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Fred Falcão tem sua carreira de compositor contada em biografia

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Por Fabian Chacur

O compositor é uma espécie de mordomo do bem. Ao contrário do servidor das casas das famílias ricas, sempre apontado como o culpado de crimes e roubos nos livros e filmes de mistério, o autor de boas canções costuma ser o responsável pelo sucesso de inúmeros intérpretes pelo mundo afora. Pena que, frequentemente, seja ignorado, esquecido ou subestimado. Por isso, é sempre bom saber mais sobre eles. Um bom exemplo e ótima oportunidade é Invadindo o Ensaio Com Fred Falcão- Uma Biografia em Primas e Bordões (Matrix Editora), que conta a trajetória de um craque nessa área, Fred Falcão.

O cantor, compositor e músico pernambucano radicado desde criança no Rio de Janeiro tem uma história das mais ricas. Nascido em 24 de abril de 1937, começou a tocar ainda muito novo, e na década de 1950 teve a oportunidade de presenciar e se envolver logo no início em dois movimentos musicais dos mais influentes por aqui, o rock and roll e a bossa nova. Aliás, eis uma das suas marcas, ser uma espécie de Forrest Gump brasuca.

Paralelamente à música, Fred estudou direito, e foi nessa área que encontrou a forma de tirar o seu sustento, o que lhe permitiu mergulhar no mundo da música de uma forma mais idealista. Seu desenvolvimento como compositor se deu no início da fase áurea dos festivais de música no Brasil, e ele mergulhou de cabeça, participando de vários deles com canções que conseguiram boa repercussão.

A história de como ele conseguiu ter sua composição Vem Cá, Menina gravada em 1966 por ninguém menos do que Os Cariocas, um dos melhores e mais bem-sucedidos grupos vocais de todos os tempos, por si só já vale a leitura desta deliciosa biografia. A cara de pau e a confiança na qualidade daquilo que havia escrito o levaram a receber aquele sim que muitos gostariam de ouvir, mas por medo preferiram não arriscar. Ele arriscou, e ganhou!

Além dos festivais, do rock and roll e da bossa nova, Fred também viu o início de outro momento seminal para a nossa música, o surgimento das trilhas das telenovelas como um veio fundamental para a divulgação de canções por aqui. Ele teve oito músicas de sua autoria em trilhas de novelas globais entre 1970 e 1972, de atrações de sucesso como Irmãos Coragem, O Cafona, Minha Doce Namorada, Bandeira 2, O Homem Que Deve Morrer e Uma Rosa Com Amor.

Três delas foram muito bem gravadas pela grande estrela Marília Pera- Shirley Sexy, Sex Appeal e Bandeira 2, todas com grande êxito em termos de execução nas rádios. Ele teria mais uma canção incluída em trilha de novela global, em 1996, Jura (na voz de Watusi) curiosamente no remake de Irmãos Coragem, em cuja versão original teve sua primeira faixa gravada em atração desse tipo, a bela Nosso Caminho, na voz da icônica Maysa.

Aliás, a relação dos artistas que gravaram composições de Fred, escritas sozinho ou com parceiros como Paulinho Tapajós, Arnoldo Medeiros, Carlos Colla, Ed Wilson e outros, é de fazer o conhecedor de música arregalar os olhos. Eis alguns deles, além dos já citados anteriormente nesta resenha: Claudette Soares, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dóris Monteiro, Wilson Simonal, Antonio Marcos, Vanusa, Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves, Rosemary, Boca Livre, Zé Luiz Mazziotti e Lenny Andrade.

O envolvimento dele com nomes marcantes da história da nossa cultura como Elis Regina, Carlos Imperial, Flávio Silvino, Chacrinha e Daniel Filho também renderam causos deliciosos. E Fred não poderia ter sido mais feliz ao designar para a tarefa Denilson Monteiro, autor de biografias matadoras de Carlos Imperial e Chacrinha, responsável por colocar no papel essas décadas muito bem vividas por ele, em texto fluente que de quebra ainda traz o contexto político brasileiro em cada um desses períodos.

O legal é que essa história ainda está em pleno desenvolvimento, pois aos 82 anos Fred Falcão continua inquieto e produtivo, vide o maravilhoso álbum que lançou com suas composições interpretadas por uma de suas cantoras favoritas, a diva Leny Andrade (leia mais sobre esses lançamentos recentes aqui).

Invadindo o Ensaio Com Fred Falcão- Uma Biografia em Primas e Bordões revela um personagem importante no contexto da música brasileira dos anos 1950 aos dias de hoje, que tem se tornado uma fonte de informações das mais significativas para escritores e jornalistas interessados em registrar as idas e vindas de uma das mais importantes cenas musicais do mundo. E Fred Falcão sabe muito desse babado aí!

Shirley Sexy– Marília Pera:

Daryl Hall fala com franqueza sobre carreira em Rock Icons

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Por Fabian Chacur

O trabalho do cantor, compositor e músico americano Daryl Hall nunca foi levado muito a sério pela crítica especializada. Um lamentável erro de julgamento, pois o cara é um verdadeiro gênio. Sua extensa e consistente obra em dupla com o cantor, compositor e músico americano John Oates rendeu belíssimos frutos em seus mais de 40 anos de atividade. Ele é o tema de Rock Icons 8, que o Canal Bis exibe nesta 2ª (16) às 12h30, 3ª (17) às 3h e 8h05 e 4ª (18) às 16h30. Saiba mais aqui.

Normalmente voltado a nomes do heavy/hard rock, desta vez este ótimo programa, dirigido por Sam Dunn e Scott McFadyen, prefere se render a um desses artistas capazes de superar barreiras e criar um trabalho ao mesmo tempo consistente em termos artísticos e bem-sucedido comercialmente. São apenas 22 minutos, mas absurdamente bem aproveitados, com direito a entrevistas feitas especialmente para a atração com o artista enfocado, o parceiro Oates e Kathy Phillips, irmã de Hall, além de excelente material de arquivo.

Neles, o autor de Maneater, I Can’t Go For That (No Can Do), Rich Girl, Kiss On My List e tantos outros hits fala sobre o início de sua carreira, na mitológica cidade da Filadélfia, quanto montou um grupo vocal, os Temptones, influenciado pelos Temptations. Uma foto reunindo os dois grupos é uma das surpresas que o expectador terá durante o programa.

Ele comenta sobre não admitir barreiras entre estilos musicais, dizendo-se à vontade ao fazer música influenciada pelos negros artistas e repelindo acusações do tipo “apropriação cultural” que alguns radicais desferem a brancos que fazem “black music”.

Com muita franqueza e sem papas na língua, ele lembra de suas experiências no meio musical, que o levaram a “odiar o negócio da música, pois eles não são amigos dos músicos, nunca foram meus amigos”, e de como descobriu ser a autoprodução o melhor caminho para viabilizar a sonoridade que sonhava em criar, após trabalhar com inúmeros produtores nos anos 1970.

As experiências com os videoclipes são lamentadas pelos dois parceiros, que detonam os diretores com os quais trabalharam e também a utilização de um visual nos clipes que nada tinha a ver com as letras das canções que as ilustravam. Oates, em um momento particularmente divertido, reflete que seus clipes equivalem a aqueles álbuns de fotos com visuais constrangedores que as pessoas tem nas gavetas de suas casas. Só que, no caso deles, totalmente acessíveis a todos e sempre os assombrando, com seu mal gosto.

Durante as entrevistas, temos cenas de ótimas apresentações ao vivo nos anos 1970 e 1980, trechos de clipes como Out Of Touch (o que eles mais detonam, de forma detalhada). Hall explica o seu processo de criação, sobre a mistura de soul music e folk que ele e Oates fizeram, e de como conseguiram se consolidar no cenário musical mundial.

Ele também fala de seu incrível programa Live From Daryl’s House, criado em 2007 inicialmente para exibições apenas via internet e que depois também entrou na programação de uma emissora de TV americana. A ideia era mostra-lo de forma mais informal e honesta, ao lado de músicos que admira, como forma de divulgar uma imagem sua mais próxima do real. O curioso é que em nenhum momento ele aborda os bons trabalhos que lançou como artista solo. Mas isso não tira a alta qualidade desta atração, que faz jus a esse craque da música pop.

Rock Icons 8- Daryl Hall (veja em streaming, sem legendas):

Phil Collins lançará biografia e reedições luxuosas de álbuns

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Por Fabian Chacur

Em comunicado oficial divulgado nesta segunda-feira (12), Phil Collins revelou que lançará uma autobiografia em outubro de 2016. O livro, ainda sem título definido, será lançado na Inglaterra pela editora Century e pela Crown Archetype nos EUA, ambas vinculadas à renomada Penguin Random House. “Sempre me questionaram do porque eu ainda não ter escrito uma autobiografia mas eu nunca havia sentido ter chegado o momento certo, até agora!”, comentou no mesmo texto enviado à imprensa.

Quem já teve contato com o material escrito pelo ex-baterista e vocalista do grupo Genesis afirma que o livro será muito franco e honesto, e que revelará um Phil Collins que poucos conhecem. Ainda não está definido quem lançará este livro no Brasil, ou mesmo se essa esperada autobiografia chegará ao nosso mercado, mas é de se esperar que isso ocorra mais cedo ou mais tarde.

E os fãs do cantor, compositor e músico britânico também estão esfregando as mãos. Em novembro deste ano, mais precisamente no dia 6 daquele mês, sairão as duas primeiras edições do projeto de relançamentos luxuosos dos oito discos solo do autor de In The Air Tonight. Iniciam a série os álbuns Face Value (1981) e Both Sides (1993), com direito a CDs bônus repletos de faixas bônus inéditas gravadas ao vivo ou demo, além dos álbuns normais em versões remaster.

In The Air Tonight– Phil Collins:

Hand In Hand– Phil Collins:

I Missed Again– Phil Collins:

Both Sides Of The Story– Phil Collins:

Livro conta a nada imaginária trajetória do grupo The Cure

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Por Fabian Chacur

O The Cure é uma das bandas mais peculiares da história do rock, e também uma das mais bacanas. Liderada pelo imprevisível cantor, compositor e guitarrista Robert Smith, angariou milhões de fãs mundo afora. Quem deseja conhecer melhor sua incrível e nada imaginária trajetória não pode perder A História do The Cure- Nunca é o Bastante, de Jeff Apter, que a Edições Ideal acaba de lançar no Brasil. Trata-se de um trabalho de fôlego e completo.

O australiano Apter trabalhou na edição local da Rolling Stone e atua na área musical há duas décadas. Para realizar esta biografia, entrevistou ex-integrantes, produtores e outras pessoas envolvidas com a carreira da banda britânica. Só não conseguiu falar com o chefão do time, mas compensou essa lacuna com vasta pesquisa feita em entrevistas concedidas pelo roqueiro para a imprensa em geral nesses anos todos.

O resultado é um trabalho abrangente, que vai desde a infância dos fundadores da banda (Smith, o baixista Michael Dempsey e o baterista e depois tecladista Laurence Lou Tolhurst) até 2009. A vida pessoal é abordada na medida, assim como as gravações de discos, as turnês, os inovadores videoclipes e cada música gravada pelo The Cure.

O texto é fluente e gostoso de se ler. Chega a ser curioso pensar que Smith e seus amigos tinham como grande objetivo em seu início apenas fugir de empregos formais que os obrigassem a acordar cedo e a dar duro. Oriundos da pequena Crawley, que fica entre a capital britânica Londres e a litorânea Brighton, viraram cidadãos do mundo.

Do início quase punk do álbum de estreia Three Imaginary Boys, além de singles básicos como Boys Don’t Cry e Killing An Arab eles mergulharam de cabeça no rock gótico e ajudaram a consolidar o estilo com Seventeen Seconds (1980), Faith (1981) e Pornography (1982).

Quando muitos esperavam um possível suicídio por parte de Robert Smith, o roqueiro mergulhou de cabeça no pop em canções como Let’s Go To Bed, The Walk e The Lovecats nos idos de 1983. A partir do brilhante álbum The Head On The Door (1985), passou a mesclar essas duas tendências em sua sonoridade, indo do introspectivo ao festivo em um mesmo álbum. Bela e original dualidade.

Nunca é o Bastante descreve em detalhes como foi essa trajetória, explicando as mudanças nas formações, as idas e vindas de músicos, as deliciosas histórias de bastidores e a inspiração por trás das canções dessa grande banda. Até mesmo a primeira turnê dos caras pelo Brasil em março de 1987 merece alguns parágrafos saborosos.

De quebra, temos uma discografia básica bem útil e uma ótima sessão de fotos cobrindo todas as fases e formações da banda desde seu início, na segunda metade dos anos 1970, até os dias de hoje. O livro é uma boa oportunidade para entendermos melhor esse verdadeiro enigma chamado Robert Smith, e tudo o que girou em torno de sua carreira.

Jumpin’ Someone Else’s Train– The Cure:

A Night Like This– The Cure:

The Lovecats– The Cure:

Biografia relata com detalhes a incrível trajetória do Abba

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Por Fabian Chacur

Durante um período de dez anos, entre 1972 e 1982, o Abba desafiou fronteiras e se tornou uma das bandas mais bem-sucedidas da história da música pop. Após a sua separação, nem mesmo uma incrível proposta de meio bilhão de dólares os animou a voltarem à cena. Sua incrível trajetória é contada de forma exemplar no livro Abba A Biografia, de Carl Magnus Palm, lançado no exterior em 2008 e no Brasil em 2014 pela Best Seller.

Fã exacerbado do Abba, Carl Magnus Palm já havia lançado anteriormente livros envolvendo a banda, e desta vez resolveu mergulhar fundo no tema, valendo-se de entrevistas feitas por ele próprio e em vasto material de pesquisa nas mais diversas e ricas fontes. Ele não abriu mão dos menores detalhes, mas sem deixar a fluência do texto perder em nada.

Dessa forma, é possível conhecer a história de como Bjorn Ulvaeus, Benny Andersson, Anni-Frid (Frida) Lyngstad e Agnetha Faltskog acabaram por formar o Abba. Veremos que o quarteto foi uma espécie de “supergrupo” do pop sueco, pois reuniu quatro indivíduos que já tinham carreiras anteriores de sucesso em várias escalas, todos experientes e talentosos.

Bjorn, por exemplo, integrou o mais bem-sucedido grupo folk daquele país, os Hootenanny Singers, com o qual conheceu em 1963 Stikkan Anderson, dono da gravadora Polar Music e futuro empresário do Abba. Em 1966, foi a vez de Bjorn fazer amizade com Benny, líder da banda de pop rock The Hep Stars, campeã de popularidade na região nesse setor.

Enquanto isso, Frida e Agnetha desenvolviam carreiras solo. Eles basicamente gravavam na língua local. Bjorn e Benny começaram a compor juntos, e pouco depois começaram a namorar, respectivamente, Agnetha e Frida. Seus primeiros shows conjuntos ocorreram em 1970, evoluindo até que virassem um quarteto de fato em 1972.

Carl Magnus Palm nos apresenta a história com todos os contornos. No caso do lado artístico, detalhando as gravações de cada disco, desde o primeiro single People Need Love, partindo para a música que os levou à fama internacional em 1974, Waterloo, passando por todas as fases de sua trajetória, música a música, com fatos saborosos.

Quem procura revelações do lado pessoal dos músicos também encontrará farto material, tendo a oportunidade de ver como aqueles dois aparentemente felizes casais acabaram vendo suas relações indo para o espaço, e na sequência a própria banda. Os filhos, o relacionamento com pais e parentes, as brigas, está tudo aqui.

Os vocais impecáveis, o instrumental sempre afiado e as composições diversificadas e repletas de criatividade são destrinchadas de um jeito que torna um pouco mais simples entender o porque esse grupo teve tanto sucesso. E tem também a complicada relação entre eles e seu empresário Stikkan Anderson, figura chave para o estouro do quarteto.

Abba a Biografia é daqueles livros consistentes que você não consegue parar de ler. O único senão fica por conta da revisão um pouco descuidada da versão brasileira, que deixou passar um volume de erros um pouco além do desejável. Mas, mesmo assim, é leitura essencial para os fãs dessa fantástica e inesquecível banda pop.

Knowing Me Knowing You– Abba:

S.O.S.– Abba:

Summer Night City– Abba:

Honey Honey– Abba:

The Name Of The Game– Abba:

Biografia e dvd serão novas homenagens a Elis

Por Fabian Chacur

Dois novos produtos serão lançados em homenagem a Elis Regina, que nos deixou prematuramente em janeiro de 1982, aos 36 anos. São eles uma nova biografia e um DVD que será gravado por sua filha, Maria Rita.

Viva Elis, o livro, tem 173 páginas e foi escrito por Allen Guimarães. O trabalho aborda de forma cronológica os momentos mais importantes da carreira da Pimentinha, concentrando-se no lado artístico da intérprete.

A publicação será distribuída para escolas e bibliotecas públicas de todo o país, em elogiável tentativa de aumentar o conhecimento do público em relação a uma das carreiras mais brilhantes da história da nossa música popular.

O projeto envolvendo Maria Rita teve início no fim de 2011, envolvendo ampla pesquisa, seleção de repertório e pelo menos um mês de ensaios entre a cantora e sua banda de apoio, composta por Thiago Costa (piano e teclados), Sylvinho Mazzuca (baixos acústico e elétrico), Davi Moraes (guitarra) e Cuca Teixeira (bateria).

A primeira turnê do show envolveu cinco apresentações realizadas nos meses de março e abril em Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Rio, em apresentações gratuitas que reuniram mais de 270 mil pessoas, segundo os organizadores.

Paralelamente, uma exposição com memorabilia e vídeos está viajando por diversas capitais, tendo passado pelo Centro Cultural São Paulo com grande sucesso.

Com o título Redescobrir, o show de Maria Rita volta a Sampa City de sexta a domingo (10 a 12/8), às 22h (domingo às 20h) no Credicard Hall (informações: 4003-5588 e www.t4f.com.br), com ingressos de R$ 40 a R$ 200. A apresentação de sábado (11) será gravada para posterior lançamento em DVD via Universal Music.

O repertório do espetáculo incluirá grandes momentos da carreira de Elis Regina, entre os quais Como Nossos Pais, O Bêbado e a Equilibrista, Se Eu Quiser Falar Com Deus, Tatuagem, Águas de Março, Redescobrir e Alô Alô Marciano.

Ouça Águas de Março, com Maria Rita, ao vivo:

Biografia mostra um Paul McCartney sombrio

Por Fabian Chacur

Tudo bem, não nego e nunca negarei que o meu grande ídolo atende pelo nome de Paul McCartney, e que, para mim, a banda mais linda da cidade chamada minha vida se chama The Beatles.

No entanto, sei que ele é também um ser humano como todos nós, imperfeito e capaz de inúmeros erros e vaciladas durante a sua trajetória de vida.

No entanto (mais uma adversativa, meu Deus!), o livro Paul McCartney – Uma Vida, de Peter Ames Carlin, lançado no Brasil pela Editora Nova Fronteira (preço médio: R$ 44,90) pinta o ex-beatle com cores sombrias demais para o meu gosto.

Embora seja bem escrito e tenha uma quantidade de informações bem respeitável, o que certamente ajudará quem não sabe muito sobre o genial astro britânico, esta biografia não autorizada vai um pouco além do que deveria ao reforçar estereótipos negativos em torno do músico.

Para o autor, por exemplo, boa parte dos álbuns da carreira solo de McCartney não são lá essas coisas. Essa era a visão tacanha dos críticos rancorosos dos anos 70 e 80, mas hoje até os mais ranzinzas reavaliaram esses conceitos.

Detonar álbuns como McCartney (1970), Ram (1971) e Venus And Mars (1975), por exemplo, já saiu de moda há muito tempo.

Carlin também pinta McCartney como um total dependente de John Lennon, ao ponto de dedicar metade da biografia aos 13 anos em que o autor de Yesterday trabalhou ao lado do genial músico britânico.

Só para constar, o filho de Liverpool é artista solo há 41 anos!

Em termos pessoais, o retrato pintado pelo escritor carrega nas cores sombrias, dando a impressão de que Paul McCartney não passa de um cara autoritário, ególatra, inseguro e capaz de ser considerado até asqueroso por parte de quem conhecê-lo a fundo.

Perdoem-me, mas não conheço e nunca conhecerei o meu ídolo pessoalmente, ou mesmo conviverei com ele no dia a dia, para descobrir esses “segredos da alma”. Carlin, no entanto, também não.

Portanto, sei lá se o fato de não ter conseguido entrevistar McCartney não o deixou um pouco rancoroso demais da conta na hora de escrever o seu livro?

Seja como for, o Paul McCartney que me interessa é o autor de clássicos dos Beatles e também dono de uma brilhante carreira solo.

Se ele não dava espaços suficientes para os colegas dos Wings, se ele não tomava banho, se era autoritário ou se era totalmente dependente de John Lennon, pouco me importa.

Ainda assim eu recomendo a leitura de Paul McCartney – Uma Vida, até para que você tire suas próprias conclusões sobre esta obra. As minhas são essas.

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