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Olodum celebra seus 40 anos com novo EP e playlist digital com hits

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Por Fabian Chacur

O Olodum é um patrimônio cultural da humanidade. Sim, e não há exagero nessa afirmação. Afinal de contas, o grupo cultural baiano se expandiu do Pelourinho, em Salvador, rumo aos quatro cantos do mundo, indo além da música, onde tornou-se marca de criatividade, e tornando-se uma instituição cultural de peso. Como forma de celebrar seus 40 anos de vida, a Warner Music acaba de lançar o EP Olodum 40 Anos e uma playlist, disponíveis nas plataformas digitais Spotify e Deezer.

Criador da incrível batida percussiva que recebeu o rótulo de samba reggae, o Olodum lançou 25 álbuns e 2 DVDs, e emplacou hits certeiros e irresistíveis como Requebra, Nossa Gente (Avisa Lá), Cartão Postal e Revolta Olodum, além de participar de gravações e clipes históricos de importantes artistas internacionais, entre os quais as icônicas The Obvious Child (1990), de Paul Simon, e They Don’t Care About Us (1996), de Michael Jackson.

O novo EP traz duas faixas compostas por Alisson Lima. O Nome da Rosa tem leve inspiração no romance homônimo de Umberto Eco, enquanto Sereia é inspirada no candomblé e venceu o Festival de Música e Artes Olodum de 2018. Minha Tez homenageia o eterno maestro Neguinho do Samba (1955-2009), um dos principais responsáveis pela criação da batida inovadora da banda, enquanto A Ver Navios é a releitura de canção gravada originalmente pela banda em 1992.

Como forma de dar uma geral nos principais sucessos do grupo cultural baiano, a Warner também preparou uma playlist que traz um total de 40 faixas, incluindo as quatro inéditas do EP e também dando uma geral em seus principais sucessos. Vale lembrar que o Olodum também possui escola, trupe de teatro e fábrica de carnaval, além de ter tido parcerias com outros artistas internacionais de peso, como Ziggy Marley, Jimmy Cliff e Alpha Blondy.

O Nome da Rosa– Olodum:

Ivete Sangalo e a fórmula para ser bem popular e sofisticada

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Por Fabian Chacur

Infelizmente, não me lembro quem foi que criou essa definição sobre o trabalho de Roberto Carlos. Mas vamos lá: “Roberto Carlos é o máximo em termos de artista popular que uma pessoa sofisticada se permite ir, e o mais sofisticado que uma pessoa estilo povão se permite ir”. Ou seja, caso raro de agradar segmentos muito distantes com um único tipo de música. E pode se dizer que outra artista agora se encaixa feito luva nesse conceito. É Ivete Sangalo, que acaba de lançar o CD duplo e DVD Acústico em Trancoso.

Desde os tempos de Banda Eva, essa cantora e compositora baiana nos apresentava uma música popular, mas sem cair na vulgaridade. Ao iniciar a carreira solo, em 1999, Sangalo elaborou ainda melhor essa proposta, fugindo do nível rasteiro que os setores mais escancarados da axé music às vezes atingem, propondo música multifacetada, para cima e falando de temas universais, mas sem forçar a barra na simplicidade.

Desde então, ela conseguiu se firmar como a cantora mais popular deste país continente, vendendo milhões de discos e lotando todos os shows de suas turnês. Poderia ter se acomodado, como já aconteceu com vários colegas de profissão, mas isso nunca ocorreu. Sempre se desafia e propõe novos horizontes, como um show no mitológico Madison Square Garden (Nova York, EUA), ou gravar em parceria com Gilberto Gil e Caetano Veloso. E costuma dar certo.

Sempre que falo de Ivete eu me refiro a ela com um apelido, “A Grande Irmã”. Explico: às vezes, dá a impressão que ela está em todas, participando de todos os programas de TV, gravando com todos os artistas possíveis, em todos os comerciais… Onipresente. Isso me incomodava um pouco até ter a chance de conhece-la pessoalmente e entrevista-la. Aí, você percebe que ela faz isso não para massagear o próprio ego, e sim porque não consegue ficar parada.

Acústico Em Trancoso é mais um trabalho que explora novas cores para o trabalho dessa artista inquieta. Sem guitarras nem programação eletrônica, ela no entanto não se propõe ao acústico habitual, ou seja, som intimista e poucos instrumentos. Aqui, temos muita percussão, vibração e o vozeirão de Miss Sangalo acompanhada por ótimos arranjos. Às vezes, nem dá para notar que é “acústico”.

Tendo o alto astral e a beleza da paradisíaca Trancoso como cenário, Ivete nos mostra releituras bem bacanas de sucessos de sua carreira, além de sete músicas que nunca haviam sido incluídas em seus trabalhos anteriores, entre eles a excelente O Farol, funk de verdade incluído na abertura da novela global Haja Coração. Não estranhem se todas essas inéditas acabarem aparecendo nas paradas de sucesso futuramente.

Em CD, lançando em dois volumes, temos uma faixa exclusiva (incluída no CD Parte 01). Trata-se de Segredo, composição de Djavan gravada em estúdio e contando com a participação do próprio, em belo dueto. Embora com clima alto astral, o repertório tem dinâmica que não deixa o show cair na rotina, com direito a momentos mais sacudidos, alguns intermediários e outros dedicados ao mais puro romantismo. E a cantora se sai bem em todos, esbanjando versatilidade.

Além de Djavan, temos outras participações especiais: The Voice Kids (na faixa A Lua Q Eu T Dei), Vitin (da banda Onze 20, em Perto de Mim), Helinho (da banda Ponto de Equilíbrio, em Estar Com Você) e Zero a Dez (com Luan Santana). Todos se encaixam bem com a estrela da festa, que no entanto é quem acaba brilhando mais.

Acústico Em Trancoso mostra que Ivete Sangalo sabe como poucos atrair um público afeito a trabalhos populares sem se rebaixar ao popularesco, e a cativar um público mais sofisticado sem cair em um trabalho hermético e sofisticado demais. Ela achou o “ponto de equilíbrio” (curiosamente o nome da banda do convidado Helinho) perfeito para concretizar tal missão. Fazer o que, então? É bater palmas para essa verdadeira diva brasileira. Acertou de novo!

O Farol (ao vivo)- Ivete Sangalo:

Perto de Mim (ao vivo)- Ivete Sangalo:

A Lua Q Eu T Dei (ao vivo)- Ivete Sangalo:

Gilmelândia concorre com um samba-enredo na Peruche-SP

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Por Fabian Chacur

Pode uma estrela da axé music concorrer na disputa pelo samba-enredo de uma escola de samba paulistana? Claro! Ainda mais no Brasil, um país onde as misturas bacanas geram novos e belos frutos com muita frequência. E é isso o que está fazendo Gilmelândia, a Gil, ex-vocalista da Banda Beijo entre 1998 e 2001 e depois conhecida em carreira-solo, na banda Vixe Mainha e também como apresentadora de TV.

A cantora oriunda de Salvador defende, ao lado dos compositores Rodrigo de Oliveira (o Schumacker, que foi campeão com o samba de 2015 Karabá e a Lenda do Menino de Coração de Ouro), Mauricio Pito, Felipe Mendonça e Marcelo “Casa Nossa” Faria, o samba de número 7 na disputa para tentar ser eleito o samba-enredo do Carnaval 2017 da escola Unidos do Peruche, oriunda da Zona Norte Paulistana e uma das mais tradicionais da cidade.

A primeira apresentação ao vivo da concorrente foi no último dia 10, no qual Gil esteve ao lado dos intérpretes Darlan Alves, da X-9 Paulistana, e Fredy Viana, da Mancha Verde. A combinação deu um belo fruto: o samba passou para a segunda etapa do concurso. No próximo domingo (17), a cantora soteropolitana volta à quadra social da Peruche. A música conta até com clipe promocional, e está sendo bem recebida pela comunidade ligada à escola de samba.

Fica fácil entender a ligação de Gil com a escola. O enredo para 2017 da agremiação carnavalesca é “A Peruche no Maior Axé Exalta Salvador, Cidade da Bahia, Caldeirão de Raças, Cultura, Fé e Alegria”. Vale lembrar que o número de baianos e descendentes que moram na cidade de São Paulo é dos mais significativos. A cantora não esconde a felicidade por defender o samba e de quebra divulgar a sua cidade natal:

“Me sinto em casa na Peruche, todos me receberam muito bem, e é ótimo poder divulgar Salvador. Entrei nessa para ganhar”, afirma. O clipe promocional foi dirigido e editado por Piero Sbragia, com takes gravados no Pelourinho, ao lado de percussionistas do Olodum (que apoia o projeto) e nas praias. Os cantores de São Paulo foram flagrados no Beco do Batman, na Vila Madalena. Gilmelândia vem acompanhando de perto o carnaval paulistano desde 2014.

Veja o clipe promocional do samba:

Para Ivete Sangalo, o que importa é o momento

Por Fabian Chacur

Ivete Sangalo concedeu uma entrevista coletiva à imprensa em um hotel de luxo em São Paulo na tarde desta terça-feira (9) para falar de seu novo álbum, Real Fantasia, lançado pela Universal Music. A bordo de um estiloso vestido rosa assinado pelo badalado Alexandre Herchcovitch e muito bem-humorada, ela encarou a sala cheia de jornalistas e fãs no melhor astral possível.

De cara, brincou com o uso da palavra híbrido por um dos jornalistas em uma pergunta, e a repetiu por diversas vezes durante o papo descontraído, que durou por volta de uma hora. Ao falar sobre como concebeu o novo disco, revelou que nunca sabe como cada álbum irá ficar, e que não os concebe previamente, ao contrário de outros artistas.

“Eu encontro os compositores que frequentam minha casa, ouço discos que me mandam, vou compondo e só aí eu seleciono as músicas. Nunca planejo nada antes, só mesmo depois de o disco ficar pronto é que eu sei como ele ficará. Nada é planejado anteriormente, tipo vou fazer um dsco mais latino, ou mais romântico, nunca é assim”.

Ela encara essa forma de trabalhar como a habitual em sua carreira, e se diz livre das pressões das gravadoras em termos de concepção artística, mesmo sendo uma das artistas que mais vende discos e lota shows no país há 13 anos como artista solo.

“O meu negócio é felicidade, é como eu me sinto confortável. Todo dia a gente tem uma história diferente, assim é a vida, e é assim que eu faço os meus projetos. Não sou uma pessoa movida a pressão, sou uma pessoa do momento. Gosto do improviso, de viver tudo na hora”.

Real Fantasia foi gravado no estúdio que Ivete montou em sua casa, em Salvador, entre março e setembro, sendo que as fotos sensuais usadas na capa, encarte e divulgação do trabalho ficaram para o final, sendo, como ela definiu, o laço final do produto.

O fato de simultaneamente ter gravado como atriz sua participação no remake global de Gabriela não atrapalhou nada, segundo ela, e com total controle do processo.

“Sou cantora, entro no estúdio na hora que for e mando bala. Presume-se que eu tenha um bom envolvimento na produção e gravação de meus discos, pois são os meus discos. Todos os arranjos passam pelo meu crivo. O CD foi gravado em casa de forma tranquila, no meu ritmo e do meu jeito”.

O CD chegou às lojas com uma tiragem inicial de 80 mil cópias, número que atualmente equivale a disco de platina no mercado, mas que significa quase um terço do valor que essa premiação exigia há pouco mais de dez anos (250 mil discos). Ivete avalia essa queda na indústria fonográfica brasileira de forma serena.

“Não dá para negar que essa redução nas vendas pode afetar um pouco as vaidades dos artistas, mas acho que o importante é o fato de o acesso das pessoas à música ter se democratizado. Já cheguei a vender 2.8 milhões de cópias de um único disco. Acho que é preciso educar as pessoas não em termos de gosto musical, que cada um tem o seu, mas no sentido de que baixar as músicas de forma ilegal é crime, mostrar o caminho certo para elas”.

Ivete vai além, nessa análise do momento pelo qual passa o mercado musical no Brasil.

“Muita gente boa perdeu seus empregos nesses últimos anos graças a essa queda da indústria fonográfica por aqui. Mas é preciso respirar e seguir em frente, superar as crises. Procuro ver o melhor de cada situação e comemorar a democratização do acesso à música por parte das pessoas. E agradeço por ter fãs fiéis que me acompanham sempre”.

Embora tenha tido experiências anteriores como atriz, Ivete Sangalo considera sua participação em Gabriela vivendo o papel de Maria Machadão como o ponto alto dessa trajetória paralela à música no mundo da arte dramática.

“Tive a oportunidade agora de aprender muito mais, vivendo um personagem baiano e forte e que ficou mais tempo no ar. Procurei criar momentos diferentes, fui instruída para atuar melhor, a me concentrar, e generosidade foi a palavra de ordem de todos em relação a mim. Quero ter uma nova experiência como atriz, mas não agora.”

O álbum só teve um problema: o dueto gravado por ela com a estrela Shakira na faixa Dançando teve de ficar de fora por problemas burocráticos, e será comercializado apenas como bônus da versão deluxe virtual vendida no site iTunes. O CD inclui uma versão da mesma música só com Ivete nos vocais.

“Shakira é uma queridaça, quem é fã dela tem de continuar sendo, e quem não é precisa conhecê-la rapidinho. A gente se conheceu em festivais, ela ama o Brasil. Gravamos o dueto antes de acertamos a liberação das gravadoras, e isso acabou demorando um pouco. Mas ficou lindo, adorei!”

O canal a cabo Multishow mostrará entre 22 a 26 de outubro um especial com cinco partes sobre as gravações de Real Fantasia, cujo título Ivete acredita dar margem a muita poesia por conta da interpretação de cada um à frase. Eis a dela:

“Minha vida é uma real fantasia. Misturo a fantasia de ser artista com as minhas obrigações, sou uma mulher muito real, muito prática, do tipo que vai buscar o filho na escola sem maquiagem. Essa mulher, entre quatro paredes, realiza tudo quanto é fantasia”, diz, arrancando risos de todos.

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