carolina saboya cd-400xPor Fabian Chacur

Existe uma velha discussão entre os fãs de música quando o assunto é cantar. Para alguns, só vale aquele que tem o chamado vozeirão, que é adepto do “dó de peito”, com características quase operísticas. Para outros, o que vale é a sutileza, sem exageros e com requinte cirúrgico. Na verdade, não há fórmula, é aquela história daquele antigo comercial: existem mil maneiras de se preparar Neston, invente a sua. E Carol Saboya faz isso muito bem em seu CD Carolina.

Nascida no Rio de Janeiro, Carol Saboya começou a cantar aos oito anos de idade. Morou nos EUA de 1989 a 1991, participou do célebre CD Brasileiro, de Sergio Mendes, e gravou Dança da Voz, primeiro trabalho solo, em 1998. Desde então, lançou mais de dez álbuns, alguns deles nos EUA e Japão, além de fazer inúmeros shows. Dessa forma, aperfeiçoou o seu canto, tornando-se uma profissional de alto nível.

Carolina, o CD, traz dez composições alheias selecionadas pela artista de modo a apresentar um pouco de suas influências no cenário musical. O quadro é amplo, e abrange autores que vão de Pixinguinha a Sting, passando por Beatles, João Bosco, Edu Lobo, Tom Jobim, Djavan e Chico Buarque. A escolha é bem personalizada, com direito a Passarim, Fragile, Hello Goodbye, Avião e Zanzibar, entre outras. Bom gosto e fuga ao óbvio.

Dois fatos dão ao disco uma estrutura sólida em termos de criação e concretização, tornando-o impecável. Um é a capacidade interpretativa de Carol, que canta suave, sim, mas sem cair na monotonia, mostrando-se expressiva e sutil e aproveitando bem cada palavra das letras, ou no caso da fantástica Zanzibar (do genial Edu Lobo), valendo-se com classe dos vocalizes/scats da gravação original sem cair na imitação.

O outro ponto chave de Carolina, o CD, é o elenco escalado para acompanha-la. No piano e arranjos, temos o mestre Antônio Adolfo, que é pai da moça. Nas outras posições, os craques Marcelo Martins (sopros), Jorge Helder (baixo), Rafael Barata (bateria) e André Siqueira (percussão), com participação especial de Claudio Spiewak na faixa Faltando Um Pedaço. Juntos, eles fazem uma sonoridade swingada, pura bossa jazz que proporciona a moldura perfeita para a voz de Carol.

A capacidade que Antônio Adolfo tem de mesclar a sofisticação e a acessibilidade sonora na sua forma de arranjar e tocar dão o tom ao disco. Mas de nada valeria se Carol não fosse uma intérprete tão capacitada e talentosa. Carolina (que é seu nome de batismo) é um trabalho que celebra a música brasileira e internacional sem cair na mesmice, prova de que em pleno 2016 há ainda muita coisa boa a se ouvir dessa fonte inesgotável chamada MPB.

Passarim– Carol Saboya:

Sá Marina – Carol Saboya e Antonio Adolfo:

Leve– Carol Saboya: