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Primavera nos Dentes mostra remake de Secos & Molhados

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Por Fabian Chacur

Nada melhor do que presenciar uma banda composta por músicos experientes e talentosos pegar um repertório consagrado e muito bem formatado, como o do Secos & Molhados, e dar a ele novas e criativas feições. É isso o que o Primavera nos Dentes nos ofereceu em seu ótimo trabalho de estreia, de 2017. Ele se apresentam em São Paulo nesta quinta (22) e sexta (23) às 21h no Sesc Pompeia (rua Clélia, nº 93- Pompéia- fone 0xx11-3871-7700), com ingressos de R$ 9,00 a R$ 30,00.

O projeto Primavera nos Dentes surgiu em 2016, e tem como integrantes Charles Gavin (bateria, ex-Titãs), Paulo Rafael (guitarra, ex-Ave Sangria e braço direito há mais de 40 anos de Alceu Valença), Duda Brack (vocal), Felipe Pacheco Ventura (violino e guitarra) e Pedro Coelho (baixo). O seu álbum de estreia, lançado em CD, vinil e versão digital pela gravadora Deck, traz onze canções extraídas dos dois primeiros álbuns de estúdio dos Secos & Molhados, lançados em 1973 e 1974 com a sua formação original.

Os ótimos remakes das canções do lendário trio setentista serão tocadas pelo quinteto carioca em seus dois shows no Sesc Pompeia, entre os quais Sangue Latino, Rosa de Hiroshima, Fala, O Vira, O Patrão Nosso de Cada Dia e Primavera nos Dentes (faixa que batizou a banda). Também está no repertório uma músicas que não entrou no disco deles, El Rey, integrante do álbum de 1974 dos S&M.

Primavera nos Dentes- ouça o álbum em streaming:

Primavera nos Dentes lançará seu primeiro álbum em breve

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Por Fabian Chacur

Charles Gavin, ex-baterista dos Titãs e apresentador do programa do Canal Brasil O Som do Vinil, voltará em breve ao mundo do disco com um novo projeto. Trata-se do Primavera Nos Dentes, cujo objetivo é a releitura de músicas dos Secos & Molhados. O trabalho sairá via gravadora Deck a partir do fim deste mês, nos formatos vinil e digital.

Além de Gavin, o time conta com o lendário guitarrista Paulo Rafael (Alceu Valença e Ave Sangria), Duda Brack (vocal), Pedro Coelho (baixo, de Cassia Eller- O Musical e Dona Joana) e Felipe Ventura (violino e guitarra, de Xôo e Cícero). Foram aproximadamente um ano e meio de ensaios e gravações de demos. A ideia era começar pelos shows, mas o produtor Rafael Ramos (Pitty, Titãs, Vanguart) ouviu uma das demos, gostou e os convidou para gravar.

“A sonoridade e os arranjos se distanciaram bastante dos originais, diria que cada versão que fizemos tem a assinatura de cada um de nós. Também foi surpreendente constatar o fato de que a poesia das letras permanece extremamente atual e assertiva após décadas, deliciosamente doce e ácida, ingênua e politizada ao mesmo tempo, conectando-se com pessoas de qualquer geração e qualquer lugar”, comenta Charles Gavin. Primavera nos Dentes é uma das faixas do álbum de estreia dos Secos & Molhados, lançado em 1973.

Primavera nos Dentes– Secos e Molhados:

Conheça o genial músico Arthur Verocai

Por Fabian Chacur

Arthur Verocai tem um daqueles currículos invejáveis. O cantor, compositor, músico, maestro e arranjador carioca já trabalhou com nomes do naipe de Ivan Lins, Jorge Ben Jor, Erasmo Carlos, Gal Costa, Célia, MPB-4, Marcos Valle, Marlene e inúmeros outros.

Nascido no Rio em 17 de junho de 1945, Verocai iniciou sua trajetória musical em meados dos anos 1960, e teve a honra de ver uma de suas composições, Um Novo Rumo, defendida em um festival universitário por ninguém menos do que Elis Regina no ano de 1968.

Em 1972, ele lançou seu primeiro álbum solo, autointitulado. Na época, o disco, que oferecia uma belíssima e original fusão de MPB, soul, jazz e muito mais, obteve pouquíssima repercussão, o que levou Verocai a aos poucos deixar o cenário da música popular, dedicando-se aos jingles publicitários.

No início dos anos 90, no entanto, o público internacional, especialmente o europeu e o japonês, descobriu essa verdadeira relíquia, que não só virou um dos discos mais valiosos da MPB como também foi sampleado por artistas como o astro do rhythm and blues americano Ludacris em seu hit Do The Right Thang, de 2006.

A repercussão de Arthur Verocai, o álbum, também lhe valeu o convite para um concerto realizado nos EUA em 2009 no qual apresentou as faixas do disco e outras, em esquema luxuoso com direito a 30 músicos e gravação em DVD.

Graças à iniciativa do ex-titã Charles Gavin, enfim esse trabalho mitológico volta ao mercado fonográfico, nos formatos CD e vinil e disponível apenas nas lojas da Livraria Cultura, que bancou o projeto com exclusividade.

Nesta entrevista feita por e-mail por Mondo Pop, Verocai nos fala um pouco sobre sua carreira, projetos etc.

Mondo Pop – Como foi que a música entrou na sua vida? Sua família tem tradição musical? E quais artistas você ouvia em sua infância/adolescência? Qual a origem do seu sobrenome?
Arthur Verocai – Meu bisavô, Aniceto Verocai, imigrou da Itália(mais precisamente de Cortina d’Ampezo) para o Brasil em 1881. Minha casa sempre tinha música e instrumentos como violão, gaita cavaco e flautas caseiras. Ouvia muitos discos de vários estilos e também a Rádio Nacional, sendo que depois veio a TV.

Mondo Pop- Você teve a música Um Novo Rumo defendida por Elis Regina em um festival no Rio em 1968. Como foi esse contato com ela, e como você avalia a importância da Pimentinha, que nos deixou há 30 anos?
Arthur Verocai – Elis foi “apenas” a maior intérprete da música brasileira de todos os tempos. Foi uma honra e muita felicidade ter uma canção interpretada por ela. O festival foi realizado pela TV Tupi, que na época tinha Elis como sua contratada. Deram as quatro músicas mais votadas na fase de seleção para ela escolher e tive a sorte de ela ter optado por Um Novo Rumo.

Mondo Pop – Você participou de forma decisiva dos primeiros discos de Ivan Lins, tendo feito arranjos, tocado e até composto em parceria com ele. Como e quando você conheceu o Ivan, e qual a importância dessa parceria para a sua carreira?
Arthur Verocai – Naquele tempo havia um encontro da galera musical, gerando um intercâmbio muito bom. Já estava fazendo arranjos na gravadora Philips do Brasil (n.da r.:hoje, Universal Music) quando eu e o produtor e meu parceiro musical Paulinho Tapajós chamamos o Ivan para fazer seu primeiro disco, o Agora (1970).

Mondo Pop – Quando surgiu o convite para a gravação do seu primeiro disco solo, você já era uma espécie de jovem veterano aos 27 anos, pois já havia trabalhado com muita gente do primeiríssimo escalão da MPB. Já havia ocorrido algum convite anterior para gravar um trabalho seu ou esse foi o primeiro?
Arthur Verocai: A gravadora Continental (n.da.r: hoje seu acervo faz parte da gravadora Warner Music) foi quem fez o primeiro convite.

Mondo Pop – Oito das dez músicas de Arthur Verocai (o disco) foram escritas por você em parceria com Vitor Martins. A Célia já havia gravado músicas de vocês. Como e quando vocês se conheceram, quantas músicas vocês escreveram juntos e qual a importância dessa parceria para a sua carreira? É verdade que você apresentou o Vitor ao Ivan Lins?
Arthur Verocai – A Minha parceria com o Vitor Martins é anterior à dele com o Ivan. Quando fomos gravar o disco Modo Livre (1974), que marcou a estreia do Ivan na RCA (n.da r.: cujo acervo hoje pertence à Sony Music), o Vitor era diretor artístico daquela gravadora e dei a maior força para a nova parceria, que começou justamente naquele disco com a música Abre Alas.

Mondo Pop – O LP Arthur Verocai contou com a participação de inúmeros músicos do primeiro escalão. Deve ter sido um disco caro em termos de produção. A gravadora topou essa estrutura para gravar o álbum logo de cara? E como foi a seleção desses músicos? Pergunto isso pelo fato de você ter dado espaços generosos para os músicos que participaram do seu trabalho, sem apontar todos os holofotes para si próprio.
Arthur Verocai – Quando recebi o convite da Continental, minha única exigência foi a de ter liberdade total para gravar o meu disco do jeito que eu quisesse. Eles toparam logo de cara, e aí escolhi os músicos que poderiam se encaixar naquele trabalho.

Mondo Pop – Quando o disco saiu, como foi o esforço da então Continental para divulgar o trabalho? Você fez shows para divulga-lo, deu entrevistas, saiu alguma crítica em jornais e revistas?
Arthur Verocai – A gravadora não fez nenhum esforço e não fiz nenhum show para divulgá-lo. Houve uma crítica publicada no JB (Jornal do Brasil) assinada pelo Júlio Hungria.

Mondo Pop – Como você ficou visto no meio musical após o lançamento deste álbum? Diminuiram os convites para participar de outros trabalhos como músico, arranjador etc? Rolou algum tipo de preconceito por não ter sido um disco campeão de vendagens?
Arthur Verocai – Fiquei um pouco de mãos atadas para escrever novas canções e arranjos, uma vez que o que gostava de fazer não se enquadrava no mercado fonográfico da época.

Mondo Pop – Gostaria que você falasse um pouco de como foi o seu trabalho no mercado de jingles publicitários e de como foi que você entrou nessa área. Como avalia essa experiência, quais foram os mais conhecidos, se esse trabalho te proporcionou sobreviver dignamente.
Arthur Verocai – Cofrinho da Delfim (divulgando a caderneta de poupança da hoje instinta instituição bancária Delfim), Fanta Laranja, dois jingles para a Petrobrás das copas do mundo de futebol de 1990 e 1994 etc. Criei meus filhos com a música que fiz para a publicidade muito bem, obrigado.

Mondo Pop – Quando e como você descobriu pela primeira vez que o seu primeiro disco solo estava sendo alvo de um culto no exterior? Isso te surpreendeu?
Arthur Verocai – Foi na década de 1990, e fiquei surpreso.

Mondo Pop – Quando foi lançado, o álbum Clube da Esquina também foi inicialmente rejeitado por público e crítica. Alguns anos depois, o próprio Milton Nascimento afirmou que esse disco tinha ido “de porcaria a antológico” (palavras dele) na opinião da crítica, sem negar o seu ressentimento em relação a essa reação negativa inicial. Como você encarou a pouca repercussão de seu primeiro disco? Imaginava que um dia esse quadro se alteraria, como de fato se alterou?
Arthur Verocai – Não poderia imaginar.

Mondo Pop – Antes de ser relançado no Brasil, seu disco de estreia foi lançado no exterior, e trechos de suas músicas foram sampleados por artistas como Ludacris. Você recebe royalties por isso?
Arthur Verocai – ——- (n.da.r: uma forma delicada de dizer que certamente ele não recebeu nada…)

Mondo Pop – Onde foi feita a foto da belíssima capa de seu disco de estreia, em 1972?
Arthur Verocai – Esta casa ficava pertinho da minha casa aqui no Humaitá, no Rio. Era uma gráfica do tempo do Império, e estava abandonada naquela época. Foi o fotógrafo Fernando Bergamaschi quem me levou até lá e fez a foto.

Mondo Pop -Fale sobre os seus próximos projetos-shows, discos, DVDs etc
Arthur Verocai – Pretendo realizar um concerto para violão e orquestra já escrito por mim, além de gravar um novo album DVD.

Ouça Presente Grego, com Arthur Verocai:

Ouça Caboclo,com Arthur Verocai:

Enfim sai em CD no Brasil Arthur Verocai

Por Fabian Chacur

Nunca havia ouvido falar em Arthur Verocai até ver o seu álbum de estreia enfocado em uma edição do excelente programa O Som do Vinil, de Charles Gavin, em 2010. Confesso que fiquei fascinado pela história daquele disco.

Em 1972, o cantor, compositor e músico Arthur Verocai já era um jovem veterano. Aos 27 anos na época, tinha feito arranjos e tocado com artistas do naipe de Ivan Lins, Elis Regina, Jorge Ben, Gal Costa e muito mais gente.

Naquele ano, ele recebeu o convite para gravar seu primeiro trabalho como solista pela gravadora Continental, e recebeu toda a liberdade para fazer o que quisesse. Resultado: um álbum elaborado, criativo, muito bem gravado, que acabou fracassando miseravelmente em termos comerciais.

Arthur Verocai, o álbum, saiu no mesmo ano de outro disco que inicialmente também se deu mal nas paradas de sucesso, o sublime Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges. O fato é que Verocai tem em Milton uma de suas principais influências, além de Frank Zappa, bossa nova, música erudita, soul music, jazz e muito mais.

Se fracassou no Brasil, o trabalho de estreia do compositor acabou sendo alvo de um culto no exterior a partir do fim dos anos 80/início dos 90 em países como Japão e Estados Unidos. Algumas de suas músicas foram sampleadas por rappers como Ludacris, entre (muitos) outros.

Tanto que o álbum acabou sendo relançado muito antes nesses países. Só agora volta às lojas brasileiras, pela primeira vez no formato CD, graças ao Selo Cultura, da Livraria Cultura, e do mesmo Charles Gavin.

Arthur Verocai, o CD, é daquele tipo de disco que vai te hipnotizando aos poucos.Tanto que só agora, aproximadamente dois meses após comprar o meu exemplar, é que me atrevo a escrever sobre ele. É muita beleza, emoção e criatividade em uma única obra. Obra-prima!

Trata-se de um trabalho com 10 músicas não menos do que brilhantes, que reúnem um time excepcional de músicos comandados por Verocai, numa espécie de “disco de produtor” no espírito daqueles feitos por Quincy Jones.

Folk na linha Clube da Esquina em Caboclo e Dedicada a Ela, samba funk em Pelas Sombras e Presente Grego, balada soul em Na Boca do Sol, free jazz rock em Karina (Domingo no Grajaú), bossa nova renovada em O Mapa e Seriado (esta com vocal principal de Célia) cada faixa equivale a uma viagem musical completa e repleta de nuances instrumentais e vocais. Os arranjos de metais e cordas são simplesmente sublimes, de arrepiar mesmo.

Cada nova audição deste álbum corresponde à descoberta de novos detalhes sonoros, de novas emoções, de novos versos. Embora com forte ênfase instrumental, os vocais do disco são muito bacanas, sendo que oito das dez letras levam a assinatura de um de meus ídolos máximos, o genial Vitor Martins, dois anos antes de ele iniciar sua parceria com Ivan Lins.

O CD de estreia de Arthur Verocai equivale a um desses mergulhos de cabeça nas inúmeras possibilidades oferecidas pela música. Consegue a rara façanha de ser extremamente sofisticado e ao mesmo tempo acessível para aqueles dotados de sensibilidade e bom gosto. Um disco que não merecia ter sido esquecido, e que, felizmente, graças a essas voltas malucas que a vida dá, está aqui de novo para ser descoberto por felizardos como eu….e você!

Programa O Som do Vinil sobre o álbum Arthur Verocai:

Caboclo, com Arthur Verocai:

Presente Grego, com Arthur Verocai:

Vejam os ótimos O Zoombido e O Som do Vinil

Por Fabian Chacur

Infelizmente, existem na televisão brasileira menos programas de qualidade sobre músicas do que gostaríamos. A maioria só quer saber de modinhas, de superficialidades e de gente dublando músicas. Sendo assim, sinto-me na obrigação de recomendar dois excelentes atrações que estão na grade do Canal Brasil, infelizmente só disponível para quem pode pagar tevê a cabo.

Zoombido estreou em maio a sua quarta temporada. Apresentado por Paulinho Moska, é exibido pelo canal às quintas (21h30), sextas (16h) e sábados (13h). O apresentador é cantor, compositor e músico, e parte de uma ideia simples, porém muito bem realizada.

Em bate papos sempre descontraídos, Moska procura saber de seus convidados, sempre compositores do primeiro escalão da nossa música, detalhes sobre o início de carreira, como ocorrem as suas relações com a música e coisas assim. Geralmente, o entrevistado canta duas músicas sozinho, e divide uma terceira com o apresentador.

O cenário é sempre o mesmo, uma espécie de sala de estar na qual entrevistado e entrevistador ficam sentados, com violão à mão. Moska esbanja simpatia e carisma, e faz com que o papo seja sempre interessante.

Destaco a abertura, na qual uma música falando exatamente sobre o ato de compor é interpretada por vários de seus entrevistados, um verso cada, gente do gabarito de Guilherme Arantes, Kiko Zambianchi, Herbert Vianna, Danilo Caymmi e Evandro Mesquita. Uma delícia de se ver e ouvir.

O Som do Vinil, que pode ser conferido às sextas (21h30) e sábados (13h30) tem como mestre de cerimônias Charles Gavin (foto), ex-baterista dos Titãs e um dos responsáveis, nos anos 90 e 2000, por dezenas (centenas, na verdade) de resgates de discos seminais na história da música tupiniquim.

Inspirado nessa sua tarefa admirável e também no genial Classic Albums da Castle Rock (que conta a história de clássicos do rock mundial), ele entrevistas pessoas envolvidas na gravação de alguns desses álbuns memoráveis da música brasileira, com direito a entrevistas com os músicos, produtores, compositores etc.

Já estiveram por lá Lulu Santos, Ivan Lins, Lenine, Lady Zu, Dóris Monteiro e diversos outros, sempre com direito a muitas informações de bastidores, entrevistas bem conduzidas e uma leveza bem adequada.

Lógico que Classic Albums é muito melhor, mas especialmente porque tem mais tempo (uma hora cada episódio, contra meia horinha da atração brasileira) e mais recursos financeiros a seu favor. Mas Gavin se vira muito bem com o que tem em mãos.

Ver sempre esses dois programas e ajudá-los a ter boa audiência é fazer uma profissão de fé na qualidade dos programas musicas da tevê brasileira, e também de incentivar a criação de outros do mesmo alto nível.

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