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Tuesday Night Music Club- Sheryl Crow (1993-A&M)

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Por Fabian Chacur

Em 3 de agosto de 1993, Sheryl Crow lançava Tuesday Night Music Club, o seu álbum de estréia. Aos 31 anos de idade, a cantora, compositora e musicista norte-americana era uma jovem veterana, com um currículo repleto de trabalhos interessantes. Faltava, no entanto, aquele algo mais para se tornar uma artista do primeiro escalão. E este trabalho proporcionou isso a ela, mas não sem uns belos percalços antes.

Nascida em Kenneth, Missouri (EUA) em 11 de fevereiro de 1962, filha de uma professora de piano e de um advogado que tocava trompete nas horas vagas, Sheryl se formou em educação musical na Universidade do Missouri em 1984 e logo começou a trabalhar como professora de música. Nos finais de semana, cantava em bandas e sonhava com uma carreira artística.

O produtor e músico Jay Oliver deu a ela suas primeiras oportunidades profissionais, escalando-a para gravar jingles para McDonald’s e Toyota. Após juntar um dinheiro, Sheryl resolveu mergulhar de vez no seu sonho e se mudou para Los Angeles em 1986. No ano seguinte, conseguiu uma oportunidade de ouro: ser backing vocals da turnê Bad, de Michael Jackson.

Até o início de 1989, a jovem cantora esteve com o Rei do Pop, com direito a um momento de destaque nos shows, quando interpretava I Just Can’t Stop Loving You ao lado do patrão, papel representado no álbum Bad pela cantora Siedah Garrett (também coautora do hit Man in The Mirror, do mesmo CD).

Fazer shows pelo mundo com Michael Jackson foi uma vitrine bastante útil para Sheryl. Naquele período, ela fez gravações ao lado de nomes importantes como Don Henley (dos Eagles), Belinda Carlisle (das Go-Go’s), Jimmy Buffett, Kenny Loggins e Neal Schon (do Journey e Santana).

O passo seguinte foi ter gravações próprias incluídas em trilhas de filmes, entre os quais Bright Angel, de 1990 (com a canção Heal Somebody), e Stone Cold, de 1991 (com a faixa Welcome To The Real Life).

Nessa época, entrou em cena na vida da futura estrela do rock um personagem que se mostraria decisivo. Era o cantor, compositor e músico Kevin Gilbert (1966-1996), que se tornou seu namorado e parceiro musical. Ele integrava a banda Toy Matinee e fazia trabalhos para gravadoras.

Ainda em 1991, graças à boa repercussão que sua canção Hundreds Of Tears (escrita por Sheryl em parceria com Bob Marlette- ouça aqui) teve ao ser incluída na trilha do filme Point Break (estrelado por Keanu Reeves e Patrick Swayze), ela foi contratada pela A&M para enfim gravar o seu primeiro álbum. Mas não seria assim tão fácil.

A gravadora escolheu um nome do primeiro escalão para se incumbir da produção, o britânico Hugh Padgham, conhecido por seus bem-sucedidos trabalhos com Phil Collins, Peter Gabriel, The Police e Sting.

O time de músicos envolvidos para a gravação desse álbum provavelmente incluiu músicos do gabarito de Dominic Miller (guitarra), Pino Palladino (baixo), Todd Wolfe (dobro e guitarra) e Vinnie Colaiuta. Não existe uma ficha técnica oficial disponível que possa confirmar 100% tal informação.

Programado para sair em setembro de 1992, o álbum teria as seguintes faixas (com os nomes dos autores quando essa informação for possível):

All Kinds Of People (Sheryl Crow- Eric Pressley-Kevin Gilbert), Father Sun, What Does It Matter, Indian Summer, Will Walk With You, Love You Blind. Near Me, When Love Is Over, You Want It All, Hundreds Of Tears (Sheryl Crow- Bob Marlette), The Last Time e Borrowed Time. O amigo Jay Oliver teria sido parceiro de Sheryl em algumas dessas composições.

Pouco antes de seu lançamento, no entanto, este álbum acabou sendo abortado em comum acordo entre a artista e a A&M. Aparentemente, ambas chegaram à conclusão de que aquele trabalho não conseguiria cumprir a missão de tornar Sheryl Crow uma grande estrela do pop rock.

Uma das razões pode ter sido a produção de Padgham, de alta qualidade técnica mas bastante impessoal nesta ocasião específica. Muitos teclados, bateria bombástica e solos um pouco exagerados são a marca registrada de uma sonoridade ainda muito ligada ao que se fazia na década de 1980.

No fim das contas, Sheryl também acabou deixando de lado as 12 composições, entre elas a única lançada anteriormente (Hundreds Of Tears), o ótimo rock Indian Summer (ouça aqui) e a balançada All Kinds Of People (ouça aqui), embora esta última lembre bastante Crazy, hit de Seal em 1991.

Duas dessas músicas acabaram sendo aproveitadas por outros artistas. All Kinds Of People foi gravada pela cantora country/contemporary christian Susan Ashton em seu álbum A Distant Call (1996), mesmo trabalho em que também gravou Hundreds Of Tears.

All Kinds Of People também seria regravada por Anita Hegerland (em 1994), Jill Johnson (1995), o grupo Big Mountain (1997) e Cherwin (1998), enquanto Hundreds Of Tears teria um registro do cantor Daryl Braithwaite em seu álbum Taste The Salt (1993).

Graças à pirataria, este álbum descartado pela A&M sairia em 1997 (ouça aqui) e hoje está disponível no Youtube, mas nunca teve uma versão oficial. Ouça e tire suas próprias conclusões.

Com um contrato a cumprir e uma primeira tentativa fracassada, Sheryl resolveu apelar para o namorado Kevin Gilbert, que a apresentou ao produtor e técnico de som Bill Botrell, dono de um pequeno estúdio em Los Angeles e que se reunia todas as terças-feiras com um time de músicos para jam sessions, parceria apelidada por eles de Tuesday Night Club.

De quebra, Botrell trazia como ótimas referências ser o coautor e coprodutor de Black Or White, megahit de Michael Jackson em 1991, e ter trabalhado na parte técnica para artistas como Thomas Dolby, Madonna, Tom Petty, Electric Light Orchestra e Travelling Wilburys.

Com essa turma, Sheryl mergulhou de cabeça na criação de um material que soasse mais personalizado e com a cara dela. E dessa forma nasceu o material contido em Tuesday Night Music Club, sem músicos badalados mas todos muito talentosos e capazes de oferecer um consistente som de grupo com uma assinatura própria para a candidata a estrela.

O time trazia, além da própria Sheryl Crow (vocal, guitarra e teclados), os músicos Kevin Gilbert (teclados, guitarra, bateria nas faixas Run Baby Run e All By Myself e baixo em All I Wanna Do), David Baerwald (guitarra), Bill Botrell (produção, guitarra, pedal steel), David Ricketts (baixo em Leaving Las Vegas), Dan Schwartz (baixo e assistente de produção) e Brian MacLeod (bateria, integrante das bandas Wire Train e Toy Matinee).

Tuesday Night Music Club é um trabalho coeso, com muita personalidade e centrado no pop rock com elementos de folk, country e jazz. Tinha tudo para dar certo, No entanto, não foi o que ocorreu inicialmente. Run Baby Run, o 1º single extraído do álbum, sequer entrou nos charts em setembro de 1993. What Can I Do For You bateu na trave em fevereiro de 1994. E Leaving Las Vegas, o 3º, não passou do nº 60 em abril de 1994.

Como forma de ser apresentada ao grande público, Sheryl começou a abrir shows de grupos e artistas como Big Head Todd & The Monsters, Crowded House e John Hyatt. Entre 7 de julho e 13 de setembro de 1994, abriu os shows da badaladíssima turnê Hell Freezes Over, que marcou o retorno dos Eagles do amigo Don Henley. Aí, as coisas começaram a andar.

Em outubro de 1994, All I Wanna Do, a faixa mais pop do álbum, atingiu o 2º posto nos EUA, e abriu caminho para que Sheryl Crow fosse uma das grandes vencedoras da 37ª edição do Grammy, em março de 1995, rendendo a ela três troféus- Record of The Year, Best New Artist e Best Female Pop Vocal Performance, todas graças a All I Wanna Do.

Aí, em 25 de março de 1995, Tuesday Night Music Club atingiu a sua posição máxima na parada ianque, um excelente 3º lugar, longos um ano e sete meses após o seu lançamento. O CD vendeu mais de 7 milhões de cópias no mercado americano e teve ótimas vendagens em vários países, tendo atingido o 8º posto nas paradas do Reino Unido.

Análise das faixas de Tuesday Night Music Club:

Run Baby Run (Sheryl Crow- Bill Botrell- David Baerwald- ouça aqui)

A marca registrada das canções deste álbum são histórias de personagens estradeiras, literalmente sem lenço e sem documento e em busca de suas identidades, destinos e sucesso. Mais ou menos a mesma situação de Sheryl e seus colegas, embora não dê para dizer com toda a certeza que se tratem de canções totalmente autobiográficas. Certamente tem ficção no meio, como deixa clara a abertura desta linda canção de tempero blues, que abre com um “ela nasceu em 1963 no dia que Aldous Huxley (o autor do livro Admirável Mundo Novo) morreu”, sendo que a cantora nasceu em fevereiro de 1962. Aqui, a garota, filha de hippies, aprendeu que o importante é “correr, baby, correr” em meio às dificuldades.

Leaving Las Vegas (Sheryl Crow- Bill Botrell- David Baerwald- Kevin Gilbert- David Ricketts- ouça aqui):

Neste folk rock compassado, temos Sheryl incorporando uma mulher saindo de Las Vegas após se cansar de tentar o sucesso na terra da jogatina insana e romantizada, dos shows bregas e das luzes brilhantes à noite e do clima de solidão no meio do deserto de dia. E se mandando de uma vez por todas, como ela ressalta. Outro momento bem ficcional com elementos reais, já que ela se mandou do Missouri rumo a Los Angeles, uma cidade totalmente envolvida com a música e o cinema.

Strong Enough (Sheryl Crow- Bill Botrell- David Baerwald- Kevin Gilbert- David Ricketts- Brian MacLeod- ouça aqui):

Aqui, a garota ficcional conta ao parceiro de momento os principais aspectos de sua trajetória, entre eles seus medos, desejos e carências. e sempre ressaltando a pergunta “seria você forte o suficiente para ser o meu homem?”. Destaques para a linda melodia, a slide guitar no melhor estilo country e uma interpretação apaixonada e contida na medida certa de Sheryl. Na parte final da canção, versos que denotam fragilidade e surgiriam novamente em outra composição incluída neste álbum: “minta pra mim, eu prometo que acreditarei, mas por favor não se vá”.

Can’t Cry Anymore (Sheryl Crow- Bill Botrell- ouça aqui):

Neste rockão com riff poderoso de guitarra que demonstra fortes influências de Lou Reed, a cantora mostra sua coragem para novamente sair de uma situação difícil pela razão mais simples: “não posso mais chorar”. O lamento pela má sorte e pelas situações difíceis recorrentes também surgem nos versos de uma pessoa que certamente não aguenta mais encrencas.

Solidify (Sheryl Crow- Bill Botrell- David Baerwald- Kevin Gilbert- David Ricketts- Brian MacLeod- Kevin Hunter- ouça aqui):

As canções de Tuesday Night Music Club saíram basicamente de jam sessions entre os músicos envolvidos, e esta funkeada e poderosa faixa é um dos exemplos mais evidentes, especialmente pelo fato de incluir uma letra bem vaga acerca de um relacionamento afetivo não muito estável e a questão básica de “porque eu deveria solidificá-lo?” Teria algo a ver com o namoro de Sheryl com Kevin Gilbert? Boa pergunta…

The Na-Na Song (Sheryl Crow- Bill Botrell- David Baerwald- Kevin Gilbert- David Ricketts- Brian MacLeod- ouça aqui):

Faixa simplesmente sensacional e contagiante, obviamente inspirada em I Am The Walrus, dos Beatles, que inclusive são citados ironicamente pelo fato de uma de suas canções (Revolution) ter sido usada em um comercial da Nike (sem autorização direta da banda, vale ressaltar). Um dos seus versos: “quero ser a Madonna, mas o preço é muito alto”. Mas quem acompanhou sua trajetória sabe que o preço para ser Sheryl Crow também não foi nada baixo. Essa canção teve uma versão anterior (e bem inferior), Volvo Cowgirl 99, que só viria à tona em 2009.

No One Say It Would Be Easy (Sheryl Crow- Bill Botrell- Kevin Gilbert- Dan Schwartz- ouça aqui):

Em outro momento introspectivo do álbum, temos aqui um rock mais lento com tempero bluesy no qual novamente o tema é uma situação de impasse perante dificuldades sérias vividas pelo personagem, com o refrão deixando tudo claro: “ninguém disse que seria fácil, mas também ninguém disse que seria tão duro, e que chegaríamos a esse ponto”.

What Can I Do For You (Sheryl Crow- David Baerwald- ouça aqui):

Entra em cena um rock balançado com uma letra na qual Sheryl faz uma ácida crítica ao cenário machista da música, no qual muitos esperam que a mulher seja obrigada a fazer “favores” aos executivos e produtores musicais para poder atingir os seus objetivos profissionais. “O que eu posso fazer por você ninguém no mundo de Deus pode fazer”, diz em um dos versos.

All I Wanna Do (Sheryl Crow- Wyn Cooper- Bill Botrell- David Baerwald- Kevin Gilbert- ouça aqui):

Em 1987, o poeta norte-americano Wyn Cooper escreveu o poema Fun, no qual dizia a frase “Tudo o que eu quero é ter um pouco de diversão antes de morrer”. E esse foi o mote utilizado por Sheryl na canção mais pop e dançante do álbum, que acabou se tornando o seu maior hit. O cenário é o de um barzinho no qual desconhecidos se divertem tomando todas as cervejas possíveis enquanto observam o mundo cotidiano lá fora, sem grandes perspectivas. E dessa forma desencanada ela não só divertiu os fãs de música pop e de rock como também se tornou enfim uma estrela da música.

We Do What We Can (Sheryl Crow- Bill Botrell- Kevin Gilbert- Dan Schwartz- ouça aqui):

Após o momento mais descontraído do álbum, surge uma canção intimista e com forte inspiração jazzística no qual um músico de jazz relembra dos tempos de outrora e de como as coisas atualmente não estariam mais tão animadoras. Mas, apesar desse clima levemente deprê, a esperança surge em versos como “mas é bom estar vivo, e essas são as escolhas que você faz pra sobreviver, você faz o que pode”. Levemente conformista, é fato, mas confortante. Sheryl convidou para fazer um lindo solo de trompete nesta gravação ninguém menos do que o seu pai, Wendell.

I Shall Believe (Sheryl Crow- Bill Botrell-ouça aqui):

A versão original de Tuesday Night Music Club era encerrada com essa canção comovente, na qual a personagem vai fundo naquele verso de Strong Enough e ressalta “venha para mim agora, mesmo que seja mentira, diga que tudo ficará bem, e eu acreditarei”. Para não deixar margem a dúvidas da sua necessidade em acreditar, ela usa a expressão “I shall”, que vai além da simples “I will”, como que ressaltando uma crença dogmática naquilo em que acredita. Neste caso, no amor de que ela tanto necessita. Se bem que temos uma pequena ressalva: “Por favor, diga honestamente que você não desistirá de mim, e eu acreditarei”. Belo fim para um belíssimo álbum.

All By Myself (Eric Carmen- Sergei Rachmanonoff- ouça aqui):

Uma das marcas registradas da carreira de Sheryl Crow é a sua participação em inúmeras trilhas de filmes e séries televisivas, álbuns celebrando obras de outros artistas e projetos desse tipo. Sua regravação de All By Myself, grande sucesso de Eric Carmen em 1975 surgiu dessa forma, e acabou sendo incluída na trilha sonora da novela global Pátria Minha, exibida entre julho de 1994 e março de 1995.

A gravadora Polygram, que na época distribuía os lançamentos da A&M Records no Brasil, resolveu então incluir All By Myself na tardiamente lançada edição nacional de Tuesday Night Music Club, com direito a uma chamada na capa do CD. A releitura ficou bem simpática, mas abaixo do resto do repertório deste grande álbum.

Tuesday Night Music Club ganhou em 2009 uma Deluxe Edition via Universal Music, com direito a um CD adicional e a um DVD com clipes e um pequeno documentário sobre a gravação deste trabalho (saiba mais sobre o seu conteúdo aqui).

Uma informação final: Sheryl Crow faria seus primeiros shows no Brasil em novembro de 1995, abrindo as apresentações de Elton John, que também fazia a sua estreia em palcos brasileiros. Tive a sorte de ver sua ótima apresentação em São Paulo, perdida por muitos fãs por causa do trânsito nas imediações da Arena montada na região do Ibirapuera.

Ouça Tuesday Night Music Club, de Sheryl Crow, em streaming:

The Pretenders oferece três amostras do álbum Relentless

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Por Fabian Chacur

Vem disco novo dos Pretenders por aí. O selo Parlophone, hoje distribuído pela Warner Music, promete para o dia 15 de setembro o lançamento em vários formatos de Relentless. Além da líder, a cantora, compositora e guitarrista Chrissie Hynde, o grupo hoje conta com James Walbourne (guitarra), Kris Sonne (bateria), Chris Hill (contrabaixo), Dave Page (baixo) e Carwyn Ellis (teclados e guitarras) em sua formação. Os arranjos de cordas ficaram a cargo de Jonny Greenwood, do Radiohead.

Como forma de criar expectativa antecipada em torno deste trabalho, a gravadora já divulgou 3 das 12 faixas que o integrarão. O interessante é que são bem distintas entre si. A Love, que acabou de ser disponibilizada, é um rock melódico com aquele sabor de anos 1980 que cativou tantos fãs pelo mundo afora, e surge como um novo e possível hit.

I Think About You Daily (ouça aqui), por sua vez, é uma balada introspectiva com belas passagens de cordas e uma letra emotiva e que certamente cativará os românticos de plantão.

A trinca de amostras se completa com Let The Sun Come In (ouça aqui), um rockão mais ardido que mostra Chrissie Hynde em ótima forma vocal no vigor de seus 71 anos de idade. A banda está atualmente na estrada, e seu show surpresa no badalado festival de Glastonbury contou com participações especiais de Johnny Marr e Dave Grohl.

A Love (clipe)- The Pretenders:

Liz Phair divulga single e lançará novo álbum após 11 longos anos

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Por Fabian Chacur

A cantora e compositora americana Liz Phair passou literalmente batida pela década passada. Agora, onze anos após o lançamento do CD Funstyle (2010), ela volta ao universo das músicas inéditas com fome de bola. Há pouco, ofereceu-nos Hey Lou (veja o clipe aqui), homenagem a Lou Reed e Laurie Anderson com clipe fofo estrelado por bonecos. Agora, é a vez do ótimo e pegajoso rock melódico Spanish Doors. E vem mais por aí. Seu novo álbum, Soberish, com 13 faixas (incluindo as duas já divulgadas), chegará ao mercado musical em 4 de junho via selo Chrysalis/(PIAS).

A artista americana que completou 54 anos no dia 17 de abril, chamou a atenção do público ligado em indie rock logo com seu álbum de estreia, Exile In Guyville (1993), produzido por Brad Wood, que se incumbiria da tarefa em outros dois trabalhos da cantora. E é exatamente ele quem volta a trabalhar com Liz, neste que é o 7º trabalho de estúdio dela.

Em comunicado enviado à imprensa, Liz Phair dá dicas sobre as inspirações que a levaram a Soberish:

“Encontrei minha inspiração para Soberish mergulhando na era inicial de meu desenvolvimento musical, meus anos de escola de arte passados ​​ouvindo art rock e new wave sem parar no meu walkman. The Beat, The Specials, Madness, R.E.M., Yazoo, The Psychedelic Furs, Talking Heads, Velvet Underground, Laurie Anderson e the Cars. A cidade ganhou vida para mim quando jovem, as bandas em meus fones de ouvido me deram coragem para explorar.”

Spanish Doors– Liz Phair:

Sheryl Crow esbanja talento e maduridade em trabalho ao vivo

sheryl crow blu ray cd 400x

Por Fabian Chacur

Quando o tema é grandes nomes femininos do rock, dificilmente alguém coloca Sheryl Crow no primeiro escalão. E isso é uma baita de uma injustiça. Algumas razões possíveis ficam por conta de a cantora, compositora e musicista americana ter perfil discreto, não apelar, não se deixar levar por modismos e ser uma fiel seguidora do rock and roll da escola Bob Dylan, Tom Petty, Eric Clapton e outros deste porte. A moça provou mais uma vez sua excelência em Live At The Capitol Theatre (2018), lançado no exterior no formato CD duplo+Blu-ray. Coisa finíssima!

O home vídeo, que integra atualmente a programação do canal a cabo brasileiro Bis, flagra Sheryl em gravação realizada no dia 10 de novembro de 2017 no imponente Capitol Theatre, em Port Chester, New York, local onde monstros sagrados do porte de Dylan, Clapton e o Grateful Dead se apresentaram, e onde ela nunca havia tocado antes. A cantora, então, encerrava a turnê de divulgação de seu mais recente álbum, Be Myself (2017).

Acompanhada por um sexteto caprichado no qual se destacam Peter Stroud (guitarra), Josh Grange (pedal steel guitar) e Jennifer Gunderman (teclados), a roqueira americana mostra sua desenvoltura se alternando entre violão, baixo e guitarra, além de cantar com uma voz potente e com assinatura própria que se mostra afiadíssima aos 55 anos (idade da cantora na época, pois em 11 de fevereiro ela completará 58 anos).

Com boa presença de palco e muita simpatia, Sheryl Crow realiza uma bela viagem pelos seus maiores hits, entre os quais All I Wanna Do, Leaving Las Vegas, If It Makes You Happy, a sublime releitura de The First Cut Is The Deepest (de Cat Stevens, hoje Yusuf) e Soak Up The Sun.

Seis faixas foram selecionadas de Be Yourself, todas ótimas, especialmente a canção que dá nome ao álbum, Atom Bomb e Halfway There. São 21 músicas que nos dão um belo panorama de uma carreira-solo que ultrapassou os 25 anos e é repleta de shows e discos de sucesso. Ela nos visitou em 1995, abrindo os shows de Elton John, e em 2001, no Rock in Rio, com performances impecáveis.

A grande lição que Sheryl Crow nos dá é que, sim, é possível seguir um rumo mais conservador em termos musicais sem necessariamente cair na mesmice ou na mera repetição de fórmulas já apresentadas anteriormente com sucesso. Basta ter o talento, a convicção e a segurança desta grande artista.

O vídeo também traz trechos de uma entrevista na qual a cantora fala sobre sua vida, incluindo a afirmação de que decidiu ter uma carreira-solo ao integrar a banda de Michael Jackson durante a turnê Bad, quando percebeu que gostaria de liderar seu próprio grupo. Vale lembrar que, naqueles shows, ela dividia o microfone com o chefão na música I Just Can’t Stop Loving You, fazendo ao vivo as partes de Siedah Garrett na gravação de estúdio.

All I Wanna Do (ao vivo)- Sheryl Crow:

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