claudio foa capa livro 400x

Por Fabian Chacur

A mente humana foi, é e sempre será um grande e insolúvel mistério. O que há nela? Como determinar o que é normal e o que não é em seu dia-a-dia? Como distinguir alguém “normal” de alguém “com a cuca fundida”, como se dizia nos já longínquos anos 1970 do século passado? São essas e outras importantes questões que nos vem à mente com a leitura de Memories Of a Shrinked Person, primeiro livro do arquiteto e fã/estudioso/colecionador de música Cláudio Finzi Foá.

Nascido em Jundiaí (SP) e com 59 anos de idade, Foá dá um mergulho em seu passado, compartilhando com o leitor boas experiências de vida. A descoberta do passado e das tristes e dramáticas circunstâncias da morte de seu pai, ocorrida quando ele era muito pequeno, daria por si só o roteiro de um filme dos mais tocantes. E isso é só o começo.

O relato das experiências do protagonista em instituições dedicadas a esses tais de “doidos”, ou “doentes mentais”, ou seja lá como se queira rotular pessoas com distúrbios fora dos padrões das tais “pessoas civilizadas e normais” são bem ilustrativos de como são tratadas de forma empírica e sem lógica pacientes com problemas nada definidos.

A narrativa de Foá é feita com um texto bastante bom, mas que não segue padrões lineares de narrativa. Portanto, idas e vindas por épocas e situações diferentes ocorrem com frequência, sem no entanto impedir que se consiga seguir suas descrições detalhadas. A cada uma delas, novas descobertas, algumas perturbadoras, outras surpreendentes.

Uma das marcas de Memories Of a Shrinked Person é o fato de em vários momentos não ficar claro se estamos diante de um relato fidedigno dos acontecimentos supostamente ocorridos, ou se estamos diante da imaginação do autor, ou mesmo da sua memória pregando peças ao mesmo. Algo que torna a leitura ainda mais interessante.

O delicioso tempero fica por conta dos relatos ligados à música, da qual Finzi é fã desde moleque, possuindo conhecimentos muito acima da média em termos de rock, MPB e quetais. Suas escolhas e dicas musicais são dignas de um Quentin Tarantino, pinçando momentos muito bons de nomes importantes como Santana, Arnaldo Baptista, Traffic etc.

Como cereja do bolo, os desenhos criados por Cláudio para ilustrar a capa e as páginas são simplesmente esplêndidos, com um traço peculiar e facilmente identificável, e um apêndice com direito a incursões bacanas por versões de letras musicais e literatura de cordel by Finzi. Não se trata de um livro fácil e tradicional, mas sua ótima prosa e edição esperta o torna muito bom de se ler. Que venham os próximos!

Arnaldo Batista – Cê Tá Pensando que Eu Sou Loki?:

Hidden Treasure– Traffic:

La Llave– Devadip Carlos Santana: