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Jeff Beck, 78 anos, uma espécie de guitarrista dos guitarristas

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Por Fabian Chacur

Se há um músico na cena do rock que pode ser considerado uma espécie de “guitarrista dos guitarristas”, ele atendia pelo nome de Jeff Beck. Extremamente celebrado por seus colegas de várias gerações e também pelo público, ele infelizmente nos deixou nesta terça (10), embora a notícia só tenha sido divulgada nesta quarta (11) em suas redes sociais. O músico britânico foi vítima aos 78 anos de uma meningite bacteriana.

Nascido em 24 de junho de 1944, Jeff Beck veio à tona na cena do rock em 1965 ao integrar os Yardbirds, na qual substituiu ninguém menos do que Eric Clapton. Nos aproximadamente dois anos em que ficou na banda, brilhou como um músico criativo e versátil, indo do blues ao psicodelismo com uma agilidade difícil de ser encarada pela concorrência.

Em 1968, criou a sua própria banda, The Jeff Beck Group, que revelou dois outros nomes seminais para o rock, o vocalista Rod Stewart e o guitarrista-baixista Ron Wood, que depois criariam os Faces e partiriam para a carreira solo (Rod) e para os Rolling Stones (Wood). Truth (1968) é um dos melhores álbuns da história do rock.

Após a separação da formação clássica desta banda, que ocorreu logo em 1969, Beck mergulhou em projetos individuais e também em bandas de curta (porém, significativas) duração, como Beck, Bogert & Appice e uma nova encarnação do The Jeff Beck Group.

Como não cantava e também compunha menos do que outros colegas, Beck teve menos sucesso comercial do que merecia. No entanto, seus trabalhos sempre apresentavam muita qualidade, mostrando sua versatilidade em estilos como hard/heavy rock, jazz rock, jazz, rockabilly, r&b etc.

Ele fez shows concorridos no Brasil, e tive a chance de ver um deles, em 2014 (leia a resenha aqui). Ele se manteve sempre ativo e celebrou 50 anos de estrada em um show antológico (leia a resenha aqui). Leia mais aqui.

A Day In The Life (ao vivo)- Jeff Beck:

Jeff Beck celebra a sua bela carreira em show antológico

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Por Fabian Chacur

Nenhuma lista com os melhores guitarristas da história do rock estará completa se o nome de Jeff Beck não estiver nela. A habilidade do cidadão com esse icônico instrumento nas mãos é simplesmente assombrosa, como tive a oportunidade de conferir em show realizado por ele em São Paulo em maio de 2014 (leia a resenha aqui). O Canal Bis está com um show dele em sua programação ao vivo e em streaming, o espetacular Live At The Hollywood Bowl, e eu o recomendo com muito, mas muito entusiasmo mesmo.

O show realizado em 10 de agosto de 2016 no mitológico Hollywood Bowl, situado na região de Los Angeles, Califórnia (EUA), visava celebrar os mais de 50 anos de estrada deste brilhante músico britânico. Desta forma, o set list nos trouxe uma amostra das várias fases de sua trajetória, desde os tempos dos Yardbirds nos anos 1960 e chegando até seu então mais recente álbum, o ótimo Loud Hailer (2016), que ele gravou em parceria com as jovens e talentosas Carmen Vanderberg (guitarra) e Rosie Bones (vocal).

Acompanhado por uma banda compacta da qual Vanderberg e Rhonda Smith (baixista que tocou com Prince) se destacam, Beck teve alguns convidados especiais de primeiro escalão. O tecladista Jan Hammer, por exemplo, que gravou com ele um álbum ao vivo em 1977, foi um deles, brilhando na instrumental Freeway Jam. O grande mestre do blues Buddy Guy esbanjou seu imenso carisma e vozeirão em Let Me Love You.

Billy Gibbons, cantor e guitarrista do ZZ Top, nos proporcionou a deliciosa balada rock Rough Boy, enquanto Steven Tyler, do Aerosmith, tomou as rédeas vocais em belíssimas interpretações de dois clássicos do repertório de Jeff Beck, The Train Kept A-Rollin’ e Shapes Of Things. Rosie Bones marcou presença em músicas de Loud Hailer, entre as quais The Revolution Will Be Televised, e a ótima Beth Hart arrasou em uma versão inspiradíssima de Purple Rain, do Prince.

A qualidade do registro de vídeo nos permite em vários momentos conferir mais de perto a técnica como guitarrista de Beck, que desde os anos 1980 deixou as palhetas de lado e toca apenas se valendo dos dedos, indo desde solos com poucas e bem usadas notas até aqueles alucinantes que parecem impossíveis para os leigos. Sua releitura instrumental de A Day In The Life, dos Beatles, é de se ouvir ajoelhado, agradecendo pela graça recebida.

Live At The Hollywood Bowl foi lançado em DVD e CD duplo. O único problema de ver no Canal Bis em sua programação normal é que, por alguma razão bizarra, eles tem exibido por volta de metade das 21 músicas registradas no lançamento oficial, para não ultrapassar uma hora de duração. Qual seria a lógica de um canal a cabo fazer isso? Sabe Deus… Seja como for, este é um dos melhores registros de rock realizados ao vivo nesta década, uma bela amostra do que esse gênio da guitarra sabe fazer, e dos craques que consegue agregar ao seu lado.

The Train Kept A-Rollin’ (live)- Jeff Beck e Steven Tyler:

Jeff Beck e Johnny Depp lançam releitura de hit de John Lennon

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Por Fabian Chacur

Acaba de ser disponibilizado nas plataformas digitais o single Isolation. A música, clássica composição de John Lennon incluída no icônico álbum John Lennon/Plastic Ono Band (1970), foi relida de forma personalizada pelo lendário guitarrista britânico Jeff Beck e o não menos consagrado ator e também cantor e músico americano Johnny Depp. Eles já haviam apresentado essa canção, juntos e ao vivo, em setembro de 2019, durante a edição do Crossroads Guitar Festival, de Eric Clapton, realizada no Texas, EUA (ouça aqui).

“Johnny e eu trabalhamos juntos há algum tempo e gravamos essa faixa durante nosso tempo no estúdio no ano passado. Não esperávamos lançá-la tão cedo, mas, considerando todos os dias difíceis e o verdadeiro ‘isolamento’ que as pessoas enfrentam nesses tempos difíceis, decidimos que agora é o momento certo para deixar todos ouvirem”, diz Beck em comunicado à imprensa.

Isolation traz Jeff e Johnny acompanhados por Ronda Smith (baixo) e o cultuado Vinnie Colaiuta (bateria). Para quem estranhar Johnny Depp na música, vale lembrar que ele canta e toca guitarra, e integra há cinco anos o supergrupo Hollywood Vampires ao lado de Alice Cooper e Joe Perry (do Aerosmith), que lançou os álbuns Hollywood Vampires (2015) e Rise (2019). Ele também participou de trabalhos do Oasis, Marilyn Manson e Stone Temple Pilots.

Isolation (lyric video)- Jeff Beck e Johnny Depp:

The Yardbirds versão atual virá ao Brasil para shows em 2020

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Por Fabian Chacur

Em matéria publicada pelo jornal Destak no dia 22 (sexta), o jornalista José Norberto Flesch anunciou que em março de 2020 o grupo britânico The Yardbirds fará alguns shows no Brasil, cujas datas e locais serão divulgados em breve. Como o cara é o mais bem informado nessa praia de divulgação de shows internacionais por aqui, é notícia quente. E que merece ser saudada com aquela velha brincadeira do “um lado ruim e um lado bom”.

O aspecto ruim é evidente: não estamos em 1965 ou 1966, quando os Yarbdirds viviam o seu auge em termos criativos. Da formação daqueles tempos, só sobrou o baterista, Jim McCarthy. Ou seja, estaremos diante de uma espécie de banda cover de luxo. Mas o bacana é que se trata de uma bela de uma banda cover de luxo, pois traz com o batera quatro músicos com um pedigree dos mais decentes.

Estão hoje ao lado de McCarthy os músicos Kenny Aaronson (baixo), John Idan (guitarra-base e vocal), Myke Scavone (vocal e vários instrumentos) e Godfrey Townsend (guitarra-solo).

Sendo assim, Mondo Pop fará uma pequena viagem pela trajetória dessa seminal banda britânica, que se fez bem menos sucesso comercial do que contemporâneas como Beatles, Rolling Stones, The Who, The Hollies e The Animals, deixou sua marca registrada nos compêndios da história do rock.

Sensação em Londres com Eric Clapton na guitarra

Tudo começou em 1963, quando Keith Relf (vocal), Chris Dreja (guitarra-base), Paul Samwell-Smith (baixo) e Jim McCarthy (bateria) iniciaram uma banda para embarcar na onda do blues-rock que incendiava a cena britânica naqueles tempos. Seu guitarrista inicial, Anthony Top Topham, com apenas 16 anos, logo se mostrou imaturo para tocar o barco, e saiu para se dedicar aos estudos.

O substituto, apenas dois anos mais velho mas muito disposto a encarar a carreira na música, foi um certo Eric Clapton. Com este novo guitarrista-solo, a banda logo se tornou quente na cena londrina, a ponto de ter sido escolhida para acompanhar o bluesman americano Sonny Boy Willianson em show feito por ele no final de 1963 na Inglaterra. Esta apresentação foi gravada e lançada posteriormente, quando o quinteto já estava bem badalado.

Em 1965, após ter lançado alguns singles e um álbum ao vivo, os Yardbirds resolveram experimentar algo fora do universo do blues rock. O single For Your Love, de autoria de Graham Goldman (também autor de Bus Stop, hit na época com os Hollies, e nos anos 1970 integrante do grupo 10CC, do sucesso I’m Not In Love) rapidamente invadiu as paradas de sucessos, mas levou Clapton a sair do time, insatisfeito com essas experiências com o lado mais pop do rock.

Jeff Beck, hits, psicodelia

Para a vaga aberta de guitarrista-solo, veio outro nome que se tornaria lendário no rock, ninguém menos do que Jeff Beck. Foi com ele que os Yardbirds viveram a sua fase mais criativa e de maior sucesso comercial, com direito a hits como Heart Full Of Soul e Evil Hearted You (ambas também de Graham Goldman) e também The Train Kept a Rollin’ e Shapes Of Things.

Com sua mistura de rock, blues, pop e psicodelia, a banda trazia como marca registrada o chamado “rave up”, estilo no qual os integrantes da banda enfatizavam (todos ao mesmo tempo) a parte rítmica em determinadas partes das canções, gerando um efeito poderoso, especialmente nos shows.

A criatividade de Jeff Beck elevou os Yardbirds a um outro e ainda mais alto patamar do que nos bons tempos de Clapton. A banda foi uma das pioneiras do rock psicodélico, e muito disso se deve às experiências de Beck com pedais e efeitos em sua guitarra, além de uma técnica impressionante e diversificada.

Outra mudança na formação, outro astro em cena

Cansado das turnês, Paul Samwell-Smith saiu do grupo em meados de 1966 para se dedicar a uma carreira como produtor de discos de artistas como Cat Stevens, Jethro Tull e All About Eve, entre outros. Em seu lugar, entrou um músico de estúdio que estava se destacando em Londres, um certo Jimmy Page.

Logo, ficou claro que seria um desperdício ter um guitarrista daqueles quebrando o galho no baixo, e então, Chris Dreja foi deslocado para tal posição, ficando os Yardbirds com dois guitarristas-solo, Page e Beck. Essa formação infelizmente não durou muito tempo, e ficou eternizada na gravação ao vivo de Stroll On (na verdade, The Train Kept a Rollin’ com outra letra) que virou cena do cultuado filme Blow Up-Depois Daquele Beijo (1967), do cineasta italiano Michelangelo Antonioni.

Jeff Beck decidiu sair fora para criar sua própria banda, The Jeff Beck Group, ao lado de dois novatos que depois também se tornariam astros do rock, o cantor Rod Stewart e o baixista e guitarrista Ron Wood. Os Yardbirds, a partir daquele momento, se tornaram um quarteto.

Jimmy Page, o início do Led Zeppelin e o fim dos Yardbirds

Os Yardbirds tiveram uma fase muito curta com Jimmy Page no comando, entre 1967 e 1968, com poucos lançamentos e sucesso comercial declinando bastante. Sentindo o clima de fim de feira, Jim McCarthy e Keith Relf saíram da banda, para criar o embrião do que viria a ser o grupo progressivo Renaissance.

Por sua vez, Chris Dreja decidiu abandonar a música para se dedicar a uma carreira como fotógrafo profissional. Praticamente da noite para o dia, Jimmy Page, que largou a carreira de músico de estúdio para se dedicar à banda, ficava na mão. Sorte que ele, rapidamente, soube arregimentar um novo time.

Para o baixo, chamou o colega de gravações de estúdio, John Paul Jones. O jovem vocalista Robert Plant foi indicado por um amigo, e o baterista John Bonham já havia tocado antes com Plant. Surgia o que, por razões contratuais, seria denominado The New Yardbirds, e pouco depois, seguindo sugestão de Keith Moon, do The Who, virou Led Zeppelin. Que, ironicamente, conseguiu o sucesso comercial que os Yardbirds jamais sequer sonharam em obter.

Curiosamente, a foto do Led Zeppelin incluída na contracapa de seu autointitulado álbum de estreia, lançado em janeiro de 1969 e rapidamente um grande sucesso comercial, foi tirada pelo agora fotógrafo Chris Dreja.

A vida pós-Yardbirds e uma reunião com novo nome

Após o seu fim, os Yardbirds se tornaram aquele tipo de grupo mais lembrado pelos músicos que revelou do que propriamente pela qualidade de sua música, algo injusto. A probabilidade de um retorno, levando-se em conta esse fator, parecia difícil, pois seus ex-integrantes aparentemente sequer cogitariam isso.

Outro fator que poderia encerrar quaisquer perspectivas de um retorno do grupo ocorreu em 1976, com a trágica morte de Keith Relf, aos 33 anos de idade, vítima de um choque elétrico quando tocava guitarra em sua casa.

Em 1984, no entanto, Jim McCarthy, Chris Dreja e Paul Samwell-Smith resolveram matar as saudades e se reunir com um novo nome, Box Of Frogs. Essa banda lançou dois álbuns, Box Of Frogs (1984) e Strange Land (1986), com alguns shows, mas a falta de tempo de Samwell-Smith se mostrou fatal para a sua continuidade. Eric Clapton e Jeff Beck chegaram a dar canjas com eles.

Hall da Fama e o retorno nos anos 1990

Quando os Yardbirds foram incluídos no Rock And Roll Hall Of Fame, em 1992, ficou claro para Jim McCarthy e Chris Dreja que, quem sabe, ressuscitar sua antiga banda pudesse se tornar uma boa forma de faturar uma grana e pagar os boletos bancários. Sem Page, Clapton, Beck e o saudoso Relf, obviamente, mas com um nome atraente e comercialmente muito viável.

O primeiro nome a se firmar nessa nova formação foi o cantor e guitarrista americano John Idan. Ele conheceu Jim McCarthy em 1988, e tocou com ele e também com Anthony Top Topham. Inicialmente, atuou como cantor e baixista, função que manteve entre 1994 e 2008. Após um período durante o qual se dedicou a projetos próprios, Idan retornou ao grupo em 2015, desta vez como vocalista e guitarrista-base.

No mesmo 2015, mas em sua parte final, entrou no time nos vocais e vários instrumentos o americano Myke Scavone. Ele se tornou famoso como integrante da banda Ram Jam, que em 1977 estourou com a releitura de Black Betty, clássico do compositor folk Lead Belly.

No final de 2018, os Yardbirds ganharam em sua nova fase uma outra adição. Trata-se do guitarrista americano Godfrey Townsend, que tem no currículo trabalhos com John Entwistle (do The Who), Jack Bruce, Alan Parsons, Todd Rundgren, Mark Farner (do Grand Funk Railroad) e Christopher Cross.

Vale a lembrança: Chris Dreja permaneceu nessa nova fase dos Yardbirds de 1994 a 2012, quando saiu de uma vez por todas, deixando Jim McCarthy como único membro original a permanecer no time.

Kenny Aaronson merece um capítulo à parte

Se Jim McCarthy é o único integrante original dos Yardbirds a marcar presença na atual encarnação do grupo (e também o único inglês, vale lembrar), o baixista americano Kenny Aaronson, na banda desde 2015, é o cidadão com o currículo mais invejável, em seus mais de 40 anos de atuação como músico profissional.

Aaronson iniciou a sua carreira como baixista da banda de hard rock Dust, cujos álbuns Dust (1971) e Hard Attack (1972), embora não tenham feito enorme sucesso em termos comerciais, são bastante apreciados pelos fãs do gênero, em especial o trabalho de estreia.

Seu primeiro momento de glória no mundo do rock se deu em 1973, como integrante da banda americana Stories. Eles estouraram em seu país natal com uma releitura matadora de Brother Louie, dos britânicos Hot Chocolate, balada soul-rock na qual a linha de baixo proeminente de Aaronson é um dos pontos seminais deste hit que atingiu o topo da parada ianque de singles naquele ano.

No final de 1974, Aaronson saiu dos Stories e entrou na banda de apoio de Daryl Hall & John Oates, com quem ficou por volta de um ano, durante a turnê de divulgação do mais controvertido álbum da dupla, War Babies (1974), sendo que em algumas ocasiões eles abriram shows para Lou Reed, acredite se quiser.

Em 1986, ele participou do álbum The Knife Feels Like Justice, primeiro álbum-solo do cantor e guitarrista dos Stray Cats, Brian Setzer, e também participou da turnê de divulgação deste trabalho.

De 1991 a 1995, acompanhou a roqueira Joan Jett em diversas turnês e participou do CD Pure And Simple (1994). De quebra, também esteve na banda de Bob Dylan entre 1988 e 1989, e fez um teste para substituir Bill Wyman nos Rolling Stones em 1994. Ufa!

O que ouvir em termos de Yardbirds

A discografia dos Yardbirds de sua fase 1963-1968 é bastante confusa, com direito a discos lançados exclusivamente nos mercados americano e britânico, com faixas variando de uns para outros. O melhor para quem deseja mergulhar no rico universo musical na banda é optar por coletâneas.

Em sua fase pós 1994, o grupo lançou em 2003 o álbum de estúdio Birdland, com sete composições inéditas e oito releituras de hits da banda, contando com as participações especiais de Jeff Beck, Steve Lukather, Brian May, Joe Satriani, Slash, Steve Vai e Jeff Skunk Baxter. A faixa An Original Man (A Song For Keith) é uma bela homenagem ao ex-vocalista do grupo, Keith Relf.

The Train Kept a Rollin’– The Yardbirds:

Jeff Beck faz show sublime no Best Of Blues

Por Fabian Chacur

A segunda noite da edição 2014 do Samsung Best Of Blues Festival trouxe como grande atração o lendário Jeff Beck, que aos 69 anos exibiu a energia e o tesão de um garoto no palco, encantando os fãs e mostrando que ninguém é considerado um dos maiores nomes da história do rock de graça. Foi o auge de uma noite de música muito, mas muito bacana mesmo, em fria noite de sábado (10) no WTC Golden Hall, em São Paulo, com casa cheia.

Tudo começou às 20h20 com uma performance bem bacana da cantora e compositora Céu, com seu som fortemente influenciado pelo reggae e repleto de elementos de MPB, rock, pop, psicodelismo e o que mais pintar. A voz da moça se mantém doce e encantadora, e sua banda de apoio esbanja pique e competência. O show acabou às 21h13 e equivaleu a uma bela abertura para o que viria depois.

Com a matadora dobradinha The Chokin’ Kind e Super Duper Love, Joss Stone entrou em cena às 21h40 com pinta de quem não estava ali para vacilar. De vestido branco, muito bem humorada e com muito pique, a jovem soul woman britânica logo soltou a voz e mostrou o porque é considerada uma das grandes revelações da última década. Com direito a maravilhas como (For God’s Sake) Give More Power To The People (hit dos Chi-Lites nos anos 70), a moça levou o público à loucura.

E aí, veio o momento histórico. Em sua terceira passagem pelo Brasil, Jeff Beck resolveu nos proporcionar um show mais roqueiro, com espaços para soul aqui e ali. Loaded abriu os trabalhos com força, destacando um ótimo vocalista e com o ex-integrante dos Yardbirds já dando provas do que viria no decorrer da apresentação, iniciada às 23h40.

Entre faixas instrumentais e outras com vocais, o repertório trouxe maravilhas do álbum Truth (1968), do Jeff Beck Group, como I Ain’t Superstitious e You Shook Me, homenagens a Jimi Hendrix do naipe de Little Wing e Foxy Lady e uma fantástica releitura instrumental de A Day In The Life, que ele gravou no álbum In My Life (1998), de George Martin, produtor dos Beatles e do próprio Beck.

Joss Stone participou do show em uma versão arrepiante do clássico I Put a Spell On You, hit de Screamin’ Jay Hawkins e também regravada pelo Creedence Clearwater Revival. Tivemos também A Change Is Gonna Come (de Sam Cooke), Wild Thing (dos Troggs e também regravada por Jimi Hendrix) e, acreditem, Nessum Dorma, clássico da música operística.

A técnica de Jeff Beck como guitarrista é uma coisa absurda. Ele tem um amplo ferramental que permitem ir desde solos melódicos mais, digamos assim, “convencionais”, até escalas rapidíssimas, riffs pesados e acordes jazzísticos, tocados sempre na hora certa e sem exibicionismo. Aliás, ele abriu bons espaços para seus excelentes músicos de apoio.

Quando o espetáculo chegou ao fim, às 01h08, deu vontade de ajoelhar e agradecer a Deus por ter tido a chance de presenciar uma performance tão intensa, tão demencial e tão tecnicamente perfeita ao mesmo tempo. Fica a torcida para que esse gênio possa voltar mais vezes ao Brasil para mostrar toda essa genialidade para que nós, mortais, possamos apreciar novamente.

I Put a Spell On You, com Jeff Beck e Joss Stone:

Jeff Beck volta a São Paulo em novembro

Por Fabian Chacur

Jeff Beck, um dos maiores guitarristas da história do rock e da música em geral, voltará ao Brasil em breve. O brilhante músico britânico tocará em São Paulo no dia 25 de novembro, na Via Funchal. Será a segunda passagem dele por aqui, e espero estar por lá para colocar essa fera em meu currículo de shows vistos.

Nascido em 24 de junho de 1944, Jeff Beck tornou-se conhecido inicialmente ao substituir Eric Clapton nos Yardbirds em 1965, tarefa que cumpriu com maestria. Ele acrescentou elementos psicodélicos à sonoridade blues e rhythm and blues da banda, em clássicos como The Train Kept-a Rollin’.

Em 1968, saiu para montar o Jeff Beck Group ao lado de Rod Stewart e Ronnie Wood. A banda lançou um dos melhores álbuns da história do rock, Truth (1968), um dos marcos iniciais do hard rock. Beck-Ola (1969) finalizou esse momento chave de sua carreira.

Nos anos 70, investiu em nova formação do Jeff Beck Group e também no Beck Bogert & Appice, power trio a la Cream montado com dois ex-integrantes do Vanilla Fudge.

Mas seu melhor momento naquela década foi como artista solo, lançando os irrepreensíveis Blow By Blow (1975) e Wired (1976), nos quais mergulhou com categoria no jazz fusion funkeado.

A partir dos anos 80, passou a não se preocupar mais com fronteiras musicais, gravando o que lhe desse na telha na hora que quisesse. Nessas, gravou funk, jazz fusion, pop, rockabilly, blues, hard rock etc. Um bom exemplo é a arrepiante releitura do clássico do rock instrumental Sleepwalk para a trilha do seminal filme La Bamba, em 1987.

Para quem deseja ter uma ideia da excepcional forma atual de Jeff Beck, recomendo o DVD Performing This Week Live At Ronnie Scott’s, gravado em Londres com participações especiais de Eric Clapton, Joss Stone e Imogen Heap e lançado em 2008 no Brasil pela ST2. Se a performance por aqui for nesse mesmo nível, teremos garantia de show histórico a vista.

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