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Irene Cara, 63 anos, a cantora dos hits Fame e Flashdance

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Por Fabian Chacur

Com apenas 3 anos de idade, Irene Cara foi finalista do concurso Little Miss America. Era uma indicação do que viria pela frente em sua vida. Ela se tornou mundialmente conhecida como cantora e atriz, especialmente graças às músicas Fame e Flashdance…What a Feeling. Ela nos deixou aos 63 anos no dia 25, de causas não reveladas, sendo o fato divulgado no dia 26 pela sua assessora de imprensa, Judith Mosse.

Nascida no Bronx, Nova York, em 18 de março de 1963, filha de um imigrante porto riquenho e de uma imigrante cubana. Irene sempre dizia em entrevistas que nunca pensou em ser outra coisa que não fosse artista.

Ainda criança, participava de vários programas de TV e gravou seu primeiro álbum, Esta Es Irene (1967). Com dez aninhos, marcou presença em um show em homenagem ao grande jazzista Duke Ellington no icônico Madison Square Garden ao lado de Stevie Wonder, Sammy Davis Jr. e Roberta Flack.

Aos poucos, foi se fortalecendo enquanto atriz e cantora, atuando em espetáculo da Broadway, séries e filmes televisivos. Ou seja, estava bem preparada quando recebeu o convite para atuar no filme Fama, de Alan Parker. Ela viveu o papel de Coco Hernandez, uma aspirante a atriz que iniciava o seu treinamento em uma badalada escola em Nova York.

Em uma época em que Hollywood buscava um sucessor para Os Embalos de Sábado à Noite e Grease, Fama conseguiu atingir essa expectativa com louvor. É um filme delicioso, que mostra toda a trajetória de jovens aspirantes ao estrelato na escola, desde os momentos sonhadores do início até as dificuldades, os amores, as vitórias iniciais…

Se a atuação de Irene como atriz foi excelente, é como cantora que ela brilhou, pois os dois grandes sucessos da trilha sonora foram gravados por ela. Fame, a eletrizante música-título, e a canção romântica Out Here On My Own (ouça aqui), atingiram os primeiros postos nas paradas de sucesso do mundo todo. Esta última fez muito sucesso no Brasil em 1981 na voz da ainda criança Nikka Costa, filha do célebre maestro Don Costa, que trabalhou com Frank Sinatra e outros mestres da música.

Mesmo com esse embalo todo, Irene não fez muito sucesso com o seu primeiro álbum na fase adulta, Anyone Can See (1982), que não passou do número 39 na parada ianque. A coisa mudou em 1983, quando foi convidada a gravar a música-tema de outro filme, Flashdance, desta vez estrelado pela atriz Jennifer Beals e de certa forma uma derivação de Fama.

O público, no entanto, gostou e muito, e também curtiu muito as duas principais músicas da trilha. Uma é Maniac, rock eletrônico interpretado por Michael Sembello, músico que já havia tocado com Donna Summer, Stevie Wonder e outros luminares da música. A outra é exatamente Flashdance…What a Feeling, que Irene escreveu em parceria com o grande Giorgio Moroder e Keith Forsey.

Na verdade, a parceria entre Irene e Giorgio foi bem curiosa, pois desde o seu estouro com Fame a voz de Irene Cara era comparada com a da estrela maior daquela época, Donna Summer, e Moroder foi exatamente o descobridor da moça. Se teve receio das comparações, Cara acabou topando trabalhar com o genial músico e compositor italiano. E deu muito certo!

Flashdance… What a Feeling atingiu o primeiro lugar na parada americana, ficando nesse posto por seis longas semanas e ajudando a impulsionar a trilha sonora do filme para o mesmo posto. De quebra, a moça acabou abocanhando um Oscar como coautora desta canção, somando-se a prêmios Grammy, American Music e Globo De ouro. E isso tudo com apenas 24 anos!

A expectativa em torno de um novo álbum da moça era enorme, e esse álbum, intitulado What a Feelin’, saiu em 1983. Além da faixa-título, emplacou mais dois hits, Why Me? (ouça aqui), que chegou ao 13º lugar nos EUA e fez sucesso no Brasil, e Breakdance (ouça aqui ), que chegou ao nº8, ambas parcerias com Giorgio Moroder.

O álbum completo, no entanto, decepcionou, não indo além do 77º posto na parada americana. E aí começaram os problemas de Irene, que em 1985 resolveu processar o dono da gravadora que lançou este trabalho, a Network Records, o empresário Al Coury. Essa disputa judicial durou oito longos anos, e ela venceu, mas não levou, pois o selo alegou falência e não pagou os cerca de 1.5 milhão de dólares que devia. Ela acredita que isso atrapalhou e muito a sua carreira, pois afastou os empresários e gravadoras.

Seja como for, ela ainda teve uma boa oportunidade em 1987 para dar a volta por cima quando lançou o álbum Carasmatic, desta vez pela gravadora Elektra. Mas mesmo tendo contado com as participações de nomes do porte de George Duke, Carole King, George Johnson, Bonnie Raitt e Patrice Rushen, o álbum foi um fracasso de vendas e marcou o fim do seu auge.

Antes, ela participou do single beneficente Cantaré, Cantarás, em 1985, ao lado de Roberto Carlos, Gal Costa, Simone, Placido Domingo, Julio Iglesias, Jose Feliciano, Sergio Mendes e Lucho Gatica, entre outros, em prol de ações da Unicef na América Latina (veja o clipe aqui) e com o nome Hermanos.

Além disso, teve músicas incluídas em quase 20 trilhas sonoras de filmes, e participou de produções como City Heat (1984), este contracenando com os consagrados Clint Eastwood e Burt Reynolds.

Mesmo com muito menos repercussão, Irene Cara se manteve na ativa, fazendo turnês nos anos 1990 pela Europa e Ásia. Ela lançou alguns singles de dance music, compilados no hoje bastante raro álbum Precarious 90’s. Ela também gravou uma releitura de What a Feeling em 2001 com o cantor suíço Peter René Baumann, mais conhecido pelo nome artístico DJ Bobo.

Além de eventuais aparições em TV, Irene Cara lançou o seu último álbum em 2011, Irene Cara Presents Hot Caramel, CD duplo com o grupo que criou em 1999, o Hot Caramel. Você também a encontrará em discos de Lou Reed, George Duke, Evelyn Champagne King e Oleta Adams fazendo backing vocals. Bem, apesar dos altos e baixos, foi uma bela carreira.

Fame (clipe)- Irene Cara:

Duran Duran inova com um clipe feito com inteligência artificial

Duran Duran - Divulgação 3

Por Fabian Chacur

Seis anos após Paper Gods (2015), o Duran Duran anuncia um novo álbum. Trata-se de Future Past, que a gravadora BMG promete lançar no dia 22 de outubro. O 1º single a ser extraído do que será o 15º álbum de estúdio do agora quarteto britânico, Invisible, traz como grande novidade um clipe feito por inteligência artificial, a Huxley, criada pela Nested Minds Solutions. A música traz ecos de trabalhos anteriores do grupo, e tem tudo para agradar os fãs.

A nova faixa foi produzida por Erol Alkan e conta com a participação do guitarrista Graham Coxon, integrante da banda britânica Blur. Outros produtores se incumbiram das outras faixas, entre eles os consagrados Giorgio Moroder e Mark Ronson. Também marcarão presença no álbum a cantora sueca Lykke Lu e o pianista Mike Garson, este último conhecido por seus trabalhos com David Bowie, incluindo o incrível solo em Aladdin Sane.

No momento, o Duran Duran traz quatro dos integrantes de sua formação clássica: Simon Le Bon (vocal), John Taylor (baixo), Nick Rhodes (teclados) e Roger Taylor (bateria). Em press release enviado à imprensa, o cantor fala sobre como surgiu o álbum e também o single Evolution:

“Quando entramos em estúdio pela primeira vez, no final de 2018, eu estava tentando convencer os caras que tudo o que precisávamos fazer era escrever duas ou três faixas para um EP. Quatro dias depois, tínhamos a base de 25 canções muito fortes, que precisamos desenvolver com calma. Então aqui nós estamos, em 2021, com nosso 15º álbum de estúdio. Abrimos com Invisible, sobre um relacionamento unilateral que se tornou algo maior, sobre uma multidão que não quer ser silenciada ou deixada de lado. Parece algo certo para o agora”.

Invisible (clipe)- Duran Duran:

Grammy consagra Random Access Memory

Por Fabian Chacur

Há críticos musicais que adoram detonar sempre e sempre os Grammy Awards, encarando-os como um monumento ao brega e à música comercial mais banal. Nem sempre, tolinhos, nem sempre. Com mais frequência do que se imagina, o Oscar da música consagra exatamente aqueles trabalhos que merecem ser consagrados. E isso ocorreu na noite deste domingo (26) com o Daft Punk. Vitória merecidíssima!

O duo radicado na França e integrado por Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo abocanhou cinco troféus na cerimônia realizada no Staples Center, em Los Angeles, incluindo os dois mais importantes, como Álbum do Ano (por Random Access Memories) e Single do Ano, com Get Lucky. Eles ainda levaram nas categorias Melhor Performance de Duo/Grupo Pop (com Get Lucky), Melhor Álbum Dance/Eletrônico) e Melhor Álbum Em Termos Técnicos.

Vale lembrar que, segundo o site da revista americana Billboard, Random Access Memory é o primeiro álbum de dance music a ganhar como Álbum do Ano desde 1978, quando a trilha de Saturday Night Fever (Os Embalos de Sábado à Noite) conseguiu esse feito. Curiosamente (ou não), Random Access Memory soa como se tivesse sido gravado e lançado exatamente naquela época, quando a disco music dominava o cenário pop.

Random Access Memory, um dos álbuns mais vendidos de 2013, possui inúmeros méritos, sendo o principal a incrível mistura de teclados e efeitos eletrônicos com músicos de verdade, o que deu ao trabalho um sabor ao mesmo tempo retrô e atualíssimo, 1978 e 2013 no mesmo pacote. O duo resolveu investir em músicos, e trouxe para o seu time alguns gênios da raça.

Logo de cara, Random Access Memory se tornou histórico por trazer de volta às paradas de sucessos o guitarrista Nile Rodgers, líder do grupo Chic e um dos grandes craques da guitarra rítmica. Ele dá o norte a três faixas matadoras do disco, Give Life Back To Music e os hit singles Get Lucky e Lose Yourself To Dance. Rodgers se encaixou feito luva na proposta musical do Daft Punk, agregando muito valor a essas músicas.

Giorgio Moroder, outro gênio da disco e da música eletrônica, faz participação bastante peculiar na deliciosa Giorgio By Moroder. Ele, ao invés de cantar ou tocar, conta um pouco da história da sua vida e do sonho que conseguiu concretizar, o de ser músico de sucesso, que ele admite que considerava impossível, quando ainda era moleque. O resultado é delicioso.

Paul Williams, compositor de clássicos da música pop como Rainy Days And Mondays e We’ve Only Just Begun e autor das músicas e estrela do sensacional filme cult musical O Fantasma do Paraíso (1974, dirigido por Brian De Palma), é cantor e coautor de Touch, faixa mais épica do álbum. É o momento de maior destaque da orquestra que o Daft Punk montou especialmente para gravar este trabalho.

Inteligentes, Bangalter e De Homem-Christo também trouxeram convidados da nova geração, entre os quais Pharrell Williams (o vocalista principal nos hits Get Lucky e Move Yourself To Dance) e Julian Casablancas, vocalista dos Strokes e responsável por vocais, guitarras e coautoria da deliciosa Instant Crush, outro momento surpreendente em um disco surpreendente como um todo. A soma perfeita do eletrônico com o orgânico.

De quebra, ainda estão no elenco de músicos presentes neste CD feras consagradas como Nathan East (baixo), Omar Hakim (bateria) e Paul Jackson Jr. (guitarra). Ou seja, o Daft Punk reuniu um time realmente grandioso, mas nada disso teria dado certo se todos não fossem escalados em suas posições corretas, nas músicas certas e objetivando soluções musicais bem específicas. Todos jogando em função da música, não do estrelismo.

O resultado, Random Access Memory, pode ser considerado sem susto um dos melhores álbuns pop deste século, e um trabalho que, tal qual Saturday Night Fever, será relembrado, ouvido e dançado por gerações e gerações. Nada melhor do que ter a oportunidade de ver um clássico nascer. E os Grammy Awards se incumbiram de o tornar definitivo. Parabéns à Academia, e parabéns ao Daft Punk, que terá dificuldades em lançar um novo álbum com tanta qualidade. Vamos ver o que o futuro nos dirá…

Ouça Touch, com Paul Williams e o Daft Punk:

Ouça Give Life Back To Music, com Nile Rodgers e o Daft Punk:

Caixa de DVDs mergulha na Disco Music

Por Fabian Chacur

A Disco Music é um dos estilos musicais mais marcantes da história da música pop. Amada por muitos e odiada por muitos, também, surgiu e viveu seu auge em termos de popularidade nos anos 70, permanecendo até hoje como garantia de trilha sonora animada em festas e influenciando novos trabalhos musicais.

Como forma de dar uma geral nos anos de ouro da disco, chegou às lojas a caixa The Best Of Disco Music, que traz três DVDs com videoclipes e um contendo um documentário sobre o mais popular estilo jamais surgido no amplo universo da dance music de todos os tempos.

Os três DVDs de clipes nos trazem 58 registros feitos nos anos 70 (alguns, nos anos 80) de nomes importantes da disco, como Donna Summer, Village People, Gloria Gaynor, Silver Convention, Penny McLean, Tina Charles e LaBelle, junto a outros perdidos na lata de lixo da história, como Aneka, Peter Kent e Cherry Laine.

Grande parte desse material foi extraído de apresentações em programas de TV da época, nos quais os artistas habitualmente apenas dublavam suas gravações. Mesmo assim, é legal ver esses astros da época, as roupas, as coreografias, o público presente (alguns visivelmente contrariados) e as músicas, em versões originais.

A qualidade de áudio e vídeo, se não é perfeita, pode ser considerada bastante satisfatória, com a trinca de DVDs podendo servir como uma espécie de trilha sonora para uma festa temática, mesmo sem incluir nomes chave dessa era como Chic, Kool & The Gang, Bee Gees, Voyage e Patrick Juvet, só para citar alguns.

Mas o grande destaque dessa coleção fica por conta do DVD que inclui um documentário com mais de uma hora de duração sobre a Disco Music. Com ótima narração a cargo de Gloria Gaynor, o filme dá uma bela geral na história do movimento, indo desde as raízes do mesmo até sua decadência, no início dos anos 80.

Além da utilização de ótimo material de arquivo, temos entrevistados de alto gabarito, como Tom Moulton, Nile Rodgers (do Chic), Giorgio Moroder, Telma Houston, Randy Jones (do Village People), George Clinton (Funkadelic/Parliament) e Mike Chapman. Até Peter Frampton, que admite odiar a disco music, dá suas opiniões (furadas, por sinal).

Trata-se de um dos melhores documentários que já vi sobre o tema, altamente indicado tanto para novatos como para conhecedores de disco music, pois é repleto de informações pertinentes. Para a caixa merecer nota máxima, só faltou mesmo um encarte colorido com mais fotos e informações. Mesmo assim, recomendo com entusiasmo.

Veja compilação de clipes de Disco Music (não estão na caixa):

Morre Donna Summer, a rainha da disco music

Por Fabian Chacur

Morreu nesta quinta-feira (17) na Flórida, EUA, a cantora Donna Summer. A estrela americana tinha 63 anos de idade e lutava contra um câncer, batalha essa que procurou manter longe da mídia.

Nascida no dia 31 de dezembro de 1948, LaDonna Gaines começou a tomar gosto pela música ao participar de corais gospel em igrejas. Ao integrar o elenco de uma das encenações da peça teatral Hair, conheceu a Alemanha, onde os horizontes para a sua carreira se ampliaram bastante.

Em 1973, na cidade alemã de Munique, conheceu os produtores e compositores Giorgio Moroder e Pete Bellotte, com os quais passou a trabalhar. Já com o nome artístico Donna Summer, ela estourou mundialmente com Love To Love You Baby, na qual se valia de gemidos sensuais, tendo como trilha uma base eletrônica que se tornaria extremamente influente.

A partir dalí, Donna começou a se tornar uma das mais importantes intérpretes da então emergente disco music, além de ganhar espaço para mostrar seu talento. Com uma voz potente e versátil, além de muito carisma em shows, ela incorporou influências de rock, soul, funk, pop e até jazz à sua sonoridade, o que a ajudou a se tornar ainda mais popular.

Com a produção e as canções dos geniais Moroder e Bellotte, ela emplacou até o fim dos anos 70 hits inesquecíveis como I Love You, Bad Girls, Hot Stuff, MacArthur Park (releitura de um hit dos anos 60), On The Radio e No More Tears (Enough Is Enough, esta um dueto com Barbra Streisand), entre muitos outros. Muitos mesmo!

A popularidade de Donna Summer nessa fase era tão grande que a moça conseguiu a façanha, nunca igualada, de emplacar três álbuns duplos consecutivos no primeiro lugar da parada da Billboard. São eles os excelentes Live And More (1978), Bad Girls (1979) e On The Radio-Greatest Hits Vols 1 e 2 (1979).

Nos anos 80, a parceria entre ela e a dupla Moroder/Bellotte acabou, mas a cantora conseguiu permanecer nas paradas de sucesso, emplacando hits como State Of Independene, Unconditional Love, Breakaway e She Works Hard For The Money entre outros.

Nos anos 90 e na primeira década deste século, manteve-se ativa e participando de projetos próprios e alheios, como um CD/DVD gravado ao vivo em 1999 em parceria com o canal musical VH1 no qual dava uma geral em seus maiores hits.

Donna Summer fez shows no Brasil em 1989, 1994 e 2009, sendo que nesta última vez divulgava seu então recém-lançado álbum Crayons.

Ela atualmente tentava finalizar um novo disco, mas aparentemente deixou o trabalho inacabado, o que só saberemos de fato nos próximos meses.

Ouça Hot Stuff, com Donna Summer:

Ouça Bad Girls, com Donna Summer:

Ouça I Feel Love, com Donna Summer:

Giorgio Moroder: o influente produtor é setentão

Por Fabian Chacur

No dia 26 de abril de 1940, nasceu na Itália um cara que entrou para a história da música pop: Giorgio Moroder. É o tipo do profissional que fez tanta coisa que pode ser que muita gente nem saiba que ele esteve envolvido com músicas e artistas dos quais gostam. Então, vamos dar uma geral em sua trajetória.

Cantor, compositor e tecladista, Giorgio iniciou a carreira como artista solo. Existem gravações deles desde a metade dos anos 60, feitas especialmente na Alemanha, onde trabalhou bastante.

Seu primeiro sucesso veio em 1969, a agitada Looky Looky, que pega emprestado o refrão de Papa Oom Mow Mow da música homônica gravada originalmente em 1962 pelo grupo The Rivingtons e depois por Beach Boys, Gary Glitter e até João Penca & Os Miquinhos Amestrados.

Em 1971, veio outro ainda mais potente, a sensacional Son Of My Father, que o grupo britânico Chicory Tip também gravou com sucesso. Nela, o parceiro já era Pete Belotte, com o qual assinou vários de seus grandes hits.

Com o tempo, Giorgio Moroder foi preferindo se dedicar mais à atividade de produtor, embora continuasse gravando discos solo bem significativos. From Here To Eternity, por exemplo, cuja faixa título e também Too Hot To Handle são clássicos da vertente mais eletrônica da disco music.

Aliás, foi exatamente ao querer gravar com uma cantora americana que foi parar na Alemanha para participar de uma montagem do musical Hair e acabou passando uns tempos por lá que ele, mais uma vez, fez história.

A moça era uma jovem Donna Summer. A performance da moça em Love To Love You Baby não só a transformou em hit em 1975 como deu início a uma carreira fenomenal. A Rainha das Discotecas gravou até 1980 clássicos do gênero, a maior parte deles assinados pela dobradinha Moroder/Belotte.

Quer alguns títulos? Lá vão eles: I Love You, I Remember Yesterday, Hot Stuff, Bad Girls, Dim All The Lights, I Feel Love, Last Dance, Heaven Knows, a lista é quase interminável. Summer emplacou três álbuns duplos consecutivos no número um da parada americana. Ninguém conseguiu isso. Nem antes, nem depois.

Paralelamente, Giorgio Moroder criou o projeto Munich Machine (1978), no qual releu A Writer Shade Of Pale (hit sessentista do grupo Procol Harum) e revelou a cantora Chris, com a qual gravou um disco em dupla do qual fazem parte os hits Love’s In You Love’s In Me e Love Now Hurt Later.

Quando miss Summer resolveu partir para outras experiências, nosso heroi não perdeu o rebolado. Fez a célebre trilha do filme Midnight Express (O Expresso da Meia-Noite -1978).

Ainda no cinema, produziu e compôs as trilhas de filmes como Cat People, American Gigolo, Flashdance e Metropolis, entre outros.

Quer alguns sucessos dessa fase do italianinho bom de eletrônica? Aí vão eles: Call Me, com o Blondie, Cat People (Putting Out Fire), com David Bowie, Flashdance…What a Feeling, com Irene Cara, Danger Zone, com Kenny Loggins, Love Missile F1-11, com Sigue Sigue Sputnik….

Essa lista vai longe, e só vou acrescentar mais uma trilha que gerou sucessos: Electric Dreams (Amores Eletrônicos), da qual faz parte Together In Electric Dreams, com vocais a cargo de Phil Oakey, do Human League.

Ainda na ativa, embora sem o mesmo sucesso, Giorgio Moroder recebeu em 2000 o tributo DJ Empire Presents: A Tribute To Giorgio Moroder, com releituras de seus hits feitas por nomes importantes da música eletrônica.

No Brasil, duas coletâneas com os hits gravados por Giorgio foram lançadas. Em 1996, a BMG soltou The Early Hits, que traz 16 faixas gravadas por ele como artista entre 1966 e 1972, entre os quais Looky Looky e Son Of My Father.

Em 2005, saiu uma que, embora também traga as duas faixas citadas acima, mergulha fundo na fase posterior do músico, com mais 15 faixas. O título da mesma é The Best Of Giorgio, e usa a mesma foto da capa de From Here To Eternity.

Os destaques são as músicas do álbum From Here To Eternity, os hits citados do Munich Machine e Giorgio And Chris, a música com Phil Oakey e highlights de suas trilhas. O lançamento foi do selo nacional MNF Brazil, e é indispensável para quem deseja conhecer a obra dele.

Nem é preciso dizer que uma coletânea de Donna Summer dos bons tempos também é jogo ganho, pois boa parte dos petardos da moça levam a produção e/ou a assinatura de Giorgio Moroder e Pete Belotte.

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