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Edu Lobo faz belas releituras de clássicos com parceiros ilustres

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Por Fabian Chacur

Em 2016, Edu Lobo se reuniu com o violonista Romero Lubambo e o saxofonista e flautista Mauro Senise para a gravação de um CD, Dos Navegantes, que chegou ao mercado discográfico e virtual em 2017. A qualidade do trabalho se mostrou tão grande que parecia inevitável um registro ao vivo, e é exatamente isso que a gravadora Biscoito Fino acaba de fazer, com o mesmo título do anterior, agora no formato DVD e também disponível em áudio digital nas plataformas digitais.

No palco, temos Edu Lobo nos vocais, relendo 16 de suas composições mais belas, cinco a mais do que o repertório do CD de estúdio. Oito são parcerias com Chico Buarque, sendo cinco delas extraídas da magistral e antológica trilha sonora de O Grande Circo Mistico. Temos também parcerias com Gianfrancesco Guarnieri, Cacaso, Torquato Neto, Paulo Cesar Pinheiro, Ronalto Bastos e Capinan. Equivale a uma bonita amostra da caudalosa e essencial obra desse grande cantor, compositor e músico carioca.

Ao lado desse mestre da música brasileira, hoje com 75 anos bem vividos, dois músicos com currículos invejáveis como Lubambo e Senise. Além deles, marcam presença o também consagrado pianista Cristóvão Bastos (em seis faixas), o percussionista internacional Mingo Araújo (em sete faixas) e o contrabaixista Bruno Aguiar (em 13 faixas). O formato é essencialmente acústico, com ênfase nos detalhes e nas sutilezas, abrindo caminho para que o canto delicado e delicioso de se ouvir de Edu Lobo flua sem medo de ser feliz.

O repertório não segue o formato de um greatest hits, tendo sido selecionado provavelmente entre as canções do vasto e ótimo repertório de Edu que melhor se encaixassem na proposta sonora premeditada para o show, gravado ao vivo no Rio de Janeiro no dia 13 de maio de 2017 na Sala Cecília Meirelles. Entre elas, maravilhas do naipe de Pra Dizer Adeus, Dos Navegantes, Valsa dos Clowns, O Circo Místico, Na Carreira, Beatriz, Valsa Brasileira e A História de Lily Braun.

Desde o início de sua carreira, na década de 1960, Edu Lobo se mostrou um compositor capaz de aliar sofisticação e simplicidade, conseguindo a proeza de fazer canções elaboradas plenamente capazes de atrair os ouvidos mais afeitos aos sons populares. Mesmo os mais arraigados fãs daquele tipo de música que pulula nas rádios e programas televisivos atuais do tipo Só Toca Top (eita título infame esse aí…) dificilmente não se renderão à beleza de Beatriz, A História de Lily Braun e Na Carreira, por exemplo. Ao lado de Mauro Senise, Romero Lubambo e seus outros músicos, ele mostra que música boa é para sempre.

Dos Navegantes, com Edu Lobo, Romero Lubambo e Mauro Senise:

Toquinho comemora 50 anos de bela carreira com DVD/CD

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Por Fabian Chacur

Toquinho é um desses nomes tão grandes da nossa música popular que às vezes pode parecer que é menos louvado do que deveria. Mas há uma explicação para isso: sua elegância. Cantor, compositor, violonista, ele mantém desde o início de sua carreira, na década de 1960, uma postura humilde, sóbria e sem cair em excessos ou estrelismo. Para comemorar meio século de trajetória artística, ele acaba de lança o DVD/CD 50 Anos de Carreira (Deck), um trabalho enxuto, bem feito e à altura da trajetória desse craque da canção popular brasileira.

Antonio Pecci Filho, nascido em São Paulo em 6 de julho de 1942 e apelidado Toquinho pela mãe, tornou-se conhecido ao lançar parcerias com Jorge Ben como Carolina Carol Bela e Que Maravilha. A seguir, tornou-se parceiro de palcos, discos e composições de ninguém menos do que Vinícius de Moraes. A dupla, com enorme sucesso de público e critica, durou uma década, encerrando-se apenas devido à morte prematura do grande Poetinha em 1980.

Como artista solo, consagrou-se de vez com o estouro de Aquarela, em 1983, e não só lançou trabalhos individuais bem bacanas como também manteve parcerias com craques como Paulinho da Viola, Chico Buarque, MPB-4, Sadao Watanabe e vários outros. Nos últimos anos, mostrou-se aberto ao intercâmbio com as novas gerações, atuando ao lado de Paulo Ricardo, Tiê, Veronica Ferriani e Anna Setton, por exemplo.

O DVD/CD equivale a uma pequena amostra dessa trajetória, gravado ao vivo em duas sessões no dia 25 de março de 2016 no Teatro WTC, Hotel Sheraton, em São Paulo. A seu lado, uma banda composta por Guga Machado (percussão), Ivâni Sabino (baixo), Nailor Proveta Azevedo (clarinete e sax alto) e Pepa D’Elia (bateria), um time afiado que se mostra muito adequado e ensaiado para acompanhar um dos melhores violonistas brasileiros de todos os tempos.

O repertório dos 55 minutos de show traz 24 músicas acomodadas em 14 faixas, sendo apenas uma delas de fora do repertório do artista, A Noite, sucesso da cantora Tiê que ela interpreta ao lado de seu padrinho artístico. De resto, temos desde o primeiro sucesso, Que Maravilha, até a recente Quem Viver Verá, de 2011. Além de Tiê, participam Anna Setton, Verônica Ferriani, Mutinho e Paulo Ricardo.

Com efeitos cênicos simples e bem concatenados, entre os quais três telões com imagens ilustrando cada canção, o show traz Toquinho à vontade, cantando com sua voz agradável e doce e contando pequenos ‘causos’ entre uma música e outra, entre os quais uma deliciosa recordação de episódio envolvendo sua assumida hipocondria. Da ótima banda, o destaque é o lendário Proveta, que dá um colorido especial às canções com seus belos e inspirados solos.

Da fase com Vinícius, temos representadas A Tonga da Mironga do Kabuletê, Tarde em Itapoã (dueto com Paulo Ricardo), Samba de Orly e O Velho e a Flor/Veja Você (dueto com Verônica Ferriani), entre outras. As canções dedicadas ao público infantil aparecem em um pot-pourry que traz A Casa, O Pato, O Ar (O Vento), A Bicicleta e O Caderno.

Os megahits Que Maravilha, Turbilhão (dueto com o parceiro Mutinho) e Aquarela não poderiam ficar de fora, e não ficaram. Nos extras do DVD, temos pequenos depoimentos de amigos como Galvão Bueno, Roberto Menescal, Zico, Eliane Elias e Ivan Lins, e 10 minutos deliciosos nos quais Toquinho mostra seu talento como solista de violão, tocando sozinho e em estúdio maravilhas como Abismo de Rosas, Bachianinha nº 1 (do seu mestre Paulinho Nogueira) e Gente Humilde, entre outras.

Toquinho 50 Anos de Carreira equivale a uma deliciosa viagem por uma carreira repleta de boas músicas, feitas e interpretadas por um artista que nunca se valeu de recursos reprováveis para fazer sucesso e conseguiu sua popularidade de forma justa e mais do que merecida. Usando versos de seu eterno parceiro naquela célebre canção com a grife Tom & Vinícius: “se todos fossem iguais a você, que alegria viver”…

obs.: e falar o que dessa bela capa, do sempre genial Elifas Andreato?

Tarde em Itapoã– Toquinho e Paulo Ricardo:

Lô Borges faz 2 shows em SP e lança o seu novo DVD ao vivo

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Por Fabian Chacur

Considerado um dos mais importantes integrantes do movimento musical chamado de Clube da Esquina, Lô Borges resolveu reler músicas de seus dois discos de estreia no incrível DVD Tênis + Clube (leia a resenha de Mondo Pop aqui). Ele mostra esse trabalho com shows em São Paulo nesta sexta (5) e sábado (6) às 21h no Sesc Pinheiros- Teatro Paulo Autran (rua Paes Leme, nº 195- Pinheiros- fone 0xx11-3095-9400), com ingressos de R$ 15,00 a R$ 40,00.

A direção musical (do DVD e do show) é de Pablo Castro (voz, violões, piano, guitarra e vocais), que lidera a banda composta por Gui de Marco (violões, guitarras, percussão e vocais), Paulim Sartori (contrabaixo, bandolim, percussão e vocais), D’Artagnan Oliveira (bateria, percussão e vocais), Dan Oliveira (guitarras, violões, percussão e vocais) e Alê Fonseca (teclados e programações), um timaço capaz de muitas e boas.

O repertório do show traz todas as faixas do primeiro álbum solo de Lô, autointitulado e mais conhecido como “Disco do Tênis”, e todas as canções de sua autoria do LP Clube da Esquina (1972), creditado a ele e a um certo Milton Nascimento. De quebra, também temos Para Lennon e McCartney, sua composição gravada brilhantemente pelo Bituca em 1970. Tipo do show feito sob medida para receber o adjetivo de imperdível, ainda mais no delicioso Sesc Pinheiros.

Veja trechos do DVD Tênis+Clube, de Lô Borges:

Lô Borges resgata um de seus álbuns clássicos em belo DVD

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Por Fabian Chacur

Em 1972, com apenas 20 anos de idade, Lô Borges surpreendeu aos fãs de música brasileira ao lançar dois trabalhos que com o tempo seriam consagrados como antológicos. Um é Clube da Esquina, álbum duplo que gravou em parceria com o amigo e mentor Milton Nascimento. Outro, um álbum solo autointitulado hoje mais conhecido como “Disco do Tênis”. Hoje curtindo a maturidade de seus 66 anos, ele resgata o repertório desses dois trabalhos seminais no DVD Tênis+Clube- Ao Vivo No Circo Voador, lançado pela gravadora Deck. Desde já, um dos grandes lançamentos deste 2018. Sublime é pouco!

Lô Borges marcou sua trajetória musical como autor de algumas das mais belas e enigmáticas canções do repertório pop brasileiro. Misturando com maestria folk, rock, country, MPB e experimentalismo, ele rapidamente se firmou como um dos grandes nomes a despontar do time de craques capitaneados por Milton Nascimento que recebeu o nome geral de Clube da Esquina. Se não fez tanto sucesso como o Bituca ou mesmo Beto Guedes, ele possui porte artístico compatível.

Em sua belíssima discografia, repleta de grandes momentos, o “Disco do Tênis” (ouça aqui) é certamente um dos mais badalados. O repertório do novo DVD do cantor, compositor e músico mineiro traz as 15 faixas daquele álbum (tocadas em ordem diferente da do LP original), as oito assinadas por Borges em Clube da Esquina e Para Lennon e McCartney, uma das primeiras composições dele a serem gravadas, mais precisamente por seu mestre e amigo, no LP Milton (1970).

Gravado ao vivo no Circo Voador (RJ) no dia 23 de março, o DVD nos traz um show sóbrio e elegante em termos visuais, sem grandes efeitos ou elementos cenográficos. O foco é todo na parte musical do espetáculo, e aí estamos diante da total e completa excelência, a começar pelos seis músicos selecionados por Lô, que toca guitarra, violão e caxixi, além de cantar com uma voz deliciosamente madura.

O capitão do time é Pablo Castro (vocal, piano, violão, guitarra), que além de ser o diretor musical da coisa toda ainda dá um banho de sensibilidade e talento ao reproduzir com rara competência os vocalizes feitos por Milton Nascimento na gravação original de Clube da Esquina Nº 2. Aliás, o projeto foi levar ao palco os arranjos originais gravados nos álbuns de 1972, e a missão não poderia ter sido melhor cumprida.

Além de Pablo, integram a banda os excelentes Gui de Marco (guitarra, violão, percussão e vocais), Paulim Sartori (baixo, bandolim, percussão e vocais), D’Artagnan Oliveira (bateria, percussão e vocais), Dan Oliveira (guitarra, violão, percussão e vocais) e Alê Fonseca (teclados e programações), um elenco que não se preocupou apenas em “tocar igualzinho”, mas sim de trazer para o palco a emoção contida em cada uma dessas canções admiráveis.

Tocando perante um Circo Voador lotado e com plateia gritando “Lô, eu te amo” desde o início, o mestre mineiro da canção esbanja simpatia, evidente timidez e emoção em músicas divinas como Você Fica Melhor Assim, Pensa Você, Aos Barões, Canção Postal, Tudo Que Você Podia Ser, Nuvem Cigana, Paisagem da Janela… São 78 minutos de puro prazer, um belo culto a canções que equivalem a um verdadeiro bálsamo sonoro em tempos tão difíceis como os atuais.

Clube da Esquina Nº2 (ao vivo)- Lô Borges:

Trinca de Ases, bela união de Gil, Nando Reis e Gal Costa

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Por Fabian Chacur

A ideia de reunir Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa em um show que inicialmente celebraria o centenário de Ulysses Guimarães foi do jornalista Jorge Bastos Moreno (1954-2017), mas ele infelizmente não viveu o suficiente para ver sua sugestão concretizada. Com o nome Trinca de Ases, o show passou com sucesso pelo Brasil e Europa e agora é lançado em DVD duplo pela Biscoito Fino, em espetáculo registrado no Espaço das Américas (SP) em 25 de novembro de 2017.

O conteúdo é divido em duas partes. O primeiro disco traz o documentário A Gente Quer é Viver, frase extraída da clássica canção de Gilberto Gil eternizada na voz de Gal Costa nos anos 1970 e que encerra o show. Durante seus 71 minutos de duração, temos entrevistas dos participantes (juntos e individualmente) e cenas dos ensaios, bastidores e dos shows propriamente ditos, nos quais podemos descobrir as peculiaridades da parceria.

Nando, por exemplo, confessa que, ao receber o convite para o projeto, ficou em dúvida se seria capaz de encarar tal desafio. Ele foi entrando no espírito da coisa graças à forma como Gil o abordou, ao mesmo tempo dando a ele a tranquilidade necessária para se soltar e também deixando claro que existiam expectativas em relação a Nando naquela parceria tripla que precisavam ser concretizadas para que tudo desse certo. Nando TINHA de se soltar. E ele conseguiu.

Um momento do documentário que deixa bem clara esse ajuste fino entre Gil e Nando ocorre quando o eterno tropicalista questiona o ex-titã sobre a inédita Dupla de Ás, de Nando, tentando entender a estrutura rítmica da canção e levando o autor a até mesmo questionar se aquela sua composição seria mesmo adequada ao projeto. Era, e entrou no repertório.

A concepção de como fazer o show também seguiu sugestões de Gil, que impulsionou-os a fugir de uma estrutura com apenas vozes, violões e apenas os três em cena. Assim, foram acrescentados à Trinca de Ases os músicos Kainã do Jejê (bateria e percussão) e Magno Brito (baixo). Ele também apontou o rumo de cantarem em pé, defendendo um repertório energético em sua essência.

Outra coisa bacana do documentário é mostrar como o relacionamento entre os músicos se desenvolveu, com Gil sendo na prática diretor musical e músico principal, Nando seu braço direito e Gal o algodão entre cristais, brilhando em seus momentos solo e ajudando a dar ao trabalho uma consistência de um grupo de fato e de direito.

Apenas três das 25 músicas são apresentadas no formato sentado e sem os músicos de apoio. São elas Retiros Espirituais, Copo Vazio e Meu Amigo Meu Herói, sendo que na segunda Nando só canta, e na terceira, temos apenas Gil e Gal em cena. De resto, são os três de pé, com Nando tocando violão com cordas de aço e o autor de Realce valendo-se de cordas de nylon no seu instrumento.

Das 25 músicas que integram o repertório do show, 12 são de Gil, 9 de Nando, uma é parceria entre Gil e Nando (a ótima Tocarte) e três são sucessos do repertório de Gal. Além de Tocarte, são inéditas Trinca de Ases (Gil), espécie de canção-tema do show composta por sugestão de Nando e claramente inspirada nos Rolling Stones (com direito a citação de Satisfaction por parte de Gal) e a já citada Dupla de Ás (Nando).

O show, com quase duas horas de duração, equivale a uma deliciosa viagem por momentos importantes das carreiras dos três devidamente atualizados e adaptados para o contexto do trio. O ótimo desempenho dos músicos de apoio ajuda a concretizar de forma brilhante o conceito inicial de Gil, e também a disposição que Gal tinha de ver elementos rockers incorporados ao projeto. O entrosamento de Gil e Nando nos violões é muito bom, com os timbres distintos de seus instrumentos se encaixando de forma harmônica e rica, sem virtuosismos tolos.

Com vitalidade e energia elogiáveis para dois setentões e um cinquentão, o trio cativa com recriações muito boas de maravilhas do porte de Palco, All Star, Esotérico, Cores Vivas, Pérola Negra (incluída no repertório após a morte de seu autor, Luiz Melodia), Refavela, Nos Barracos da Cidade, O Segundo Sol e A Gente Precisa Ver o Luar.

Há durante o show algumas arestas não aparadas que poderiam ter dado ao trabalho, se devidamente ajustadas, um formato mais, digamos assim, “limpinho”, mas uma das graças deste Trinca de Ases é exatamente esse, sentir onde os três se completaram por inteiro e onde soam como água e óleo, sem se misturar com tanta simplicidade. Prova de que Gil, Nando e Gal não tiveram medo de ousar e experimentar, conquistando dessa forma uma consistência artística que torna esse projeto histórico por fato, por direito e por merecimento artístico.

Trinca de Ases (ao vivo)- Gil, Nando & Gal:

Manifesto Cerrado traz a bela trajetória do grupo Uganga

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Por Fabian Chacur

Criada no Triângulo Mineiro em meados dos anos 1990 pelo ex-integrante da seminal banda Sarcófago Manu Joker, a Uganga hoje pode ser incluída sem nenhum exagero no hall das melhores formações do rock brasileiro, independente de estilo (o deles é o thrashcore, só para constar). Uma boa forma de se entender o porque Mondo Pop dá tanta moral para esses caras é conferir Manifesto Cerrado, DVD financiado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) da cidade de Araguari (MG) e também disponível no Youtube.

Fazer rock no Brasil não é tarefa para qualquer um, exigindo dos dispostos a encarar tal desafio muita garra, resistência e talento. E a trajetória percorrida por Manu Joker e seus parceiros representa bem isso. Manifesto Cerrado é dividido em duas parte. A primeira, com 75 minutos de duração, é um documentário que dá uma geral em sua história, sendo que a segunda traz o registro de um show ao vivo.

O documentário detalha a caminhada dessa banda, que passou por diversas mudanças em sua formação até o lançamento de seu primeiro CD, Atitude Lótus (2003). Com depoimentos de seus integrantes e cenas de arquivo, incluindo uma histórica aparição na MTV em 1999, a narrativa chega até 2013, quando o grupo fez sua segunda turnê europeia, que passou por países como Itália, Alemanha, Polônia, França, Suíça, Eslováquia, Hungria, Eslovênia e Áustria.

Nessa época, a formação do Uganga estava consolidada em torno de Joker (vocal), seu irmão Marco Henriques (bateria), Christian Franco (guitarra) e seu irmão Raphael Ras Franco (baixo e vocais) e Thiago Soraggi (guitarra). Aí, em pleno processo da pré-produção do que viria a ser o seu quinto álbum, Opressor (2014- leia a resenha de Mondo Pop aqui), diversos problemas de saúde infernizaram a vida dos rapazes.

Mesmo assim, eles não só conseguiram dar conta da gravação como nos ofereceram o até o momento melhor trabalho de sua carreira, um disco sólido e vigoroso. O amigo e guitarrista Maurício Murcego Pergentino (do grupo Canábicos) foi convocado para ajudar nos shows e acabou incorporado ao time. Nos depoimentos e cenas de estrada, fica clara a irmandade entre os integrantes do Uganga, o que explica onde eles arrumaram forças para superar os problemas.

O final do documentário mostra o agora sexteto em vias de iniciar a pré-produção de seu próximo álbum, em um astral dos melhores. Com direção e produção a cargo do cineasta Eddie Shumway, o trabalho também demonstra a importância dos amigos e da produtora Som do Darma e do selo Sapólio Rádio para que o grupo atingisse o estágio atual, digno de participar de festivais de grande porte, do tipo Rock in Rio e Lollapalooza, o que ainda não ocorreu, mas irá ocorrer, se depender da qualidade artística deles.

A segunda parte do DVD é um show realizado em julho de 2014 na histórica Estação Stevenson, parada de trens situada às margens da rodovia que liga as cidades mineiras de Uberlândia e Araguari. Com 47 minutos, o espetáculo é realizado em um palco no qual a banda fica circundada pela plateia, em um formato intimista no qual o grupo se mostrou repleto de energia, mostrando músicas de Opressor e de outros momentos de sua carreira até então, incluindo um cover da histórica banda paulista Vulcano, Who Are The True?, a única em inglês do repertório de 11 músicas.

Se conseguiu superar tantos desafios e realizar tantas coisas bacanas nesses seus mais de 20 anos de estrada, Manu Joker, seu vozeirão de trovão e sua afiadíssima turma do barulho tem tudo para nos oferecer, em um futuro não muito distante, mais doses maciças de seu vigoroso e inteligente rock pesado, no qual as letras trazem mensagens positivas e poderosas. Vale ficar ligado neles e em outros representantes do rock do Triângulo Mineiro.

Veja o show do DVD Manifesto Cerrado, do Uganga:

Caetano e filhos lançam o seu CD/DVD Ofertório em Sampa

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Por Fabian Chacur

Ofertório é o título de uma canção de Caetano Veloso lançada originalmente em 1997 que foi escolhida como o título do DVD/CD que o genial cantor, compositor e músico baiano gravou ao vivo com os filhos Moreno, Zeca e Tom. Esse trabalho será lançado nacionalmente em shows em São Paulo nos dias 25 e 26 de maio (sexta e sábado) às 22h30 no Espaço das Américas (rua Tagipuru, nº 795-Barra Funda- fone 0xx11-2027-0777), com ingressos de R$ 70,00 a R$ 380,00.

O show dá prosseguimento à turnê intitulada Caetano Moreno Zeca Tom Veloso, iniciada no Rio em outubro de 2017 e que deu origem a Ofertório. No palco, temos apenas o autor de Sampa e seus três filhos, sendo que o patriarca toca violão e canta, enquanto o resto da prole também canta e investe em violões e outros instrumentos.

O repertório traz clássicos de Caetano, como O Seu Amor, O Leãozinho, A Tua Presença Morena e Reconvexo, canções conhecidas de autoria de Moreno como Um Passo à Frente e How Beautiful Could a Being Be e também músicas de autoria de Zeca e Tom, com direito a algumas inéditas escritas pelos quatro autores.

Em texto promocional, Caetano justifica o projeto: “Há muito tempo tenho vontade de fazer música junto a meus filhos publicamente. Desde a infância de cada um deles gosto de ficar perto. Cada um é um. Sempre cantei para eles dormirem. Moreno e Zeca gostavam. Tom me pedia para parar de cantar. Indo por caminhos diferentes, todos se aproximaram da música a partir de um momento da vida. Quero cantar com eles pelo que isso representa de celebração e alegria, sem dar importância ao sentido social da herança”.

O Seu Amor (ao vivo)- Caetano, Moreno, Zeca e Tom:

Norah Jones divulga o single e vai lançar novo DVD ao vivo

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Por Fabian Chacur

Norah Jones disponibilizou em diversos canais digitais versões de áudio e vídeo de And Then There Was You. Esta canção, cuja versão de estúdio integra o mais recente álbum de estúdio da cantora, compositora e pianista americana, Day Breaks (2016), é o primeiro single a ser divulgado de Live At Ronnie Scott’s, gravação ao vivo que será lançada mundialmente (inclusive Brasil) no dia 15 de junho, aqui no formato DVD.

O novo trabalho da artista que se tornou conhecida mundialmente a partir do estouro de seu álbum de estreia, Come Away With Me (2002), foi gravado ao vivo em setembro de 2017 em Londres no lendário Ronnie Scott’s Jazz Club, clube dedicado ao jazz e à soul music que irá completar 60 anos de existência em 2019. Ela investe no tradicional formato jazzístico de trio, tocando piano e cantando, acompanhada por Chris Thomas (baixo) e Brian Blade (bateria).

O repertório do DVD (que no exterior também sairá em Blu-ray) trará diversas faixas de Day Breaks, álbum que atingiu o posto de nº 2 na parada de sucessos dos EUA e do qual os dois músicos acompanhantes participaram, por sinal, além de alguns clássicos do repertório de Norah, entre os quais Carry On, Flipside e a incensada Don’t Know Why, seu maior hit. Aos 39 anos, Norah Jones continua firme e forte no cenário jazz-country-pop, mais do que merecidamente.

And Then There Was You (live)- Norah Jones:

O DVD/CD póstumo do genial Luiz Melodia sairá em maio

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Por Fabian Chacur

Luiz Melodia nos deixou em um triste 4 de agosto de 2017. Ele não teve tempo de ver concretizado um último projeto, que deverá chegar ao mercado musical físico e virtual em maio. Trata-se de Zerima ao Vivo, CD e DVD (também com versão digital) que será lançado pela Universal Music. Uma amostra desse trabalho já está disponível nas principais plataformas digitais, a deliciosa inédita Felicidade Agora.

A nova canção, romântica e swingada, é uma excelente composição do saudoso artista em parceria com Ricardo Augusto e Paulinho Andrade. Nela, a voz de Melodia se mostra mais envolvente do que nunca, com um arranjo atemporal que deveria tocar em todas as rádios possíveis e imagináveis, ao menos aquelas nas quais os quesitos qualidade artística e musical falassem mais alto.

O novo trabalho de Luiz Melodia foi gravado ao vivo em show realizado no dia 29 de junho de 2016 no Teatro da UFF, em Niterói (RJ). A direção ficou a cargo do experiente Jodele Larcher, especialista no comando de shows musicais, e mescla hits e releituras de composições alheias com músicas de seu último CD de estúdio, Zerima (2015). Entre outras, temos Dores de Amores, Zerima, Congênito, Maracangalha (dueto com seu filho, Mahal Reis), Ébano, Magrelinha, Estádio Holly Estácio e Parei Olhei.

Felicidade Agora– Luiz Melodia:

Blitz mostra muita vitalidade e swing em seu novo DVD

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Por Fabian Chacur

O ano de 2017 entrará para a história da Blitz como um dos melhores de sua bem-sucedida trajetória iniciada em 1982 com o estouro de Você Não Soube Me Amar. Além de terem divulgado com categoria seu mais recente álbum, Aventuras II, um excelente álbum comparável aos seus lançamentos clássicos dos anos 1980, fizeram inúmeros shows sempre lotados e com ótima repercussão por parte do público. O registro dessa atual fase iluminada da banda carioca acaba de sair, pela gravadora Deck em parceria com o Canal Brasil. Trata-se do DVD Blitz No Circo Voador, prova concreta de que esse time não vive só de seu passado de glórias.

O registro foi realizado ao vivo em abril deste ano no mitológico Circo Voador, mesmo espaço alternativo carioca no qual o grupo despontou rumo ao sucesso nacional. No time, temos três integrantes da formação clássica: Evandro Mesquita (vocal), Billy Forghieri (teclados) e o mitológico Roberto “Juba” Gurgel (bateria). Ao seu lado, uma das formações mais estáveis da história do grupo, que traz Cláudia Niemeyer (baixo), Rogério Meanda (guitarra), Andréa Coutinho (backing vocals) e Nicole Cyrne (backing vocals).

Ao contrário do que alguns fariam nesse momento, a Blitz mostrou ousadia e confiança no próprio taco ao incluir 11 das 13 faixas de Aventuras II no show. Boa oportunidade para se conferir o quanto essas novas músicas são boas, pois se encaixam muito bem em meio aos sete clássicos do período 1982-1985 e a um cover certeiro, Aluga-se (de Raul Seixas), sendo que One Love (Bob Marley) e País Tropical (Jorge Ben Jor) foram interpoladas respectivamente nos hits A Dois Passos do Paraíso e Mais Uma de Amor (Geme Geme).

As canções mais recentes da Blitz mantém o clima alto astral e swingado de seus bons tempos, com direito a maravilhas do naipe de Baile Quente (que abre a festança com tudo), Nu na Ilha, Estrangeiro Aventureiro e Chacal Blues. Todas poderiam se tornar hits radiofônicos, se vivêssemos tempos mais democráticos e afeitos ao pop rock.

Algumas participações especiais marcam o show, sendo a de maior destaque a de Alice Caymmi na assumidamente brega Noku Pardal e na releitura do hit Betty Frígida, nas quais ela faz duetos hilariantes com Evandro Mesquita. Afroreggae, Milton Guedes, George Israel, Diogo Albuquerque, Mafram do Maracanã e Silvio Charles também marcam presença, além de Zeca Pagodinho, este graças a uma gravação em áudio/vídeo exibida no telão em Fominha.

Blitz No Circo Voador mostra como é possível para uma banda com 35 anos de estrada ainda soar refrescante e renovada, sem renegar seu legado. Colabora para isso a excelente forma de Evandro, que aos 65 anos de vida aparenta no máximo uns 40, se tanto, além de continuar com voz afiada/afinada e aquela presença de palco simpática e desencanada que sempre o marcaram. Muito bom ver esses caras com esse gás todo. Sinal de que as aventuras estão longe de acabar…

Baile Quente (ao vivo)- Blitz:

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