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Filme relembra o histórico Lira Paulistana

Por Fabian Chacur

O antigo jornal televisivo Repórter Esso tinha como slogan a frase “testemunha ocular da história”. Pois este que vos tecla pode se incluir nessa descrição quando o assunto é o Teatro Lira Paulistana. Finalmente chega às salas de cinema, mais precisamente as da 4ª edição do In-Edit Brasil, um documentário sobre aquele seminal espaço cultural.

Trata-se de Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista, dirigido por um dos criadores daquele espaço, Riba de Castro. Os 97 minutos de duração do filme equivalem a uma deliciosa viagem a um tempo em que São Paulo vivia uma verdadeira efervescência cultural. Não que não viva agora, ou que não tenha vivido em outras épocas. Mas esse período da nossa história em que o Lira se encaixa foi dos mais peculiares e interessantes, além de seminal.

Estamos falando do período compreendido entre 1979 e 1986, quando a cena independente se firmou, quando a Ditadura Militar começava a caducar, quando diversas cenas musicais surgiam. E, a rigor, todas elas tiveram a oportunidade de dar seus primeiros passos naquele teatrinho acanhado situado na rua Teodoro Sampaio, 1.091, em Pinheiros.

O rock brasileiro dos anos 80, o punk rock brazuca, a nova MPB, o som instrumental, o som rural raizeiro, o heavy metal, todos tinham espaço no Lira, provavelmente o espaço mais democrático e aberto da história de São Paulo.

O documentário mostra cenas de arquivo da época entremeadas por depoimentos atuais de gente como Luiz Tatit, Lanny Gordin, Marcelo Tas, Maurício Kubrusly, Fernando Meirelles, Wandi Doratiotto, Mário Manga, Laert Sarrumor, Luis Chagas e inúmeros outros que protagonizaram momentos importantes daqueles anos criativos.

O saudoso Itamar Assumpção é devidamente saudado como provavelmente o grande nome revelado por aquele espaço, que também marcou as carreiras de Titãs, Ultraje a Rigor, Ira!, Premeditando o Breque, Língua de Trapo, Rumo e inúmeros outros.

Como “testemunha ocular da história”, gostaria de ter visto mais registros do Premê e do Língua, assim como também ao menos um registro de que um dos festivais mais importantes da história do então incipiente heavy metal brasileiro, o SP Metal, rolou naquele mesmo Lira Paulistana. E também amaria ter visto menos o mala sem alça do Arrigo Barnabé, o Gil Frank Gomes Zappa da Cohab 30, que nem ao menos tocou no Lira, como ele próprio admite. Mas são escolhas pessoais minhas.

Tomara que Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista seja exibido mais vezes, e seja lançado no formato DVD, pois se trata de um registro histórico de grande importância para a MPB e até mesmo para a nossa cidade. O Lira deixou saudades em todos que tiveram a oportunidade de frequentá-lo e até de atuar em seu palco, como eu, por exemplo…

Veja cenas de Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista:

Filme mergulha na alma de Ray Davies

Por Fabian Chacur

O Festival In-Edit, cuja quarta edição está sendo realizada em São Paulo e Salvador neste mês de junho, equivale à consolidação de um evento fundamental para aquele tipo de fã de música cujo objetivo é saber mais dos seus ídolos, ou de seus futuros ídolos, ou apenas para matar sua curiosidade musical. Não importa.

Um dos grandes momentos da programação desse evento maravilhoso em 2012 é Ray Davies: Imaginary Man (2010), com direção a cargo de Julian Temple, diretor britânico que tem em seu currículo clássicos como The Great Rock And Roll Swindle (1979) e The Filth And The Fury (2000), ambos sobre os Sex Pistols, e o filme Absolute Beginners (1986), além de outras obras e muitos clipes.

O documentário foi realizado em 2010, quando o líder dos Kinks havia acabado de lançar See My Friends, álbum solo no qual releu vários de seus sucessos ao lado de Bruce Springsteen, Jon Bon Jovi, Metallica e outros. Ray fala sobre o álbum quase que de passagem, pois a entrevista mergulha mesmo é em sua trajetória musical e de vida.

Não se trata de uma biografia daquelas completinhas. Quem deseja ver algo assim deve procurar o DVD You Really Got Me – The Story Of The Kinks, já resenhado aqui em Mondo Pop e disponível nas lojas brasileiras, ou então procurar o filme Do It Again, do jornalsta Geoff Edgers (2010, exibido no In-Edit 2011 e também resenhado aqui). Eles cumprem melhor essa função de dar uma geral na carreira da banda.

Imaginary Man é, na verdade, um delicioso bate-papo entre dois amigos, no qual Ray Davies relembra sua juventude ao rever locais importantes em sua vida, situados em Londres e nas imediações da capital inglesa. Em meio a isso, o astro fala sobre suas composições, os problemas que encarou como astro, seu temperamento e suas paixões.

Ora bem-humorado, ora levemente melancólico e frequentemente filosófico (sem ser chato, diga-se de passagem), Ray Davies nos revela um pouco do ser humano por trás de maravilhas como You Really Got Me, Tired Of Waiting For You, Waterloo Sunset, Celluloid Heroes, Superman, Low Budget e tantos outros clássicos do rock.

Ray está brigado há muito anos com seu irmão, o guitarrista Dave Davies, o que levou Julian Temple a fazer outro documentário, Kinkdom Come: Dave Davies, também exibido no In-Edit 2012 mostrando a visão de Dave da carreira dos Kinks. A chuva paulistana, no entanto, me impediu de ver esse. Buááááááá´!

Vale lembrar que boa parte dos filmes exibidos no In-Edit não entra no circuito comercial brasileiro, e nem ao menos é lançado por aqui nos formatos DVD ou Blu-ray. Ou seja, quem viu, viu. Quem não viu terá de correr atrás de cópias na internet ou coisa que o valha. O braço paulistano do In-Edit 2012 vai até domingo (10). Aproveitem!

Veja trechos de Ray Davies: Imaginary Man:

Que o In-Edit Brasil prossiga para sempre!

Por Fabian Chacur

Quem ama música no mesmo grau que eu e teve a oportunidade de ir a ao menos uma das seções promovidas pela terceira edição do In-Edit Brasil certamente torcerá pela duração eterna desseevento.

Realizado em São Paulo e no Rio entre o fim de abril e o início de maio, equivaleu a uma verdadeira festa da música, tanto a tupiniquim quanto a internacional, sempre tendo a qualidade como principal pauta.

Um dos méritos dessa edição do In-Edit foi ter mesclado obras ainda inéditas no Brasil com outras já disponíveis até em DVD.

Dessa forma, a programação conseguiu satisfazer e atender a todo tipo de público, desde os doidos por novidades até aqueles que de repente não tem lá muito dinheiro, mas querem conhecer obras que para alguns já estão mais manjadas.

Não consegui assistir tudo o que gostaria, mas só de ter visto Keep On Running: 50 Years Of Island Records, Do It Again, Coming Back For More e Who’s Harry Nilsson (And Why Is Everybody Talkin’ About Him?) já me fizeram um bem danado.

E como diria aqueles infernais infomerciais televisivos, não é só isso. O ingresso mais caro que paguei foi de superacessíveis R$ 10, sendo que no caso do da Island Records, só desenbolsei um único real.

Isso tudo com projeções decentes, catálogos/guias bacanas e atendimento atencioso por parte da equipe de divulgação/recepção.

Todos os documentários citados foram comentados em Mondo Pop.

Eis um ótimo dinheiro que a Petrobrás e a Natura investem. Que continuem investindo. A gente que ama música agradece!

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