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Tag: cantor e compositor

Monarco canta com Alcione e Zeca Pagodinho em show no Rio

Monarco - Marcos Hermes-400x

Por Fabian Chacur

Monarco é um dos grandes nomes do samba de todos os tempos. E, felizmente, está firme e forte, no vigor de seus 85 anos de idade. Ele lançou recentemente um novo álbum, Monarco de Todos os Tempos, pela gravadora Biscoito Fino. E este é o mote para o show que o cantor e compositor carioca fará no Rio nesta quinta-feira (14) às 22h no Teatro Bradesco Rio (avenida das Américas, nª 3.900- loja 160 do Shopping VillageMall- Barra da Tijuca- fone 0xx21-3431-0100), com ingressos de R$ 40,00 a R$ 150,00. Teremos participações de Zeca Pagodinho e Alcione.

Hildimar Diniz, nome de batismo de Monarco, compôs o seu primeiro samba aos 12 anos de idade, e quatro anos depois, conheceu a turma de bambas da Portela, escola de samba pela qual rapidamente se apaixonou. Em 1951, passou a integrar a sua ala de compositores, e não demorou para se tornar um dos caras mais badalados de lá. Ele participou do histórico álbum Portela Passado de Glória (1970), produzido por Paulinho da Viola e que tornou conhecida a chamada Velha Guarda da Portela, capitaneada por ele.

O primeiro disco solo de Monarco, autointitulado, saiu em 1974, e deu início a uma série de outros, nos quais sempre defendeu suas composições com vários parceiros de forma classuda, com uma voz bonita e que até hoje continua sendo muito bem colocada. Suas canções fizeram sucesso nas vozes de inúmeros intérpretes, maravilhas do porte de O Quitandeiro, Vai Vadiar, Coração em Desalinho, Lenço e inúmeras outras. Entre seus inúmeros fãs ilustres, temos Marisa Monte, que produziu um de seus discos e o incluiu com destaque no documentário O Mistério do Samba (2008), também produzido por ela.

O mais recente álbum deste grande portelense teve como produtor Mauro Diniz, que além de grande cantor, compositor e músico é filho da fera. Pai e rebento assinam seis das faixas do álbum, que conta com as participações especiais de Alcione (em Uma Canção Para São Luiz) e Zeca Pagodinho (Seu Bernardo Sapateiro). Uma das faixas mais bacanas deste ótimo CD é Aurora da Minha Vida, que conta com um clipe bem produzido para divulgá-lo.

Aurora da Minha Vida (clipe)- Monarco:

Lembranças para comemorar os 70 anos do grande Wando

WANDO-400x

Por Fabian Chacur

Se ainda estivesse entre nós, Wando, uma das figuras mais interessantes e marcantes da história da nossa música popular, estaria completando 70 anos de idade nesta sexta-feira (2). Como forma de manter viva a memória de seu trabalho, foram anunciados a produção de um documentário e de uma espécie de museu móvel com memorabilia ligada ao artista mineiro morto de forma prematura em 2012. Esse deixou saudade.

A partir da metade dos anos 1980, tive a oportunidade de entrevistar Wando em diversas ocasiões. Tratava-se de um cara inteligente, articulado e extremamente educado e bem-humorado, sempre capaz de tiradas incríveis. Seu marketing para divulgar discos e shows era imbatível, com direito a colocar uma calcinha na capa de um LP e sortear “ingressos” para motéis e até mulheres infláveis nos espetáculos ao vivo.

Por trás desse lado mais espetaculoso, digamos assim, vivia um compositor talentoso, ótimo músico e cantor que sabia das coisas. Falar de amor e de sexo era com ele mesmo, e com uma classe digna dos grandes e badalados compositores. Basta citar Moça, Senhorita Senhorita, Gosto de Maça e Lenda de Um Menino Rei como bons exemplos disso.

As histórias da vida de Wando poderão render um belo documentário. Lembro que cheguei a propor a ele fazer uma biografia, mas na época (início dos anos 2000), ele pensava ser mais viável e lógico investir em um site. Seus casos eram imbatíveis, como os bailes que dava no português de quem alugava um quarto em uma pensão em Sâo Paulo.

Fazem falta na atual música brasileiras caras que consigam fazer essa transição competente entre a música bem feita e bem harmonizada com o forte apelo popular, algo que Wando concretizava com uma competência e categoria fora do comum. Saudade do artista e do ser humano, uma figura carimbada. Leia mais sobre ele aqui .

Moça– Wando:

Senhorita Senhorita– Wando:

Lenda de um menino Rei– Wando:

Aquele Amor FDP Me Deixou (ao vivo)– Wando:

Nega de Obaluaê– Wando:

Geraldo Maia lança CD autoral Estrada

Por Fabian Chacur

Geraldo Maia está na estrada, na área musical, desde os anos 80. Natural de Recife (PE), ele viveu várias experiências até lançar Cena de Ciúme (1987), álbum em parceria com Henrique Mauro.

Na década de 90, viveu em Portugal, onde teve diversas experiências importantes e consolidou sua musicalidade.
Ao voltar ao Brasil, lançou seu primeiro álbum solo, Verd’Água, em 1999. Desde então, lançou trabalhos como Astrolábio (2001), Samba do Mar Quebrado (2004) e Samba de São João (2007).

Em 2011, lançou Ladrão de Purezas, álbum dedicado à releitura da obra de Manezinho Araújo, o rei das emboladas e figura de suma importância para a cultura brasileira.

Lançando Estrada (pelo selo Continente), seu 9º álbum de carreira, Geraldo Maia fala sobre o novo lançamento e também sobre sua carreira, forma de trabalho e outros temas bacanas, como seus lados intérprete e compositor.

Mondo Pop – Estrada inclui só composições de sua autoria, e mescla canções inéditas com outras já lançadas antes. Como foi a concepção desse trabalho, e o que o levou a buscar músicas já registradas anteriormente para criá-lo?

Geraldo Maia – O disco faz um apanhado da minha trajetória enquanto compositor. Eu tinha dois discos de autor já lançados: Peso Leve (2008) e Lundum (2009). Pincei algumas músicas de um e do outro. Em alguns casos, as músicas ganharam nova roupagem. Agreguei a elas mais cinco inéditas, o que acabou por tornar Estrada um novo CD de carreira.

Mondo Pop- O que é mais difícil, gravar suas próprias composições ou reler obras alheias? Como você atua em cada uma dessas situações?

Geraldo Maia– Eu me sinto mais à vontade cantando do que compondo. Adoro garimpar, interpretar é meu forte, mas também gosto do exercício da criação. Gosto de compor, de fazer parcerias e tal. Enfim, são coisas bem distintas, cada uma tem seu charme e seus encantos.

Mondo Pop- Você é um adepto do formato acústico para suas obras. Justifique essa opção e fale um pouco sobre suas vantagens e eventuais desvantagens. Pensa um dia em lançar uma obra com acompanhamento predominantemente eletrônico?

Geraldo Maia – O meu disco Peso Leve (2008) teve muitos elementos eletrônicos, loops, samplers etc. Em 2001, lancei Astrolábio, que também era um disco com muitas influências, inclusive da música eletrônica. Mas o meu forte realmente é o acústico, quanto mais orgânico melhor, quanto menos elementos, mais à vontade vou ficando. Gosto do mínimo, da coisa mais crua, do despir a canção de todo e qualquer artifício, esse é um prazer que sinto, talvez algo ligado a uma certa nostalgia, um sentimento atávico, mas já entrei numa outra conjectura que foge um pouco à sua pergunta.

Mondo Pop- Você compõe tanto sozinho como em parceria. Você se sente mais à vontade escrevendo letras ou melodias? Como atua, quando escreve músicas em parceria?

Geraldo Maia– Na grande maioria dos casos, meus parceiros me dão a letra e eu ponho a melodia. Esse é o modo em que funciono melhor. Ou, no caso, escrevo as duas coisas, letra e música.

Mondo Pop- Qual a importância em sua carreira de ter integrado a trilha do filme Lisbela e o Prisioneiro com a releitura de A Deusa da Minha Rua, e como foi gravar com Yamandú Costa?

Geraldo Maia– Foi uma experiência única e bastante auspiciosa.

Mondo Pop- O currículo de qualquer músico ganha grande força com a participação no programa Ensaio, de Fernando Faro, destinado apenas a grandes nomes da MPB. Como foi para você essa experiência tão importante?

Geraldo Maia– Como você bem frisou, esse programa tem uma marca, é uma grife da (boa) televisão brasileira. Foi uma honra para mim participar dele e, mais que isso, poder levar a música de Manezinho Araújo para o Brasil ouvir; Manezinho que foi um grande e multifacetado artista que hoje se encontra praticamente esquecido.

Mondo Pop- Você aborda em suas composições várias vertentes da MPB, mas nunca de forma ortodoxa. Fale um pouco sobre essa sua forma de investir na MPB, especialmente em relação ao samba, que ganha um tempero nordestino incomum na sua interpretação.

Geraldo Maia– Eu tenho meu “filtro”, minha forma de expressar e amalgamar tudo aquilo que aprendi. Nisso entra também a minha relação com o samba, por exemplo. Não me considero sambista mas tenho uma intimidade natural com esse ritmo e faço dele uma parte das muitas vertentes por onde busco me expressar artisticamente.

Mondo Pop- Como foi abrir shows de nomes como Milton Nascimento, Beto Guedes e Zizi Possi, entre outros?

Geraldo Maia– É sempre uma ótima experiência.

Mondo Pop- Você já gravou desde autores jovens até compositores consagrados. Como é o seu processo de seleção de material alheio na hora de gravar discos ou fazer shows? Que critérios você usa?

Geraldo Maia– Meu critério número um é a identidade com aquela obra, aquele autor. Primeiro “chega” essa empatia, sem essa condição prévia nada se materializa. Sou sequioso, tenho uma sede meio natural por encontrar coisas, caminhos, projetos que me caibam e nos quais possa dar a minha contribuição enquanto intérprete; acho que tenho esse mérito, de estar sempre burilando novas possibilidades.

Mondo Pop- Como avalia os quase dez anos que viveu em Portugal? Você mudou como artista em função desse longo tempo fora do Brasil? Ou esse “exílio voluntário” ajudou a firmar sua brasilidade?

Geraldo Maia– As duas coisas são verdade, se misturam e se intersectam. Viver fora do nosso país é uma experiência única, importantíssima, diria.

Mondo Pop- Você dedicou o CD Estrada a Maria Bethânia. Fale da importância dela para você. Gostaria de um dia gravar com ela, ou ter uma de suas composições gravadas por ela?

Geraldo Maia– Sou devoto, já disse antes. Mas sou parcimonioso também, compreende? E claro, bem gostaria que ela gravasse algo meu e, mais ainda, poder dividir os vocais com ela em alguma música. Seria um superluxo, um mimo de ouro…

A Deusa da Minha Rua, com Geraldo Maia e Yamandu Costa:

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