tony iommi livro capa-400x

Por Fabian Chacur

Para quem pensa que o Black Sabbath em sua formação original tinha só um doidão, no caso o impagável Ozzy Osbourne, recomendo a imediata leitura de Iron Man- Minha Jornada Com o Black Sabbath (Iron Man- My Journey Through Heaven And Hell With Black Sabbath-Editora Planeta), deliciosa autobiografia na qual Tony Iommi, o guitarrista da banda, conta seus impagáveis causos durante uma carreira iniciada nos anos 1960 e na ativa até hoje.

O livro tem início no episódio que poderia ter dado cabo de suas ambições no mundo da música. Aos 17 anos, em 1965, quando já dava os primeiros passos como guitarrista de rock, Iommi sofreu um acidente no seu último dia trabalhando em uma fábrica em sua cidade natal, Birmingham. Resultado: a perda das extremidades dos dois dedos do meio de sua mão direita.

Se isso já seria terrível para um músico destro, para o canhoto Iommi aquilo se mostrou praticamente a sentença de morte para ele em termos profissionais. O cara, no entanto, mostrou fibra e superou inúmeros desafios, criando no processo um estilo próprio e inimitável de tocar que ajudou a gerar alguns dos mais poderosos riffs da história do rock.

Com a ajuda de T.J. Lammers, que se incumbiu de colocar no papel os depoimentos, o guitarrista nos conta de forma detalhada como ocorreu todo esse doloroso processo. Sem choradeira e de forma bem-humorada. A história da banda que o tornou famoso mundialmente também surge de um jeito descontraído e esclarecedor.

Ozzy, por exemplo, surgiu na vida de Iommi ainda na escola, quando tiveram pouco contato, pois o cantor era um pouco mais novo do que ele. Anos depois, quando estava atrás de um vocalista para o que viria a ser o Black Sabbath, o guitarrista tomou um susto ao ver que o cara que respondeu o anúncio que havia colocado era aquele colega pateta.

Durante o decorrer das 400 páginas do livro (que você devora com avidez), o coautor de clássicos como Sabbath Bloody Sabbath, Iron Man, Paranoid, Heaven And Hell e Tomorrow’s Dream, entre inúmeros outros, nos conta como foram gravados seus álbuns, bastidores das turnês do grupo, o entra e sai de músicos e tudo o mais.

Sabemos, por exemplo, como foi a curta passagem de Tony pelo Jethro Tull, com direito a participação no mitológico filme Rock And Roll Circus, dos Rolling Stones, as brincadeiras que os músicos do grupo faziam entre si, incluindo botar fogo (literalmente!) no baterista Bill Ward, o consumo de drogas e mesmo as relações afetivas do músico britânico.

Entre outras curiosidades, ficamos sabendo que um dos vocalistas testados para substituir Ozzy Osbourne em sua saída do Black Sabbath em 1980 foi ninguém menos do que Michael Bolton, que, depois, tornou-se astro do soul pop. Ele, na época, cantou em uma banda de hard rock ao lado do guitarrista Bruce Kulick, que depois integraria o Kiss.

A entrada no Sabbath de Ronnie James Dio tem bom espaço no livro, incluindo as brigas entre ele e Iommi, o retorno dessa formação nos anos 1990 e uma nova encarnação dessa escalação, já como Heaven & Hell (nome do disco mais famoso dessa era) nos anos 2000. Fica claro que Dio e Ozzy se odiavam de forma intensa.

A narrativa vai até 2010, meses antes do lançamento do livro no exterior (saiu por aqui em 2013). Não relata, portanto, as gravações do disco do retorno aos estúdios da formação original do Black Sabbath (13) e os recentes problemas de saúde de Iommi, que aparentemente estão sendo controlados. Um livro muito bom de se ler para quem quer saber mais sobre um dos inventores do heavy metal.

Sabbath Bloody Sabbath– Black Sabbath:

Tomorrow’s Dream– Black Sabbath:

Heaven And Hell– Black Sabbath: