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As incríveis aventuras do meu saudoso filhinho canino Jack

jack sosia

Por Fabian Chacur

“Você tem dono”. Com essa frase, dita em um dia de fevereiro de 2003, cumprimentei um cachorrinho preto com detalhes em branco que estava em frente ao portão da minha casa. Eu na época tinha o Yuri, um poodle grandão, e estava a caminho de uma reunião que poderia me render um trabalho mais do que necessário. A frase fazia sentido: ele usava uma coleirinha vermelha, sem indicação de dono, nome ou endereço. Mal sabia eu que aquele era um início…

Sim, o início de uma intensa e bela relação afetiva, que durou daquele mês até o dia 23 de agosto de 2016. Voltando ao ponto inicial, retornei à noite à minha casa, e aquele carinha pretinho continuava por ali. O curioso é que ele defendia a nossa porta de estranhos. Era uma quinta-feira. Aos poucos, ele foi ficando, ficando… Não aparecia ninguém a procura-lo. E na segunda-feira seguinte, a decisão: vamos ver se ele se dá com o Yuri. Cruzamos os dedos.

Vale lembrar que aquele poodle grandão havia passado por poucas e boas no finalzinho do ano anterior, e não parecia levar jeito de que viveria por muito mais tempo, ele que na época estava com uns 11 anos e pouco. “Quem sabe se uma companhia não o deixará melhor?”, argumentou a minha esposa. E, quando cheguei em casa naquela segunda-feira, não mais um, mas dois cachorros pulavam no portão, uma espécie de Chitãozinho & Xororó caninos, me esperando.

Os dois cãezinhos se entenderam muito bem, e isso pode explicar a sobrevida que Yuri teve, ficando conosco até julho de 2004, ou seja, pelo menos um ano e meio a mais do que imaginávamos inicialmente. Só por isso, já seria abençoada a chegada daquele carinha que escolheu a minha família para fazer parte dela. Quem o batizou foi a Virgínia, que por alguma razão achou que ele deveria se chamar Jack. E Jack aquele carinha passou a ser chamado.

Após a morte de seu parceiro, ficou uns seis meses como nosso único cãozinho, mas parecia triste, e aí fomos atrás de uma parceira, que chegou no dia 8 de janeiro de 2005, a Kelly, uma serelepe cachorrinha castrada de cor cinza, com pelinho duro e alguns detalhes com cor de palha. Pronto: viraram parceirinhos. E o nome dela derivou do dele: Jack, Kelly…The Osbournes!!! Uns bons anos depois, em 2010, ainda viria o Ozzy (leia sobre ele aqui).

Jack se mostrou um ser adorável. Bem-humorado, inteligente, carinhoso na medida e um ótimo guarda. Sempre dizia a ele, “você aprendeu com o melhor professor, o Yuri, lembra do seu amigo grandão?”, e aquela lindeza pretinha, o meu bebê pretinho, sempre me olhava com cara de quem sabia de quem eu estava falando. Seu latido forte sempre chamava a atenção para quaisquer movimentos na região de casa. Mas ele era bonzinho, não mordia ninguém.

Com o decorrer dos anos, ganhou pelinhos brancos, perdeu a visão dos dois olhos e ficou um pouco mais abatido, especialmente em seus últimos dois anos. Mas reagiu como um guerreiro, especialmente após ser tratado pelo adorável veterinário Eduardo, do Rio Pequeno, um cara que realmente está na profissão certa, pois trata dos bichinhos com uma atenção e carinho de como se fossem dele. Meu Jack ganhou sobrevida, e de forma emocionante aprendeu a se movimentar mesmo sem a visão. Era muito esperto o cara!

Aí, ele passou a não ser mais o meu bebê pretinho, tornando-se então meu bebê sênior. E isso porque eu ainda não sabia da história anterior dele. Pois acreditem se quiser: tipo em 2015, uma garota de uns 24 anos parou em frente de casa e perguntou para a minha esposa se aquele cachorrinho preto não tinha aparecido em casa com uma coleira vermelha. Sim, depois de 12 anos, enfim a dona de Jack (cujo nome inicial era algo como Fluke ou coisa que o valha) aparecia.

Ela nos contou que tinha vários cãezinhos, sendo que aquele pretinho era o mais levado. Que ele tinha emprenhado outras cachorrinhas e era pai de vários cachorrinhos. Que sumiu quando ela era criança, e que nunca mais foi encontrado. Ela, anos depois, até o viu na minha casa anterior (morei em duas casas na mesma rua, uma em frente à outra, em um período de 13 anos), mas a mãe achava que não poderia ser ele. Mas era. Segunda a garota, “Fluke” (na verdade, o meu Jack) tinha uns três anos quando fugiu.

Se ele ficou 13 anos comigo e já tinha três anos quando apareceu, ele então estava com uns 16 anos de idade. Um verdadeiro Highlander canino! Só que, infelizmente, esse ser adorável acordou mal naquele fatídico 23 de agosto, e antes que fosse possível leva-lo a um veterinário, ele nos deixou. A dor foi tão grande, e continua tão grande, que só agora fui capaz de escrever esse texto para ele. Demorou, querido, mas está aqui. E nunca mais irei me esquecer de Jack, o cãozinho que me escolheu como dono. Como me sinto honrado por causa disso!

obs.: a foto que ilustra esse post não é dele. Infelizmente não tenho à mão nenhuma foto desse anjinho canino. Mas esse cachorro paranaense parece demais com ele. Vá com Deus, meu amor, e não se iluda: nunca irei me esquecer de você. E 13 anos foram pouco tempo para a gente se relacionar. Muita, muita, mas muita saudade mesmo!

The Jack– AC/DC:

Jack’s Lament Song– The Nightmare Before Christmas:

Jumpin’ Jack Flash– The Rolling Stones:

Um tributo para meu grande e saudoso amigo e anjo Ozzy

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Por Fabian Chacur

Em uma sexta-feira do mês de março de 2010, cheguei em minha casa após um dia duro de trabalho, abri a porta e me deparei com uma cena inesperada. Minha esposa, Virgínia, estava com um cãozinho novo no colo, cercada pelos nossos dois outros pets, Jack e Kelly, provavelmente tão surpresos como eu. “Mais um cachorro?”, foi a minha expressão, naquele momento. Afinal, cuidar de dois era prazeroso, mas difícil. Imagine de três…

A ideia era ficar com ele só no final de semana, e depois tentar encontrar alguém para adotá-lo. A minha ideia, pelo menos. Só que, naquelas 48 horas, aquela bolinha de pelos pretos, com adoráveis patinhas brancas, tomou conta do meu coração. “Quer saber? Vamos adotá-lo, seja o que Deus quiser”. Surgia um novo integrante na família Almeida Prado Chacur. Que em pouco tempo conquistou seu espaço no coração de seus donos, quer dizer, pais.

Virgínia se recusava a chama-lo de cachorro. “Ele não é um cachorro, é uma pessoinha”, disse, pela primeira vez, poucos dias após o novo morador daquela casa na Vila Gomes, em São Paulo, ter literalmente tomado conta do pedaço. Dormia na nossa cama, esbanjava carinho, era amoroso de uma forma simplesmente deliciosa. Capaz de perceber quando seus papais adotivos estavam tristes e precisando de um afago mais caprichado, uma lambida, um carinho.

Foram seis anos e alguns meses, repletos de boas lembranças. Da comida de envelopinho que ele comia com gosto, mas que eu precisava dar fazendo toda uma encenação para que, enfim, ele se dignasse a mastigar. Com as salsichas do jantar era muito mais fácil, obviamente… Ozzy, o nome, foi sugerido por alguém do trabalho da Virgínia, por associação aos nomes Jack e Kelly, e também pelo fato de ela ser fã incondicional do vocalista do Black Sabbath.

Pois a única certeza existente na vida é o seu fim. E o encerramento dessa parceria maravilhosa entre eu, Virgínia e Ozzy se encerrou nesse desde já lamentável 6 de julho de 2016. E de forma trágica. Nós, que tanto cuidávamos e tanto ficávamos atentos a ele, não conseguimos impedir que ele fosse atropelado por um carro, na noite desta quarta (6). E um ser que só nos trouxe alegria enfim nos fez chorar. Choro que está prosseguindo nessas últimas horas, e que não irá parar tão cedo.

Sou calejado nessa história de perdas, pois minha mãe, meu pai e meu irmão me deixaram em um espaço de menos de três anos, entre 1996 e 1999, sendo que entre meu pai e meu irmão, foram só três meses. A lista vai longe, algo natural para quem tem 54 anos de idade, como eu. Mas essa perda agora dói demais, especialmente pelo fato de não ter sido por causas naturais. A gente fica se culpando o tempo todo, sendo que, como diriam os árabes em sua bela filosofia, “maktub” (estava escrito).

Essa dor imensa que nesse momento me toma nunca irá passar, como não passou a da perda dos meus entes queridos e mesmo do meu amado cão Yuri (1991-2004), outro anjo de patas que passou pela minha vida. A gente apenas aprende a lidar com ela. Só isso. Pois a vida segue em frente, quer a gente queira, quer não. Ozzy, obrigado por tudo, meu parceirinho, meu lobinho, meu amor. Que Deus tenha reservado projetos lindos para você. E obrigado por ter existido. Você foi um sonho lindo, do qual acordei nesse triste 6 de julho….

obs.: escrevi vários textos como esse aqui com ele no meu colo. O do A Cor do Som publicado neste blog foi o último deles…

Tears In Heaven– Eric Clapton:


In My Life– Ozzy Osbourne:

Canção da América– Milton Nascimento:

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