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ABBA volta após 40 anos com um belo exercício de estilo, Voyage

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Por Fabian Chacur

Outro dia, um grande amigo meu, o talentosíssimo crítico musical (ele vai me matar ao ler isso!) Zeca Azevedo definiu o álbum de estreia do supergrupo de r&b Silk Sonic como um “exercício de estilo”, ou seja, um trabalho que não nos oferece novidades e gira em torno de uma determinada sonoridade pré-existente, o que pode gerar álbuns bem legais. Bem, Voyage, o álbum que nos traz de volta o Abba após quatro longas décadas, é basicamente isso: um grupo histórico mergulhando em seu próprio jeitão de fazer música. E como deu certo!

A coisa começa bem logo na opção que Benny Andersson e Bjorn Ulvaeus, os músicos, compositores e produtores do seminal grupo sueco, tiveram de reunir um total de dez músicas no álbum, com uma duração total que equivale a de um LP de vinil de antigamente. Nem mais, nem menos, na medida certa, sem gorduras ou aquilo que na língua inglesa se define como “filler”, ou, em português mais avacalhado, de “encher linguiça”. Voyage não faz você perder o seu tempo.

A coisa começa com tudo, com a balada épica I Still Have Faith In You, de início mais contido e com uma explosão de emoções logo a seguir. Nela, uma marca registrada do Abba se mostra mais afiada do que nunca: os arranjos vocais, sempre precisos tanto nas intervenções solo das cantoras Agnetha Faltskog e Anni-Frid Lyngstad como nos sempre categóricos corais, capazes de cativar os ouvintes com rara facilidade. E as vozes do quarteto estão ótimas!

O lado mais folk-pop do quarteto aparece em When You Danced With Me. Uma marca do grupo, aquelas canções pop com leve influência erudita, surge em Little Things e Bumblebee. Don’t Shut Me Down mescla pop eletrônico com orquestra, enquanto I Can Be That Woman traz como marcas um romantismo mais denso também com adereços orquestrais bastante delicados e elogiáveis.

Just a Notion investe bem naquele estilo pop-rock nostálgico e dançante que o quarteto usou em hits anteriores. Ainda na esteira do rock, mas com umas guitarras um pouquinho mais ardidas, No Doubt About It pega na veia, enquanto Keep An Eye On Dan mostra a habilidade da banda na área do pop eletrônico, com uma discreta citação do hit S.O.S. no seu finalzinho.

O álbum é encerrado com outra canção de teor épico, a deliciosa Ode To Freedom, com direito a arranjo orquestral enxuto e ótimos vocais. O álbum atingiu o topo da parada britânica e o 2º lugar nos EUA, este último o melhor desempenho de um álbum do Abba no mercado norte-americano. Sem flertar com modernidades, mas sem soar empoeirado ou repetitivo, Voyage é certamente um retorno à altura para este grupo que tanto nos encantou em eras passadas.

Ouça o álbum Voyage, do Abba, em streaming:

Biografia relata com detalhes a incrível trajetória do Abba

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Por Fabian Chacur

Durante um período de dez anos, entre 1972 e 1982, o Abba desafiou fronteiras e se tornou uma das bandas mais bem-sucedidas da história da música pop. Após a sua separação, nem mesmo uma incrível proposta de meio bilhão de dólares os animou a voltarem à cena. Sua incrível trajetória é contada de forma exemplar no livro Abba A Biografia, de Carl Magnus Palm, lançado no exterior em 2008 e no Brasil em 2014 pela Best Seller.

Fã exacerbado do Abba, Carl Magnus Palm já havia lançado anteriormente livros envolvendo a banda, e desta vez resolveu mergulhar fundo no tema, valendo-se de entrevistas feitas por ele próprio e em vasto material de pesquisa nas mais diversas e ricas fontes. Ele não abriu mão dos menores detalhes, mas sem deixar a fluência do texto perder em nada.

Dessa forma, é possível conhecer a história de como Bjorn Ulvaeus, Benny Andersson, Anni-Frid (Frida) Lyngstad e Agnetha Faltskog acabaram por formar o Abba. Veremos que o quarteto foi uma espécie de “supergrupo” do pop sueco, pois reuniu quatro indivíduos que já tinham carreiras anteriores de sucesso em várias escalas, todos experientes e talentosos.

Bjorn, por exemplo, integrou o mais bem-sucedido grupo folk daquele país, os Hootenanny Singers, com o qual conheceu em 1963 Stikkan Anderson, dono da gravadora Polar Music e futuro empresário do Abba. Em 1966, foi a vez de Bjorn fazer amizade com Benny, líder da banda de pop rock The Hep Stars, campeã de popularidade na região nesse setor.

Enquanto isso, Frida e Agnetha desenvolviam carreiras solo. Eles basicamente gravavam na língua local. Bjorn e Benny começaram a compor juntos, e pouco depois começaram a namorar, respectivamente, Agnetha e Frida. Seus primeiros shows conjuntos ocorreram em 1970, evoluindo até que virassem um quarteto de fato em 1972.

Carl Magnus Palm nos apresenta a história com todos os contornos. No caso do lado artístico, detalhando as gravações de cada disco, desde o primeiro single People Need Love, partindo para a música que os levou à fama internacional em 1974, Waterloo, passando por todas as fases de sua trajetória, música a música, com fatos saborosos.

Quem procura revelações do lado pessoal dos músicos também encontrará farto material, tendo a oportunidade de ver como aqueles dois aparentemente felizes casais acabaram vendo suas relações indo para o espaço, e na sequência a própria banda. Os filhos, o relacionamento com pais e parentes, as brigas, está tudo aqui.

Os vocais impecáveis, o instrumental sempre afiado e as composições diversificadas e repletas de criatividade são destrinchadas de um jeito que torna um pouco mais simples entender o porque esse grupo teve tanto sucesso. E tem também a complicada relação entre eles e seu empresário Stikkan Anderson, figura chave para o estouro do quarteto.

Abba a Biografia é daqueles livros consistentes que você não consegue parar de ler. O único senão fica por conta da revisão um pouco descuidada da versão brasileira, que deixou passar um volume de erros um pouco além do desejável. Mas, mesmo assim, é leitura essencial para os fãs dessa fantástica e inesquecível banda pop.

Knowing Me Knowing You– Abba:

S.O.S.– Abba:

Summer Night City– Abba:

Honey Honey– Abba:

The Name Of The Game– Abba:

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