Por Fabian Chacur

Morreu nesta quarta-feira (8) Antonio José Waghabi Filho (1943-2012), o Magro Waghabi, integrante do MPB 4, um dos mais importantes e talentosos grupos vocais da história da música brasileira de todos os tempos.

Segundo nota publicada no site oficial do quarteto por um de seus integrantes, Aquiles, Magro foi vítima de um câncer contra o qual lutou durante 10 anos.

O grupo gravou e lançou há pouco Boleros-Contigo Aprendi, álbum dedicado a versões em português de boleros clássicos. No citado site (www.mpb4.com.br), existe um post com comentários de Magro referentes ao material registrado no novo CD deles.

O MPB 4 teve sua gênese em 1962 no Centro de Cultura Popular da Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), onde estudavam Ruy (primeira voz), Magro Waghabi (segunda voz e direção musical), Aquiles (terceira voz) e Miltinho (quarta voz).

A banda registra o ano de 1965 como seu início na trajetória profissional. Naquele ano, participaram do programa O Fino da Bossa e conheceram Chico Buarque, com quem fizeram inúmeros shows e gravação, entre elas a magnífica Roda Viva.

Inspirados em grupos vocais brasileiros anteriores como Os Cariocas, o MPB 4 rapidamente desenvolveu um estilo próprio de vocalizações, no qual os arranjos e direção musical de Magro se mostraram decisivos.

Outra marca registrada do quarteto sempre foi o extremo bom gosto para selecionar repertório, de autores como Chico Buarque, Caetano Veloso, João Bosco, Milton Nascimento e tantos outros. Também ajudaram a revelar novos talentos, entre os quais Kleiton & Kledir, e a resgatar clássicos da música brasileira.

O grupo gravou álbuns antológicos, entre os quais destaco Bons Tempos, Heim? (1979) e Vira Virou (1980), e estiveram na linha de frente da MPB no combate à Ditadura Militar.

Meu álbum favorito deles é o sensacional Cicatrizes, de 1972, do qual fazem partes clássicos do porte de Partido Alto (Chico Buarque), Pesadelo (Maurício Tapajós e Paulo Cesar Pinheiro), Bom Dia Boa Tarde Boa Noite (Jorge Ben), Canto de Nanã (Dorival Caymmi) e a faixa título, gravadas com arranjos irrepreensíveis e vocalizações matadoras.

Outro momento mágico do MPB 4 é Porto (Dori Caymmi), da trilha da novela global Gabriela (1975), na qual se valem de vocalizações para interpretar uma melodia maravilhosa.

Embora tenha vivido o seu auge de popularidade nos anos 70 e 80, o MPB 4 manteve-se na ativa com muita competência nas últimas décadas, lançando inclusive um álbum, MPB 4 e a Nova Música Brasileira (2000), no qual faziam releituras de músicas de compositores da então nova safra da MPB, como Lenine, Zélia Duncan e Zeca Baleiro.

Ouça Porto, com o MPB 4:

Ouça Pesadelo (ao vivo), com o MPB 4:

Ouça Partido Alto (ao vivo), com o MPB 4: