Por Fabian Chacur

Nesta quinta-feira (7/11), uma certa Joni Mitchell atinge a marca de 70 primaveras completadas. E quem é ela para ser tão reverenciada, tão relembrada, tão citada, sempre por gente com estatura suficiente para ter suas opiniões respeitadas? Quem é essa loira de feições duras, embora com um quê de doçura, mas que certamente intimida muitas pessoas? Eis algumas pistas.

Não sei se gostaria de conhece-la pessoalmente. Às vezes, é melhor manter distância dos ídolos. E quem já leu sobre essa cantora, compositora e musicista canadense sabe que a mulher tem um temperamento bastante peculiar. Ou pelo menos aparenta isso. Mas o que de fato importa é que Miss Mitchell merece todos os elogios que pudermos fazer a ela na área da música popular. E vamos a alguns deles.

Joni Mitchell é uma das pioneiras nessa história de mulher merecer o respeito no meio do rock, folk e música pop e trincar o até então eterno Clube do Bolinha. Ao lado de Laura Nyro e Carole King, forma a santíssima trindade do pioneirismo e da força feminina nos anos 60/70. Lógico que temos Janis Joplin, Grace Slick e outras, mas aqui nessa trinca temos um caso de autossuficiência total e de influência total sobre quem veio depois.

No caso específico da nossa agora setentona, a moça começou na cena folk, proporcionando a nós canções incríveis como Both Sides Now, The Circle Game e Woodstock. Nos anos 70, foi aos poucos ampliando seus horizontes e incorporando doses de rock, jazz e experimentalismo na sua receita, sem nunca deixar de lado o bom gosto, a ousadia e a paixão pelas canções.

Em 1974, lançou um álbum simplesmente espetacular, Court And Spark, que inclui diamantes do mais alto quilate como Help Me (a música que me fez virar fã dela), Free Man In Paris e tantas outras. Aqui, o jazz, os ritmos quebrados e os arranjos elaborados já haviam tomado a ponta da coisa, mas sem deixar a sensibilidade pop ser engolida.

A partir daí, a vida da moça só nos proporcionou coisas boas. Aliás, como já vinha proporcionando desde aquele impressionante começo nos anos 60, com direito a disco de estreia produzido pelo seletivo David Crosby, namoro e parceria com Graham Nash etc. Sempre com uma voz de timbre lírico e agridoce e um violão simplesmente cativante para acompanhar suas canções. Gravou até com Charles Mingus, um dos grandes mestres do jazz.

Nos anos 80, alguns fãs de mente menos aberta torceram o nariz para seu mergulho na sonoridade eletrônica de então, que gerou o espetacular Dog Eat Dog (1985), que inclui uma das faixas mais belas de todo o seu brilhante repertório, Impossible Dreamer. E nos anos 90, a obra da moça teve o retorno às paradas de sucesso e aos Grammys da vida que merecia com o estupendo Turbulent Indigo (1994).

E tem também as letras, sempre profundas e investindo em temas relevantes e universais como as inúmeras curvas e retas dos relacionamentos afetivos, o medo do futuro, a insegurança quanto aos caminhos que seguimos, as paixões, os maravilhosos gatos… Acho que eu tremeria feito vara verde na frente dessa mulher, pelo tamanho de sua obra e a emoção que algumas de suas canções me proporcionam.

Curta cinco canções inesquecíveis desse maravilhoso acervo que é a obra de Joni Mitchell. Que ela possa viver com saúde por muitos e muitos anos mais. Uma coisa, no entanto é fato: estamos por aí, vivendo e dando voltas e voltas nesse “circle game”.

Impossible Dreamer – Joni Mitchell

Help Me- Joni Mitchell

Big Yellow Taxi- Joni Mitchell

Both Sides Now – Joni Mitchell

The Circle Game – Joni Mitchell