Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Tag: cantores americanos anos 1980

Bruce Hornsby lança a versão Deluxe de seu álbum Spirit Trail

bruce hornsby 400x spirit trail

Por Fabian Chacur

Para quem só liga o nome de Bruce Hornsby ao megahit The Way It Is, de 1986 (ouça aqui), posso garantir que vocês só viram a ponta do iceberg. Sua carreira maravilhosa é repleta de grandes momentos, e um deles, o álbum Spirit Trail (1998) terá uma ediçao Deluxe lançada no dia 27 de outubro em vários formatos físicos e também nas plataformas digitais.

Spirit Trail 25th Anniversary Edition será disponibilizado no exterior em CD triplo e LP de vinil triplo. O repertório traz as 20 músicas do álbum original, 4 canções inéditas e 10 gravações ao vivo também nunca antes lançadas. Temos aqui por volta de 1h30 de música adicional, além de um livreto com 36 páginas com liner notes escritas pelo artista, as letras das músicas e fotos.

O álbum flagrou Hornsby em um momento bastante ousado de sua carreira, incorporando ao seu trabalho temas instrumentais, mais elementos de jazz. Por ser um álbum duplo e não muito divulgado, teve vendagens bem abaixo do habitual para ele, chegando apenas ao nº 146 nos EUA.

Curiosidade: Horsby já iniciou uma turnê para divulgar esse relançamento, e todos aqueles que comprarem ingressos ganharão como brinde a versão CD ou LP da 25th Anniversary Edition. Uma curiosidade: na época, a gravadora BMG optou por lançar em alguns países (inclusive Brasil) uma versão em formato CD simples, contendo 17 das 20 faixas do álbum original.

E para vocês não acharem que eu estou enchendo demais a bola deste cantor, compositor e exímio tecladista norte-americano, quantos músicos colaboraram com artistas de perfis tão distintos como Don Henley (dos Eagles), Chaka Khan, Grateful Dead, Pat Metheny e Ricky Scaggs? Façam esse favor a seus ouvidos, ouçam Bruce Hornsby. Vocês irão me agradecer e muito! Ah o velhinho bem-humorado na capa de Spirit Trail é um tio do músico, Charles Hornsby.

Living in the Sunshine– Bruce Hornsby:

George Benson celebra 80 anos como um dos nossos mestres

george benson 400x

Por Fabian Chacur

Nada melhor do que celebrar aniversários e parabenizar pessoas que você ama e que te fizeram bem de uma forma ou de outra. E, no dia em que completa 80 anos muito bem vividos, George Benson não poderia passar sem ser devidamente reverenciado por este humilde fã. Dos inúmeros artistas da área musical que eu curto, este cantor e guitarrista norte-americano é um dos meus favoritos desde sempre. Um craque do mais alto gabarito, capaz de te fazer rir, dançar e se emocionar.

Minha paixão pela música deste artista nascido em 22 de março de 1943 em Pittsburg, Pensilvania, teve início nos anos 1970, quando conheci suas brilhantes releituras de On Broadway (ouça aqui)- uma das faixas mais irresistivelmente dançantes de todos os tempos- e Love Ballad, onde romantismo e swing se casam de forma irreversível e linda.

A partir daquele momento, lá pelos idos de 1978, o poder cativante de Benson me pegou e não largou mais. Logo, fui atrás e descobri que ele, na verdade, tinha começado sua trajetória “apenas” como guitarrista de jazz, sendo considerado na metade dos anos 1960 um dos mais promissores na área. Com o tempo, no entanto, percebeu que também era bom como cantor, e aos poucos foi incluindo faixas com vocais nos seus discos, algo similar ao ocorrido com um de seus ídolos, Nat King Cole.

Graças a álbuns sublimes como The Other Side Of Abbey Road (1970), no qual relê faixas do célebre álbum dos Beatles, uma ousadia pelo fato de este trabalho ter sido lançado há pouco tempo na época, Benson foi aos poucos se aproximando do público pop, sem que isso significasse queda na qualidade de seu trabalho. Muito pelo contrário, vale ressaltar de forma enfática.

Em 1976, chegou a hora do estrelato, quando seu álbum Breezin’, o 15º lançado por ele até aquele momento, atingiu o topo da parada norte americana, impulsionada pela deliciosa faixa-título instrumental (ouça aqui) e especialmente por sua sublime releitura de This Mascarade (ouça aqui), que muitos conheceram com os Carpenters.

Nem é preciso dizer que os críticos e os jazzistas mais ranzinzas baixaram o cacete em Benson por essa ampliação de horizontes, mas felizmente ele não deu bola e procurou fazer apenas aquilo que o agradava, conseguindo dessa forma transmitir suas emoções positivas para todos nós.

Pronto. O mundo ganhava um astro pop de proporções mundiais, e Benson soube aproveitar com categoria essa fase de muito sucesso comercial e artístico, que durou até a metade dos anos 1980. Com direito a obras primas como o álbum Give Me The Night (1980) (ouça a faixa-título aqui), que inclui duas faixas do nosso Ivan Lins, entre elas Dinorah Dinorah (ouça aqui).

Vi George Benson ao vivo pela primeira vez em 1979, em um show simplesmente espetacular no antigo Palace, em São Paulo. O segundo conferido por este que vos tecla ocorreu em 2009 (leia a resenha aqui), com direito a orquestra, hits e músicas de Nat King Cole.

Se não repetiu mais o sucesso comercial dos 1970 e 1980, este vencedor de 10 troféus Grammy, o Oscar da música, manteve-se sempre ativo e em altíssimo nível, tanto em shows quanto em novas gravações. Bons exemplos são Givin’ It Up (2006), gravado em dupla com o grande cantor Al Jarreau (leia a resenha aqui) e Songs And Stories (2009- leia a resenha aqui).

Além de cantor de timbre doce e delicioso, repleto de swing e sensualidade, e de tocar guitarra com uma habilidade impressionante, George Benson sabe como poucos reler composições alheias. Se ele compõe pouco e raramente, incorpora sua alma e talento às canções de outros autores que grava, tornando-se assim praticamente um coautor dessas obras.

Como último elogio a esse artista que tanto amo, afirmo que sempre que me sinto com o astral mais baixo e preciso de uma dose de energia positiva, sempre apelo para os discos de George Benson. E, acreditem em mim, SEMPRE dá certo! As flores em vida para esse artista completo, e que ele permaneça conosco por muitos e muitos anos ainda, sempre com saúde e paz. Gratidão a ele!

Love Ballad- George Benson:

Richard Marx faz uma parceria com o grande Burt Bacharach

richard marx capa album 400x

Por Fabian Chacur

Há algumas colaborações que entram para o currículo de um artista em seu espaço mais nobre. É exatamente dessa forma que podemos classificar a canção Always, que marca a primeira parceria do cantor, compositor e músico estadunidense Richard Marx com Burt Bacharach, uma verdadeira lenda viva da música mundial. Trata-se de uma balada belíssima, gravada no melhor estilo voz, piano e cordas, e que é a primeira a ser trabalhada de Songwriter, mais novo álbum do astro, que acaba de sair.

Songwriter mostra Richard Marx investindo em composições próprias, sendo que algumas delas são divididas com parceiros ilustres. Além de Burt Bacharach, também escreveram com ele Matt Scannell (da banda Vertical Horizon, artista que se apresentou com ele no Brasil em 2010), Chris Daughtry (da banda Daughtry), David Hodges (ex-Evanescence), Darius Ruker (Hootie & The Blowfish) e Jason Wade (Lifehouse).

Marx estourou nos anos 1980 com canções marcantes como Hold On To The Nights,Satisfied e Right Here Waiting, e também nos anos 1990 com Keep Comin’ Back e Now And Forever. Seu som mistura rock, pop, r&b e country com muita categoria. Ele nos visitou pela primeira vez nos idos de 1994, aparecendo em programas de TV, e fez shows em 2010 e 2019.

Outro momento importante de sua carreira foi ter integrado a All Starr Band, de Ringo Starr, a partir de 2006, participando de vários shows ao lado do ex-beatle. Sobre a sua versatilidade em compor bem em vários estilos musicais, ele afirma: “A parte camaleão em mim como compositor sempre esteve lá e sempre foi natural”.

Always– Richard Marx:

Bruce Hornsby divulga single e anuncia álbum ‘Flicted para maio

bruce hornsby flictec capa-400x

Por Fabian Chacur

A parceria entre o cantor, compositor e músico Bruce Hornsby e o cineasta Spike Lee ultrapassa os 30 anos. Como forma de transformar em canções temas incidentais que compôs para filmes do diretor de Faça a Coisa Certa e outras obras-primas do cinema, o tecladista iniciou em 2019 uma trilogia com o álbum Absolute Zero (2019), prosseguida com Non-Secure Connection (2020) e que será encerrada em 27 de maio com o lançamento de ‘Flicted. A 1ª faixa deste novo trabalho acaba de ser divulgada, com direito a um belo clipe de animação.

Sidelines, escrita em parceria com Ezra Koenig, conhecido por liderar a ótima banda americana Vampire Weekend, é uma canção hipnótica e deliciosa, e conta com a participação especial do cantor e guitarrista Blake Mills. Uma amostra de alto calibre desse trabalho que soa promissor. Quem também participa do disco é Danielle Haim, da banda Haim, na faixa Days Ahead. Uma das marcas da trajetória de Bruce Hornsby é exatamente a sua capacidade de colaborar com músicos das mais diferentes áreas musicais, sempre com categoria e inspiração.

Outro destaque do álbum, que terá 12 faixas, é uma releitura bastante autoral e peculiar de Too Much Monkey Business, escrita e lançada pelo grande Chuck Berry em 1956. Aos 67 anos de idade, Bruce Hornsby estourou mundialmente em 1986 com o megahit The Way It Is, e desde então construiu uma obra sólida e criativa, enveredando por rock, country, soul, jazz, psicodelia e o que mais pintar. Um verdadeiro craque, que merecia ser mais conhecido pelo público brasileiro. Ele ainda não tocou por aqui, e espero que isso ocorra um dia!

Sidelines (clipe)- Bruce Hornsby & Blake Mills:

Kenny Rogers, embaixador da country music e um astro pop

kenny rogers-400x

Por Fabian Chacur

Um verdadeiro embaixador mundial da country music. Eis uma definição possível para o cantor, músico e eventual compositor Kenny Rogers, que nos deixou na noite desta sexta-feira (20) por causas naturais, conforme comunicado de sua família. Em uma carreira que teve início na segunda metade dos anos 1950 e se manteve até 2018, o astro americano nos deixou uma obra repleta de hits e na qual sempre demonstrou uma inquietude, acrescentando elementos sonoros diversos à música country.

Kenneth Ray Rogers nasceu em Houston, Texas, no dia 21 de agosto de 1938, e demonstrou interesse pela música logo aos quatro anos de idade, quando cantava em troca de moedas. Seu primeiro single solo, That Crazy Feeling, saiu em 1958, mas foi como integrante do grupo de jazz Bobby Doyle Three, no qual cantava e tocava baixo, que ele se destacou inicialmente. Em 1966, entrou no grupo folk New Christy Minstrels, também como baixista e vocalista, e não demorou para ver que, ali, não conseguiria dar vasão à sua criatividade.

Junto com outros integrantes do NCM, ele em 1967 lançou sua própria banda, The First Edition (depois renomeada como Kenny Rogers & The First Edition). E o primeiro hit veio em 1968 com o contundente single Just Dropped In (To See What Condition My Condition Is), um belo rock com pitadas psicodélicas que atingiu o posto de nº 5 na parada americana. Outro rock na mesma linha, Something’s Burning, ajudou a impulsioná-los.

Embora o grupo fizesse boas vocalizações e tivesse muita competência, era Rogers quem ficava com os holofotes, tocando baixo e cantando os principais hits, que também incluem canções de acento country como Ruby (Don’t Take Your Love To Town) e Reuben James. Nessa época, o cantor foi generoso a ponto de ter sido o mentor de um certo cantor, compositor e baterista de nome Don Henley, então um jovem desconhecido em busca de reconhecimento, que viria a partir de 1972 como integrante dos Eagles.

No final de 1975, para tristeza de Kenny, o The First Edition decidiu encerrar sua trajetória, tornando inevitável para ele encarar de uma vez por todas o desafio de uma carreira-solo. Desta vez mais próximo da música country, estourou em 1977 nesse mercado com a canção Lucille, e até o fim daquela década emplacou diversos outros hits, entre os quais The Gambler (que inspirou uma série de filmes de TV estrelados por ele) e Coward Of The County.

Foram as baladas românticas que o levaram a conquistar o público do mainstream, como She Believes In Me e You Decorated My Life. Em 1980, ele se sentiu repetitivo, e resolveu tentar uma nova experiência. “Nos anos 1960, Ray Charles gravou álbuns nos quais releu canções country com um acento soul; pensei, então, que seria uma boa ideia fazer o contrário, e convidei Lionel Richie para compor algo para mim”, relembrou o astro em entrevista contida no documentário The Journey, de 2006.

A parceria rendeu Lady, canção que atingiu o número 1 da parada americana no formato single e impulsionou o álbum na qual foi incluída, Greatest Hits (1980), a conseguir a mesma façanha. O ex-líder dos Commodores também produziria um álbum completo para o cantor americano, Share Your Love (1981), que atingiu o sexto posto na parada ianque.

Outra parceria bacana fora do universo country ocorreu com os Bee Gees. Barry Gibb foi o produtor de seu álbum Eyes That Seen In The Dark (1983), com direito à participação da banda. O disco gerou hits bacanas como You And I, This Woman e Islands Is The Stream, e atingiu o sexto posto nos EUA. Esta última, dueto com Dolly Parton, o levou de novo ao número 1 em sua terra natal.

Aliás, vale destacar a capacidade dele em gravar belos duetos com cantoras. A escocesa Sheena Easton, por exemplo, marca presença em We’ve Got Tonight (1983), matadora releitura de balada do roqueiro Bob Seger que atingiu o 6º posto nos EUA. Kim Carnes, que como ele também integrou os New Christ Minstrels, gravou com ele Don’t Fall In Love With a Dreamer (1980) e What About Me (1984, também inclui o cantor de r&b James Ingram).

Com a cantora country Dottie West a coisa foi ainda além, pois eles gravaram dois álbuns juntos, Every Time Two Fools Collide (1978) e Classics (1979). Ele repetiria a dose com Dolly Parton em Love Is Strange (1990, hit original de Mickey & Sylvia e regravado por Wings e muitos outros) e You Can’t Make Old Friends (2013). E ele gravou com a maravilhosa Gladys Knight em 1990 a música If I Knew Then What I Know Now.

Sempre inquieto, Kenny tem outros encontros bacanas em seu currículo. Seu álbum The Heart Of The Matter (1985), o último que emplacou no topo da parada country americana, teve produção do lendário George Martin, que produziu uma certa banda de Liverpool. Timepiece (1984) traz a releitura de standards da música americana e acompanhamento orquestral, com produção a cargo do consagrado David Foster.

Kenny Rogers se apresentou no Brasil em janeiro de 1991, no mesmo período em que estava sendo realizado o Rock in Rio, e por estar cobrindo o festival eu não tive a oportunidade de entrevistá-lo, nem de ver seu show em São Paulo.

Em 2006, ele lançou o álbum Waters & Bridges, que o colocou novamente nos primeiros postos da parada americana com hits como The Last Ten Years, I Can’t Unlove You e Calling Me, esta última um dueto com o discípulo Don Henley.

E já que falamos em Brasil há pouco, vale lembrar que I Can’t Unlove You (que o trouxe de volta ao top 20 americano) teve versão em português, Eu Não Sei Dizer Que Eu Não Te Amo, na qual a dupla Edson & Hudson conta com a participação (cantando em inglês) do próprio Kenny.

Os dois últimos álbuns de estúdio de Kenny foram You Can’t Make Old Friends (2013, de material inédito) e Once Again It’s Christmas (2015, álbum natalino, um dos vários que gravou em sua carreira). Em 2016, ele deu início à sua última turnê, intitulada The Gambler’s Last Deal, cujas última datas foram canceladas em abril de 2018 devido a problemas com sua saúde.

O último show dele em Nashville ocorreu em 25 de outubro de 2017, e não poderia ter sido melhor, pois contou com inúmeras participações especiais, incluindo as de Lionel Richie, Travis Tritt, The Judds, Kris Kristofferson, Alison Krauss, Lady Antebelum, Crystal Gayle, Reba McEntire e Dolly Parton.

A voz de Kenny Rogers é uma das mais facilmente reconhecíveis no universo da música pop, e a forma como ele interpretou as músicas que gravou sempre foi de forma muito personalizada e emotiva.

De quebra, seu carisma nos palcos explica o porque ele conseguiu se tornar um astro de proporções mundiais, vendendo milhões de discos e lotando ginásios e casas de shows pelos quatro cantos do planeta.

No já citado documentário The Journey (que saiu em DVD no Brasil via Coqueiro Verde Records), Kenny fez uma espécie de definição de como encarou sua incrível e bem-sucedida trajetória artística:

“Minha mãe me deixou como herança vários pensamentos simples, mas muito interessantes. Um deles fala sobre como é importante você curtir cada momento que vive, mas sem nunca se conformar ou se acomodar. Seria a receita da felicidade, para ela. E posso dizer que, durante a minha carreira, curti cada momento que vivi, mas nunca me conformei ou me acomodei, sempre buscando novos rumos”.

We’ve Got Tonight (live)- Kenny Rogers & Sheena Easton (uma das musicas favoritas da minha saudosa mãe Victoria, a quem dedico este post):

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑