não é de se estranhar que tenha sido escrita em plena ditadura militar que nos assolou naqueles anos de chumbo. Outras canções que vem daquele período são as ótimas Porta Estandarte (Geraldo Vandré, 1966) e Canção do Medo (Gianfrascesco Guarnieri-Toquinho, de 1972). A primeira virou um belo dueto de Fábio com Consuelo de Paula.

As escolhas mais recentes do repertório, que teve como consultor artístico o grande mestre Thiago Marques Luiz, são Tempestade (Zélia Duncan, 1994), com um arranjo surpreendente que ressalta sua letra densa, e Tá Escrito (2009), sucesso do grupo Revelação e de autoria do talentosíssimo Xande de Pilares (hoje em carreira-solo) que também surge aqui bem longe de seu clima de samba original, e belíssima.

Eis o momento de ressaltar o valor do dono da festa. A forma como Fábio Jorge resolveu botar pra fora suas dores, inseguranças e esperanças não poderia ter sido mais bem realizada. Com interpretações maravilhosas nas quais usa sua voz de veludo sempre na medida exata, sem excessos nem faltas, ele parece acariciar cada melodia, cada verso, nos fazendo entender todo o contexto da coisa. É coisa de craque, de talento absoluta.

Espero que esse trabalho possa ter dado a Fábio Jorge o alívio de que ele tanto necessita. Perder um ente querido é uma dor que nunca passa, nunca cicatriza, mas com a qual a gente aprende a conviver. E, na verdade, esses entes queridos permanecem vivos nas boas lembranças que nos deixaram, e que nos ajudam a suportar suas ausências. Dona Renée, onde estiver, deve estar sorrindo, orgulhosa do filho. E nós, ouvintes, somos gratos por tanta generosidade do filho dela de dividir esse processo artisticamente maravilhoso conosco.

Em tempo: que capa maravilhosa!

Ouça O Tempo, de Fábio Jorge, em streaming:

Roberta Campos esbanja classe no belo álbum O Amor Liberta

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Por Fabian Chacur

Antes do início da pandemia do novo coronavírus, Roberta Campos tinha como projeto gravar um álbum com a produção do badalado produtor britânico radicado no Brasil Paul Ralphes. Com tudo o que ocorreu, ela preferiu adiar um pouco esse projeto e lançou o EP Só Conheço o Mar (leia mais sobre esse lançamento e sobre Roberta aqui), com 5 músicas inspiradas nesse momento. Mas seu plano não foi engavetado, e agora chega a hora de lançá-lo, em CD e nas plataformas digitais, com o título O Amor Liberta (Deck).

Trata-se de seu quinto álbum de estúdio (também lançou um DVD gravado ao vivo) em 13 anos de trajetória discográfica na qual se firmou como um dos grandes expoentes do chamado folk à brasileira. Temos aqui 11 composições inéditas, sendo sete só dela e outras quatro assinadas com nomes representativos de quatro gerações diferentes: Hyldon, Humberto Gessinger, Luiz Caldas e De Maria. O resultado não poderia ser melhor.

Valendo-se de sua bela e delicada voz com a categoria habitual, Roberta aposta em uma sonoridade no geral que nos remete a três influências básicas, os trabalhos de Lô Borges, Beto Guedes e Lulu Santos. Também temos elementos de soul, em uma mistura que soa extremamente pop mas sem cair em momento algum na vala comum daqueles que só pensam em música como uma forma pragmática de se ganhar dinheiro e nada mais.

No geral, as letras de Roberta apostam em um romantismo que vai além do simples afeto entre duas pessoas e fala do amor pelos outros, pela vida e pelo que se pode fazer para ser feliz. O momento mais pop fica por conta de Miragem (R.C.), surpreendente utilização da cantora da levada do reggaeton com uma participação especial certeira do cantor Alexandre Carlo, do grupo Natiruts.

O pop rock com elementos folk aparece com muita inspiração em Pro Mundo Que Virá (R.C.) e É Natural (R.C.- Luiz Caldas), enquanto Se a Saudade Apertar (R.C.- Hyldon) equivale a uma balada soul envolvente. O country é o mote de Começa Tudo Outra Vez (R.C.- Humberto Gessinger), que mostra o cantor dos Engenheiros do Hawaii explorando um registro vocal bem diferente ao qual estamos habituados, e com sucesso.

O clima balada soul pontua O Futuro nos Aguarda (R.C.), enquanto Floresço na Sua Vida (R.C.) mergulha no pop com desenvoltura. Aquário (R.C.) traz elementos de latinidade, enquanto O Vento Que Leva (R.C.) remete a bossa nova revista. Pop rock ensolarado é uma possível definição para a ótima Chegou o Meu Verão (R.C.- De Maria). Rosária (R.C.), bela homenagem de Roberta à sua avó, é o momento agridoce que encerra um álbum maduro, artisticamente impecável e que mostra como fazer música doce que não seja terminantemente proibida para diabéticos.

Miragem (clipe)- Roberta Campos e Natiruts:

Diana Ross divulga um single e irá lançar álbum Thank You em breve

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Por Fabian Chacur

Tem single novo de Diana Ross devidamente disponibilizado nas plataformas digitais. Trata-se de Thank You, deliciosa faixa pop balançada com tempero gospel que será a faixa título do 1º álbum de inéditas da cantora e compositora americana desde I Love You (2006). O lançamento está previsto para setembro pela Decca Records-Universal Music Group. Em press release enviado à imprensa, ela dá uma prévia sobre o teor do trabalho (veja uma espécie de pequeno trailer aqui).

“Esta coleção de canções é meu presente para vocês, com apreço e amor. Sou eternamente grata por ter tido a oportunidade de gravar, neste momento, essa música gloriosa. Dedico este songbook de amor a todos vocês, os ouvintes. Ao ouvir a minha voz, você ouve meu coração. Deixe o amor liderar o caminho”.

Gravado em seu estúdio caseiro, o disco traz 13 canções coescritas e coproduzidas por Diana em parceria com diversos compositores e produtores, como Jack Antonoff, Troy Miller, Triangle Park, Spike Stent, Prince Charlez, Amy Wedge, Neff-U, Freddie Wexler, Jimmy Naples, Tayla Parx, Fred White e Nathanial Ledgewick. Aos 77 anos de idade, a ex-integrantes das Supremes pelo visto voltará com tudo ao cenário pop.

Eis as faixas de Thank You, álbum de Diana Ross:

1. Thank You

2. If the World Just Danced

3. All Is Well

4. In Your Heart

5. Just In Case

6. The Answers Always Love

7. Let’s Do It

8. I Still Believe

9. Count On Me

10. Tomorrow

11. Beautiful Love

12. Time To Call

13. Come Together

Ouça a faixa Thank You, de Diana Ross:

Lô Borges nos dá nova aula de como compor grandes canções

Lô Borges - Muito Além do Fim (álbum)

Por Fabian Chacur

Boas notícias precisam ser muito celebradas nesses dias tão sombrios, e a chegada de uma nova safra de canções compostas pelos irmãos Lô e Márcio Borges, após quase dez anos, é uma delas. Em cinco décadas, eles criaram maravilhas do porte de Tudo Que Você Podia Ser, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo e Para Lennon e McCartney, só para citar alguns marcos dessa produção. O resultado deste retorno está no sublime álbum Muito Além do Fim, já disponível em CD e nas plataformas digitais.

Aos 69 anos de idade, Lô Borges se mostra cada dia melhor no seu ofício de ourives de canções. Sim, ourives, pois o que produz é tão ou mais precioso do que as caríssimas joias produzidas por esse tipo de profissional. Afinal, como precificar as sensações, emoções e a energia que as composições criadas por este verdadeiro fraldinha do Clube da Esquina nos proporcionam? Tudo sempre com muita delicadeza, sutileza e alma sonhadora e apaixonada.

O núcleo musical do trabalho anterior, o delicioso Rio da Lua (de 2019, leia a resenha aqui) permanece, com Lô solto e inspirado no vocal, piano e violão, o cirúrgico e de raro bom gosto Henrique Matheus na guitarra e o sólido e consistente Thiago Corrêa no baixo, teclados e percussão. O time é completado pelo também ótimo Robinson Matos na bateria.

Esse quarteto se mostra entrosado e capaz de dar belíssimas roupagens a canções que, mesmo só no esquema voz-e-violão, já soariam como clássicas. Sem excessos nem preciosismos, ressaltando possibilidades presentes nas melodias e nas levadas rítmicas ou mesmo sugeridas nos versos. O resultado nos proporciona uma sólida fusão de rock, folk, pop e MPB em geral que honra a frequente citação aos Beatles, célula mater da criação de Lô desde sempre.

Temos aqui 10 canções que primam pela diversidade sutil, diferenciadas ora por um riff de guitarra, ora por uma levada peculiar de violão, ora por um piano muito bem conduzido. É música que vai te dominando e te hipnotizando, fazendo o imenso favor de nos tirar das sombras e do pessimismo rumo a um estado de espírito otimista, esperançoso e de inusitado prazer. E isso, mesmo quando os versos de Márcio agulham as contradições venenosas do ser humano.

A coisa já começa a mil com o delicioso rock melódico que dá nome ao álbum, que traz como cereja do bolo a participação especial do sempre especial Paulinho Moska. Um pouco mais ardida e com Henrique Matheus dando um banho de categoria, Muito Querida vem a seguir. Psicodelia derramada e bem criativa é a marca de Copo Cheio, em que o tempero agridoce dos versos de Márcio Borges chegam à tona com força total.

Vida Ribeirão vem no sabor do folk rock à brasileira, enquanto Rainha traz boa melodia e uma guitarra precisa. Canções de Primavera lembra o estilo anos 1980 de um grande amigo e parceiro de Lô, o genial Beto Guedes. A marca pop de Caos e a delicadeza light de Melhor Assim abrem caminho para Terra de Gado, que traz o piano como condutor e uma letra política sutil, mas certeira, que enfoca a forma como muita gente leva, e mal, muito mal, suas vidas.

Escolhida para encerrar o álbum, Piano Cigano traz apenas quatro versos e abre largos espaços para o poderoso acompanhamento instrumental, com o piano mais uma vez à frente e uma pegada comparável a dos momentos mais vigorosos do rock progressivo. Um final brilhante para um disco simplesmente seminal, sem uma única nota fora do lugar e que nos leva a pensar que, sim, enquanto há vida, há esperança. Com canções de Lõ Borges na trilha sonora, obviamente.

Muito Querida (lyric video)- Lô Borges:

Sting lançará álbum reunindo duetos com grandes astros

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Por Fabian Chacur

Desde o início de sua carreira-solo, em 1985, uma das marcas de Sting é a sua capacidade de trocar figurinhas com outros artistas. Como forma de focalizar essa característica significativa do trabalho individual do ex-integrante do The Police, a Universal Music lançará no dia 19 de março a coletânea Duets. O lançamento, que ocorrerá nas plataformas digitais e também em CD simples e LP duplo de vinil, compreende o período entre 1992 e 2020, com um total de 17 faixas que englobam nomes os mais diversos.

O repertório de Duets não traz nenhuma canção registrada originalmente pelo The Police, concentrando-se nas composições do astro britânico pós-grupo e em releituras de repertório alheio. A versatilidade de Sting fica bem nítida no estrelado elenco aqui reunido, com nomes tão distintos entre si como Annie Lennox (na foto com Sting), Julio Iglesias, Herbie Hancock, Craig David, Mary J Blige, Melody Gardot, Charles Aznavour e Zucchero.

As gravações, lançadas originalmente em trilhas de filmes, álbuns do próprio Sting e dos artistas em questão ou mesmo discos-tributo, vão desde It’s Probably Me, gravada ao lado de Eric Clapton em 1992, até duas registradas em 2020, com respectivamente a cantora americana Melody Gardot (Little Something) e o roqueiro italiano Zucchero (September).

Eis as faixas de Duets, de Sting:

It’s Probably Me– com Eric Clapton (1992)

Fragile– com Julio Iglesias (1994)

Desert Rose– com Cheb Mami (1999)

In The Wee Small Hours Of The Morning– com Chris Botty (1999)

Rise & Fall– com Craig David (2002)

Whenever I Say Your Name– com Mary J Blige (2003)

We’ll Be Together– com Annie Lennox (2004)

My Funny Valentine– com Herbie Hancock (2005)

None Of Us Are Free– com Sam Moore (2006)

L’Amour C’Est Comme Un Jour– com Charles Aznavour (2008)

Practical Arrangement– com Jo Lawry (2013)

Stolen Car– com Mylène Farmer (2015)

Don’t Make Me Wait– com Shaggy (2018)

Reste– com Gims (2019)

Mama– com Gashi (2020)

Little Something– com Melody Gardot (2020)

September– com Zucchero (2020)

We’ll Be Together– Sting e Annie Lennox:

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