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Ronald Bell, 68 anos, um dos criadores do Kool & The Gang

ronald bell

Por Fabian Chacur

Chega a ser sintomático o autor de uma das músicas mais alegres e festivas de todos os tempos nos deixar em um ano tão terrível como este 2020. Foi exatamente o que ocorreu na manhã desta quarta-feira (9). O compositor, produtor e multi-instrumentista Ronald Bell, também conhecido por seu nome muçulmano Khalis Bayyan, um dos fundadores da seminal banda americana Kool & The Gang e autor, entre diversos outros megahits, da contagiante Celebration, deixou-nos aos 68 anos, em sua casa nas Ilhas Virgens, de forma repentina e de causa ainda não revelada.

Ronald nasceu em 1º de novembro de 1951, irmão mais novo de outro cofundador e integrante do grupo que o tornou famoso, o baixista Robert “Kool” Bell (que veio ao mundo no dia 8 de outubro de 1950). Filhos de um boxeador que viajava pelo país no circuito de lutas para defender o pão de cada dia e ficou amigo de músicos de jazz como Miles Davis e Thelonius Monk, foi assim que os garotos tiveram acesso a música de boa qualidade.

Em 1964, junto com o baterista e compositor George Brown e outros amigos, criaram em Jersey City, New Jersey (para onde haviam se mudado quatro anos antes, de Youngstown, Ohio) uma banda inicialmente denominada Jazziacs, nome que foi se alterando até chegar em 1969 ao batismo definitivo, mesmo ano em que assinaram com a gravadora De-Lite.

Seu primeiro álbum, autointitulado e todo instrumental, trouxe como destaque a faixa Kool & The Gang, seu primeiro hit lançada como single e curiosamente utilizada, pela TV Bandeirantes no Brasil, como música de abertura para o seriado Jeannie é um Gênio. Seu som dançante, mesclando o então efervescente funk com jazz, pegou no breu de vez em 1973 com seu quarto álbum de estúdio, Wild And Peaceful.

É deste álbum (nº 33 na parada pop) que fazem parte três faixas que renderam aos irmãos Bell os primeiros grandes hits nos charts americanos, as sensacionais Jungle Boogie (nº 4 entre os singles, escrita por Ronald e incluída com destaque em 1994 na célebre trilha sonora do filme Pulp Fiction, de Quentin Tarantino), Hollywood Swinging (nº 6 na parada pop) e Funky Stuff (nº 29 na parada pop).

Logo a seguir, no entanto, a banda entrou em uma fase difícil em termos de popularidade, especialmente com a ascensão da disco music. Ao tentarem inicialmente se adaptar ao novo som, não se deram muito bem. Um consolo bacana ocorreu com a inclusão da faixa-título de seu álbum de 1976, Open Sesame, composição de Ronald que na época vendeu muito pouco, na multiplatinada trilha sonora do filme Os Embalos de Sábado à Noite (1977).

A saída para a crise teve origem brasileira. O produtor Eumir Deodato, radicado há anos nos EUA e muito bem-sucedido em uma carreira solo, aceitou o convite para produzi-los, e de cara deu uma sugestão que se mostrou acertadíssima. A ideia era deixar de lado os vocais em uníssono que os marcavam e contratar um vocalista principal, que veio a ser James J.T. Taylor.

A nova roupagem do Kool & The Gang veio à tona em 1979 com o álbum Ladies Night, com seis faixas matadoras, entre elas os hits Ladies Night e Too Hot. O álbum atingiu o 13º lugar na parada pop, uma entrada triunfante da banda no primeiro escalão da música pop.

Em 1980, inspirado em versos de Ladies Night, Khalis Bayyan resolveu escrever uma canção para virar uma espécie de hino de festas. Nascia Celebration, que atingiu o primeiro lugar na parada pop no formato single e impulsionou o álbum do qual faz parte, Celebrate!, rumo ao 10º lugar nos EUA e a vender mais de um milhão de cópias, primeiro disco de platina dos rapazes.

A parceria com Eumir Deodato renderia mais dois álbuns de muito sucesso, Something Special (1981), 12º lugar nos EUA e trazendo os hits Take My Heart (You Can Have It) e Get Down On It, e As One (1982), 29º lugar nos EUA com a salerosa Let’s Go Dancin’ (Oh La La La). A mistura de disco music, funk e pop dessa era se mostrava imbatível.

Em 1983, no entanto, Eumir deixou de trabalhar com o grupo, e Khalis Bayyan passou a ser produtor ou coprodutor dos próximos trabalhos, deixando aos poucos de participar dos shows. Nos estúdios, ele mostrava sua versatilidade tocando sax tenor, flauta, teclados, clavinete, sintetizadores e percussão.

Sem Deodato, o Kool & The Gang ainda se manteria disputando os primeiros lugares dos charts até 1986, emplacando sucessos como Joanna, Tonight, Fresh e Cherish (de Bayyan). Em 1988, com a saída do vocalista James J.T. Taylor rumo a uma carreira-solo, a banda viu sua mágica comercial cair por terra, sendo que o cantor também não se deu tão bem com a mudança.

Houve um reencontro entre J.T. e a banda em 1996, que teve como marca o lançamento do álbum State Of Affairs naquele mesmo ano, mas nada aconteceu, e o cantor saiu fora de novo em 1999. Seja como for, o Kool & The Gang se manteve na estrada fazendo shows e animando as festas pelo mundo afora.

Outra tentativa de reativar o seu poder em termos comerciais ocorreu em 2005, quando saiu o álbum-duplo The Hits Reloaded (saiu no Brasil pela extinta Indie Records), no qual o grupo releu alguns de seus grandes sucessos em novas versões ao lado de nomes das novas gerações como Lisa Stansfield, Angie Stone, Lauryn Hill, Youssou N’Dour, Jamiroquai, Beverley Knight e Tony Hadley, mas infelizmente não deu certo. O grupo se apresentou no Brasil em 2008 e 2011.

Ouça o álbum Ladies Night na íntegra em streaming:

Risqué (1979), o álbum que marca o auge do Chic de Nile Rodgers

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Por Fabian Chacur

Em 1979, a disco music era a galinha dos ovos de ouro da indústria fonográfica. O gênero musical que surgiu e se desenvolveu durante a década de 1970 atingiu o auge de sua popularidade após o estouro de Os Embalos de Sábado à Noite (Saturday Night Fever-1977). O filme estrelado por John Travolta e com trilha sonora encabeçada pelos Bee Gees rapidamente se tornou um fenômeno cultural e comercial. Todos queriam faturar em cima daquele modismo contagiante e inovador.

O resultado foi uma verdadeira overdose de lançamentos dedicados ao gênero a partir daquele momento, com uma significativa aparição de oportunistas tentando surfar naquela onda que gerava milhões de dólares.

Isso acabou levando muita gente a confundir esses picaretas aproveitadores com os artistas de verdade que estavam desenvolvendo trabalhos incríveis dentro desse conceito de música criado para proporcionar diversão, alegria e te fazer dançar até não poder mais. Abra suas asas, solte suas feras…

Se por um lado essa saturação atingiu o seu auge naquele ano, do outro tínhamos uma legião de ressentidos, boa parte deles roqueiros brancos que não conseguiam aceitar que aquele amontoado de negros, gays e pobres tomasse conta dos holofotes, afastando das paradas de sucessos os seus ídolos.

Roqueiros ressentidos reagem da pior forma possível

Era preciso dar um basta naquilo, pensavam (?) esses acéfalos. E, como costumeiramente ocorre nesse tipo de situação, alguém surge com uma ideia que, posta em prática, vira o estopim de uma reação ignorante e violenta.

O DJ, roqueiro e humorista americano Steve Dahl foi demitido da rádio na qual trabalhava, em Chicago, pela mudança de direcionamento musical da emissora, que largou o rock para mergulhar na disco music. A partir dali, Dahl se tornou uma espécie de “inimigo nº 1” do gênero.

E foi dessa cabeça oca que surgiu a “brilhante” ideia de promover a destruição pública de LPs e compactos dos artistas disco. O auge desse projeto do mal teve como palco o estádio Comiskey Park, em Chicago, no intervalo de uma partida de baseball entre o Chicago White Socks e o Detroit Tigers.

Um marco de ignorância e intolerância

O evento, intitulado Disco Demolition Day, ocorreu no dia 12 de julho de 1979, que merece constar nos calendários como um dos acontecimentos mais vergonhosos da história da cultura pop de todos os tempos.

Em determinado momento da “festa”, um engradado lotado de discos foi explodido, gerando um grande tumulto e ganhando manchetes em toda a imprensa. “Disco Sucks” (disco music é uma merda, em tradução livre) era o slogan que esses imbecis usavam, em camisetas e bottoms.

O objetivo dessa horda de homofóbicos e racistas não foi atingido logo de imediato, mas a Disco Demolition Day conseguiu alastrar nos meses seguintes um sentimento de medo entre as pessoas, e em especial nas gravadoras.

Em sua excelente autobiografia Le Freak (2011), Nile Rodgers, o líder da banda Chic relembra uma festa da qual participou promovida pela revista Cash Box, algum tempo após aquela cerimônia de ódio, na qual um espaço com pista de dança dedicado à disco music permaneceu vazio durante toda a noite.

Aos poucos, ninguém queria ser associado à disco music. Ser considerado um artista disco era quase uma maldição. E todos os artistas ligados ao gênero passaram a ser postos de lado. Entre eles, Nile e sua seminal banda.

Sucesso que nem o preconceito conseguiu derrubar

Foi nesse contexto tumultuado, no dia 30 de julho de 1979, 18 dias após o show de horrores promovido por Dahl e seus idiotas, que Risqué, o terceiro álbum do Chic, chegou às lojas de discos.

Esse trabalho tinha a dura missão de suceder o esplêndido C’Est Chic (1978), que emplacou os megahits Le Freak e I Want Your Love e tornou a banda americana um grandioso sucesso nos quatro cantos do planeta, Brasil incluso (eles fizeram shows por aqui, na época).

A primeira faixa a ser extraída do disco (no formato single) não poderia ter sido melhor escolhida. Good Times reeditou a performance de Le Freak, atingindo o primeiro lugar na parada de singles americanas no dia 18 de agosto daquele ano.

Com uma levada hipnótica e um refrão matador, Good Times traz como marca registrada no seu “miolo” uma extensa parte instrumental na qual a linha de baixo comanda, com espaços para elegantes solos de teclados e guitarra.

A letra se baseia em hits dos tempos da Depressão Americana (anos 1920-1930) e busca estimular um astral positivo em um momento no qual a economia americana passava novamente por sérios problemas.

Em circunstâncias normais, Good Times deveria ter se mantido mais do que apenas uma semana no topo da parada americana, mas a mudança de orientação das rádios, que aos poucos foram tocando cada vez menos músicas associadas à disco music em suas programações, impediu que esse clássico fosse ainda mais longe. Ainda assim, virou um hit explosivo.

Disco music, sim, mas do seu jeito

O embrião do Chic surgiu quando o guitarrista Nile Rodgers tornou-se parceiro musical do baixista Bernard Edwards. Com a entrada no time do baterista Tony Thompson, eles ganharam entrosamento acompanhando outros artistas, até que, na metade dos anos 1970, resolveram investir em material próprio.

Influenciados pela disco music, eles no entanto criaram uma sonoridade própria, com forte tempero de rhythm and blues, funk, jazz e até rock que os colocam à parte dos grupos disco mais emblemáticos, do tipo Village People, Silver Convention e Boney M.

O Chic tinha um DNA mais próximo de bandas funk como Con Funk Shun, Commodores e Kool & The Gang, mas foi inserido no universo disco, o que lhes valeu muito de 1977 (quando lançaram o álbum de estreia, Chic) a 1979, e depois se tornou um fardo duro de carregar devido ao fator preconceito.

Capa com visual anos 1920-30

Risqué marca o momento em que o Chic atingiu o seu auge em termos criativos. A coisa começa bem logo na capa, contracapa e encarte, que traz fotos com os cinco integrantes do grupo vestindo elegantes trajes típicos dos anos 1920-1930. O clima é de filme de mistério, com direito a Bernard Edwards caído nas teclas do piano, com uma faca nas costas.

Tony Thompson posa de mordomo (seria ele o culpado do crime?), com Nile dando uma de cafetão e as vocalistas Luci Martin e Alfa Anderson no melhor estilo garotas de programa. A locação é uma sala estilosa com móveis idem, tendo como centro um piano de cauda.

O jeitão da apresentação visual do LP lembra o de In Throught The Out Door, do Led Zeppelin, que curiosamente foi lançado pela mesma Atlantic Records no dia 15 de agosto, ou seja, duas semanas após Risqué. Baita coincidência, mas cada uma dessas capas tem seus aspectos peculiares, não denotando um plágio.

Um álbum bom de ponta a ponta

Como normalmente as faixas de disco music e funk costumavam ser mais longas, era comum um número menor de canções do que em discos de rock e pop. No caso de Risqué, temos sete músicas. Mas é o típico caso de conteúdo na medida, nem a mais, nem a menos. E a duração estendida mostra a criatividade dos músicos no intuito de criarem uma sonoridade repleta de grooves, hipnótica e de uma sofisticação sintética e repleta de bom gosto.

Após a abertura matadora com Good Times, temos a seguir A Warm Summer Night, uma espécie de balada sensual que pode ser considerada a Je T’Aime Moi Non Plus do Chic. Para quem não lembra, essa música gravada em 1969 por seu autor, Serge Gainsbourg, em parceria com a cantora Jane Birkin, tornou-se um marco do som erótico-sensual.

No caso da canção de Edwards-Rodgers, a letra concisa, com os versos “te quiero papi” praticamente gemidos pelas cantoras, leva ao clima ideal para transar.

Homenagem aos dançarinos profissionais com solo inusitado

My Feet Keep Dancing tem como marca o arranjo de cordas com stacatto, o que dá uma ênfase rítmica bem peculiar e envolvente. A letra da canção fala sobre alguém que resolve mergulhar no mundo da dança mesmo sem o apoio dos parentes, que o ironizavam dizendo que “seu cérebro está em seus pés”.

A grande sacada, genial mesmo, do arranjo de My Feet Keep Dancing fica por conta de termos nela um solo não de guitarra, teclados ou outro instrumento musical, mas de sapateado! Sim, e feito por três craques dessa área, Mr. Fayard Nicholas (do grupo The Nicholas Bros.), Mr. Eugene Jackson (do grupo Our Gang) e Mr. Sammy Warren.

As idas e vindas do amor

A eterna questão do amor proibido dá o tom a My Forbidden Lover, inspirada naquelas paixões que a gente sabe serem inadequadas, mas das quais não conseguimos nos livrar, com versos bem definidores como “minha paixão proibida, eu não quero outra”. Em um mundo perfeito, esta faixa e My Feet Keep Dancing teriam sido hit singles de muito sucesso.

As dificuldades de um relacionamento afetivo, no qual a sinceridade nem sempre se faz presente, é o tema de Can’t Stand To Love You, provavelmente o momento mais jazzístico de Risqué.

Nada mais duro do que ser dispensado pela pessoa que você ama, e este é o tema da balada do álbum, Will You Cry (When You Hear This Song), na qual a cantora Alfa Anderson dá uma comovente aula de interpretação.

O disco é encerrado por What About Me, na qual a garota questiona o namorado, que conseguiu o que queria, mas e ela? Como é que fica? “Eu te dei o meu amor, você não vê?” Isso, tendo como fundo sonoro uma canção swingada na qual a guitarra base se destaca. Final perfeito para um álbum perfeito.

A ótica feminina nas letras

Existe um aspecto muito interessante nas composições do Chic, que fica por conta da qualidade das letras. Neste álbum em questão, temos uma quantidade significativa de incursões em temas vinculados aos relacionamentos.

Ao contrário do que se poderia esperar, o fato de as faixas serem assinadas por dois homens não deu um viés machista ou muito masculinizado ao tema. Pelo contrário, o ponto de vista das mulheres é defendido e mostra a crueldade masculina em diversos momentos.

Difícil algum homem ou mulher de bom senso não concordar ou não se identificar com alguns dos personagens das sete composições contidas em Risqué, cujo título tem muito a ver com os riscos que corremos sempre que nos envolvemos afetivamente com alguém.

The Chic Organization Ltd

Para todos os efeitos, a formação clássica e oficial do Chic trazia Nile Rodgers (guitarra e composições), Bernard Edwards (baixo e vocais), Tony Thompson (bateria) e as cantoras Alfa Anderson e Luci Martin. Nos discos, no entanto, o time aumentava, justificando plenamente o nome The Chic Organization com que Nile e Bernard assinavam as suas produções para a banda ou outros artistas.

Neste Risqué, temos nos teclados Raymond Jones, Robert Sabino e Andy Schwartz. Na percussão, Sammy Figueroa. Nos vocais, Alfa e Luci tem o auxílio luxuoso de Fonzi Thornton, Michelle Cobbs e Ullanda McCullough. E, de quebra uma sessão de instrumentos de cordas, a The Chic Strings, regida por Gene Orloff e incluindo Karen Milne, Cheryl Hong, Karen Karlsrud e Valerie Haywood.

Todos esses músicos foram utilizados estritamente em função das necessidades de cada canção, sem espaço para virtuosismos tolos ou exageros arrogantes. Mesmo as incríveis linhas de baixo criadas por Bernard Edwards nunca atropelam as faixas nas quais estão inseridas, reforçando o groove e envolvendo os ouvintes. Tudo muito chique mesmo!

Good Times, influente e inspiradora

Se não bastasse o sucesso que conseguiu no formato single e como principal faixa de Risqué, Good Times ainda se transformou em uma das músicas mais influentes e inspiradoras de todos os tempos.

O primeiro grande hit da história do rap, por exemplo, Rapper’s Delight, da Sugarhill Gang, valeu-se da passagem instrumental e da linha de baixo de Good Times. A partir de um determinado momento de sua carreira, o Chic passou a inserir no meio de Good Times um extenso trecho de Rapper’s Delight, que você pode encontrar em DVDs ao vivo da banda.

No mesmo 1980, Bounce Rock Skate Roll, de Vaughan Mason And Crew, e Another One Bites The Dust, do Queen, esbanjavam influências de Good Times, assim como Rapture, do Blondie, esta última uma clara homenagem ao Chic. Não por acaso, Debbie Harry gravou um disco solo, Koo-Koo (1981), com produção e composições de Nile Rodgers.

The Adventures of Grandmaster Flash on the Wheels of Steel, hit em 1981 com outro grupo pioneiro e importante do rap americano, Grandmaster Flash And The Furious Five, foi ainda além, acrescentando nessa sua composição trechos de Good Times, Another One Bites The Dust, Rapture e Rapper’s Delight.

E a lista vai muito mais longe. Só para citar mais três músicas influenciadas por Good Times, temos Try It Out (1981), de Gino Soccio, Hot! Hot! Hot! (1987), do The Cure, e 2345meia78, do brasileiro Gabriel o Pensador.

Alguma dúvida de que se trata de um álbum clássico?

No fim das contas, apesar de todo o contexto negativo no qual foi lançado, Risqué conseguiu atingir o 5º posto na parada americana, vendendo mais de um milhão de cópias por lá e estourando mundialmente. Missão cumprida!

Chega a ser uma vergonha este álbum não ter sido incluído na série de documentários da série Classic Albums, que contam a história de discos importantes da história do rock, soul e música pop. Ainda dá tempo…

Risqué- Chic (ouça na íntegra em streaming):

Prince terá o seu disco Originals lançado no Brasil no formato CD

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Por Fabian Chacur

Uma ótima notícia para os fãs brasileiros de Prince que curtem formatos físicos musicais. O mais recente lançamento póstumo do saudoso artista americano, Originals, chegará ao mercado nacional no dia 28 (sexta) em CD, via Warner Music. O álbum, que saiu inicialmente apenas na plataforma digital Tidal (que tem entre seus proprietários o rapper Jay-Z), agora também está disponível nas outras localidades virtuais dedicadas aos lançamentos digitais.

Prince tinha diversas marcas registradas em sua forma de trabalhar. Duas delas eram a extrema produtividade e o detalhismo. Dessa forma, ele compunha um total de músicas que excediam sua própria capacidade de gravar, e isso o levava a encaminhar parte dessa extensa produção de canções para outros artistas. Como forma de apresentar tais músicas aos artistas que as lançariam, gravava sozinho demos tão bem produzidas que, em alguns casos, os artistas acabavam se valendo delas, acrescentando apenas novos vocais ou pequenos detalhes.

Originals traz 15 faixas com essas características, várias delas hits massivos com nomes como Sinéad O’Connor (Nothing Compares 2 U), Sheila E (Glamorous Life) e Martika (Love…Thy Will Be Done), por exemplo. The Time, Vanity 6, Apollonia 6, Jill Jones, The Family e Mazarati são outros artistas-grupos que gravaram essas músicas originalmente, vários deles apadrinhados por ele. A seleção do repertório ficou a cargo do produtor e gerenciador de talentos Troy Carter

Eis as faixas incluídas em Originals:

-Sex Shooter
-Jungle Love
-Manic Monday
-Noon Rendezvous
-Make-Up
-100 MPH
-You’re My Love
-Holly Rock
-Baby, You’re a Trip
-The Glamorous Life
-Gigolos Get Lonely Too
-Love… Thy Will Be Done
-Dear Michaelangelo
-Wouldn’t You Love to Love Me?
-Nothing Compares 2 U

Ouça Love…Thy Will Be Done– Prince:

Michael Jackson, rei do pop e sua viagem à Terra do Nunca

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Por Fabian Chacur

Michael Jackson teria completado 60 anos de idade nesta quarta-feira (29), se não nos tivesse deixado no dia 25 de junho de 2009. Mas confesso que nunca conseguiria imaginar este cantor, compositor, produtor, dançarino, entertainer etc como um tiozinho de meia-idade. Ele entrou no imaginário coletivo ainda criança, e esse espírito juvenil esteve a seu lado durante seus 50 anos e alguns meses de vida. Eternamente na Terra do Nunca, e seu inconteste rei do pop.

Oriundo de uma família repleta de irmãos e irmãs talentosos, ele no entanto não demorou a se mostrar o mais promissor de todos. O pai, Joseph, percebeu isso rapidamente. Se sua fama de tirano com os herdeiros se tornou lendária, não dá para negar que ele lhes ensinou uma forte senso disciplinar, bom caminho para quem deseja se tornar estrela da música. E desde molequinho Michael se mostrou um apaixonado por trabalho, o típico workaholic.

Se você quer ser o melhor, aprenda com e fique perto dos melhores, e isso ocorreu com o autor de Billie Jean durante toda a sua vida. Ao assinar com a Motown Records, ele e seu grupo, o Jackson 5, teve a oportunidade de trabalhar com o genial Berry Gordy. Logo no primeiro single pela gravadora, I Want You Back, lançado em 7 de outubro de 1969, ficava claro que algo novo estava surgindo no cenário do pop, com aqueles garotos energéticos e aquele molequinho vibrante a comandá-los, repleto de carisma e simpatia.

Até 1975, Michael aprendeu muito na gravadora surgida em Detroit. Só que, em um determinado momento, ficou claro que lá ele não conseguiria desenvolver plenamente suas aptidões, especialmente as de compositor e produtor. Aí, seu próximo passo, ao lado dos irmãos (exceto Jermaine, que preferiu ficar na Motown), foi assinar com a Epic. No início, optou por ser produzido por outros mestres da música, Kenny Gamble e Leon Huff (os criadores do “Som da Filadélfia”), mas sabendo ser aquele um momento provisório. Um novo aprendizado.

Em 1978, os Jacksons lançaram o álbum Destiny, e nele Michael Jackson daria pistas do que viria a seguir, com músicas fortes como Blame It On The Boogie (de Mick Jackson, que apesar do sobrenome não era seu parente) e Shake Your Body (Down To The Ground) (esta, parceria dele com o irmão Randy). O encontro com o produtor Quincy Jones na gravação da trilha do filme The Wiz, no mesmo ano, completaria a expectativa de dias ainda melhores.

No ano em que completou 21 anos, Michael Jackson já tinha muito o que comemorar. Sua trajetória com o Jackson 5/The Jacksons se mostrava até então repleta de grandes momentos. A carreira solo, iniciada ainda em 1971 com Got To Be There, também gerou belos frutos e inúmeras gravações maravilhosas. Se por ventura ele não conseguisse ir adiante, já teria um número de hits suficientes para lhe dar um lugar eterno na história da música pop.

Mas a ambição do rapaz era imensa, e seu talento lhe possibilitava ir muito além. E essa transformação de astro pop infanto-juvenil dos melhores para rei do pop teve início naquele 1979 com o lançamento do excepcional Off The Wall. O álbum fez tanto sucesso que a grande questão no cenário pop do início dos anos 1980 era de como aquele artista faria para conseguir lançar um novo trabalho tão impactante.

A resposta foi Thriller (1982), o disco mais vendido de todos os tempos, que de uma vez por todas o tornou um astro sem fronteiras. Michael sempre quis ser um artista que superasse as barreiras de raça, credo, idade e classe social, e conseguiu isso de forma avassaladora, vencendo até o preconceito inicial da MTV contra a música negra.

Michael Jackson consagrou-se como um artista completo: cantor excepcional, dançarino intenso, compositor de primeira, especialista em shows cativantes e o rei dos videoclipes. Sua trilogia Off The Wall, Thriller e Bad (1987), com sua fusão de black music, rock, pop e romantismo, mostrou ser a mais potente de todos os tempos.

Lógico que ninguém conseguiria ficar impune ao impacto desse sucesso todo, ainda mais alguém que a rigor não teve tempo de curtir a infância e adolescência, por viver uma trajetória totalmente dedicada ao trabalho. Aí, ele se viu envolvido em transformações visuais questionáveis, boatos terríveis sobre possíveis envolvimentos libidinosos com crianças, investimentos megalomaníacos como sua Disneylândia particular chamada Neverland e outros quetais. E tome quetais!

Sou um desses possíveis ingênuos que não acredita que Michael tenha assediado de fato alguma criança. Não alguém que sofreu tanto com a rigidez do pai. Na verdade, o mais provável é que ele amava ficar próximo das crianças como forma de, com esse convívio, vivenciar a infância a que não teve direito. Mas são questões irrelevantes e de cunho pessoal, no fim das contas. Como dizem por aí, visto de perto ser humano algum é normal. E ele era isso, um ser humano, apenas.

Como artista, Michael Jackson nos deixou um legado maravilhoso, mesmo que, a partir de 1996, pouco tenha nos oferecido que se comparasse ao que fez em seus anos de ouro. Aliás, uma das causas de sua morte prematura pode ter sido a pressão exercida por ele em si próprio, no propósito de realizar uma turnê que superasse todas as suas conquistas anteriores. Só que o nosso ídolo não tinha mais saúde para isso, e pagou um preço muito alto pela ousadia.

Uma pena. Com a morte prematura, Michael Jackson enfim chegou à Terra do Nunca, conquistando a juventude eterna e ficando distante das imensas dificuldades da convivência com os seres humanos, repletos de contradições e maledicências. A qualidade de seu legado, da infância até os trabalhos lançados de forma póstuma, certamente embalará e alegrará as vidas de muitas novas gerações, nos anos que virão por aí.

Forever, Michael!

One Day In Your Life– Michael Jackson:

Prince terá álbum piano e voz inédito lançado em setembro

Por Fabian Chacur

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Prince teria celebrado 60 anos de idade em junho deste ano. Como forma de relembrar esse seminal cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista que nos deixou precocemente em 2016, a gravadora Warner programou para setembro o lançamento de um álbum inédito dele. Trata-se de Piano & A Microfone 1983, que terá no exterior os formatos CD, LP de vinil, deluxe edition (ainda sem conteúdo adicional divulgado) e digital.

O álbum traz 9 gravações feitas pelo genial astro de Minneapolis no melhor estilo voz e piano. Em um total de aproximadamente 35 minutos de duração, ele interpreta de forma intimista canções que gravou posteriormente com banda, entre as quais Purple Rain, 17 Days, Strange Relacionship e International Lover.

A Case Of You, de uma de suas compositoras favoritas, a brilhante estrela canadense Joni Mitchell, que ele só registrou anteriormente em versão ao vivo no hoje raro álbum ao vivo One Nite Alone, de 2002, é outra faixa presente neste lançamento póstumo.

A única canção nunca antes gravada por ele e incluída em Piano & A Microfone 1983 é Mary Don’t You Weep, composição do gênero spiritual do século 19 que teve sua primeira gravação feita em 1915 pelo grupo Fisk Jubilee Singers e posteriormente relida por diversos artistas, entre os quais Aretha Franklin, Soul Stirrers e Swan Silvertones.

Mary Don’t You Weep, a primeira faixa divulgada deste novo lançamento, faz parte da trilha sonora do mais recente filme do diretor americano Spike Lee, BlackakKlansman, sendo tocada na hora em que os créditos da película são exibidos para o público.

Mary Don’t You Weep– Prince:

Chaka Khan lança um novo hit e prepara álbum de inéditas

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Por Fabian Chacur

Essa é uma daquelas notícias que a gente publica com gosto e felicidade. Chaka Khan, uma das grandes divas da black music mundial, acaba de lançar uma nova música. Trata-se de Like Sugar, um funk-disco daqueles de rachar assoalhos, divulgada por um clipe dirigido pela diretora australiana radicada em Londres Kim Gehrig, conhecida por seus trabalhos com Calvin Harris e Basement Jaxx.

A música é uma parceria da cantora e compositora americana de 65 anos com o consagrado produtor, compositor e DJ britânico Switch, que tem no currículo trabalhos com Diplo (com o qual criou o projeto Major Lance, do qual saiu em 2011), M.I.A., Christina Aguilera, Beyonce e Brandy. Essa é a primeira faixa a ser revelada de um futuro álbum da estrela do funk/soul que ainda não tem data nem título definidos, embora previsto para sair em breve.

O delicioso clipe, do qual infelizmente a cantora não participa, traz afiados dançarinos mandando ver em performances solo ou coletivas tendo o groove invocado de Like Sugar como trilha sonora. O cenário é a instalação de arte Here After, situada em Londes onde ficava anteriormente um posto de gasolina abandonado e que hoje é um espaço cultural bem bacana.

Levando-se em conta a qualidade desta primeira amostra, é grande a expectativa para esse novo CD de Chaka Khan, o primeiro de estúdio desde Funk This, de 2007. Com mais de 40 anos de carreira, a musa tem 10 troféus Grammy em seu currículo, além de hits do porte de I Feel For You, Ain’t Nobody, I’m Every Woman, Love Me Still, Through The Fire e inúmeros outros, gravados solo ou com o grupo funk Rufus.

Like Sugar (clipe)- Chaka Khan:

Negra Melodia reúne três grandes cantoras em SP

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Por Fabian Chacur

O público paulistano terá uma bela opção musical para curtir neste feriadão do Dia do Trabalho, nesta terça (1º/5), às 17h, no Sesc Pompeia (rua Clélia, nº 93- Pompeia- fone 0xx11-3871-7700). Será o show Negra Melodia, que traz em seu elenco três cantoras do primeiro time da música brasileira: Teresa Cristina (FOTO), Juçara Marçal e Teresa Cristina. Para melhorar ainda mais, a entrada é gratuita.

O título do espetáculo teve como inspiração uma composição de Jards Macalé, Negra Melodia, que ficou conhecida na interpretação do saudoso Itamar Assumpção. A ideia do roteiro é celebrar a semelhança entre a música negra brasileira e outros ritmos do mundo de mesma original, com direito a r&b, soul, samba, rap, dub e blues. Canções marcantes dos repertórios de Elza Soares,Luiz Melodia, Dona Ivone Lara, Tim Maia e Jovelina Pérola Negra estarão em cena, entre as quais podem ser citadas A Carne e Pérola Negra.

A ótima banda base que irá acompanhar as três cantoras traz em sua escalação as talentosas Anna Tréa (guitarra, cavaco e direção musical),Ana Karina Sebastião (baixo), Pri Hilário (bateria), Gisah Silva (percussão), Ana Goés (sax) e Estefane Santos (trompete).

Filha do cantor Dave Gordon e sobrinha de Dolores Duran, Izzy Gordon começou a se destacar no cenário musical paulistano ao participar do espetáculo Emoções Baratas, de José Possi Neto, no final dos anos 1980. Desde então, participou de inúmeros espetáculos e shows, além de consolidar uma carreira solo que já rendeu três CDs. De quebra, ainda recebeu elogios de Bono, do U2, e de Quincy Jones.

A carioca Teresa Cristina é uma das principais sambistas da nova geração, acompanhada pelo grupo Semente. Ela já gravou diversos e elogiados álbuns, com destaque para os dedicados aos repertórios de Paulinho da Viola, Cartola e Noel Rosa. Seus shows no bairro carioca da Lapa atraíram tanto público no final dos anos 1990 que ajudaram a revitalizar um local tradicional e então praticamente abandonado.

Também carioca, a muito badalada pela crítica Juçara Marçal tem em sua trajetória a participação em grupos como o Vésper, com o qual gravou três CDs, o A Barca, com quatro álbuns registrados, e o Metá Metá, este último um trio integrado por ela, Kiko Dinucci e Thiago França com quatro CDs no currículo. Não satisfeita, iniciou uma carreira individual que nos rendeu em 2014 o CD Solo Encantado.

A Lua e Eu– Izzy Gordon:

Nile Rodgers anuncia o novo CD do Chic ainda para 2018

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Por Fabian Chacur

Em 2015, Nile Rodgers lançou I’ll Be There, um novo single do Chic. Seria o aperitivo para um novo álbum, previsto para chegar ao mercado musical a seguir. Pois bem. Estamos em fevereiro de 2018 e até agora, nada. No entanto, os inúmeros fãs do brilhante músico americano voltam a se empolgar. O artista, em entrevista ao site da revista americana Billboard publicada nesta sexta (2), promete o álbum para breve, ainda em 2018, e com o sugestivo título It’s About Time (já era tempo, em tradução livre).

Nile define o novo trabalho, o primeiro de inéditas do grupo desde 1992, como uma celebração à sua carreira e uma espécie de compêndio musical. Estão previstas participações especiais de Elton John, Lady Gaga, Miguel, Janelle Monáe, Disclosure e Anderson.Paak, entre outros. A faixa Prince Said It, avaliada pelo próprio artista como muito boa, foi posta de lado, em função da morte do autor de Purple Rain.

Embora não tenha ficado claro no texto da Billboard, a impressão é que o álbum já está pronto, com no máximo alguns detalhes a serem concluídos, e só não foi lançado até agora pelo fato de o guitarrista, compositor e produtor americano ter tido problemas de saúde que o impediriam de divulgar da melhor forma possível o material. Problemas esses aparentemente superados, pois o Chic está na estrada, passou pelo Rock in Rio em 2017 e deve iniciar em julho uma turnê ao lado de outra banda legendária da música pop, o Earth, Wind & Fire.

Atualmente, a banda que o tornou conhecido mundialmente na década de 1970 atende pelo nome de Chic Featuring Nile Rodgers, pois só mantém ele de sua formação original. Com uma sonoridade própria e marcante, o grupo ajudou a elevar o patamar da disco music, além de influenciar gerações de músicos. Gênio é pouco para se definir Nile. Que venha logo esse álbum. Leia mais matérias sobre o Chic e Nile Rodgers do arquivo de Mondo Pop aqui e aqui.

I’ll Be There– Chic Featuring Nile Rodgers:

Luciana Mello lança clipe para o ótimo samba-soul Joia Rara

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Por Fabian Chacur

Como ferramenta de divulgação de seu mais recente álbum, Na Luz do Samba, a cantora Luciana Mello acaba de lançar o segundo videoclipe com músicas desse trabalho. O primeiro foi Estrela Sorridente, em realidade virtual. Agora, é a vez de Joia Rara, canção de autoria do cantor, compositor e músico Walmir Borges. A direção ficou a cargo de Alexandre Sorriso, o mesmo responsável pelo ótimo documentário Quase Lindo (sobre o Premê).

A canção é extremamente swingada, e equivale a uma espécie de samba soul, pois tem o balanço típico do mais brasileiro dos ritmos e elementos melódicos bem característicos do gênero musical criado nos EUA. Uma delícia! Com arranjo assinado por Otávio de Moraes, a música é ilustrada por cenas captadas no show de lançamento do álbum, realizado em São Paulo no Theatro Net. Na Luz do Samba está disponível nas principais plataformas digitais.

Joia Rara– Luciana Mello:

Morre Rod Temperton, autor de grandes sucessos do pop

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Por Fabian Chacur

Rod Temperton. Esse nome pode não ter registro para você, mas diversas canções assinadas por ele, sozinho e com parceiros, certamente terão. Que tal Thriller, Rock With You, Off The Wall, Give Me The Night e Love x Love, só para começar a conversa? Pois infelizmente ele entrou na lista das grandes perdas no mundo musical em 2016. Sua morte foi anunciada nesta quarta (5) por Jon Platt, CEO da editora Warner Chappel, que editou suas composições. Ele tinha 66 anos.

Este cantor, compositor e tecladista britânico nasceu no mesmo dia e mês de outro gênio da música pop, John Lennon, só que no ano de 1949. Ele começou a se tornar conhecido no meio musical ao integrar a banda Heatwave, com a qual lançou dois ótimos álbuns, Too Hot To Handle (1976) e Central Heating (1978). Ele compôs os principais hits do grupo, as ótimas Boogie Nights, Always & Forever e The Groove Line.

Temperton, no entanto, não curtia ficar à frente dos holofotes, e resolveu sair da banda, passando a se dedicar apenas ao ofício de compor. Na mesma época, o genial produtor Quincy Jones começava a selecionar repertório para o disco que iria produzir para Michael Jackson em 1979, e pirou quando ouviu os discos do Heatwave. Ele pediu para o inglês lhe mandar material, e três músicas acabaram entrando no álbum: Off The Wall (que de quebra virou faixa título), Rock With You e Burn This Disco Out. Pronto. O cara virou o dono da festa.

Em 1980, foi a vez de George Benson investir nele, e gravou duas de suas composições, outras pérolas pop: Give Me The Night (faixa título de novo!) e Love x Love. Essa verdadeira vocação para escrever faixas-título para os outros atingiu o auge em 1982, com nada menos do que Thriller, que além dessa canção trouxe mais duas outras maravilhas de Mister Temperton, Baby Be Mine e The Lady In My Life. Com o rendimento desses três álbuns, sua aposentadoria já estaria garantida.

Só que o cara preferiu continuar trabalhando, além de ser procurado por inúmeros outros artistas em buscas de boas músicas, alguns deles produzidos por Quincy Jones. Dessa forma, vieram Stomp! (com os Brothers Johnson), Ya Mo B There e Sweet Freedom (com Michael McDonald), Love’s In Control (Finger On The Trigger) (com Donna Summer) e Miss Celie’s Blues (Tata Vega), esta última composta em parceria com Quincy e Lionel Richie para a trilha do filme A Cor Púrpura (1985).

As canções do ex-tecladista do Heatwave também foram gravadas por artistas do porte de Karen Carpenter, Aretha Franklin, The Manhattan Transfer e Herbie Hancock, só para citar alguns. Avesso à mídia e à exposição perante o público, Temperton ganhou o apelido de The Invisible Man. A partir dos anos 1990, passou a atuar de forma mais espaçada, mas ainda assim nos ofereceu músicas ótimas como Family Reunion, gravada por George Benson em 2009. Ele também teve várias músicas incluídas no álbum Back On The Block (1989), que rendeu inúmeros prêmios a Quincy Jones. Adivinhe quem assinou a faixa título?

Give Me The Night– George Benson:

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