Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Tag: guitarristas brasileiros

Alceu Valença e Paulo Rafael em uma inspirada despedida

alceu valenca 400x

Por Fabian Chacur

Surpreendido pela pandemia, Alceu Valença usou como forma de se distrair durante o confinamento exigido pela situação extraordinária tocar e tocar seu violão. Dessa forma, ele selecionou 33 músicas, entre sucessos, lados B, composições alheias e algumas inéditas, e gravou três álbuns em 2021 via gravadora Deck, todos disponíveis em lindas edições digipack em CD: Sem Pensar no Amanhã, Senhora Estrada e Saudade. Todos no esquema voz-violão.

No mesmo período, ele gravou um 4º álbum, ao lado de seu parceiro musical de 46 anos, o grande guitarrista e violonista pernambucano Paulo Rafael. O que não estava na programação, outra surpresa inesperada, foi a partida daquele músico genial em 23 de agosto de 2021, aos 66 anos. O trabalho chegou às lojas e às plataformas digitais em 2022, com o título Alceu Valença e Paulo Rafael, e equivale a uma inspirada despedida.

Alceu toca seu violão e canta com uma voz menos agressiva e mais aveludada do que na fase de seu estouro nas paradas de sucessos, nos anos 1970 e 1980. O resultado é ótimo, ainda mais contando com o apoio da guitarra, violão e viola tocadas com maestria por Paulo Rafael.

Uma composição é inédita, a linda Fada Lusitana, que encerra o repertório de 11 faixas com muito lirismo e inspiração. Sabiá (Luiz Gonzaga- Zé Dantas) é a única não autoral. As outras 9 foram registradas originalmente por Alceu Valença entre 1974 e 2019.

A ordem das músicas no álbum é muito bem sacada, e um bom exemplo é o fato de Eu Vou Fazer Você Voar e Girassol antecederem Anunciação, sendo que ambas são posteriores e trazem ecos melódicos e poéticos desse megahit do artista pernambucano, que ficou arrepiante nessa nova roupagem.

Uma pena essa parceria de quase 50 anos ter sido desfeita pela partida prematura de Paulo Rafael, mas ao menos teve um encerramento digno de todas as conquistas musicais obtidas por eles.

Anunciação– Alceu Valença e Paulo Rafael:

Tony Babalu faz show gratuito e distribuirá CDs para o público

tony babalu 400x las altieri

Por Fabian Chacur

O Natal vai chegar mais cedo para quem curte rock instrumental de primeira linha. Em um único dia, você poderá ganhar dois belíssimos presentes. É que o grande guitarrista Tony Babalu fará um show gratuito neste sábado (10) às 20h30 no Centro Cultural São Paulo- Sala Adoniran Barbosa (rua Vergueiro, nº 1.000= fone 11-3397-4002). Se já não fosse suficiente, o público presente também levará pra casa uma cópia autografada no formato CD de seu mais recente trabalho, o magnífico EP No Quarto de Som… (leia a resenha aqui).

Acompanhado por uma banda afiadíssima composta por Adriano Augusto (teclados), Leandro Gusman (baixo) e Carlos Contreras (bateria), este brilhante guitarrista e compositor dará uma geral em grandes momentos de seu ótimo repertório autoral, com direito a uma ênfase nas faixas de No Quarto de Som…, sem exageros um dos melhores trabalhos de música instrumental dos últimos tempos.

Babalu tem grandes méritos, e um deles é fazer música instrumental na qual não perde tempo com exageros estilísticos ou técnicos, sempre dando preferência àquilo que soa melhor e cativa a emoção das pessoas. Com mais de quatro décadas na estrada, merece ser descoberto por mais pessoas pelo mundo afora, pois seu trabalho é de uma rara consistência e inspiração. Vai perder esse duplo presente de natal?

Reflexo– Tony Babalu:

Tony Babalu inicia uma série de shows gratuitos em São Paulo

Tony Babalu 400x- Foto Leandro Almeida

Por Fabian Chacur

Tony Babalu (leia mais sobre ele aqui) é figura cativa em Mondo Pop. Nada mais justo. Trata-se de um dos grandes nomes da guitarra brasileira e um mestre do rock instrumental. Ele inicia neste sábado (30) uma série de três shows gratuitos em São Paulo para divulgar seu mais recente lançamento, o lindo EP No Quarto de Som… .

Como esse excelente trabalho, que contém cinco faixas e está disponível nas principais plataformas digitais, saiu há um ano em meio à pandemia, é só agora que o músico tem a oportunidade de mostrá-lo presencialmente. E podem ter certeza de que valerá a espera, pois essa mistura de rock, jazz, latinidade e o que mais viver é sempre uma boa pedida para quem curte música de alta qualidade e boa de se ouvir.

Para acompanhá-lo, Babalu terá três músicos experientes e capazes de seguir a sua orientação segura e livre. São eles Adriano Augusto (teclados), Leandro Gusman (baixo) e Claudio Tchernev (bateria). No repertório, faixas do EP e também algumas de seus excelentes trabalhos mais recentes, Live Sessions at Mosh (2014) e Live Sessions II (2017).

SERVIÇO DOS SHOWS

30/7 (sábado) às 20h

Centro Cultural Penha (ao ar livre, palco em frente ao local) – projeto Rock in Penha

Endereço: Largo do Rosário 20 – Penha – São Paulo/SP

Entrada: gratuita (não é necessário retirada de ingressos)

Classificação: livre

Duração: 60min

Informações: 2095-6480

12/8 (sexta) às 19h

Centro Cultural Olido (Sala Olido)

Endereço: Av. São João 473 – Centro – São Paulo/SP

Entrada: gratuita (não é necessário retirada de ingressos)

Classificação: livre

Duração: 80min

26/8 (sexta) às 21h

Teatro Alfredo Mesquita

Endereço: Av. Santos Dumont 1770 – Santana – São Paulo/SP

Entrada: gratuita (retirada de ingressos 1h antes)

Classificação: livre

Duração: 80min

Informações: (11)2221-3657

Recomeço– Tony Babalu:

Paulo Rafael, 66 anos, um dos mestres da guitarra no Brasil

paulo rafael

Por Fabian Chacur

Durante mais de 40 anos, o guitarrista Paulo Rafael foi uma espécie de lugar-tenente do grande Alceu Valença, participando de inúmeros shows e gravações ao lado do conterrâneo pernambucano. Além disso, o músico, que também se virava de forma brilhante em violões e outros instrumentos de cordas, firmou-se como um dos mais competentes na fusão do rock com a música regional. Ele nos deixou nesta segunda (23), aos 66 anos de idade, vítima de um câncer que o atormentava há algum tempo. Uma perda dolorosa para quem gosta de música boa e inventiva.

Paulo Rafael nasceu em Caruaru (PE) em 11 de julho de 1955. Sua primeira aparição importante na cena musical foi ao integrar o grupo Ave Sangria, que em 1975 lançou um importante e badalado álbum de estreia e que voltaria à ativa há poucos anos (leia mais sobre eles aqui). Logo a seguir, participou do lendário álbum duplo Paêbiru, de Zé Ramalho e Lula Côrtes (leia sobre esse disco aqui).

Na metade dos anos 1970, Alceu Valença convenceu Paulo a se tornar o guitarrista de sua banda de apoio. Nascia ali uma parceria que se manteria firme e forte nos próximos quarenta e poucos anos. Pode-se dizer que o músico ajudou a injetar doses significativas de rock no som nordestino do autor de Anunciação, resultando em uma das musicalidades mais originais, cativantes e miscigenadas da nossa amada música popular brasileira.

Além de participar de gravações de diversos outros artistas, como Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Lobão, Paulo Rafael também integrou o grupo Primavera Nos Dentes, especializado em reler canções do repertório dos Secos & Molhados, ao lado de Charles Gavin, Duda Brack, Pedro Coelho e Felipe Pacheco Ventura (leia mais sobre eles aqui). Ele também participou de uma reunião do Ave Sangria em 2019 que gerou um novo álbum.

Anunciação (ao vivo)- Alceu Valença, Paulo RAfael e Orquestra Ouro Preto:

José Neto, guitarrista, é tema de documentário sobre sua carreira

jose neto doc poster 2020-400x

Por Fabian Chacur

O guitarrista paulistano José Pires de Almeida Neto saiu do Brasil em 1978, quando tinha 24 anos, com o objetivo de investir em uma carreira na cena musical dos EUA. Antes, tinha se formado em violão clássico, dado aulas na escola CLAM, de Amilton Godoy, e tocado com vários músicos. No ano seguinte, foi recrutado pelo cantor e ator americano Harry Belafonte para integrar sua banda de apoio. Era o início de uma trajetória brilhante, que inspirou o documentário The Man Behind The White Guitar, dirigido pelo inglês Richard Michael e produzido pela americana Barbara McVeigh, que será lançado para o grande público em 2020.

Filmado na Califórnia, Nova York, Reino Unido e Brasil, este filme traz cenas de shows, entrevistas com o artista em foco e também com alguns dos grandes nomes com os quais trabalhou, entre os quais Belafonte, Airto Moreira e Steve Winwood, que ressaltam não só o seu talento musical, mas também sua capacidade de encantar e cativar as pessoas com uma filosofia de vida positiva e repleta de tiradas inteligentes e inspiradoras.

José Neto (como é mais conhecido na cena musical) tocou durante 30 anos com Harry Belafonte, do qual chegou a ser diretor musical. Ele atuou ao lado de outros dois brasileiros que fizeram fama no exterior, a cantora Flora Purim e o percussionista Airto Moreira. Os três criaram o grupo Fourth World, que lançou cinco álbuns na década de 1990 e cativou o público internacional com sua mistura de jazz, música brasileira e latina.

Em seu currículo extenso, Neto trabalhou com o consagrado produtor, compositor e artista Narada Michael Walden, George Benson e a pianista, cantora e compositora brasileira Tânia Maria, e também lidera há mais de 25 anos a Netoband, que integra ao lado de Gary Brown, Frank Martin, Celso Alberti e Café e cujos shows já percorreram os EUA e o Reino Unido, atraindo as atenções do público e também dos músicos.

Aliás, foi em um show da Netoband em Londres lá pelos idos de 1995 que José Neto conheceu Jim Capaldi, ex-integrante da banda britânica Traffic, que ficou apaixonado por seu trabalho. Não demorou para que Capaldi apresentasse o brasileiro a outro ex-Traffic, o cantor, compositor e músico Steve Winwood. Logo a seguir, Neto participaria tocando violão na faixa Plenty Lovin’, do álbum Junction Seven (1997), de Winwood.

Quando resolveu criar um projeto musical que teria como base um trio composto por órgão, bateria e guitarra, Winwood pensou na hora em José Neto e o convidou. Os dois e mais o baterista cubano radicado nos EUA Walfredo Reyes Jr., aliados a alguns acréscimos de sopros e percussão, gravaram About Time (2003), espetacular álbum solo de Steve Winwood.

Neste CD, Neto não só tocou guitarra e violão como também inaugurou sua parceria com Winwood, assinando com ele as músicas Cigano (For The Gypsies), Domingo Morning e Silvia (Who Is She?).

Em 2003, um show de Winwood com Neto na guitarra foi gravado, exibido na TV pública americana PBS e depois lançado em DVD com o título Sound Stage- Steve Winwood- Live in Concert (saiu aqui pela extinta Indie Records). Além de músicas de About Time, também temos releituras de clássicos da carreira do artista como Can’t Find My Way Home, Dear Mr. Fantasy e Back In The High Life Again. A performance é matadora.

Essa parceria renderia novos e belos frutos no álbum de estúdio seguinte de Winwood, Nine Lives (2008), com as músicas escritas por eles Fly, Raging Sea, Hungry Man, Secrets, At Times We Do Forget e Other Shore.

The Man Behind The White Guitar foi exibido em 2019 em festivais e eventos privados, e será disponibilizado para o público em algum momento de 2020. No Brasil, possivelmente em um festival do tipo In-Edit, aquele dedicado aos documentários musicais. Um dos apoiadores foi o Banco Fator, de São Paulo.

Veja o trailer de The Man With The White Guitar:

Duca Belintani mescla blues e folclore e grava CD espetacular

duca belintani-400x

Por Fabian Chacur

Com mais de 35 anos de carreira, Duca Belintani é cantor, compositor, guitarrista, educador, produtor e escritor. No currículo, seis CDs, participação no grupo Verminose e coautoria (ao lado de Ricardo Gozzi) do livro Kid Vinil Um Herói do Brasil, biografia do saudoso vocalista do Magazine e do Verminose. Agora, chegou a vez do sétimo álbum, e o mote para o mesmo não podia ter sido mais interessante: uma fusão entre as várias vertentes do blues, seu estilo musical de coração, e o folclore brasileiro. Desta forma, nasceu Blues Na Floresta, sem exageros um dos grandes lançamentos de 2019 até o momento.

Como forma de viabilizar o seu projeto, Duca se associou ao letrista Osmar Santos Jr. . Juntos, escolheram personagens icônicos do folclore brasileiro, adaptando para a nossa cultura uma das características mais peculiares das origens do blues americano. O resultado não poderia ter ficado melhor, trazendo para a brincadeira o lobisomem, o saci pererê, o bicho papão, o boitatá, o curupira e outros. O bacana é que as letras conseguem ao mesmo tempo dialogar com o público infantil e o adulto, sem cair em abordagens infantilistas que por vezes tornam esse tipo de trabalho um desrespeito à inteligência dos petizes.

Duca, que canta bem e toca uma guitarra incisiva e personalizada, conta com o apoio de Benigno Sobral (baixo), Ulisses da Hora (bateria), Ricardo Scaff (gaita), Vinas Peixoto (percussão), Adriano Grineberg (teclados) e Mateus Schanoski (teclados). Esse time dá uma consistência musical impecável às 11 gravações, com direito a muita energia, qualidade técnica e tesão, elementos sem os quais o blues não tem como se tornar relevante, em face de sua aparente simplicidade estilística. Tocar blues é simples, mas tocar blues BEM não é para qualquer um, e Duca e sua gang dão um show nesse requisito.

Além desse timaço, o disco também traz convidados especiais de primeira: Andreas Kisser, Graça Cunha, Paulo Freire, Suzana Salles, Theo Werneck e Vange Milliet, que ajudam a dar aquele retoque final e perfeito a algumas das faixas. A musicalidade mergulha em diversas variações do blues, com direito a elementos de jazz, rockabilly e rhythm and blues.

O lado mais pesado, próximo do hard rock, aparece nas faixas Cuca e Blues Na Floresta. O divertido rockabilly Assombrou a Festa traz os vocais irreverentes de Suzana Salles e Vange Milliet, enquanto o clima rhythm and blues suave permeia a bela Iara, com vocal de Graça Cunha. Matita Pereira tem uma deliciosa levada jazzy com uma pitada de Moondance, de Van Morrison, enquanto Lobisomem vai na linha do blues rock compassado. Um álbum espetacular!

Blues Na Floresta mostra que um dos ritmos mais influentes e seminais da música pode ser explorado com uma abordagem brasileira sem sair de seus cânones tradicionais. E vale ressaltar a belíssima apresentação do CD, com direito a capa digipack, encarte colorido e belíssimas ilustrações individualizadas para cada personagem (incluindo o próprio Duca) feito por feras como Tim Ernani, Marco China, Ennio Nascimento, Kel Cerruti, Thiago Martins, Gabi Barbosa, Edison Vieira Pinto, Marcos Madalena, Luiz Gabriel, Nando Sobral e Milton de Souza (o Trinkão Watts, baterista do Magazine e do Verminose).

Ouça trechos das canções do álbum Blues Na Floresta:

Tony Babalu fará dois shows gratuitos na Sala Olido (SP)

tony-babalu-400x

Por Fabian Chacur

Quem curte rock instrumental de primeiríssima linha terá duas boas oportunidades de conferir ao vivo um dos craques dessa praia no Brasil. O guitarrista, compositor e produtor Tony Babalu fará duas apresentações gratuitas em São Paulo no Centro Cultural Olido- Sala Olido (avenida São João, nª 473- Centro- fone 0xx11-2899-7370). Os shows serão nas duas próximas sextas-feiras, respectivamente dias 15 e 22, sempre às 19h. Um baita de um programa para os fãs de boa música, ainda mais por esse preço…

Babalu terá a seu lado os afiadíssimos Adriano Augusto (teclados) e Leandro Gusman (baixo) e uma novidade na banda que o tem acompanhado nos últimos tempos, o experiente Claudio Tchernev (bateria), com um currículo respeitável e repleto de trabalhos ao lado dos Mutantes, Cláudio Zoli, Chico Cesar, Elba Ramalho e muitos outros, além de ser professor de música.

No repertório, teremos basicamente músicas dos ótimos e mais recentes CDs do artista, Live Sessions At Mosh (2014) e Live Sessions II (2017), trabalhos gravados ao vivo no lendário estúdio Mosh, em São Paulo, nos quais o músico mostra sua fusão de rock, blues, black music e jazz. Babalu é um estilista da guitarra, tocando de forma classuda e inspirada. Leia mais sobre ele e seus impecáveis trabalhos em mais de 40 anos de carreira aqui.

Veia Latina (ao vivo)- Tony Babalu:

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑