Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

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Max de Castro celebra Prince e toca com músicos da NPG

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Por Fabian Chacur

Em abril deste ano, perdemos Prince, um dos grandes nomes da história da música pop. Naquela época, Max de Castro estava em Los Angeles, fazendo contato com o baixista Andrew Gouche, da banda New Power Generation (NPG), que tocou com o astro de Minneapolis durante muitos anos. Na hora surgiu a ideia de um show no Brasil homenageando o autor de Purple Rain. Esta apresentação se concretizará nesta sexta-feira (19) à meia-noite no Cine Joia (Praça Carlos Gomes, nº 82- Liberdade-fone 0xx11-3101-1305), com ingressos a R$ 40,00 (meia) e R$ 80,00 (inteira).

Ao ser convidado para tocar com Max no Brasil, Gouche sugeriu o nome de outros músicos da NPG para entrarem no time, e Dominique Taplin (teclados) e Cassandra O’Neal (teclados e vocal) toparam. Gorden Campbell, baterista que já tocou com Earth Wind & Fire e George Duke, e os brasileiros Sidmar Vieira (trompete), Will Boné (trombone), Denílson Martins (sax barítono) e Josué dos Santos (sax tenor) completam a banda, que poderá ter convidados especiais surpresa.

O repertório da apresentação vai privilegiar as canções mais dançantes do saudoso astro americano, entre as quais Kiss, I Wanna Be Your Lover, When Doves Cry, 1999 e outras com a mesma pegada. Vale lembrar que Prince só tocou duas vezes no Brasil, ambas em janeiro de 1991 durante a segunda edição do Rock In Rio, no estádio do Maracanã, com direito a performances inesquecíveis. O show de Max de Castro terá a abertura do projeto Discopédia, dos DJs Nyack, Dandan e Marco.

Onda Diferente– Max de Castro:

Samba Raro– Max de Castro:

Apenas Uma Mulher– Max de Castro:

DVD Mr. Dynamite viaja pela trajetória de James Brown

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Por Fabian Chacur

James Brown (1933-2006) teve uma vida que nem mesmo o mais criativo roteirista de cinema poderia ter imaginado, de tão fascinante e improvável. Criado por uma tia em uma casa de prostituição, preso ainda muito novo, encrenqueiro, poderia perfeitamente ter morrido jovem e desconhecido. Pois o cara não só sobreviveu como ainda virou um dos nomes mais importantes e influentes da história da música pop. Essa trajetória é contada de forma crua e sem rodeios em Mr. Dynamite- The Rise Of James Brown, documentário que a Universal Music acaba de lançar em DVD no Brasil.

Com produção de ninguém menos do que Mick Jagger e direção de Alex Gibney, o documentário traz riquíssimo material de arquivo, com direito a registros de shows, trechos de entrevistas concedidas pelo protagonista do filme em diversos momentos de sua vida e, creme do creme, entrevistas atuais com alguns dos músicos mais próximos a ele e integrantes de suas bandas de apoio, que tiveram importância decisiva para que o cara chegasse onde chegou.

Aliás, uma das grandes virtudes do documentário é a franqueza com que os músicos falam sobre o antigo patrão. Elogiam quando é o caso, mas baixam o cacete no cara nas horas certas, sem pintar um quadro de santinho que qualquer pessoa que conheça um pouco da vida de James Brown sabe que ele nunca foi e nunca quis ser, por sinal. O com lembranças mais afetivas é o baixista William “Bootsy” Collins, e o mais amargo é o saxofonista Maceo Parker.

As revelações sobre como era James Brown como bandleader são simplesmente deliciosas. Melhor não ficar contando muito para não estragar a surpresa de quem ainda não viu. Mas vou entregar uma passagem fantástica: a lembrança do baterista Melvin Parker, quando apontou a arma e ameaçou Brown, quando este vinha em direção a seu irmão Maceo pronto para enfiar uma muqueta em sua cara, nos bastidores após a realização de um show. Inacreditável.

O início difícil, as inseguranças, a criação do seu som, as mudanças da banda, a evolução da soul music para a funk music, está tudo ali, detalhado, de forma muito boa de se ver. Seu incoerente posicionamento político também é exposto, com guinadas da esquerda à direita. Mas o mais importante fica sempre em evidência, a genialidade criativa de um cara que rompeu barreiras e ganhou fãs nos quatro cantos do mundo. E a seção de extras traz 27 minutos de depoimentos adicionais, sendo que o documentário tem mais de duas horas.

Obs.: nos extras, temos também uma excepcional parceria gravada ao vivo lá pelos idos de 1976 no legendário programa de TV Soul Train reunindo James Brown, B.B.King e Bobby “Blue” Bland, que por si só já valeria a aquisição deste DVD.

Mr. Dynamite- The Rise Of James Brown-em streaming:

Funky Drummer– James Brown:

Cold Sweat– James Brown:

Prince, o gênio, o criador, nos deixa com apenas 57 anos

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Por Fabian Chacur

O ponto alto da segunda edição do Rock in Rio, a única que cobri e realizada no estádio do Maracanã em 1991, foi ter realizado o meu sonho de ver Prince ao vivo. Dois shows marcantes e inesquecíveis, especialmente o primeiro. Um dos meus ídolos desde que ouvi I Wanna Be Your Lover, seu primeiro hit, em 1979. Infelizmente, ele não pertence mais a esse mundo. O genial astro americano foi encontrado morto nesta quinta(21). Ele tinha 57 anos.

O cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista americano estava em sua casa e estúdio, o Paisley Park, situado em sua cidade natal, Minneapolis, onde viveu todo o seu período de vida. A causa da morte ainda não foi divulgada. O anúncio oficial foi feito por sua assessora de imprensa, Yvette Noel-Schure. Ele havia sido internado na semana passada devido a uma gripe, mas anunciou que estava bem e que não precisavam se preocupar. Ledo engano…

No que seria sua última comunicação com o público, ele também afirmou que em breve lançaria um álbum gravado ao vivo extraído do show Piano and a Microfone, que fez no melhor esquema voz e piano, sem outros músicos. O tecladista brasileiro Renato Neto, que tocou durante mais de dez anos com Prince, participando de turnês e de discos como Musicology (2004), afirmou em entrevista que o artista tinha ao menos 200 músicas inéditas gravadas e guardadas.

Prince Rogers Nelson nasceu em 7 de junho de 1958. Desde o início, esbanjava autoconfiança, ao ponto de exigir liberdade total de criação para assinar com a gravadora Warner em 1978. O sucesso começou com seu segundo álbum, autointitulado, do qual fazem parte hits como I Wanna Be Your Lover e Sexy Dancer. O som era um funk com elementos de soul, disco music e rock. Este último elemento aparecia de forma escancarada em Bambi, faixa puramente hendrixiana na qual ele brilha com riffs e solos de guitarra demenciais.

Lembro que um dos momentos que mais me marcaram no primeiro show que vi de Prince no Rock in Rio de 1991 foi exatamente ver o astro interpretando Bambi de uma forma simplesmente demencial, solando como se não houvesse amanhã. Puro Hendrix, puro hard rock. Aliás, essa é uma das marcas desse artista: o total desrespeito aos limites e barreiras, indo do funk ao rock ao soul ao jazz ao pop e ao que pintasse, sempre com personalidade e criatividade.

For You, o primeiro álbum (de 1978) daria início a um procedimento que Prince repetiria em diversos momentos de sua carreira: a autossuficiência, com direito a gravar todos os instrumentos e vocais e a produzir os álbuns. Reza a lenda que ele era o terror dos técnicos de estúdio, pois sempre varava noites gravando, sem se preocupar com coisas básicas como refeições, dormir e outras rotinas habituais.

Prince era ousado em termos musicais e também nos aspectos visuais de seus discos e shows, sempre flertando com a pornografia. Ele teve a coragem de aparecer na capa de seu álbum Dirty Mind (1980) usando uma calcinha. Sua postura andrógina podia dar margem a falatórios, mas a verdade é que o baixinho de Minneapolis sempre namorou e trabalhou com mulheres lindas, como Apolônia, Sheena Easton, Sheila E, Carmen Electra…A lista é longa e interminável.

Com 1999 (1982), o artista cria uma sonoridade minimalista que influenciaria toda a música pop dos anos 1980, emplacando hits como a faixa título e Little Red Corvette. E o grande estouro viria em 1984 com o álbum Purple Rain, trilha do filme homônimo e que invadiu as paradas mundiais com os hits Purple Rain, Let’s Go Crazy e When Doves Cry. Michael Jackson ganhava um rival de peso nas paradas de sucesso.

A criatividade desse grande astro nunca encontrou amarras que o contivessem. Psicodelismo em Around The World in a Day (1985), funk eletrônico pesado em Sign O’ The Times (1987), pop puro na trilha do filme Batman (1989), a lista vai longe. Sozinho ou acompanhado por belas bandas, como a The Time, a Revolution e a New Power Generation. Belos parceiros para um artista sempre inquieto.

Além da própria carreira, ele também forneceu hits para vários artistas, como Sinead O’Connor (Nothing Compares 2 U), The Bangles (Manic Monday, que ele assinou com o pseudônimo Christophe), Madonna (com quem gravou o dueto Love Song, incluída no disco Like a Prayer-1989, da diva pop) e até mesmo o saudoso violonista e cantor americano Michael Hedges (uma releitura ao vivo simplesmente brilhante de A Love Bizarre).

Aí, o temperamento difícil começou a dar as cartas. Na primeira metade dos anos 1990, comprou uma briga com a Warner e resolveu trocar o nome por um símbolo estranho, mistura de feminino e masculino, que o levou a ser apelidado de Symbol. Saiu da gravadora nos idos de 1995, lançando em 1996 o álbum triplo Emancipation. A partir dali, seu sucesso comercial teria uma queda, mas não a sua produção artística.

Neste século, Prince (o “símbolo” já havia ficado no passado) se manteve relevante e bastante ativo, mas seus trabalhos se tornaram menos badalados do que nos bons tempos. Isso, aliado a sua aversão às redes sociais e ao veto de suas músicas no Youtube e outros pontos virtuais de divulgação o tornaram menos visível.

Os bons trabalhos, no entanto, continuaram saindo, como o ótimo Musicology (2004). De setembro de 2014 até aqui, por exemplo, lançou quatro álbuns de inéditas, entre os quais o recente HITNRUN Phase Two (2015), disponível apenas no site de streaming Tidal, de Jay-Z.

O trabalho de Prince misturou Sly Stone, James Brown, Michael Jackson, Beatles, Jimi Hendrix, Joni Mitchell e muito mais de uma forma absolutamente original, gerando dessa forma uma assinatura própria das mais influentes. Perder David Bowie e Prince em um mesmo ano é simplesmente lamentável para quem é fã de música pop de qualidade.

Ainda bem que pude ver aqueles shows em 1991. Um retorno dele ao Brasil foi cogitado há não muito tempo, mas acabou sendo cancelado. Agora, curtir a sua música, só mesmo nos DVDs, CDs, Blu-rays, streamings…Rest in Peace, Purple King!

Love Song– Madonna e Prince:

Nothing Compares 2 U– Sinead O’Connor:

Manic Monday– The Bangles:

A Love Bizarre– Michael Hedges:

Maurice White deixa de luto o contagiante mundo do groove

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Por Fabian Chacur

Festa sem os grooves e as melodias do Earth, Wind & Fire não costuma prestar. Pois o criador dessa banda maravilhosa nos deixou nesta quinta-feira (4) aos 74 anos. Maurice White sofria de Mal de Parkinson, que o impediu a partir de 1994 de se apresentar ao vivo com a banda, embora tenha continuado a participar, na medida do possível, de suas gravações. Uma daquelas perdas tão dolorosas, mas tão dolorosas, que só mesmo dançando ao som da sua música para suportar.

Maurice White nasceu em 19 de dezembro de 1941, e teve várias experiências musicais bacanas antes de montar a banda que o tornou conhecido mundialmente, entre elas integrar como baterista o The Ramsey Lewis Trio, de hits instrumentais bacanas como The In Crowd. Não demorou para ele sentir que seu negócio era partir para um trabalho próprio, no qual desenvolveria uma sonoridade nova e repleta de energia e criatividade musical.

A fase inicial rendeu dois discos pela Warner no início dos anos 70, sem grande repercussão, mas já com um trabalho interessante. Foi a partir de uma mudança na formação e da entrada na Columbia Records, ocorrida em 1972, que o grupo começou a pegar forma. White era o cantor, compositor e percussionista, e tinha na kalimba, raro instrumento africano, sua marca registrada. O irmão Verdine White segurava todas no baixo, e Phillip Bailey, com seus vocais em falsete, completou a trinca básica do time, ao lado de outras feras.

Em 1975, o single Shining Star atingiu o topo da parada de singles americana, mesma façanha atingida pelos álbuns That’s The Way Of The World (1975) e o ao vivo Gratitude (1976). A receita: uma mistura de funk, soul, música latina em geral (até a brasileira), rock, jazz e pop, com direito a muita energia positiva, temas transcendentais nas letras e romantismo também, que ninguém é de ferro.

Até o início dos anos 80, o Earth, Wind & Fire ganhou admiradores no mundo todo graças a sua combinação de discos repletos de boas canções e shows energéticos com direito a recursos audiovisuais até então não muito comuns em shows de grupos de black music. Devotion (uma das melhores baladas soul de todos os tempos), September, Boogie Wonderland, Can’t Let Go, Serpentine Fire, Let’s Groove, Let Me Talk, a lista é interminável. E simplesmente irresistível.

A liderança de Maurice White sempre foi positiva, pois ele tinha seu espaço na banda, mas sempre abria as oportunidades para que os outros integrantes brilhassem, além de chamar gente de fora para trabalhar com eles, como o então iniciante tecladista, compositor e músico David Foster, cuja presença no álbum I Am (1979) foi decisiva em faixas como After The Love Is Gone, da qual Foster é um dos autores.

Em 1980, a primeira visita da banda ao Brasil rendeu shows marcantes, como no Maracanãzinho, no Rio, tornando os caras ainda mais populares por aqui. Vale lembrar que eles gravaram Brazilian Rhyme no álbum All ‘N’ All (1977), assinada por Milton Nascimento. O grupo deu uma pequena parada na metade dos anos 1980, mas voltou a partir de 1987, embora sem o mesmo sucesso comercial com novos trabalhos.

Os shows, no entanto, continuaram contagiantes e populares, como vimos aqui no Brasil em 2008 (leia resenha de um dos shows aqui). Mesmo os discos lançados por eles a partir dos anos 90 são interessantes, e neles Maurice White continuava a mostrar seu talento. O Mal de Parkinson, no entanto, o afastou dos palcos, para tristeza dos fãs, embora a banda se mantenha até hoje na estrada, com Verdine e Bailey fazendo as honras da casa com classe.

No excelente documentário Shining Stars: The Official Story of Earth, Wind, & Fire (2001- saiba mais sobre ele aqui), lançado no Brasil pela extinta gravadora ST2, Maurice deu depoimentos nos quais era nítida sua dificuldade em se movimentar e mesmo falar. Uma pena. Esse cara vai deixar muita, mas muita saudade mesmo. E vale lembrar: ele nasceu no mesmo ano (1941) de Martin Balin e Signe Toly Anderson, do Jefferson Airplane. Xô, dona morte!

Devotion (live)- Earth Wind & Fire:

Boogie Wonderland– Earth Wind & Fire e The Emotions:

September– Earth Wind & Fire:

Serpentine Fire– Earth Wind & Fire:

Can’t Let Go– Earth Wind & Fire:

Morre Nicholas Caldwell, um dos integrantes dos Whispers

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Por Fabian Chacur

Morreu nesta terça-feira (5) aos 71 anos Nicholas Caldwell, um dos criadores da banda americana The Whispers, há mais de 50 anos na estrada e uma das mais bem-sucedidas da história da black music mundial. Ele lutava com problemas cardíacos há algum tempo, e fez sua última performance com o grupo no dia 19 de dezembro de 2015 no Microsoft Theater, Los Angeles, em programa que também incluía a cantora Stephanie Mills e o The Temptations Revue Featuring Dennis Edwards.

O talento de Nicholas era diversificado. Além de importante nas vocalizações da banda, ele também era responsável por suas coreografias em shows, além de assinar ao menos dois hits românticos da banda, as belas Lady e Say Yes. Simpático e gentil, ele foi apelidado pelos amigos de “gentle giant” (gigante gentil), apelido também em função de sua estatura. A barba era sua marca visual.

Nicholas (o primeiro, da esquerda para a direita, na foto acima) nasceu em 5 de abril de 1944 na cidade de Laurinda, na Califórnia, mudando-se depois para Los Angeles. E foi lá que ele conheceu os irmãos gêmeos Walter e Wallace Scotty Scott, por sua vez oriundos do Texas. O grupo vocal foi complementado logo a seguir, ainda em 1964, por Marcus Hutson (de Kansas City) e Gordy Harmon.

Com seu estilo musical investindo na soul music e em outras vertentes da música negra americana, os Whispers não estouraram do dia para a noite. Seu primeiro sucesso na parada de música negra nos EUA rolou em 1970 com Seems Like I Gotta Do Wrong. No período, eles gravaram discos pelos selos Dore, Clock e Janus. Em 1973, mudança: sai Gordy Harmon, substituído por Leaveil Degree.

Outra alteração no rumo do quinteto se mostrou decisivo em termos comerciais. No mesmo 1973, eles assinaram com a gravadora Soul Train Records, do empresário Dick Griffey. Foi lá, e posteriormente no outro selo criado por Griffey em 1978, o Solar Records (sigla para Sound Of Los Angeles Records), que os Whispers conheceram seus maiores sucessos em termos comerciais.

Sempre se renovando e atento às mudanças musicais que ocorriam no cenário pop, os Whispers incorporaram elementos de funk e especialmente de disco music à sua sonoridade, e isso os tornou reis das pistas de danças, graças a hits matadores como And The Beat Goes On, It’s a Love Thing, In The Raw, Tonight e This Kind Of Lovin’, entre outros. A parceria com o produtor Leon Silvers III, do grupo The Silvers, foi decisiva nesse sentido.

Em 1987, eles conseguiram seu maior sucesso em termos de paradas de sucesso com a irresistível Rock Steady, primeiro megahit assinado por uma dupla que rapidamente se tornaria um verdadeiro pote de ouro pop: LA Reid e Babyface. A partir daí, o grupo se distancia dos primeiros postos dos charts, mas se mantém forte em termos de shows.

No início dos anos 1990, Marcus Hutson saiu do grupo, sem ser substituído, já sofrendo com problemas de saúde que o vitimaram em 2000. Não se sabe como o grupo agirá em relação à perda de Nicholas Caldwell, pois ainda não tivemos um comunicado oficial por parte da banda, que tem diversos shows agendados para 2016. Ao vivo, contam com uma banda de apoio composta por oito músicos de primeira linha.

Uma boa amostra do poder de fogo dos Whispers ao vivo está contido no excepciona DVD Live From Vegas (2007), que saiu no Brasil pela Norfolk Filmes-NFK. O show é um banho de qualidade musical e de cena, com direito a cantores carismáticos como os irmãos Scott, as coreografias e belas vozes de Degree e Caldwell e uma banda impecável, liderada por Grady Wilkins. Tudo leva a crer que o grupo continuará na ativa, mas vamos aguardar.

Rock Steady– The Whispers (1987):

And The Beat Goes On– The Whispers (1980):

In The Raw– The Whispers (1982):

Emergency– The Whispers (1982):

Make It With You– The Whispers (1987):

Lady – The Whispers (1979):

Janet Jackson volta com novo álbum após sete longos anos

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Por Fabian Chacur

Tudo bem que Janet Jackson nunca foi de lançar álbum todo ano, mas desta vez ela deu uma sumida do mercado fonográfico por um tempo mais longo do que o habitual. A cantora e compositora americana irá acabar com sete longos anos de jejum (desde Discipline, de 2008) com o lançamento mundial no dia 2 de outubro de Unbreakable, que sai por aqui pela Lab344.

O álbum marca a estreia de seu selo próprio, o Rhythm Nation Records, criado por ela após ter saído insatisfeita da Island Records, onde permaneceu por 14 anos. Será o seu 11º trabalho de estúdio, e que marca seu reencontro com os produtores Jimmy Jam e Terry Lewis, com quem não trabalhava desde 2006 e que a ajudaram a chegar ao estrelato em 1986 com o CD Control.

Além da ótima faixa título, o álbum conta com canções como No Sleeep (dueto com J. Cole e também existente em versão solo) e The Great Forever. Outra participação especial é da consagrada cantora de r&b Missy Elliot. A edição standard do álbum conta com 17 faixas, com ênfase no lado autoral da estrela nascida em 16 de maio de 1966.

Com mais de 140 milhões de discos vendidos mundialmente em seus mais de 30 anos de carreira, Janet possui no currículo seis álbuns que atingiram o primeiro lugar nos charts americanos e dez singles que obtiveram a mesma façanha. Poucos imaginavam que a garota conseguiria superar o fato de ser irmão do mito Michael Jackson e ter luz própria, mas foi o que ocorreu.

Janet- Unbreakable (audio stream):

Morre Errol Brown, vocalista da banda pop Hot Chocolate

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Por Fabian Chacur

Foi anunciada nesta quarta-feira (6) pelo manager Phil Dale a morte aos 71 anos de Errol Brown, conhecido mundialmente por ter sido o vocalista, principal compositor e líder da bem-sucedida banda britânica Hot Chocolate. Ele (1º à esquerda na foto) estava em sua casa nas Bahamas ao lado da família, e foi vítima das consequências geradas por um câncer no fígado.

Nascido na Jamaica e radicado na Inglaterra a partir dos 12 anos de idade, Errol entrou no mundo da música pop em parceria com o cantor, compositor e baixista Toni Wilson. Juntos, fizeram uma releitura de Give Peace a Chance que entusiasmou de tal forma o seu autor, John Lennon, que o ainda beatle os convidou a gravá-la pela Apple, com o nome The Hot Chocolate Band.

Logo a seguir, Brown e Toni resolveram montar uma banda de verdade, adotando o nome Hot Chocolate e contando com Harvey Hinsley (guitarra), Larry Ferguson (teclados), Patrick Olive (percussão) e Tony Connor (bateria). O primeiro sucesso veio em 1970 com Love Is Life, que atingiu o sexto lugar na parada britânica. Isso era só o começo do sucesso desse grupo que misturava brancos e negros em sua formação.

Entre 1970 e 1984, o Hot Chocolate emplacaria nada menos do que 30 hits nos charts ingleses, com direito a 18 deles entre as 20 mais vendidas. Foram 14 anos consecutivos com pelo menos um sucesso por ano na parada britânica, um recorde até hoje não igualado por outros grupos. A maior parte de suas canções era de Errol Brown.

A marca registrada da banda era a voz grave e de timbre inconfundível de Brown, que em uma época repleta de cabeleiras masculinas imensas, costeletões e quetais ousava usar a cabeça completamente raspada e um bigodão. O som do grupo era um misto de soul music, funk, disco music, rock e pop, sempre com melodias acessíveis e pegajosas.

Entre outras, os caras conseguiram emplacar nas paradas maravilhas do naipe de You Sexy Thing (que voltaria às paradas em 1997 na trilha do filme The Full Monty), It Started With a Kiss, Brother Louie, Every 1’s A Winner, Emma, Disco Queen, Going Through The Motions, No Doubt About It e A Child’s Prayer, boa parte delas tendo Brown como autor ou coautor.

Brown e sua turma conseguiram fazer sucesso nos quatro cantos do mundo. Nos EUA, ocorreu uma situação curiosa: Brother Louie, hit deles na Inglaterra, fez sucesso por lá na releitura da banda Stories, que atingiu o primeiro lugar. No entanto, essa banda nunca mais conseguiu outro êxito do mesmo porte, enquanto o Hot Chocolate emplacou vários hits na terra de Richard Nixon. Seria praga dos caras? Vai saber…

Em 1985, Errol Brown saiu do grupo e passou a investir em uma carreira solo que não teve tanta repercussão. O cantor também buscava um pouco mais de tranquilidade em sua vida. Tido como extremamente simpático e simples, ele era o oposto da imagem que se costuma fazer de um pop star, especialmente de alguém com tantos sucessos em sua bagagem. Ele recebeu em 2003 a MBE (medalha do Reino Britânico) e em 2004 o prestigiado prêmio Ivor Novello.

O Hot Chocolate foi essencialmente uma banda de singles. Seus álbuns de maior sucesso, não por acaso, foram quatro coletâneas, que venderam mais de 500 mil cópias cada: Hot Chocolate 14 Greatest Hits (1976, nº6 no Reino Unido), 20 Hottest Hits (1979- nº3 no Reino Unido), The Very Best Of Hot Chocolate (1987- primeiro lugar no Reino Unido) e Their Greatest Hits (1993- primeiro lugar no Reino Unido).

Brother Louie– Hot Chocolate:

No Doubt About It – Hot Chocolate:

Going Through The Motions– Hot Chocolate:

You Sexy Thing – Hot Chocolate:

It Started With a Kiss– Hot Chocolate:

Ben E. King, de Stand By Me, morre nos EUA aos 76 anos

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Por Fabian Chacur

Embora sempre lembrado pela canção Stand By Me (1961), Ben E. King está muito longe de ser um one hit wonder, aquele tipo de artista que só teve um sucesso na carreira. O grande cantor americano nos deixou aos 76 anos segundo informação do site da revista americana Billboard. A causa não foi revelada. Uma grande perda para os fãs de soul music e da música pop em geral.

Benjamim Earl Nelson nasceu em Henderson, Carolina do Norte, em 23 de setembro de 1938. Ele começou a se tornar conhecido no cenário musical americano ao entrar em 1958 no The Crowns, que naquele mesmo ano, por razões empresariais, acabou se tornando uma nova encarnação do então já estabelecido grupo vocal The Drifters.

King ficou menos de dois anos nos Drifters, mas teve tempo de emplacar por lá os hits There Goes My Baby, Dance With Me e especialmente Save The Last Dance For Me. A carreira solo teve um início marcante, com o estouro de Spanish Harlem, com produção do então ainda iniciante Phil Spector. E o melhor viria logo a seguir.

O cantor resolveu adaptar uma canção spiritual intitulada Lord Stand By Me. Com nova letra escrita por ele, a música virou Stand By Me, e atingiu o quarto lugar na parada pop americana em 1961. A canção voltaria ao top 10 americano em 1986 ao integrar com destaque a trilha do filme Conta Comigo (cujo título original é exatamente Stand By Me).

Stand By Me logo se tornou um standard pop, regravada por diversos artistas no decorrer dos anos seguinte. A releitura mais famosa ficou por conta de John Lennon, que frequentou os charts de todo o mundo em 1975 com sua gravação, incluída no álbum de covers Rock ‘N’ Roll, totalmente dedicado a recriação de hits dos anos 1950 e 1960.

Amor (1961), seu primeiro álbum solo, obteve êxito, e até 1969, ele lançou outros hits pela Atlantic Records, pela qual gravou desde os tempos dos Drifters. Entre outras, emplacou nessa fase sucessos como I(Who Have Nothing) (relida no auge da disco music por Sylvester), Don’t Play That Song (regravada por Aretha Franklin) e outras.

Curiosamente, Ben saiu da Atlantic Records em 1969 e só voltou às paradas de sucesso em 1975, ano no qual retornou à gravadora criada no fim da década de 1940 pelos irmãos Ertegun. O hit que o trouxe de volta aos charts foi a sensacional Supernatural Thing, com uma levada soul-funk simplesmente marcante. Tipo da música certa na hora certa.

Em 1978, gravou um álbum antológico, Benny And Us, em parceria com a banda britânica de soul e funk Average White Band. O álbum traz maravilhas como o hit Get It Up For Love, as excelentes The Message, A Star In The Ghetto e Keepin’ It To Myself e uma boa releitura de Imagine, de John Lennon. Vale lembrar: o guitarrista Hamish Stuart, da AWB, é aquele mesmo que tocou com Paul McCartney do fim dos anos 1980 até meados dos anos 1990.

Embora sem emplacar novos hits, Ben E. King permaneceu na ativa, fazendo shows e gravando eventuais novos álbuns, sendo o mais recente I’ve Been Around, de 2006. Com sua voz maravilhosa e uma presença de palco repleta de sutileza e classe, ele nos deixa um legado que, como vocês puderam ver acima, vai muito além da maravilhosa Stand By Me.

Supernatural Thing Parts 1 & 2– Ben E. King:

Give It Up For Love– Ben E. King & The Average White Band:

Stand By Me – Ben E. King:

Spanish Harlem– Ben E. King:

Grammy consagra Random Access Memory

Por Fabian Chacur

Há críticos musicais que adoram detonar sempre e sempre os Grammy Awards, encarando-os como um monumento ao brega e à música comercial mais banal. Nem sempre, tolinhos, nem sempre. Com mais frequência do que se imagina, o Oscar da música consagra exatamente aqueles trabalhos que merecem ser consagrados. E isso ocorreu na noite deste domingo (26) com o Daft Punk. Vitória merecidíssima!

O duo radicado na França e integrado por Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo abocanhou cinco troféus na cerimônia realizada no Staples Center, em Los Angeles, incluindo os dois mais importantes, como Álbum do Ano (por Random Access Memories) e Single do Ano, com Get Lucky. Eles ainda levaram nas categorias Melhor Performance de Duo/Grupo Pop (com Get Lucky), Melhor Álbum Dance/Eletrônico) e Melhor Álbum Em Termos Técnicos.

Vale lembrar que, segundo o site da revista americana Billboard, Random Access Memory é o primeiro álbum de dance music a ganhar como Álbum do Ano desde 1978, quando a trilha de Saturday Night Fever (Os Embalos de Sábado à Noite) conseguiu esse feito. Curiosamente (ou não), Random Access Memory soa como se tivesse sido gravado e lançado exatamente naquela época, quando a disco music dominava o cenário pop.

Random Access Memory, um dos álbuns mais vendidos de 2013, possui inúmeros méritos, sendo o principal a incrível mistura de teclados e efeitos eletrônicos com músicos de verdade, o que deu ao trabalho um sabor ao mesmo tempo retrô e atualíssimo, 1978 e 2013 no mesmo pacote. O duo resolveu investir em músicos, e trouxe para o seu time alguns gênios da raça.

Logo de cara, Random Access Memory se tornou histórico por trazer de volta às paradas de sucessos o guitarrista Nile Rodgers, líder do grupo Chic e um dos grandes craques da guitarra rítmica. Ele dá o norte a três faixas matadoras do disco, Give Life Back To Music e os hit singles Get Lucky e Lose Yourself To Dance. Rodgers se encaixou feito luva na proposta musical do Daft Punk, agregando muito valor a essas músicas.

Giorgio Moroder, outro gênio da disco e da música eletrônica, faz participação bastante peculiar na deliciosa Giorgio By Moroder. Ele, ao invés de cantar ou tocar, conta um pouco da história da sua vida e do sonho que conseguiu concretizar, o de ser músico de sucesso, que ele admite que considerava impossível, quando ainda era moleque. O resultado é delicioso.

Paul Williams, compositor de clássicos da música pop como Rainy Days And Mondays e We’ve Only Just Begun e autor das músicas e estrela do sensacional filme cult musical O Fantasma do Paraíso (1974, dirigido por Brian De Palma), é cantor e coautor de Touch, faixa mais épica do álbum. É o momento de maior destaque da orquestra que o Daft Punk montou especialmente para gravar este trabalho.

Inteligentes, Bangalter e De Homem-Christo também trouxeram convidados da nova geração, entre os quais Pharrell Williams (o vocalista principal nos hits Get Lucky e Move Yourself To Dance) e Julian Casablancas, vocalista dos Strokes e responsável por vocais, guitarras e coautoria da deliciosa Instant Crush, outro momento surpreendente em um disco surpreendente como um todo. A soma perfeita do eletrônico com o orgânico.

De quebra, ainda estão no elenco de músicos presentes neste CD feras consagradas como Nathan East (baixo), Omar Hakim (bateria) e Paul Jackson Jr. (guitarra). Ou seja, o Daft Punk reuniu um time realmente grandioso, mas nada disso teria dado certo se todos não fossem escalados em suas posições corretas, nas músicas certas e objetivando soluções musicais bem específicas. Todos jogando em função da música, não do estrelismo.

O resultado, Random Access Memory, pode ser considerado sem susto um dos melhores álbuns pop deste século, e um trabalho que, tal qual Saturday Night Fever, será relembrado, ouvido e dançado por gerações e gerações. Nada melhor do que ter a oportunidade de ver um clássico nascer. E os Grammy Awards se incumbiram de o tornar definitivo. Parabéns à Academia, e parabéns ao Daft Punk, que terá dificuldades em lançar um novo álbum com tanta qualidade. Vamos ver o que o futuro nos dirá…

Ouça Touch, com Paul Williams e o Daft Punk:

Ouça Give Life Back To Music, com Nile Rodgers e o Daft Punk:

Coletânea traz James Brown no Apollo Theater

Por Fabian Chacur

Há artistas que ficam ligados eternamente a determinados locais onde se apresentaram ao vivo. A parceria entre James Brown (1933-2006) e o lendário Apollo Theater, situado no Harlem, Manhattan, Nova York, é o caso mais explícito dessa verdadeira comunhão. A coletânea Best Of Live At The Apollo: 50th Anniversary, que acaba de sair no Brasil em CD, celebra um dos marcos da rica e intensa relação entre eles.

Em sua extensa carreira, o cantor, compositor e músico americano se apresentou mais de 600 vezes no teatro Apollo. Em 24 de outubro de 1962, um desses shows foi registrado e lançado em maio de 1963 no formato LP de vinil com o título Live At The Apollo. O trabalho é considerado um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos, e vendeu muito, tornando-se um dos itens mais badalados de sua extensa e rica discografia.

Em 1968, chegou às lojas Live At The Apollo Vol II, enquanto um terceiro volume, com o título Revolution Of The Mind: Recorded Live At The Apollo Vol III saiu em 1971. O quarto volume deveria ter chegado às lojas em 1972 com o nome Get Down At The Apollo With The J.B.’s, mas acabou sendo cancelado e infelizmente permanece inédito até hoje.

Best Of Live At The Apollo: 50 Anniversary é uma coletânea que comemora os 50 anos do lançamento do primeiro álbum da série, e traz quatro faixas dele, três do volume II, três do volume III e duas do inédito IV, com direito a um belíssimo encarte colorido com informações técnicas, texto informativo e lindas fotos.

A compilação funciona como uma pequena amostra da evolução da carreira do Mister Dinamyte. Em 1962, ele era ainda “apenas” um grande cantor de soul music e rhythm and blues, como comprovam Try Me e I’ll Go Crazy. Talentoso e vigoroso, mas não muito distante da média dos papas daqueles estilos musicais.

No volume 2, as sensacionais There Was a Time e Cold Sweat apresentam um artista absolutamente original criando a funk music, com direito a muita sensualidade nos vocais, metais certeiros, cozinha rítmica compassada e guitarras totalmente dedicadas ao balanço. Aquele som energético e poderoso para suar até cair de tanto dançar.

A parte final do álbum, com as gravações referentes a 1971 e 1972, apresentam a consolidação desse funk de verdade, com direito às empolgantes Sex Machine, Get Up Get Into It Get Involved, Soul Power e There It Is. Uma massa sonora absolutamente espetacular, dançante e que influenciou todo mundo na área, de Michael Jackson e Prince a quem você imaginar.

A única queixa a ser feita em relação a Best Of Live At The Apollo é a sua duração. São só 40 minutos de música. Daria para encaixar pelo menos mais 30 minutos sem qualquer tipo de problema. Mas como se trata de um aperitivo, tenha a duração que tiver, acho que este CD possui a mesma função: fazer você ficar a fim de mergulhar na discografia desse mestre.

Ouça There Was a Time, com James Brown:

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