Por Fabian Chacur

Às vésperas de completar 60 anos, o que ocorreu no mês de janeiro, Phil Collins resolveu se dedicar a seu primeiro trabalho composto só por canções alheias.

O mote não poderia ter sido mais legítimo e bem escolhido: um tributo à gravadora americana Motown, que lançou nomes fundamentais para a história da música pop como Stevie Wonder, Marvin Gaye, Michael Jackson e dezenas de outros.

Ele sempre citou a gravadora como uma de suas grandes influências, e vale lembrar: nos anos 80, ele regravou com categoria You Can’t Hurry Love, das Supremes, além de ter trabalhado com Lamont Dozier, um dos grandes autores do selo americano, nas músicas Two Hearts e Loco in Acapulco.

Para concretizar o projeto, ele teve de lutar contra problemas físicos que quase o impediram de tocar bateria para sempre.

Felizmente, sua garra e talento o ajudaram a tornar seu sonho real, e o resultado é o excelente Going Back, que pode ser encontrado em duas versões: uma simples, incluindo só um CD com 18 faixas, e uma dupla, incluindo CD com 25 faixas e um DVD adicional.

Na verdade, Collins releu 29 músicas do repertório da Motown Records, e você pode encontrar todas, no formato MP3 como bônus no DVD.

Além do ex-vocalista e baterista do Genesis cantando e tocando batera e teclados, o álbum inclui três integrantes dos lendários Funk Brothers.

Para quem não sabe, esse era o nome informal pelo qual era conhecida a banda de estúdio e shows da Motown Records, que gravava com todos os artistas da casa.

Ray Monette (guitarra), Bob Babbitt (baixo) e Eddie Willis (guitarra) (da esquerda para a direita, na foto abaixo) representam com carisma e categoria seus colegas, alguns deles infelizmente já do outro lado do mistério.

Também marcam presença, entre outros, o virtuoso pianista Jason Rebello, as vocalistas Connie Jackson e Lynne Fiddmont e os adoráveis Nicholas e Matthew Collins, molequinhos e herdeiros do consagrado músico britânico.

O repertório inclui desde clássicos famosos como Uptight (Stevie Wonder), Dancing in The Streets (Martha Reeves & The Vandellas) e Going To a Go-Go (Smokey Robinson & The Miracles) até pérolas menos conhecidas, mas tão belas quanto, tipo In My Lonely Room e Blame It On The Sun.

No detalhado documentário sobre as gravações de Going Back, incluído no DVD, Collins explica que sua intenção era reproduzir da forma mais fiel possível os arranjos e timbres instrumentais das gravações originais.

O resultado é delicioso, podendo ser ouvido de ponta a ponta sem grande dificuldade. E Collins, como todos sabem, sempre foi um grande vocalista, e felizmente continua sendo.

Going Back faz bela homenagem a uma gravadora que, especialmente nos anos 60 e 70, nos proporcionou alguns dos melhores momentos da história da música pop, conseguindo vender milhões de cópias e atingir o status de arte pop em seu estado mais puro.