Por Fabian Chacur

Em 1993, tomei um belo de um susto ao ouvir o quarto CD de uma moça que alguns conhecem melhor como atriz, a americana Mandy Moore. Coverage, dedicado apenas a releituras de sucessos de outros artistas, surpreendeu pela qualidade e consistência do repertório.

A moça, que então tinha apenas 19 anos, teve a manha de escolher canções fantásticas e não tão massificadas como The Whole Of The Moon (dos Waterboys), Can We Still Be Friends (de Todd Rundgren), Moonshadow (de Cat Stevens), Breaking Us In Two (de Joe Jackson) e Help Me (de Joni Mitchell), só para citar algumas.

Mais: interpretou com categoria e arranjos personalizados que não desvirtuaram as 12 músicas, gravadas basicamente nos anos 70 e 80. Ou seja, bem longe do que se poderia esperar que fosse o gosto de uma ainda adolescente.

Pois bem. Sete anos depois, a gata chega aos 26 anos concretizando, agora com um trabalho autoral, tudo o que prometera naquele belo disco de 2003. Não por acaso, o título do álbum é Amanda Leigh, nada mais do que seu nome de batismo. O CD sai no Brasil pelo selo Lab344.

Mostrando que soube assimilar as lições dos artistas de que gosta, Mandy nos oferece um álbum impregnado do sabor das canções do rock agridoce dos anos 70, com ênfase nos estilos de Joni Mitchell, James Taylor, Carole King, Carly Simon e Karla Bonoff.

Sua voz doce e afinada se encaixa feito luva no estilo, e o fato de contar com os ótimos arranjos e produção do músico Mike Viola só torna as coisas ainda melhores. Exibindo agora cabelos curtos e um visual mais adulto, a moça ainda exala inspiração, garra e ingenuidade idealista.

Não faltam canções bacanas a citar. Fern Dell, que aparece em duas versões (normal e acústica) é uma delícia folk-pop, enquanto o primeiro single, I Could Break Your Heart Any Day Of The Week tem aquele clima dançante quase bubblegun que nos remete aos anos iniciais da década de 70.

A sublime Song About Home é uma mistura do James Taylor de Mud Slide Slim And The Blue Horizon (1971) com Court And Spark (1974), de Joni Mitchell, sem soar em acorde algum como cópia.

Amanda Leigh é aquele disco típico para se mostrar para quem adora meter o pau na garotada da nova geração. Sim, meus caros, tem gente bem talentosa no meio de tanta porcariada. Basta ter paciência para descobrir.