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Ivete Sangalo e a fórmula para ser bem popular e sofisticada

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Por Fabian Chacur

Infelizmente, não me lembro quem foi que criou essa definição sobre o trabalho de Roberto Carlos. Mas vamos lá: “Roberto Carlos é o máximo em termos de artista popular que uma pessoa sofisticada se permite ir, e o mais sofisticado que uma pessoa estilo povão se permite ir”. Ou seja, caso raro de agradar segmentos muito distantes com um único tipo de música. E pode se dizer que outra artista agora se encaixa feito luva nesse conceito. É Ivete Sangalo, que acaba de lançar o CD duplo e DVD Acústico em Trancoso.

Desde os tempos de Banda Eva, essa cantora e compositora baiana nos apresentava uma música popular, mas sem cair na vulgaridade. Ao iniciar a carreira solo, em 1999, Sangalo elaborou ainda melhor essa proposta, fugindo do nível rasteiro que os setores mais escancarados da axé music às vezes atingem, propondo música multifacetada, para cima e falando de temas universais, mas sem forçar a barra na simplicidade.

Desde então, ela conseguiu se firmar como a cantora mais popular deste país continente, vendendo milhões de discos e lotando todos os shows de suas turnês. Poderia ter se acomodado, como já aconteceu com vários colegas de profissão, mas isso nunca ocorreu. Sempre se desafia e propõe novos horizontes, como um show no mitológico Madison Square Garden (Nova York, EUA), ou gravar em parceria com Gilberto Gil e Caetano Veloso. E costuma dar certo.

Sempre que falo de Ivete eu me refiro a ela com um apelido, “A Grande Irmã”. Explico: às vezes, dá a impressão que ela está em todas, participando de todos os programas de TV, gravando com todos os artistas possíveis, em todos os comerciais… Onipresente. Isso me incomodava um pouco até ter a chance de conhece-la pessoalmente e entrevista-la. Aí, você percebe que ela faz isso não para massagear o próprio ego, e sim porque não consegue ficar parada.

Acústico Em Trancoso é mais um trabalho que explora novas cores para o trabalho dessa artista inquieta. Sem guitarras nem programação eletrônica, ela no entanto não se propõe ao acústico habitual, ou seja, som intimista e poucos instrumentos. Aqui, temos muita percussão, vibração e o vozeirão de Miss Sangalo acompanhada por ótimos arranjos. Às vezes, nem dá para notar que é “acústico”.

Tendo o alto astral e a beleza da paradisíaca Trancoso como cenário, Ivete nos mostra releituras bem bacanas de sucessos de sua carreira, além de sete músicas que nunca haviam sido incluídas em seus trabalhos anteriores, entre eles a excelente O Farol, funk de verdade incluído na abertura da novela global Haja Coração. Não estranhem se todas essas inéditas acabarem aparecendo nas paradas de sucesso futuramente.

Em CD, lançando em dois volumes, temos uma faixa exclusiva (incluída no CD Parte 01). Trata-se de Segredo, composição de Djavan gravada em estúdio e contando com a participação do próprio, em belo dueto. Embora com clima alto astral, o repertório tem dinâmica que não deixa o show cair na rotina, com direito a momentos mais sacudidos, alguns intermediários e outros dedicados ao mais puro romantismo. E a cantora se sai bem em todos, esbanjando versatilidade.

Além de Djavan, temos outras participações especiais: The Voice Kids (na faixa A Lua Q Eu T Dei), Vitin (da banda Onze 20, em Perto de Mim), Helinho (da banda Ponto de Equilíbrio, em Estar Com Você) e Zero a Dez (com Luan Santana). Todos se encaixam bem com a estrela da festa, que no entanto é quem acaba brilhando mais.

Acústico Em Trancoso mostra que Ivete Sangalo sabe como poucos atrair um público afeito a trabalhos populares sem se rebaixar ao popularesco, e a cativar um público mais sofisticado sem cair em um trabalho hermético e sofisticado demais. Ela achou o “ponto de equilíbrio” (curiosamente o nome da banda do convidado Helinho) perfeito para concretizar tal missão. Fazer o que, então? É bater palmas para essa verdadeira diva brasileira. Acertou de novo!

O Farol (ao vivo)- Ivete Sangalo:

Perto de Mim (ao vivo)- Ivete Sangalo:

A Lua Q Eu T Dei (ao vivo)- Ivete Sangalo:

Alejandro Sanz divulga novo CD em São Paulo

Por Fabian Chacur

O cantor espanhol Alejandro Sanz está no Brasil para divulgar La Musica No Se Toca, seu nono álbum de estúdio e primeiro pela Universal Music. Para falar sobre o disco, ele concedeu na tarde desta quarta-feira (21) em um hotel em São Paulo uma entrevista coletiva na qual esbanjou simpatia com os jornalistas presentes.

A faixa que dá título ao disco é uma espécie de profissão de fé do cantor, compositor e músico espanhol no poder da música em permanecer sempre forte, apesar das intempéries que atingem a tudo e a todos no mundo.

“Não importa tudo o que mude na indústria musical e no mundo, a música sempre permanece, é intocável. E o artista sempre deseja escrever a sua música mais bonita, é o que tentei fazer nessa canção”.

Sanz explica que não gosta de determinar previamente como serão os seus discos.

“Quando eu e o Julio Reyes Copello (produtor) iniciamos nosso trabalho, passamos os primeiros oito dias só falando, sem tocar nenhum instrumento. Não gosto de rotular meus discos, as canções devem estar a serviço da emoção, soltas, sem cair em modismos”.

Ele sente esse trabalho como mais eclético do que os anteriores, com direito a um tempero um pouco mais roqueiro em sua sonoridade romântica e homenagens a ídolos como os Beatles e o Queen. Ele também cita AC/DC, Led Zeppelin, Ronnie James Dio, Eddie Van Halen e Judas Priest como nomes do rock que o agradam.

“Minha banda atual é integrada por várias mulheres, e uma delas, a guitarrista, trouxe elementos de heavy metal para os meus shows, com sua sensibilidade feminina dosando tudo”.

O CD La Música No Se Toca inclui as participações especiais das brasileiras Ivete Sangalo (Não Me Compares, que aparece no disco em duas versões), Ana Carolina (Irrepetível-Me Sumerjo) e Roberta Sá (Bailo Com Vos). Ele fala sobre elas.

“Roberta Sá tem essa delicadeza da bossa nova, eu conheci seu trabalho ao ganhar CDs dela de uma fã. A Ivete Sangalo é uma artista muito forte, apaixonada, conheci ela no Rock In Rio Lisboa, é muito querida, fácil de se lidar, já gravamos juntos outra vez e foi ótimo. E a Ana Carolina tem uma voz poderosa, que eu conheci ao ouvi-la cantar É Isso Aí quando passeava pelo Youtube, fiquei apaixonado por seu talento”.

Ser um dos raros cantores espanhóis que fazem sucesso no Brasil é algo que agrada Alejandro Sanz, mas ele gostaria que esse intercâmbio entre Brasil e Espanha fosse maior.

“Falta um maior contato entre as músicas hispânica e brasileira. Seria um encontro de muitas cores, músicas como Sozinho (sucesso com Caetano Veloso) e É Isso Aí (sucesso com Ana Carolina e Seu Jorge) fariam sucesso se também fossem gravadas em castelhano. Seria preciso um esforço maior dos dois públicos para que esse intercâmbio cresça”.

Está nos planos do consagrado cantor espanhol voltar ao Brasil em março para fazer shows. Com mais de 22 milhões de discos vendidos em mais de 20 anos de carreira, Alejandro Sanz é o artista de origem latina com o maior número de troféus Grammy em seu currículo, sendo 18 latinos e 3 americanos. E ele se diz feliz com o que já realizou nesses anos todos.

“Para mim, não falta nada em termos profissionais, mas é preciso seguir em frente, continuar fazendo o que mais gosto. Adoro os contatos pessoais e virtuais com meus fãs. O momento mais importante da minha carreira foi quando decidi me dedicar à carreira artística, e cada vez que subo em um palco é o momento mais importante, sempre”.

Ouça No Me Compares, com Alejandro Sanz:

Para Ivete Sangalo, o que importa é o momento

Por Fabian Chacur

Ivete Sangalo concedeu uma entrevista coletiva à imprensa em um hotel de luxo em São Paulo na tarde desta terça-feira (9) para falar de seu novo álbum, Real Fantasia, lançado pela Universal Music. A bordo de um estiloso vestido rosa assinado pelo badalado Alexandre Herchcovitch e muito bem-humorada, ela encarou a sala cheia de jornalistas e fãs no melhor astral possível.

De cara, brincou com o uso da palavra híbrido por um dos jornalistas em uma pergunta, e a repetiu por diversas vezes durante o papo descontraído, que durou por volta de uma hora. Ao falar sobre como concebeu o novo disco, revelou que nunca sabe como cada álbum irá ficar, e que não os concebe previamente, ao contrário de outros artistas.

“Eu encontro os compositores que frequentam minha casa, ouço discos que me mandam, vou compondo e só aí eu seleciono as músicas. Nunca planejo nada antes, só mesmo depois de o disco ficar pronto é que eu sei como ele ficará. Nada é planejado anteriormente, tipo vou fazer um dsco mais latino, ou mais romântico, nunca é assim”.

Ela encara essa forma de trabalhar como a habitual em sua carreira, e se diz livre das pressões das gravadoras em termos de concepção artística, mesmo sendo uma das artistas que mais vende discos e lota shows no país há 13 anos como artista solo.

“O meu negócio é felicidade, é como eu me sinto confortável. Todo dia a gente tem uma história diferente, assim é a vida, e é assim que eu faço os meus projetos. Não sou uma pessoa movida a pressão, sou uma pessoa do momento. Gosto do improviso, de viver tudo na hora”.

Real Fantasia foi gravado no estúdio que Ivete montou em sua casa, em Salvador, entre março e setembro, sendo que as fotos sensuais usadas na capa, encarte e divulgação do trabalho ficaram para o final, sendo, como ela definiu, o laço final do produto.

O fato de simultaneamente ter gravado como atriz sua participação no remake global de Gabriela não atrapalhou nada, segundo ela, e com total controle do processo.

“Sou cantora, entro no estúdio na hora que for e mando bala. Presume-se que eu tenha um bom envolvimento na produção e gravação de meus discos, pois são os meus discos. Todos os arranjos passam pelo meu crivo. O CD foi gravado em casa de forma tranquila, no meu ritmo e do meu jeito”.

O CD chegou às lojas com uma tiragem inicial de 80 mil cópias, número que atualmente equivale a disco de platina no mercado, mas que significa quase um terço do valor que essa premiação exigia há pouco mais de dez anos (250 mil discos). Ivete avalia essa queda na indústria fonográfica brasileira de forma serena.

“Não dá para negar que essa redução nas vendas pode afetar um pouco as vaidades dos artistas, mas acho que o importante é o fato de o acesso das pessoas à música ter se democratizado. Já cheguei a vender 2.8 milhões de cópias de um único disco. Acho que é preciso educar as pessoas não em termos de gosto musical, que cada um tem o seu, mas no sentido de que baixar as músicas de forma ilegal é crime, mostrar o caminho certo para elas”.

Ivete vai além, nessa análise do momento pelo qual passa o mercado musical no Brasil.

“Muita gente boa perdeu seus empregos nesses últimos anos graças a essa queda da indústria fonográfica por aqui. Mas é preciso respirar e seguir em frente, superar as crises. Procuro ver o melhor de cada situação e comemorar a democratização do acesso à música por parte das pessoas. E agradeço por ter fãs fiéis que me acompanham sempre”.

Embora tenha tido experiências anteriores como atriz, Ivete Sangalo considera sua participação em Gabriela vivendo o papel de Maria Machadão como o ponto alto dessa trajetória paralela à música no mundo da arte dramática.

“Tive a oportunidade agora de aprender muito mais, vivendo um personagem baiano e forte e que ficou mais tempo no ar. Procurei criar momentos diferentes, fui instruída para atuar melhor, a me concentrar, e generosidade foi a palavra de ordem de todos em relação a mim. Quero ter uma nova experiência como atriz, mas não agora.”

O álbum só teve um problema: o dueto gravado por ela com a estrela Shakira na faixa Dançando teve de ficar de fora por problemas burocráticos, e será comercializado apenas como bônus da versão deluxe virtual vendida no site iTunes. O CD inclui uma versão da mesma música só com Ivete nos vocais.

“Shakira é uma queridaça, quem é fã dela tem de continuar sendo, e quem não é precisa conhecê-la rapidinho. A gente se conheceu em festivais, ela ama o Brasil. Gravamos o dueto antes de acertamos a liberação das gravadoras, e isso acabou demorando um pouco. Mas ficou lindo, adorei!”

O canal a cabo Multishow mostrará entre 22 a 26 de outubro um especial com cinco partes sobre as gravações de Real Fantasia, cujo título Ivete acredita dar margem a muita poesia por conta da interpretação de cada um à frase. Eis a dela:

“Minha vida é uma real fantasia. Misturo a fantasia de ser artista com as minhas obrigações, sou uma mulher muito real, muito prática, do tipo que vai buscar o filho na escola sem maquiagem. Essa mulher, entre quatro paredes, realiza tudo quanto é fantasia”, diz, arrancando risos de todos.

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