Por Fabian Chacur

Em 1988, presenciei um dos maiores micos já ocorridos em um show internacional no Brasil. O fato ocorreu durante o megashow Human Rights Now!, ocorrido no estádio Palestra Itália, em SP, e incluindo astros do porte de Bruce Springsteen, Sting, Tracy Chapman, Milton Nascimento e Peter Gabriel. E foi no show deste último que rolou a encrenca.

A performance do ex-vocalista do Genesis estava simplesmente empolgante. Durante a música Biko, o público havia entrado em êxtase. No meio da música, uma figura folclórica conhecida pelo apelido Beijoqueiro, pelo fato de se meter a beijar todo e qualquer famoso sempre em momentos inadequados naqueles agitados anos 80, tentou invadir o palco, sendo impedido pelos seguranças.

Gabriel, que não sabia com quem estava se metendo, ordenou que deixassem o cidadão entrar no palco, e isso ocorreu. Em poucos momentos, o cidadão literalmente urinou no chope do público presente, falando um monte de besteiras no microfone e pedindo votos para Leonel Brisola na eleição presidencial que ocorreria no ano seguinte. Resultado: vaias da plateia e o mala sendo enfim retirado de onde nunca deveria ter ido.

No dia 6 de abril de 2012, ou seja, na última sexta-feira, tive a oportunidade de presenciar, guardadas as devidas proporções, um fato semelhante com outro famoso internacional. Desta vez, a batata assou no colo do lendário Bob Gruen, um dos mais importantes e famosos fotógrafos do mundo no cenário de registrar astros do rock.

Na ativa desde 1965, o novaiorquino fez fotos históricas de nomes do porte de John Lennon, Led Zeppelin, The Clash, The Rolling Stones e inúmeros outros. Ele veio a São Paulo para participar do evento Let’s Rock, realizado na Oca (situado no Parque do Ibirapuera) e que inclui uma exposição de seu trabalho.

Na sexta-feira citada, Gruen realizou uma palestra na qual contou aos sortudos presentes detalhes sobre sua brilhante trajetória. Simpático, acessível e extremamente humilde, ele conquistou a todos em questão de minutos. Não deu para sentir as aproximadamente duas horas de papo, slides e uma viagem pelos anos de ouro do rock and roll.

Aí, chegou o “momento biko/miko”. Aparecendo do nada, quase que ao final da exposição, surge como um zumbi gigante o senador Eduardo Suplicy, político respeitável que, no entanto, parece ser especialista em pagar micos e não ter o mínimo senso de oportunidade, um típico “sem noção”.

Não satisfeito em interromper de forma grosseira o evento, o político do PT fez com que Gruen, no fim do papo, cantasse com ele, a capella (só voz) Blowin’ In The Wind, de Bob Dylan. Gruen, que Supla Pai afirmou ser amigo de seus filhos Supla e João Suplicy (os hilários Brothers Of Brazil), pagou o mico, e nós, da plateia, também. E o Suplão cantou a letra da música na íntegra. Já deve estar virando sucesso viral no Youtube.

Veja Bob Gruen e Supla Pai cantando Blowin’ In The Wind: