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The Beatles 1962-66 e The Beatles 1967-70 (Apple-1973)

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Por Fabian Chacur

Em abril de 1973, quando as coletâneas duplas The Beatles 1962-1966 (ouça aqui) e The Beatles 1967-1970 foram lançadas, vivíamos tempos muito diferentes dos atuais. Portanto, para falar dessas compilações e de sua importância na história da banda mais bem-sucedida de todos os tempos em termos comerciais e criativos, é inevitável uma boa análise do cenário da época em termos de indústria fonográfica e do próprio Fab Four.

A traumática separação dos Beatles havia ocorrido há apenas três anos, mas muita coisa ocorreu naquele curto período de tempo.

Para começo de conversa, tivemos o início da conscientização por parte do público e crítica de que aqueles menos de dez anos de trajetória da banda tinham sido absolutamente sensacionais, com direito a um legado incrível em termos musicais e comportamentais.

A força daqueles quatro filhos de Liverpool, Inglaterra, que viraram cidadãos do mundo, repetiu-se em suas performances nas carreiras individuais. Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e até mesmo o subestimado por alguns Ringo Starr logo emplacaram grandes sucessos sem a banda, algo extremamente incomum no universo da música pop. Único, até.

Nesse curto período entre 1970 e 1973, hits como Maybe I’m Amazed, My Sweet Lord, Another Day, Mother, Imagine, It Don’t Come Easy, Uncle Albert/Admiral Halsey, Back Off Boogaloo e Give Me Love (Give Me Peace on Earth), só para citar alguns dos gravados pelos quatro em suas vidas musicais pós-separação, os mantiveram no topo do universo pop.

Tal fato criou uma situação curiosa. Para fãs mais jovens, era difícil acreditar que aqueles caras já tinham um extenso currículo de sucessos prévios, antes de lançarem as músicas que os conquistaram. E surgiu a frase que era atribuída a fãs de McCartney e de seu grupo dos anos 1970: “você quer me dizer que o Paul McCartney fez parte de outra banda antes dos Wings?”.

E a explicação para esse aparente desconhecimento era relativamente simples. Até aquele momento, não existiam coletâneas de sucessos que dessem uma geral na carreira dos Beatles.

As coisas mais parecidas com isso tinham sido a compilação britânica (saiu no Brasil) A Collection Of Beatles Oldies But Goldies (1966), e a americana (também saiu por aqui) Hey Jude (1970), interessantes, mas incompletas e sem muito critério em suas seleções de faixas.

Como os álbuns dos Beatles foram lançados em versões muito diferentes pelos quatro cantos do mundo até 1967, quando Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band iniciou os lançamentos unificados em termos globais, também era difícil encontrar esses discos nas lojas, naquele período pós-separação da banda. Isso, mesmo com suas canções ainda tocando muito nas rádios.

A gravadora Apple só caiu na real de que estava perdendo dinheiro quando um selo pirata lançou em 1972 nos EUA Alpha Ômega, box com 4 LPs e 60 músicas dos Beatles (com direito a algumas das carreiras solo) que, acredite se quiser, era divulgada em comerciais na TV. Naquele momento, ficou claro que algo precisava ser feito para atender essa demanda.

E o projeto não poderia ter sido melhor desenvolvido. Ao invés de lançar um único álbum, eles se renderam ao fato de que o ideal seria fazer algo o mais abrangente possível, que pudesse ser uma boa porta de entrada no universo da obra dos Beatles. Separar as coletâneas em duas fases foi brilhante, a inicial, de 1962 a 1966, e a pós-fim das turnês, de 1967 a 1970.

The Beatles 1962-1966 traz 26 faixas, enquanto The Beatles 1967-1970 ofereceu ao público 28 canções. Os dois álbuns, lançados no formato de LPs duplos, traziam como atrativo adicional envelopes protegendo os discos com as letras de todas as canções, algo que os discos dos Beatles só passaram a ter também a partir do Sgt. Pepper’s (e nem todos!).

Para as capas, outra tirada brilhante. Eles aproveitaram uma ideia surgida para o que seria o álbum Get Back (que acabou virando Let It Be). Na capa do 1962-66, usaram um outro take da sessão de fotos da capa do LP Please Please Me (1963), e na do 1967-70, um registro feito em 1969 pelo mesmo fotógrafo, Angus McBean, no mesmo local, a sacada do prédio onde ficava a sede da EMI em Londres, com os novos visuais deles.

Diante de tantas canções de sucesso a serem escolhidas, alguns critérios aparentemente foram usados. No álbum vermelho (1962-66), ficaram de fora os covers que os Fab Four gravaram até 1965, como Twist and Shout e Roll Over Beethoven, e as canções compostas e/ou interpretadas por George Harrison como solista. As 26 musicas levam a assinatura Lennon-McCartney.

Se no álbum vermelho só uma música (Yellow Submarine) tem Ringo como vocal principal, o álbum azul (1967-70) inclui mais uma com o baterista (Octopus’s Garden, de autoria dele, por sinal) e quatro compostas e interpretadas por George Harrison- While My Guitar Gently Weeps, Here Comes The Sun, Old Brown Shoe e Something.

Outra provável diretriz seguida é o fato de que todas as canções, com as possíveis exceções de The Ballad of John & Yoko e Old Brown Shoe, são grandes sucessos em paradas de sucesso e em execução nas rádios.

Com tudo perfeito- embalagem, escolha de repertório e mesmo a divulgação, que ressaltava o fato de serem as primeiras coletâneas abrangentes e oficiais da banda- criou-se uma grande expectativa em torno do desempenho comercial das mesmas. Que foi amplamente premiada.

The Beatles 1962-1966 chegou ao 3º lugar na parada americana, enquanto The Beatles 1967-1970 foi ainda além, liderando a parada ianque em 26 de maio de 1973. Os Fab Four voltavam ao topo após três anos.

Foi a partir dali que o acervo de gravações dos Beatles começou a ser reaproveitado e a render ainda mais do que nos tempos da Beatlemania.

Se no período entre 1973 e 1992 isso ainda ocorreu de uma forma um pouco mais tímida, os relançamentos e novidades referentes à banda renderam e ainda rendem milhões à gravadora Universal Music (atual detentora dos direitos desses fonogramas) e aos músicos e seus herdeiros.

Curiosidade: The Beatles 1967-1970 ficou uma semana no 1º lugar na parada dos EUA, e foi sucedido por Red Rose Speedway, de ninguém menos do que Paul McCartney & Wings, que manteve a posição de liderança por três semanas. Adivinhem quem o destronou? O ex-colega de banda George Harrison, que com seu Living In The Material World assegurou a primeira posição por cinco semanas.

Essas coletâneas marcaram tanto que foram reeditadas no formato CD, a primeira vez em 1993, no formato caixinha e reproduzindo o conteúdo da embalagem original, e em 2010, desta vez no modo digipack e com o acréscimo de um encarte trazendo um bom texto com informações (algumas incorretas)e fotos adicionais.

The Beatles 1962-1966 foi o primeiro álbum duplo que comprei na vida, quando tinha apenas 12 aninhos de idade, e me lembro de que as rádios de São Paulo tocavam as músicas dos Beatles naquele período como se fossem lançamentos, às vezes seguidas por faixas de John, Paul, George e Ringo em suas carreiras individuais. Como não virar um fã também?

The Beatles 1967-1970- The Beatles (ouça em streaming):

Yusuf/Cat Stevens faz um lindo cover de Here Comes The Sun

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Por Fabian Chacur

Desde que voltou ao universo da música pop em 2006, após mais de 20 anos se dedicando a religião, Yusuf/Cat Stevens tem nos proporcionado música da mais alta qualidade, além de shows encantadores. Para deleite de seus milhões de fãs mundo afora, ele homenageia o aniversário de 80 anos do saudoso George Harrison com uma belíssima releitura acústica de Here Comes The Sun, gravada originalmente pelos Beatles em 1969 em seu icônico álbum Abbey Road.

Excelente violonista, Yusuf se vale basicamente do mesmo arranjo criado pelo autor, inclusive se valendo do mesmo tom. A canção parece ter sido feita sob medida para a sua linda voz. O resultado agrada em cheio, e mostra que quem sabe um álbum com releituras das composições do autor de Something possa ser um projeto bem bacana para este ótimo cantor, compositor e músico de 74 anos.

Here Comes The Sun– Yusuf/Cat Stevens:

George Harrison, 80 anos, o beatle quieto, místico e genial

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Por Fabian Chacur

Pode uma música mudar o destino de uma pessoa? Para ser mais específico: pode uma canção de outro autor dar a um músico a passagem rumo ao estrelato? A resposta é sim, e existem inúmeros exemplos. No caso de George Harrison, que se estivesse entre nós completaria 80 anos neste sábado (25), a resposta é Raunchy. Foi graças a esse tema instrumental lançado pelo guitarrista norte-americano Bill Justis em 1957 que o aniversariante de hoje entrou em uma então obscura banda de Liverpool.

A história é essa. Em março de 1958, o grupo The Quarrymen, que tinha como líder John Lennon e há pouco havia incluído também Paul McCartney, buscava um guitarrista-solo. McCartney sugeriu seu colega de escola George Harrison, e disse a Lennon que o amiguinho tocava Raunchy, uma das favoritas do chefão da banda, nota por nota, de forma perfeita.

Lennon pagou pra ver, e ficou besta ao ver aquele molequinho de 15 anos executando essa música com perfeição. Segundos após encerrar sua performance, Harrison foi admitido nos Quarrymen, que em 1960 se tornariam The Beatles. O grupo nunca a gravou oficialmente, e quando preparavam o documentário Anthology (1995), Paul, George e Ringo Starr a tocaram (ouça e veja aqui, e a versão de Bill Justis aqui).

Esse primeiro momento de Harrison no Quarrymen daria pistas do que seria a sua carreira como músico. Ele admitiu em inúmeras entrevistas durante os seus 58 anos de vida que não se considerava um virtuose, e que precisava se dedicar bastante para conseguir conceber seus solos, harmonias e canções. O resultado, no entanto, o colocou muito acima de inúmeros guitarristas com aparentemente mais fluência no instrumento do que ele. Que, obviamente, também tinha muito talento.

Essa perseverança do cantor, compositor e músico britânico pode ser percebida na sua trajetória nos Beatles. Basta comparar, por exemplo, Don’t Bother Me (ouça aqui), primeira composição dele gravada pelos Beatles (no álbum With The Beatles, de 1963), com Something (ouça aqui), lançada em 1969 no álbum Abbey Road. Que evolução absurda!

George desenvolveu um jeitão de solar sempre com muita categoria e simplicidade, criando um estilo facilmente identificável e que continua sendo emulado até hoje. Sempre sem jogar notas fora, apostando no bom gosto e, com o tempo, trazendo como marca registrada um estilo de slide guitar que pode ser considerado um dos mais copiados de todos os tempos (Lulu Santos foi um desses seguidores).

Se progrediu muito como músico e compositor, Harrison também aprendeu a usar a sua voz doce e encantadora com o decorrer dos anos. De uma espécie de “irmão mais novo” de Lennon e McCartney, ele logo precisava de mais espaço para suas composições, e isso é uma das explicações mais lógicas para o fim dos Beatles. Duas músicas por álbum era muito pouco pra ele.

Ele já havia lançado dois álbuns solo enquanto ainda beatle, os muito interessantes Wonderwall (1968) e Electronic Sounds (1969). Com a separação da banda, deu vasão à sua imensa produção represada com o antológico All Things Must Pass (1970- ouça aqui), repleto de grandes canções e mostrando a força dele enquanto artista solo.

Harrison mergulhou na cultura oriental a partir de 1965, incentivado pelo amigo David Crosby, e sua performance na cítara em Norwegian Wood (This Bird Has Flown) (ouça aqui), de 1965, de John Lennon e faixa de Rubber Soul (1965), dava pistas do que viria.

A performance de George Harrison como artista solo foi das melhores. Sua produção foi relativamente pequena, especialmente a partir de 1982, mas nos proporcionou maravilhas como All Things Must Pass e também Living In The Material World (1973, o meu favorito, ouça aqui), o swingado 33 1/3 (1976- ouça aqui) e o ótimo George Harrison (1979- ouça aqui).

E vale lembrar também do supergrupo Travelling Wylburys, que ele formou com os amigos Bob Dylan, Roy Orbison, Tom Petty e Jeff Lynne, que gerou dois belíssimos álbuns, lançados em 1988 e 1990.

Embora tenha toda uma aura de paz em torno dele, George Harrison foi um ser humano como todos nós, com prós e contra, e o documentário Living In The Material World, de Martin Scorsese (leia a resenha aqui) mostra de forma aberta as suas contradições.

No entanto, o que ficou, e que ficará para todo o sempre, é a maravilhosa herança musical deste artista genial, que se considerava não muito mais do que um operário da música, mas que, no entanto, construiu uma obra simplesmente essencial para quem ama a boa música. Ele certamente está na sua Crackerbox Palace, e um dia todos nos encontraremos lá, onde o amor é verdadeiro. Até lá! E viva Raunchy!

Crackerbox Palace (clipe)- George Harrison:

The Beatles and India, doc e álbum, para encantar os fãs

George & Patti with garlands 2 - Colin Harrison Avico Ltd

Por Fabian Chacur

The Beatles continuam em pauta como de praxe, mas de forma ainda mais intensa nas últimas semanas. Além do filme Get Back, temos também um outro documentário em cena. Trata-se de The Beatles and India, produzido pelo empresário britânico-indiano Reynold D’Silva e dirigido em parceria por Ajoy Bose e Pete Compton. O filme ganhou os prêmios de melhor filme pelo público e melhor música no UK Usian Film Festival, e está sendo exibido com sucesso em festivais de cinema na Grécia, Bélgica e Espanha.

Baseado no livro Across The Universe- The Beatles in India, de Ajoy Bose, o doc conta a relação de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr com a cultura indiana, com ênfase em sua histórica passagem pela India em Rishikesh, no ashram do polêmico guru indiano Maharishi Mahesh Yogi. Temos cenas de arquivo e fotos, algumas raras e/ou inéditas, e também depoimentos de pessoas que presenciaram essa viagem histórica em 1968.

Como produto derivado do filme, está previsto para ser lançado no próximo dia 29 de outubro o álbum Songs Inspired By The Film The Beatles and India, que traz releituras de canções dos Beatles inspiradas e/ou escritas na Índia e interpretadas por artistas indianos contemporâneos como Karsh Kale, Benny Dayal, Kiss Nuka e Anoushka Shankar, esta última filha do grande músico Ravi Shankar (1920-2012), a rigor quem introduziu George Harrison no mundo da cultura da Índia e um de seus melhores amigos.

Eis as faixas de Songs Inspired By The Film The Beatles And India:

1. Tomorrow Never Knows (ouça aqui ) – Kiss Nuka
2. Mother Nature’s Son – Karsh Kale / Benny Dayal (ouça aqui)
3. Gimme Some Truth – Soulmate
4. Across The Universe – Tejas / Maalavika Manoj
5. Everybody’s Got Something To Hide (Except Me And My Monkey) – Rohan Rajadhyaksha / Warren Mendonsa
6. I Will – Shibani Dandekar / Neil Mukherjee
7. Julia – Dhruv Ghanekar
8. Child Of Nature – Anupam Roy
9. The Inner Light – Anoushka Shankar / Karsh Kale
10. The Continuing Story Of Bungalow Bill – Raaga Trippin
11. Back In The USSR – Karsh Kale / Farhan Ahktar
12. I’m So Tired – Lisa Mishra / Warren Mendonsa
13. Sexy Sadie – Siddharth Basrur / Neil Mukherjee
14. Martha My Dear – Nikhil D’Souza
15. Norwegian Wood (This Bird Has Flown) – Parekh & Singh
16. Revolution – Vishal Dadlani / Warren Mendonsa
17. Love You To – Dhruv Ghanekar
18. Dear Prudence – Karsh Kale / Monica Dogra
19. India, India (ouça aqui) – Nikhil D’Souza

Veja o trailer de The Beatles and India:

Lizzie Bravo, 70 anos, cantou com os Beatles e outros fenômenos

lizzie bravo

Por Fabian Chacur

Pode uma garota brasileira de 15 anos de idade desembarcar sozinha em fevereiro de 1967 na efervescente Londres daqueles anos psicodélicos e em alguns meses se tornar uma verdadeira testemunha ocular de um dos momento mais importantes da carreira de ninguém menos do que os Beatles? Mais: participar de uma gravação dos Fab Four? Essa foi a cereja no bolo da trajetória de Lizzie Bravo, que, no entanto, fez muitas outras coisas relevantes, como ser musa de um grande clássico da nossa música. Ela infelizmente nos deixou nesta segunda (4) aos 70 anos, vítima de problemas cardíacos.

Elizabeth Villas Boas Bravo nasceu em 29 de maio de 1951, e foi uma das primeiras brasileiras a mergulhar de cabeça no som dos Beatles, ao ouvir o álbum Meet The Beatles (1964) que seu pai trouxe dos EUA. Nascia ali uma paixão pelo grupo e, em particular, por John Lennon. E a amiga Denise Werneck teve uma ideia, logo encampada por Lizzie (cujo apelido ela tirou da música Dizzy Miss Lizzy, clássico do rock de autoria de Larry Williams e regravada pelo grupo no seu álbum Help!, de 1965): pedir aos pais de presente uma viagem a Londres.

Lizzie desembarcou em Londres em fevereiro de 1967, e logo se tornou uma frequentadora da porta dos estúdios Abbey Road, onde os Beatles gravavam seus discos, e também da casa de alguns deles. Naquela época, especialmente em Londres, os astros do rock eram muito mais acessíveis do que se tornariam não muito tempo depois, e a adolescente carioca conseguiu aos poucos se tornar uma quase amiga de John, Paul, George e Ringo.

No seu excelente livro Do Rio a Abbey Road (2015), ela relata como foi esse período no qual, afora trabalhos para conseguir se manter melhor na capital inglesa, suas tarefas básicas eram se manter atualizada sobre os lançamentos e novos rumos do grupo e também conseguir autógrafos, fotos e algumas conversas com os músicos. Na base da simpatia e da paciência, foi absolutamente vitoriosa no seu intuito, como provam as belas fotos contidas no livro.

Vale registrar que, nesse período, os Beatles viviam uma fase particularmente iluminada de sua brilhante trajetória, gravando Sgt. Peppers, Magical Mystery Tour e Abbey Road e consolidando de uma vez por todas a sua presença no panteão da música popular.

Lizzie permaneceu em Londres em dois períodos: de fevereiro de 1967 a abril de 1968, e de outubro de 1968 a outubro de 1969. Por lá, fez amizades com outros fãs e tirou a sorte grande em 4 de fevereiro de 1968, um domingo, quando Paul McCartney perguntou às garotas que estavam próximas ao estúdio Abbey Road se alguma delas conseguiria sustentar notas agudas. A nossa conterrânea afirmou positivamente, e depois levou outra amiga, a inglesa Gayleen Pease, para auxiliá-la. Dessa forma, participaram da versão original de Across The Universe.

A belíssima canção, assinada por Lennon e McCartney mas na verdade de total autoria do primeiro, acabou deixada de lado como um possível single do grupo. Em dezembro de 1969, no entanto, foi lançada como parte da coletânea inglesa No One’s Gonna Change Our World- The Stars Sing For The World Wide Fund, ao lado de gravações de dez outros artistas de ponta, entre os quais Bee Gees, The Hollies e Cilla Black.

Across The Universe entrou no repertório do álbum Let It Be (1970), mas em uma versão alterada que retirou os vocais de Bravo e Pease. Rara durante uns bons anos, a única gravação dos Beatles a incluir alguém do Brasil só voltaria a ser acessível ao entrar no repertório das duas versões do álbum Rarities (1980) e no volume 2 da coletânea Past Masters (1988).

Nem é preciso dizer que essa gravação tornou Lizzie Bravo uma figura sempre relembrada pelos fãs-clubes dos Beatles nas décadas seguintes, algo que se ampliou ainda mais com o advento da internet. Posteriormente, ela teve a oportunidade de rever Paul McCartney (em uma entrevista coletiva, em 1990, na qual o ex-beatle a reconheceu), George Harrison e Ringo Starr. Lennon, o seu favorito, infelizmente nos deixou antes de que ela pudesse reencontrá-lo.

Para quem acha que a história de Elizabeth parou por aqui, recupere o fôlego, pois vem mais coisas boas por aí. Em 1970, ao voltar ao Brasil, conheceu o cantor, compositor e músico Zé Rodrix, com o qual foi casada por dois anos. Em parceria com Tavito, ele compôs, inspirado nela, o clássico da MPB Casa no Campo, cuja gravação definitiva é a de Elis Regina. Em sua letra, a música fala de uma “esperança de óculos” (Lizzie) e o sonho de ter um “filho de cuca legal”, que veio na forma de Marya, nascida em outubro de 1971 e hoje cantora e atriz.

No decorrer de sua trajetória profissional, Lizzie foi vocalista de apoio de artistas do gabarito de Milton Nascimento, Joyce Moreno, Zé Ramalho, Ivan Lins, Djavan, Egberto Gismonti, Toninho Horta e Geraldo Azevedo, entre outros, participando de discos e shows deles. Também atuou como fotógrafa para artistas e gravadoras, e morou em Nova York de 1984 a 1994, atuando na área cultural.

O projeto de seu livro teve início em 1980, mas foi interrompido devido à trágica morte de John Lennon. Ela o retomou em 1984, novamente sem o levar adiante. Só em 2015 essa belíssima obra se concretizou, com uma tiragem inicial que se esgotou em 2017 (comprei um dos últimos exemplares, em julho de 2017. Ela preparava uma nova fornada de livros, assim como uma edição em inglês, que provavelmente serão viabilizadas por Marya.

Across The Universe (original version)- The Beatles:

All Things Must Pass será relançado em versões luxuosas

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Por Fabian Chacur

Como forma de celebrar os 50 anos de All Things Must Pass, um dos álbuns mais importantes e mais bem-sucedidos em termos comerciais da carreira de George Harrison, a Universal Music lançará no dia 6 de agosto novas versões deste trabalho, com produção executiva e coordenação da remasterização a cargo do filho do ex-beatle, Dhani Harrison. Serão disponibilizados diversos formatos físicos e digitais (conheça todos aqui). Também temos um vídeo informativo (veja aqui).

De todos os formatos, o mais completo é intitulado Uber Deluxe Edition, que traz todo o conteúdo, com direito a 5 CDs, 8 LPs de vinil 180 gramas, um livreto com 96 páginas e outro com 44 páginas repletos de fotos, textos e informações detalhadas sobre as gravações e também memorabilia. São 70 faixas no total, sendo 42 delas nunca antes lançadas, entre demos, versões alternativas e quetais. Essa versão tem uma caixa de madeira como embalagem e também traz um blu-ray de áudio com mixagem em surround Atmos hi-res.

Em comunicado enviado à imprensa, Dhani fala sobre essa versão do álbum:

“Trazer maior clareza sonora a este álbum sempre foi um dos desejos do meu pai, e era algo em que estávamos trabalhando juntos até ele falecer, em 2001. Agora, 20 anos depois, com a ajuda de novas tecnologias e o extenso trabalho de mixagem de Paul Hicks, realizamos esse desejo e apresentamos a vocês este lançamento muito especial do 50º aniversário de talvez sua maior obra de arte. Todos os desejos foram atendidos”.

Eis as faixas da versão em 5 CDs de All Things Must Passs:

Disc 1 (Main Album)
1. I’d Have You Anytime
2. My Sweet Lord
3. Wah-Wah
4. Isn’t It A Pity (Version One)
5. What Is Life
6. If Not For You
7. Behind That Locked Door
8. Let It Down
9. Run Of The Mill

Disc 2 (Main Album)
1. Beware Of Darkness
2. Apple Scruffs
3. Ballad Of Sir Frankie Crisp (Let It Roll)
4. Awaiting On You All
5. All Things Must Pass
6. I Dig Love
7. Art Of Dying
8. Isn’t It A Pity (Version Two)
9. Hear Me Lord
10. Out Of The Blue *
11. It’s Johnny’s Birthday *
12. Plug Me In *
13. I Remember Jeep *
14. Thanks For The Pepperoni *

* Newly Remastered/Original Mix

Disc 3 (Day 1 Demos – Tuesday 26 May 1970)
1. All Things Must Pass (Take 1) †
2. Behind That Locked Door (Take 2)
3. I Live For You (Take 1)
4. Apple Scruffs (Take 1)
5. What Is Life (Take 3)
6. Awaiting On You All (Take 1) †
7. Isn’t It A Pity (Take 2)
8. I’d Have You Anytime (Take 1)
9. I Dig Love (Take 1)
10. Going Down To Golders Green (Take 1)
11. Dehra Dun (Take 2)
12. Om Hare Om (Gopala Krishna) (Take 1)
13. Ballad Of Sir Frankie Crisp (Let It Roll) (Take 2)
14. My Sweet Lord (Take 1) †
15. Sour Milk Sea (Take 1)

Disc 4 (Day 2 Demos – Wednesday 27 May 1970)
1. Run Of The Mill (Take 1) †
2. Art Of Dying (Take 1)
3. Everybody/Nobody (Take 1)
4. Wah-Wah (Take 1)
5. Window Window (Take 1)
6. Beautiful Girl (Take 1)
7. Beware Of Darkness (Take 1)
8. Let It Down (Take 1)
9. Tell Me What Has Happened To You (Take 1)
10. Hear Me Lord (Take 1)
11. Nowhere To Go (Take 1)
12. Cosmic Empire (Take 1)
13. Mother Divine (Take 1)
14. I Don’t Want To Do It (Take 1)
15. If Not For You (Take 1)

† Previously Released

Disc 5 (Session Outtakes and Jams)
1. Isn’t It A Pity (Take 14)
2. Wah-Wah (Take 1)
3. I’d Have You Anytime (Take 5)
4. Art Of Dying (Take 1)
5. Isn’t It A Pity (Take 27)
6. If Not For You (Take 2)
7. Wedding Bells (Are Breaking Up That Old Gang Of Mine) (Take 1)
8. What Is Life (Take 1)
9. Beware Of Darkness (Take 8)
10. Hear Me Lord (Take 5)
11. Let It Down (Take 1)
12. Run Of The Mill (Take 36)
13. Down To the River (Rocking Chair Jam) (Take 1)
14. Get Back (Take 1)
15. Almost 12 Bar Honky Tonk (Take 1)
16. It’s Johnny’s Birthday (Take 1)
17. Woman Don’t You Cry For Me (Take 5)

Run Of The Mill (Take 36) (clipe)- George Harrison:

George Harrison aos 70: doce, filosófico, genial

Por Fabian Chacur

No dia 24 de fevereiro de 1943, nasceu em Liverpool, Inglaterra, um dos mais importantes nomes da história do rock e da música em geral. Se estivesse vivo, George Harrison teria completado 70 anos. Infelizmente, ele nos deixou em 2001, com apenas 58 primaveras. Quanta coisa boa ele ainda teria nos proporcionado!

Mas não vale a pena lamentar. Afinal de contas, o cantor, compositor e guitarrista britânico nos deixou um legado que irá durar muito mais do que o mais forte corpo humano suportaria. Sua herança musical traz belas canções, letras profundas, acordes caprichados, solos de guitarra elaborados, voz doce…

Se sua participação na maior banda de todos os tempos, os Beatles, já bastaria para lhe garantir a eternidade, a belíssima carreira solo que construiu depois do fim dos Fab Four também teria lhe valido essa difícil vitória, tamanha a qualidade do que compôs e gravou sem John Lennon, Paul McCartney e Ringo Starr. Genial só ou bem acompanhado.

Como homenagem às sete décadas decorridas desde seu nascimento, selecionei sete canções de sua carreira solo, fugindo das mais óbvias e apostando em profundidade, memória afetiva, pura beleza e intensidade. Ouçam cada uma delas e reflitam se dá para dizer que George Harrison está morto. Que nada! Sua música é imortal!

Don’t Let Me Wait Too Long -(Living In The Material World -1973)

A capacidade de George em criar melodias pop envolventes era incrível, e esta canção é uma boa prova disso. Ritmo delicioso, melodia marcante e uma letra de simplicidade elaborada que me conquistaram ainda moleque, com 12 aninhos.

Any Road (Brainwashed -2002)

O álbum lançado de forma póstuma em 2002 (excelente, por sinal) traz essa canção fantástica, com letra incrível e uma das frases mais profundas que já ouvi na vida: “se você não sabe para onde vai, qualquer estrada pode te levar até lá.

That’s The Way It Goes (Gone Troppo-1982):

Mesmo em trabalhos não tão inspirados como Gone Troppo George sempre nos reservava ao menos umas duas canções realmente estelares. Essa balada aqui, com direito a sua inigualável slide guitar, é bom exemplo desse dom do “beatle quieto”.

Crackerbox Palace (Thirty Three & 1/3 – 1976):

No álbum mais funky/soul da carreira de Harrison, esta música particularmente me emociona, e nem sei explicar bem o porque, além de sua óbvia beleza. Acho que tem a ver com a associação que faço dela com a saudade da infância e dos sonhos de criança, e da crença de que Deus está dentro de todos nós.

Beware Of Darkness (All Things Must Pass – 1970):

Em um álbum repleto de clássicos como esse, escolhi esta canção de tom sombrio, que nos adverte a ter cuidado com as coisas ruins que nos cercam e que podem, se vacilarmos, acabar com tudo o que sonhamos e tentamos preservar de bom. Uma advertência melódica e inspirada, só para variar.

Blow Away (George Harrison– 1978):

Até me arrepia lembrar da primeira vez que eu ouvi essa maravilha tocar no rádio, lá pelos idos de 1978, quando tinha 17 anos. Balada pop certeira, com letra positiva e um daqueles arranjos que só mesmo o autor de Something sabia nos oferecer. Fico arrepiado ao ouvi-la até hoje, e ficarei sempre, pelo visto.

Blood From a Clone (Somewhere In England-1981):

Reza a lenda que a gravadora Warner queria que George fizesse uma canção que tivesse sonoridade próxima do que a new wave e/ou a disco music ofereciam, naquela época. Harrison nos proporcionou esse petardo, com guitarras nervosas, ritmo sofisticado e ágil e forte apelo pop dançante. Nunca desafie um craque da canção…

Ravi Shankar foi o guru de George Harrison

Por Fabian Chacur

Uma das marcas da música dos Beatles foi a sua abertura no sentido de incorporar outras sonoridades além do rock and roll. Uma delas, a oriental, entrou no universo da banda de forma mais clara graças ao músico indiano Ravi Shankar, que morreu nesta terça-feira (11) aos 92 anos. Ele foi o guru de George Harrison.

Consta que o citarista conheceu George Harrison e Paul McCartney em 1966, em Londres. Não por acaso, foi naquele mesmo ano, no mitológico disco Revolver, que o “beatle quieto” lançou a música Love You To, com forte influência da música indiana.

Esse tipo de som se mostraria presente em outros momentos de Harrison com os Beatles, entre as quais Within You Without You e The Inner Light. Esta última, por sinal, é bem curiosa, pois soa como um mix de música indiana com a célebre Asa Branca, de Luiz Gonzaga, fato que levou o célebre agitador cultural brasileiro Carlos Imperial a espalhar o boato de que os Beatles gravariam o clássico do Rei do Baião. E o povo na época acreditou!

Shankar influenciou também o ex-beatle em termos pessoais, levando o músico a investir em meditação e em um temperamento ainda mais introspectivo e reflexivo. Em 1971, Shankar incentivou Harrison a promover o primeiro grande show beneficente da história do rock, para Bangladesh, com a participação de Bob Dylan, Eric Clapton e outros astros do rock.

A amizade entre Ravi Shankar e George Harrison se manteve firme e sólida até a morte do ex-beatle, em 2001. O autor de Something disse, certa vez, que Shankar foi a primeira pessoa que realmente o impressinou em toda a sua vida. E olha que ele conheceu muita gente do primeiro escalação da música…

Aliás, Shankar se mostrou figura importante em dois festivais de música que ajudaram o rock a se expandir em termos de público e importância cultural, os festivais de Monterey (1967) e de Woodstock (1969). Ele tocou em ambos, ajudando a tornar a musica indiana mais conhecida no resto do mundo.

O citarista indiano nos deixou duas filhas cantoras, Anoushka Shankar e a popularíssima Norah Jones, que teve em relacionamento fora do casamento e com quem não mantinha contato habitual. Mesmo assim, Norah acabou cancelando os shows que faria esta semana no Brasil em Porto Alegre, Rio e São Paulo para ir se despedir do pai.

Veja Ravi Shankar e George Harrison tocando juntos:

Ouça Prabhujee, com George Harrison e Ravi Shankar:

CD exibe alma musical de George Harrison

Por Fabian Chacur

O maravilhoso documentário George Harrison: Living In The Material World foi recentemente exibido por aqui (e comentado por Mondo Pop), e já está disponível em luxuoso pacote importado incluindo DVD duplo, Blu-ray, livro e CD.

Felizmente, o CD é o primeiro desses ítens já disponível individualmente em nossas lojas e a um preço acessível. Trata-se de Early Takes Volume 1. Em formato digipack, o álbum traz 10 faixas, com pouco mais de 30 minutos de duração, e é bem diferente da maior parte desse tipo de compilação.

Para começo de conversa, todas as gravações tem excelente qualidade de áudio, e seguem uma sequência que torna a audição tão deliciosa como a de um álbum normal, o que nem sempre ocorre em reuniões de outtakes e sobras de estúdio do gênero.

A voz do ex-beatle está particularmente bela, podendo ser apreciada em todos os seus nuances e suavidades. O mesmo pode ser dito do acompanhamento instrumental, que em alguns casos se resume a um violão tocado com maestria pelo astro.

Belíssimo trabalho de Giles Martin (filho do lendário George Martin, produtor dos Beatles), a quem coube a tarefa de ajudar na seleção das gravações e dar a elas o arremate sonoro final.

Temos aqui seis músicas que entrariam em suas versões finais no álbum All Things Must Pass(1970; uma é de Living In The Material World(1973), outra, de Thirty Three & 1/3 (1976), e dois covers entram pela primeira vez em um álbum do autor de Something.

O único ponto realmente negativo em Early Takes Volume 1 é o fato de não termos nenhuma informação acerca de quando as gravações foram feitas, e quem toca nelas, com apenas dois textos curtos assinados por Giles Martins e o Dr. Warren Zanes na capa interna.

Quanto à duração, convenhamos: melhor 30 minutos excelentes do que duas horas de material mal editado e com qualidade discutível de áudio. E que venham os próximos volumes!

Vamos a uma análise individual de cada uma delas:

1My Sweet Lord (demo) – A melodia e os versos estão praticamente terminados, mas a levada rítmica segue um encaminhamento mais funkeado do que a da versão final, mais básica e contagiante. É a faixa que soa mais inacabada, entre todas. De All Things Must Pass .

2Run Of The Mill (demo)- George se acompanha ao violão, e a música soa pronta, precisando apenas dos penduricalhos proporcionados pelos arranjos da versão conhecida. Soa até melhor do que a versão lançada originalmente. De All Things Must Pass.

3I’d Have You Any Time (early take)- Versão muito próxima da original, com direito a slide guitar, violão, bateria e uma interpretação vocal belíssima. Acho que muita gente a achará ainda melhor do que a gravação lançada oficialmente. Estupenda parceria de George e Bob Dylan. De All Things Must Pass.

4Mama You’ve Been On My Mind (demo) – A canção que Bob Dylan deixou de fora de Another Side Of Bob Dylan (1964) foi gravada por Joan Baez, Johnny Cash e Rod Stewart, entre outros. George a interpreta no melhor estilo voz e violão, arrancando arrepios do ouvinte tanto nos vocais como no instrumento. Ele nunca havia a lançado antes em um de seus álbuns.

5Let It Be Me (demo) – Essa canção de Gilbert Becaud fez sucesso em inglês com os Everly Brothers em 1960 e é simplesmente belíssima. George a interpretou com rara inspiração, em versão que conta com slide guitar e poderia perfeitamente ter sido lançada de forma oficial. É a outra inédita em discos do ex-beatle contida aqui.

6Woman Don’t You Cry For Me (early take) – Lançada em versão funkeada e faixa de abertura de Thirty Three & 1/3, essa música aparece aqui de forma completamente diferente, só voz e violão e em arranjo folk/blues simplesmente arrasador. Prova de que uma mesma música pode ganhar roupagens totalmente distintas e continuar ótima. Na verdade, essa música começou a ser composta em 1968 e poderia ter entrado em All Things Must Pass, conforme o próprio George revelou anos depois. De Thirty Three & 1/3.

7Awaiting On You All (early take) – Gravação com banda e ênfase em guitarras levemente distorcidas, sem os metais da versão definitiva e gravada de forma descompromissada. No entanto, temos aqui os dois versos polêmicos que ficaram de fora da versão final, incluindo o célebre “O Papa tem 51% das ações da General Motors”. De All Things Must Pass.

8 Behind That Locked Door (demo) – Embora despida de vocais de apoio e outros penduricalhos (mas já com a slide guitar), esta versão demo de Behind That Locked Door soa tão boa como a lançada em 1970. A voz de George está mais cristalina do que nunca, capaz de emocionar até o mais cético com sua doçura. De All Things Must Pass.

9All Things Must Pass (demo) – Embora sem o arranjo definitivo que incluia slide guitar, esta versão da faixa título do álbum lançado por George Harrison em 1970 já traz o andamento e a letra que conheceríamos na versão definitiva, além da levada rítmica de bateria. Despida, ressalta a belíssima letra. De All Things Must Pass.

10The Light That Has Lighted The World (demo) – A delicada balada lançada originalmente em 1973 aparece aqui em um tom abaixo do da gravação original, o que a faz soar mais intimista, sem perder nada da maravilhosa melodia da versão que todos conhecemos. Um belo encerramento para este CD. De Living In The Material World.

Ouça a nova versão de Awaiting On You All, com George Harrison:

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