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Maggie Rogers esbanja energia no single That’s Where I Am

maggie rogers 400x

Por Fabian Chacur

Em 2016, o consagrado cantor, compositor e produtor americano Pharell Williams participou de um seminário de música em uma escola e ficou de queixo caído ao ouvir a música Alaska (ouça aqui), de uma então ainda desconhecida artista chamada Maggie Rogers. A surpresa ficou registrada em um vídeo que viralizou na internet. Pois a carreira dela vai de vento em popa, e ela está de single novo na área, o poderoso rock com elementos eletrônicos That’s Where I Am.

O novo e ótimo single dessa promissora cantora, compositora e musicista americana que completa 28 anos nesta segunda-feira (25) é a primeira amostra de Surrender, seu 4º álbum, que sairá no dia 29 de julho com distribuição a cargo da Universal Music. O clipe foi filmado em Nova York, tem participação relâmpago de David Byrne, e é definida assim por Maggie:

“A música e a atitude da cidade (de Nova York) foram uma grande fonte de inspiração para o disco. Por todas essas razões, havia apenas um lugar onde poderíamos gravar o vídeo. NY é um personagem principal, é um amigo, um amante, um inimigo às vezes. De muitas maneiras, o videoclipe é sobre essa história de amor com Nova York”.

Maggie Rogers nasceu em 25 de abril de 1994 em Easton, Maryland, e estudou na Berklee School Of Music e também no Clive Davis Institute Of Recorded Music, tendo se formado nesta última em engenharia musical, produção musical e inglês. Ela lançou dois álbuns independentes, The Echo (2012) e Blood Ballet (2014), antes de ser descoberta por Pharrell Williams.

O seu álbum de estreia por uma gravadora major, Heart It In a Past Life (2019), atingiu o 2º posto na parada americana e lhe valeu uma indicação como artista revelação no Grammy. Ela já participou de diversos festivais nos EUA, Reino Unido e Europa. Outra novidade: Maggie cortou os cabelos bem curtinhos, e é assim que aparece no clipe de That’s Where I Am.

That’s Where I Am (clipe)- Maggie Rogers:

David Byrne mostra poder de fogo em show no Lollapalooza

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Por Fabian Chacur

Pode um cidadão com 65 anos de idade entrar em um festival no qual estão escaladas atrações com integrantes que poderiam ser seus netos, e brilhar intensamente? Se o nome desse sujeito for David Byrne, a resposta é um retumbante sim. No fim da tarde deste sábado (24), no Lollapalooza Brasil 2018, o cantor, compositor e músico escocês criado nos EUA deu um verdadeiro banho de carisma, musicalidade, teatralidade e vitalidade. Uma apresentação brilhante.

O show, que teve início às 17h15, trazia como cenário uma cortina gigante feita de tirinhas, daquelas baratinhas que você usa para separar ambientes ou salas de forma mais informal. Além disso, os 12 músicos em cena (incluindo a estrela principal) usavam ternos cinza e tocavam seus instrumentos de pé, mesmo o tecladista. Isso possibilitava a eles participar de coreografias ao lado de Byrne, em um estilo ao mesmo tempo teatral e descontraído.

A banda, da qual faziam parte seis percussionistas, mostrou muita personalidade e entrosamento para ao mesmo tempo tocar e dividir os holofotes com seu chefe. A habilidade deles permitiu manter o clima dançante e para cima durante toda a performance, além de o apelo visual ajudar a cativar o público. Seja como for, certamente esse tipo de performance será ainda melhor apreciada em shows realizados em teatro ou mesmo visto em TV ou DVD/Blu-ray, embora o beat dançante seja bem adequado a grandes festivais.

O repertório escolhido por David Byrne trouxe 13 canções, sendo sete da banda que o tornou conhecido mundialmente nos anos 1970 e 1980, os Talking Heads, duas de sua parceria realizada em 2009 e 2010 com Fatboy Slim e quatro de seu mais recente trabalho solo, o elogiado American Utopia, lançado há pouco e o primeiro de toda a sua trajetória de mais de 40 anos a chegar ao Top 5 da parada americana, vendendo mais de 63 mil cópias na semana de lançamento e atingindo o número 3 na sempre muito disputada parada da Billboard.

A costura das músicas se mostrou incrível, com clássicos dos Talking Heads do porte de This Must Be The Place (Naive Melody), Once In a Lifetime e Slippery People se encaixando feito luva nas novas Everybody’s Coming To My House e I Dance Like This e nas ótimas parcerias com Fatboy Slim Toe Jam e Dancing Together.

Com sua simpática timidez, Byrne ganhou a plateia com pouco minutos de apresentação, e não demorou três canções para tirar os chinelos que usava na parte inicial, ficando também descalço. O misto de funk, soul, pop e música latina presente no set list se mostrou uma boa amostra do que esse grande artista fez em sua brilhante carreira, e o fato de as músicas novas serem bem legais mostra que o cara ainda tem muita lenha para queimar. O fim da apresentação, às 18h17, deixou aquele delicioso gostinho de quero mais. Que ele volte logo ao Brasil!

Conheça o repertório completo do show de David Byrne:

Here (American Utopia)

I Zimbra (Talking Heads)

Slippery People (Talking Heads)

Everybody’s Coming To My House (American Utopia)

This Must Be The Place (Naive Melody) (Talking Heads)

Once In a Lifetime (Talking Heads)

Toe Jam (parceria com Fatboy Slim- 2009)

I Dance Like This (American Utopia)

Everyday Is a Miracle (American Utopia)

Blind (Talking Heads)

Dancing Together (parceria com Fatboy Slim- 2010)

The Great Curve (Talking Heads)

Burning Down The House (Talking Heads) final: 18h17 (sem bis)

Everybody’s Coming To My House (ao vivo)- David Byrne:

Talking Heads ao vivo em várias fases

Por Fabian Chacur

De 1975 a 1990, os Talking Heads desenvolveram uma trajetória simplesmente irrepreensível, sem direito a fases ruins. Uma boa forma de relembrar essa carreira é ver o DVD Chronology, que a ST2 acaba de lançar no Brasil. Seminal é pouco!

Chronology reúne performances ao vivo do grupo americano entre 1975 e 1983, com direito a uma gravação realizada em 2002, quando eles passaram a fazer parte do Rock And Roll Hall Of Fame.

As seis primeiras gravações flagram o grupo em sua fase inicial como trio, na qual David Byrne (vocal e guitarra), Tina Weymouth (baixo) e Chris Frantz (bateria), nos anos de 1975 e 1976. A partir da faixa 7, Don’t Worry About The Government, registrada no programa de TV Old Grey Whistle Test em 1978, entra em cena Jerry Harrison (guitarra e teclados).

Nas legendas, durante cada música, é possível ler comentários dos quatro integrantes da banda sobre o que rola na tela, momentos importantes de suas carreiras e coisas assim. É bem legal, mas o que vale mesmo é curtir o som e o desempenho peculiar do grupo americano.

Na primeira metade, temos contato com o minimalismo quase punk do time, repleto de energia, criatividade e soluções sonoras que serviriam posteriormente de inspiração para muita gente mundo afora. Músicas como Psycho Killer, Don’t Worry About The Government e Thank You For Sending Me An Angel servem como bons exemplos desse período.

A partir de meados de 1979, quando incorporou vocalistas de apoio e outros músicos em seus shows e discos, o Talking Heads mergulhou firme em funk, soul e world music (quando esse termo ainda nem existia, por sinal), criando dessa forma uma sonoridade cheia, dançante e também muito influente. Que o digam bandas como TV On The Radio e Vampire Weekend.

Canções como Crosseyed And Painless, Burning Down The House e Love-Building On Fire ilustram de forma bacana esse clima festeiro de “Banda do Zé Pretinho” dos Talking Heads.

O legal é poder ver o grupo encarando vários tipos de situação, desde o pequeno público do lendário clube nova-iorquino CBGB em 1975 até as mais de 100 mil pessoas presentes no lendário US Festival em San Bernardino, California, em 1982.

Nos extras, foi incluído um interessante especial feito para a TV em 1979 tendo o então mais recente álbum do quarteto, Fear Of Music, como tema principal, além de uma boa entrevista feita por David Byrne em 1978 para um atrapalhado radialista.

Curiosidade: sete das quinze músicas incluídas na parte principal do DVD foram lançadas em versões de estúdio no álbum More Songs About Building And Food (1978), o segundo do grupo e de longe o trabalho mais fortemente representado aqui.

Veja Psycho Killer, em cena do documentário Chronology, dos Talking Heads:

CD de Caetano e David Byrne dá boa liga

Por Fabian Chacur

Caetano Veloso e David Byrne se conheceram lá pelos idos de 1984/85, quando lançavam seus primeiros filmes (respectivamente Cinema Falado e Stop Making Sense). Nascia ali uma amizade que se mantém firme até os dias de hoje.

Ao atuar em 2004 como curador de um projeto de shows no chiquérrimo Carnegie Hall, em Nova York, o autor de Alegria, Alegria resolveu convidar o ex-líder dos Talking Heads para dividir o palco com ele.

Realizada no dia 17 de abril daquele ano, a apresentação certamente entrou para o currículo dos dois por sua qualidade. E agora, oito longos anos depois, enfim chega ao formato CD no Brasil pela Universal Music (e nos EUA pelo selo Nonesuch, que já havia lançado um álbum de Caetano nos anos 80) a parte de áudio, com o título Live At Carnegie Hall.

O espírito do espetáculo é bem minimalista, com diversos momentos no melhor estilo voz e violão. Os brasileiros Jaques Morelenbaum (cello) e Mauro Refosco (percussão) fazem intervenções perfeitas em algumas músicas.

A rigor, temos aqui três tipos de atuação: Caetano solo, Byrne solo e os dois juntos interpretando algumas canções, num total de 18 faixas. A parte de Caê traz vários cavalos de batalha de seu repertório, como Sampa, Leãozinho e Você é Linda, com espaços para um belo lado B, Manhatã. O desempenho é impecável, como sempre.

Por sua vez, Byrne surpreende ao mostrar que alguns hits marcantes dos Talking Heads, como And She Was, Life During Wartime e especialmente Road To Nowhere, conseguem se manter vibrantes e consistentes mesmo sem os conhecidos e irrepreensíveis arranjos originais gravados pela mítica e extinta banda americana. Seu poder de recriação é de fato elogiável.

Juntos, Byrne e Caetano esbanjam carisma em canções como The Revolution, Dreamworld: Marco De Canaveses (escrita em parceria pelos dois), Um Canto de Afoxé Para o Bloco do Ilê (com Byrne cantando em um português deliciosamente capenga) e (Nothing But) Flowers.

Live At Carnegie Hall possui aquela simplicidade sofisticada que só gênios do gabarito de Caetano Veloso e David Byrne são capazes de nos proporcionar. Um CD que nasce clássico e que certamente será apreciado com prazer nos próximos mil anos, se ainda existirem o planeta Terra e os seres humanos nesse longo período de tempo.

Ouça (Nothing But) Flowers, com Caetano Veloso e David Byrne, ao vivo:

Caetano Veloso e David Byrne lançarão CD

Por Fabian Chacur

Que Caetano Veloso e David Byrne são amigos e possuem inúmeros afinidades musicais, todos já sabiam. Afinal, o astro baiano já cantou músicas do ex-líder dos Talking Heads há mais de 20 anos, como Nothing But Flowers, por exemplo.

O que não se esperava era que eles lançassem um disco em dupla após tantos anos de proximidade. Mas isso irá ocorrer. Live At Carnegie Hall está programado para sair nos Estados Unidos em março.

O selo é o Nonesuch, pelo qual o autor de Alegria Alegria lançou um disco voz e violão nos anos 80, e que já foi distribuído no Brasil pela Universal Music e pela Warner.

O álbum inclui a gravação de um show acústico realizado por Byrne e Veloso em 17 de abril de 2004 no mitológico Carnegie Hall, em Nova York, mesmo lugar no qual a Bossa Nova foi apresentada aos americanos, há 40 anos.

O repertório traz 18 músicas dos dois autores, entre as quais Você é Linda, o Leãozinho, Sampa, Coração Vagabundo, Heaven, And She Was, Everyone’s In Love With You e She Only Sleeps. Ainda não foi divulgado se esse trabalho terá lançamento no Brasil.

David Byrne foi lider entre 1976 e 1988 dos Talking Heads, uma das bandas mais importantes do cenário do rock alternativo americano. Depois, iniciou sólida carreira solo, além de ter, com seu selo Luaka Bop, ajudado a divulgar a música brasileira no exterior lançando coletâneas temáticas de forró e samba e de Tom Zé e os Mutantes.

Ouça Nothing But Flowers/Heaven, com Caetano Veloso e David Byrne, do show realizado no Carnegie Hall em 2004:

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