Por Fabian Chacur

O mundo muda, e nem sempre para pior, como costumamos imaginar de forma pessimista. No início dos anos 1980, quando resolvi colecionar a obra de David Bowie, lembro muito bem de como era difícil e caro obter material sobre esse genial cantor, compositor e músico britânico. Aliás, eram poucos os que conheciam de fato sua exemplar trajetória artística até aquele momento. Poucos e bons.

Hoje, podemos comemorar o fato de sermos o terceiro país no mundo a receber a exposição David Bowie, com algo em torno de 300 itens fundamentais relativos aos trabalhos do autor de Heroes. Melhor do que isso: o evento se tornou histórico, pois em seu período de duração, entre 30 de janeiro e 20 de abril, conseguiu atrair 80.190 pessoas ao Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.

Lógico que isso só se tornou possível graças ao visionário André Sturm, aquele mesmo do maravilhoso Cine Belas Artes (que deve voltar à ativa em breve) e atualmente diretor-executivo e curador-geral do MIS. Ele apostou nesse projeto, conseguiu os apoios necessários e deu aos fãs de David Bowie essa maravilhosa oportunidade de conferir memorabilia do mais alto valor.

A exposição merece nota máxima por sua ambiência multimídia, que possibilitou ao visitante um verdadeiro mergulho no universo bowie, com direito a roupas, quadros, calçados, instrumentos musicais, cartazes, manuscritos, clipes, entrevistas e muita música. O visitante saía do MIS com a alma lavada. Quem é fã, ficou mais, e quem não era, provavelmente virou.

Com ingressos a preços baixos, assim como o belíssimo catálogo da exposição, uma preciosa lembrança do evento vendida a apenas R$ 40,00 , a exposição se tornou um programa obrigatório para todo o fã do astro e também para as pessoas interessadas em moda, cultura pop, teatro, cinema e artes em geral. Valeu cada minuto que se esperou em filas, por sinal organizadas e sem grandes tumultos, no geral.

O êxito das mostras de David Bowie e a anterior, dedicada no mesmo local ao cultuado cineasta Stanley Kubrick e visitada por 80.972 pessoas (números divulgados pela assessoria do MIS) durante 79 dias, prova que existe, sim, público para eventos dedicados a artistas importantes, mesmo que fora do mainstream artístico atual. Que venham outros do mesmo alto nível. Biscoitos finos para as massas, mesmo!

Vale lembrar que essa exposição de David Bowie coroou um processo de crescimento da popularidade do artista por aqui que teve como marcos seus shows em solo nacional em 1990 e 1997, além do relançamento de sua discografia e também dos lançamentos simultâneos de seus novos trabalhos. Um sonho de gente como a adorável Rosa Kaji, presidente do melhor fã-clube de Bowie existente por aqui nos anos 80 e que deixou o Brasil por volta de 1987 para realizar o sonho de ver o Camaleão ao vivo. Por onde andará ela, por sinal?

Boys Keep Swinging, com David Bowie: