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Burt Bacharach, 94 anos, o dia em que a boa música morreu

burt bacharach 400x

Por Fabian Chacur

Em 3 de fevereiro de 1959, Ritchie Vallens, Buddy Holly e The Big Bopper se foram, vítimas de um acidente aéreo, e esse dia foi apelidado de “o dia em que a música morreu”. Essa frase me veio à mente logo ao receber a notícia de que em 8 de fevereiro deste 2023 nos deixou o compositor, arranjador, produtor, maestro, cantor e músico estadunidense Burt Bacharach. Sua morte foi anunciada nesta quinta (9), e ocorreu por causas naturais. Um duro golpe para os amantes da boa música.

Ter essa informação doeu ainda mais pelo fato de que Bacharach permanecia na ativa, tendo lançado em 2020 o EP Blue Umbrella em parceria com o compositor e multi-instrumentista Daniel Tashian e no fim do ano passado ver sua parceria com o cantor e compositor Richard Marx lançada em um álbum daquele (leia mais sobre isso aqui).

Nascido em 12 de maio de 1928 em Kansas, nos EUA, Burt Bacharach iniciou sua carreira nos anos 50, e encontrou sua cara metade em termos artísticos ao conhecer o saudoso letrista Hal David, morto em setembro de 2012 (leia mais sobre ele aqui).

Juntos, Bacharach e David compuseram inúmeros sucessos do mais alto quilate, entre os quais Anyone Who Had a Heart (ouça aqui), Mexican Divorce, (They Long To Be) Close To You (ouça aqui), Walk On By (ouça aqui), Raindrops Keep Falling On My Head (ouça aqui), Reach Out For Me (ouça aqui), Baby It’s You (ouça aqui) e I Saw a Little Prayer (ouça aqui), só para citar alguns, gravados por grandes nomes da música.

Entre muitos outros, gravaram músicas de Burt Bacharach artistas como Beatles, Dionne Warwick (provavelmente sua maior intérprete), B.J. Thomas, Dusty Springfield, Carpenters e Christopher Cross. Ele também gravou diversos álbuns com a sua própria orquestra, com sublimes versões autorais de seu repertório, algumas instrumentais, outras com vocais.

Com melodias insinuantes, arranjos sempre classudos e as letras muito inspiradas e originais, a dupla Bacharach/David entrou para os anais da música pop graças às suas criações dos anos 1960 e 1970. Nos anos 1980, Bacharach se manteve nas paradas de sucesso compondo com outros autores canções marcantes como Arthur’s Theme ( Best That You Can Do) (ouça aqui) e On My Own (ouça aqui).

Bacharach voltou às paradas de sucesso nos anos 90 ao gravar o álbum Painted From Memory (1998) em parceria com o roqueiro britânico Elvis Costelo, álbum que inclui uma de suas mais inspiradas canções, God Give Me Strenght (ouça aqui). Burt lançou em 2013 sua autobiografia, Anyone Who Had a Heart, lançada pela editora Harper-Collins.

O grande músico esteve várias vezes no Brasil, sendo que a primeira foi no final dos anos 1950, quando era o band leader da cantora e atriz Marlene Dietrich, visita que gerou o álbum ao vivo Dietrich In Rio (1959). Ele participou do trabalho de diversos artistas e gravou álbuns colaborativos, entre os quais o sublime Isley Meets Bacharach- Here I Am (2003), com Ronald Isley, cantor dos Isley Brothers.

Em sua brilhante carreira, Burt Bacharach provou que, sim, é possível fazer música popular e vender milhões de discos em todo o planeta fazendo um trabalho altamente sofisticado e com qualidade artística absurda. Logo, não é exagerado dizer que a música morreu um pouco neste triste dia de fevereiro. Nossa sorte é poder nos consolar com seu imenso legado artista.

*obs.: essa matéria é dedicada ao saudoso jornalista, radialista e crítico musical Toninho Spessoto (1958-2010), o maior fã e especialista em Burt Bacharach que conheci na minha vida e que teve a honra de entrevistá-lo! Além de tudo, um grande amigo que faz uma falta danada, vale ressaltar.

Mexican Divorce– Burt Bacharach:

Mac Davis, 78 anos, um craque que acreditava muito na música

mac davis

Por Fabian Chacur

Um dos primeiros compactos simples de vinil que comprei na vida foi I Believe In Music, do grupo americano Gallery, música que me encanta até hoje. Essa foi a minha porta de entrada para o trabalho de Mac Davis, autor dessa e de inúmeras outras canções maravilhosas, dos anos 1960 até há pouco. Ele nos deixou nesta terça-feira (29) aos 78 anos, e nos deixou um legado de alguém que acreditava na música e sabia fazê-la com talento, sensibilidade e senso pop.

Nascido em 21 de janeiro de 1942 na cidade de Lubbock, Texas, a mesma do lendário Buddy Holly, Mac curiosamente deu o pontapé inicial em sua carreira musical quando saiu de lá para morar em Atlanta. Ele gravou dois singles com o grupo The Zots e trabalhou como manager regional da Liberty Records.

As coisas começaram a tomar rumo para ele ao ser contratado pela Boots Enterprises Inc, da cantora Nancy Sinatra. Além de participar dos discos da filha do velho e genial Frank, Mac também começou a mostrar as suas composições para outros intérpretes, e não poderia ter se dado melhor.

Afinal de contas, Mac conseguiu atrair a atenção de ninguém menos do que Elvis Presley. Entre outras canções de autoria do nosso herói, o Rei do Rock imortalizou maravilhas como In The Ghetto (ouça aqui), A Little Less Conversation (que ganharia ainda mais sucesso em um remix, no início deste século, ouça aqui), Memories, Don’t Cry Daddy e Clean Up Your Own Backyard .

Um dos primeiros hits de Kenny Rogers, quando ele integrava o grupo The First Edition, a incrível Something’s Burning (ouça aqui), também leva a assinatura de Mac Davis. Isso abriu as portas para sua própria carreira como intérprete, que teve início em 1970 com o álbum Song Painter (1970).

Em 1971, sai seu segundo disco solo, I Believe In Music. A faixa-título atraiu as atenções de diversos outros intérpretes. Além do Gallery, que chegou ao Top 30 com a sua releitura, a definitiva na minha opinião, temos outras boas gravações desta música com B.J. Thomas, Louis Jordan, Perry Como e Helen Reddy.

A fama como compositor abriu-lhe as portas para também ser bem-sucedido como intérprete, e isso ocorreu com força total graças à canção Baby Don’t Get Hooked On Me (ouça aqui), que em 1972 atingiu o topo da parada americana. Outros hits em sua voz foram One Hell Of as Woman e Stop And Smell The Roses.

Com o tempo, Mac Davis passou a fazer muito mais sucesso na cena country, na qual emplacou diversos outros álbuns e canções de sucesso. A ponto de, em 2000, ter sido nomeado para o Nashville Songwriters Hall Of Fame. De quebra, ainda ganhou uma estrela na cultuada Calçada da Fama, em Hollywood.

Essa segunda condecoração veio pelo fato de, a partir da metade dos anos 1970, Mac ter iniciado uma carreira como ator. Em 1979, por exemplo, a performance dele ao lado de Nick Nolte no filme North Dallas Forty (1979) lhe valeu muito elogios, e a participações constantes em filmes e séries de TV.De 1974 a 1976, por sinal, ele apresentou seu próprio programa de TV, o The Mac Davis Show.

Nada melhor para um artista veterano do que ser reverenciado pelas novas gerações, e isso ocorreu com Mac Davis na sua última década de vida. Ele compôs com Rivers Cuomo a música Time Flies, incluída no álbum Hurley (2010), do grupo de rock alternativo Weezer, e Addicted To You e Black & Blue, com o saudoso Avicci, além de Young Girls, com o astro pop Bruno Mars. Ele acreditou na música, e a música retribuiu-lhe com generosidade!

I Believe In Music– Gallery:

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