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Cosmo’s Factory (1970), o auge do Creedence Clearwater Revival

cosmos factory ccr-400x

Por Fabian Chacur

Nesta quinta (28), John Fogerty completa 75 anos de idade. Em abril, Doug Cosmo Clifford (no dia 24) e Stu Cook (no dia 25) atingiram a mesma idade. Como forma de homenagear esses três grandes músicos, resolvi mergulhar de cabeça no mais bem-sucedido álbum da carreira da banda que os consagrou, o Creedence Clearwater Revival. Trata-se de Cosmo’s Factory, que no dia 25 de julho celebrará 50 anos de seu lançamento. A homenagem também se estende ao quarto integrante do time, o saudoso Tom Fogerty (9-11-1941/6-9.1990).

Em 1970, poucas bandas de rock se aproximavam do Creedence Clearwater Revival em termos de popularidade. Em um período de dois anos, haviam lançado quatro álbuns que atingiram os primeiros postos das paradas de sucesso do planeta, todos recheados de singles certeiros, entre os quais Proud Mary, Suzy Q, Down On The Corner, Green River e Fortunate Son, só para citar alguns. Como explicar tanto sucesso e produtividade artística em tão curto período de tempo?

Não, o CCR não surgiu do nada. Na verdade, os colegas de ginásio John, Doug e Cook tocavam juntos desde o finalzinho dos anos 1950, quando ainda eram adolescentes imberbes. Pouco depois, Tom, o irmão mais velho de John, entrou no time, na época intitulado The Blue Velvets. Durante anos, o quarteto tocou em bares, e gravou singles a partir de 1961, inicialmente como Tommy Fogerty & The Blue Velvets e também Tommy Fogerty & The Blue Violets.

Em 1964, foram contratados pela Fantasy Records, agora batizados de The Golliwogs. Eles lançaram diversos singles, mas sem o desejado sucesso comercial. Pode-se dizer que, dessa forma, os garotos fizeram o seu caminho das pedras, aprendendo a tocar e gravar e conquistando dessa forma um entrosamento impressionante. Em 1966, John e Clifford tiveram de servir o exército, mas nem isso baixou a guarda do grupo.

Mudança de nome e o sucesso enfim se concretiza

O ponto de mudança ocorreu em 1967, quando a Fantasy Records foi adquirida pelo ambicioso Saul Zaentz. Ele viu o enorme potencial daquele quarteto endiabrado e resolveu apostar de vez nele, mas com uma condição: deixar o tolo nome Golliwogs e adotar outro mais palatável. A sugestão foi aceita.

No início de 1968, o agora rebatizado Creedence Clearwater Revival vinha à tona. Naquele mesmo ano, no mês de maio, lançou seu autointitulado álbum de estreia, de sucesso moderado, mas com um single matador, Suzie Q (releitura do clássico rockabilly de Dale Hawkins), que chegou ao 11º lugar nos EUA.

O ano de 1969 marcou um verdadeiro tsunami roqueiro por parte de John Fogerty e seus asseclas. Em apenas 12 meses, lançaram três álbuns de muito sucesso, Bayou Country, Green River e Willy And The Poor Boys, que atingiram, respectivamente, as posições de nº 7, 1 e 3 nas paradas americanas. De quebra, ainda tocaram com destaque no festival de Woodstock.

Uma proposta sonora atípica ganha o público

O mais impressionante é situar o CCR em meio ao que ocorria na época. O rock vivia um momento de mudanças, com gêneros como o hard rock, o heavy metal e o psicodelismo dando as cartas. E o que o quarteto californiano oferecia ao público? Uma sólida releitura do rock and roll original, com direito a rockabilly, country, blues e soul na mistura. “É onde o country e o rhythm and blues se encontram que fica o meu lugar favorito”, disse John Fogerty em entrevista a Craig Rosen para o livro The Billboard Book Of Number One Albums.

Lógico que esse coquetel molotov sonoro só atingiu esse sucesso todo devido ao imenso talento dos músicos envolvidos. É a chamada simplicidade sofisticada, algo muito difícil de se concretizar. De cara, o vozeirão inconfundível de John, somado ao seu talento como compositor e guitarrista-solo.

A seu lado, um certeiro guitarrista-base (seu irmão Tom) e uma das melhores cozinhas rítmicas da história do rock. O extremamente eficiente Cook encaixava seu baixo com perfeição na sólida batida de Clifford, um dos melhores bateristas de rock de todos os tempos, verdadeira usina rítmica que merecia ser mais reverenciada pelos críticos e público em geral.

O disco-síntese de uma banda seminal

É nesse momento de puro êxtase artístico e comercial que Cosmo’s Factory vem à tona. O nome do álbum tem a ver com o lugar onde o quarteto realizava os seus ensaios, localizada em um espaço situado na casa do baterista da banda, cujo apelido Cosmo vem desde seus tempos de moleque. O jeitão de fábrica valeu o apelido ao local, que é exatamente onde a foto da capa do álbum foi registrada.

A ideia de John Fogerty era que o álbum se tornasse uma espécie de auge desses anos iniciais do CCR, e seu desejo não poderia ter se concretizado de forma mais cristalina e potente. O álbum atingiu o topo da parada americana, permanecendo por lá durante nove longas semanas e ultrapassando a marca de quatro milhões de cópias nos EUA desde então.

Trata-se de uma espécie de disco-síntese da banda, ao trazer em suas 11 faixas bons exemplos das variações sonoras que se propôs a fazer durante sua carreira, além da bela mistura de composições próprias de John com releituras de clássicos alheios. Vale uma análise faixa a faixa, para explicitar isso.

As faixas de Cosmo’s Factory

Ramble Tamble (J.C. Fogerty)- Nada melhor para abrir um álbum de puro rock como esta aqui. Com mais de 7 minutos de duração, começa e termina com levada rockabilly, e possui várias mudanças de andamento no meio, ficando mais rápida e mais lenta e com direito a belos solos.

Before You Accuse Me (Bo Diddley)- Um clássico do repertório do célebre bluesman roqueiro merece uma releitura vigorosa mostrando o jeito próprio de abordar o blues do CCR.

Travelin’ Band (J.C. Fogerty)- Rock and roll cinquentista típico, clara homenagem a Little Richard, de quem o CCR regravou Good Molly Miss Molly no álbum Bayou Country (1969). Fogerty chegou a ser incomodado pela editora de vários hits de Richard sob acusação de plágio, mas acabou dando em nada. O famoso “parece mas não é”.

Ooby Dooby (Moore-Penner)- O primeiro hit de Roy Orbison, em seus tempos de Sun Records, é relido de forma ao mesmo tempo reverente e energética, com muito balanço e categoria.

Lookin’ Out My Back Door (J.C. Fogerty)- O momento mais country do álbum, com pique dançante e um delicioso sotaque caipira.

Run Through The Jungle (J.C. Fogerty)- O rótulo swamp rock criado por um crítico para definir o som da banda tem neste rock balançado com elementos do som de Nova Orleans um bom exemplo. Matadora!

Up Around The Bend (J.C. Fogerty)- Um rockão sacudido com riff de guitarra ardido e inconfundível. Aqui, o estilo próprio do CCR se mostra de forma mais explícita.

My Baby Left Me (Arthur “Big Boy” Crudup)- Regravação vigorosa de clássico do mesmo autor de That’s All Right, o primeiro sucesso de Elvis Presley. Aliás, Elvis também regravou essa música. Fica difícil dizer quem a releu melhor, mas creio que o Creedence ganhe por pequena diferença.

Who’ll Stop The Rain (J.C. Fogerty)- Delicioso rock balada no qual Fogerty aproveita para falar sobre a Guerra do Vietnã, algo que poucos esperariam em uma canção tão delicada e melódica.

I Heard It Through The Grapevine (Norman Whitfield-Barrett Strong)- Este clássico do songbook da Motown Records possui três versões espetaculares, todas com muito sucesso: a de Marvin Gaye, a de Gladys Knight And The Pips e esta aqui. A do CCR cativa pela longa duração, mais de 11 minutos, uma batida sólida, dançante e constante e uma performance absurda dos músicos, improvisando com foco e sem perder o prumo.

Long As I Can See The Light (J.C. Fogerty)- Para encerrar o álbum, nada melhor do que uma fantástica balada soul, na qual John tem uma performance certeira nos vocais e ainda toca sax, de quebra.

A reedição de Cosmo’s Factory lançada em 2008 traz, além de um belo encarte com fotos, ficha técnica e texto informativo e opinativo do consagrado crítico Robert Cristgau, três faixas-bônus: uma versão alternativa de Travellin’ Band, uma gravação ao vivo de Up Around The Bend e uma gravação (infelizmente com baixa qualidade técnica) de Born On The Bayou reunindo o CCR com o mitológico grupo Booker T & The MGs.

obs.: a primeira edição de Cosmo’s Factory lançada no Brasil em vinil veio com duas faixas diferentes. Ninety Nine And a Half (Steve Cropper, Eddie Floyd, Wilson Pickett), lançada originalmente no álbum de estreia do CCR, entrou no lugar de Travellin’ Band, enquanto The Working Man (J.C. Fogerty), também do primeiro álbum do grupo, veio na vaga de Who’ll Stop The Rain. Os relançamentos posteriores em vinil e depois em CD em nosso país trouxeram a seleção original de faixas. Obrigado aos amigos Emilio Pacheco e Valdir Angeli por essa informação, que adicionei após ter publicado este post.

Ouça Cosmo’s Factory em streaming:

Creedence Clearwater Revival e seu show em Woodstock-1969

creedence clearwater revival capa cd-400x

Por Fabian Chacur

Entre os inúmeros grupos e artistas solo que participaram do mitológico festival de Woodstock, o Creedence Clearwater Revival era um dos que viviam seu auge em termos comerciais e artísticos. Por razões contratuais, eles não apareceram nem no filme e nem mesmo na trilha sonora do documentário sobre o festival, realizado em agosto de 1969. Nas reedições do material registrado no festival ocorridas nos anos 1990, algumas faixas de seu histórico show enfim chegaram à tona. E, agora, enfim teremos a performance do quarteto em sua totalidade, com o título Live At Woodstock, lançado pela Universal Music.

Como forma de aguçar a curiosidade de todos, acaba de ser lançado o primeiro single, com a faixa que abriu o show, a espetacular Born On The Bayou, com mais de cinco minutos de pura energia. Para tristeza dos fãs brasileiros do grupo, esse material só estará disponível por aqui nas plataformas digitais. No exterior, também teremos versões em CD simples e vinil duplo. Green River, Bad Moon Rising e Suzie Q são alguns dos petardos.

John Fogerty (vocal e guitarra), Tom Fogerty (guitarra), Stu Cook (baixo) e Doug Cosmo Clifford (bateria) conseguiram uma façanha: em plena era do psicodelismo, flower power e o início do rock pesado, encantar o público e vender milhões de discos com uma releitura energética do rock dos anos 1950 com elementos de country, folk e soul que recebeu o apelido de swamp rock.

Eles mesclavam composições próprias do genial John Fogerty e sua voz de trovão com releituras personalizadas de clássicos do rock e do soul, algumas marcadas por longas passagens instrumentais nas quais o talento dos músicos se sobressaia. Um absurdo esse álbum não ser disponibilizado em formato físico no Brasil. Como diria o outro, é o fim dos tempos…

Eis as faixas incluídas em Live At Woodstock:

1- Born On The Bayou

2- Green River

3- Ninety-Nine And A Half (Won’t Do)

4- Bootleg

5- Commotion

6- Bad Moon Rising

7- Proud Mary

8- I Put A Spell On You

9- The Night Time Is The Right Time

10- Keep On Chooglin’

11- Suzie Q

Born On The Bayou (live in Woodstock)- C.C.R.:

John Fogerty fará tour com os seus clássicos de 1969 do CCR

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Por Fabian Chacur

John Fogerty iniciará no dia 2 de maio uma nova turnê, na qual terá como grande atração o fato de investir em uma parte importante de seu ótimo repertório musical. Trata-se de músicas lançadas por ele em 1969 nos álbuns Bayou Country, Green River e Willy And The Poor Boys, todos do Creedence Clearwater Revival, que ele liderou com muita categoria.

Durante a sua existência em termos fonográficos (de 1968 a 1972), pode-se dizer que 1969 foi o ano mais produtivo do quarteto (trio em sua fase final) liderado por John Fogerty nos vocais, guitarra e composições, seu irmão Tom Fogerty na guitarra base (foi ele quem saiu na fase final), Stu Cook no baixo e Doug Cosmo Clifford na bateria.

Além de lançar três de seus sete álbuns de estúdio nesse período de 12 meses, eles também participaram do festival de Woodstock e marcaram seu lugar na história do rock and roll. Integram esses álbuns hits como Proud Mary, Born On The Bayou, Bootleg, Green River, Commotion, Bad Moon Rising, Down On The Corner e The Midnight Special.

Embora vá centrar fogo nos clássicos que gravou em 1969, Fogerty promete também abrir espaços nos shows da nova turnê para hits de outras épocas de sua carreira, com o CCR e também como artista solo. A primeira leva de shows será na América do Norte, e irá de maio a agosto. Fogerty esteve no Brasil em 2011, com direito a shows memoráveis (leia a resenha de um dos shows aqui).

De quebra, o roqueiro anunciou (tudo em seu site oficial) que no dia 6 de outubro sairá sua autobiografia, intitulada Fortunate Son: My Life, My Music, pela editora Little Brown. O livro promete. “Estou sendo brutalmente honesto. Não quero chocar ou surpreender ninguém. É o único jeito que eu acho válido, não quero esconder nada do que fiz”.

Bootleg– Creedence Clearwater Revival:

Keep On Choglin’ – Creedence Clearwater Revival

Wrote a Song For Everyone– Creedence Clearwater Revival

Coletânea luxuosa mostra o Creedence

Por Fabian Chacur

Durante os quatro anos em que esteve atuando no cenário do rock and roll, entre 1968 e 1972, o Creedence Clearwater Revival lançou sete álbuns, sendo que dois deles atingiram o primeiro lugar na parada americana, e nove singles (extraídos desses CDs) atingiram o Top 10 ianque. Poucos grupos conseguiram tanta repercussão em termos comerciais em tão pouco tempo.

Até hoje, 41 anos após sua dissolução, a banda continua vendendo muitos discos, sendo 26 milhões deles nos EUA e algo do gênero no resto do mundo. John Fogerty, cantor, compositor, guitarrista e líder do time, continua cantando esses hits mundo afora, assim como seus ex-colegas Doug Cosmo Clifford (bateria) e Stu Cook (baixo), esses no grupo Creedence Clearwater Revisited.

Mas o que essa banda, que também contava com o saudoso Tom Fogerty (1942-1990), guitarra-base e irmão de John, fez para merecer tantos fãs? Ao contrário de alguns artistas marca barbante que também venderam muito a custa de tramoias comercialóides e de quem hoje ninguém mais lembra, eles fizeram pura e tão somente o melhor rock and roll possível. E que rock and roll!!!

Uma boa forma de conhecer ou de recordar a obra do CCR é a recém-lançada no Brasil coletânea Greatest Hits & All Time Classics, a mais abrangente e acessível em termos de preço (menos de R$ 50 por três CDs!) já disponibilizada no mercado fonográfico. Temos aqui dois discos com 40 das 65 faixas lançadas nos álbuns da banda, mais um terceiro CD com 12 músicas registradas ao vivo.

A seleção das músicas é ótima, sendo que a sequência delas, embora não siga ordem cronológica, permite uma audição fluente e deliciosa. Temos todos os hit singles, como Proud Mary e Have You Ever Seen The Rain?, além de faixas bem bacanas extraídas dos LPs e não tão conhecidas, entre as quais as sublimes It Came Out Of The Sky, Porterville, Bootleg e Tombstone Shadow. A capa é linda e traz ótimas fotos, e temos também um belo encarte com textos e informações sobre as gravações.

O CCR serve como bom exemplo de como uma banda pode partir de estéticas musicais preexistentes, no caso rock and roll básico dos anos 50, blues, rhythm and blues, country, folk e soul music, criar uma abordagem própria e se tornar imortal. A rigor, John Fogerty não criou nada em termos gerais. No entanto, refinou essas linguagens de forma tão genial que se tornou mais importante do que muitos criadores de fato.

Com um vozeirão impactante, guitarra sempre ágil e composições que exploram o legado dos ritmos em que se baseou de forma ao mesmo tempo respeitosa e criativa, Fogerty virou um dos nomes mais espetaculares do rock and roll. Lógico que o apoio da sólida guitarra-base do irmão e da irrepreensível e swingada cozinha rítmica formada por Cook e Cosmo tornaram a coisa ainda melhor.

Ao vivo, o quarteto (que se tornou trio a partir do final de 1970 com a saída de Tom) arrepiava, o que as faixas ao vivo incluídas no CD 3 desta compilação exemplificam muito bem. Para mim, o ideal é mesmo ter todos os álbuns do CCR (incluindo dois ótimos CDs ao vivo Live in Europe-1973 e The Concert-1980), mas esta coletânea é a melhor e mais abrangente, se esse for o seu desejo.

O importante, mesmo, é mergulhar de cabeça em um dos melhores acervos de rock and roll de todos os tempos, e curtir cada sutileza, cada virada rítmica, cada improvisação, e cair na gargalhada toda vez que algum cabeça de alfinete vir com aquela conversa de que “rock básico é música dura e sem criatividade, com só três acordes”. Vá na desses caras…e quebre a cara!!!

Ouça vários hits do Creedence Clearwater Revival em streaming:

John Fogerty grava com Foo Fighters e outros

Por Fabian Chacur

John Fogerty nos visitou pela primeira vez em maio de 2011 com shows realmente inesquecíveis. E pelo visto o ex-líder do Creedence Clearwater Revival não parece ter vontade de se aposentar tão cedo. Em matéria publicada no site da Billboard, foi divulgado que em breve ele lançará Wrote a Song For Everyone, pela gravadora Vanguard Records.

Ainda sem data para chegar às lojas, o trabalho, que será seu primeiro desde The Return Of The Blue Ridge Rangers (2009), tem tudo para fazer barulho no cenário do rock e por tabela nas paradas de sucesso.

O repertório do trabalho irá misturar clássicos escritos por Fogerty e composições inéditas, e uma verdadeira constelação de astros marcará presença nas gravações. Fortunate Son, por exemplo, será relida em parceria com os Foo Fighters, enquanto Who’l Stop The Rain terá o vozeirão do veterano Bob Seger. Dois megahits do CCR, por sinal.

Também estão escalados para Wrote a Song For Everyone feras como Keith Urban, Brad Paisley, Alan Jackson, Miranda Lambert e os grupos My Morning Jacket e Dames. Não se assustem se esse álbum estrear ao menos no Top 5 da parada do país de Barack Obama.

Centerfield -John Fogerty (Warner/1985)

Por Fabian Chacur

Em 1985, John Fogerty parecia ser mais um daqueles nomes cujos melhores anos em termos musicais haviam ficado no passado, relegados a cultuarem sucessos de outras eras em função de um presente não tão atraente.

Afinal de contas, ele não lançava nada há 10 anos, quando seu primeiro e autointitulado disco solo havia chegado ao mercado, com os hits Almost Saturday Night e Rockin’ All Over The World.

Antes, mais precisamente entre 1967 e 1972, brilhou como cantor, guitarrista e principal compositor do Creedence Clearwater Revival, uma das melhores e mais bem-sucedidas bandas de rock básico de todos os tempos.

No entanto, aos 40 anos de idade, o roqueiro provou a todos que ainda tinha balas bem calibradas na agulha para invadir o cenário rocker, com o excelente álbum Centerfield.

Gravado no melhor estilo “xá comigo que eu toco tudo”, dividindo-se entre vocais, guitarras, violões, baixo, bateria e teclados. Fogerty nos ofereceu nove músicas com aquele mesmo sabor swamp rock dos bons tempos do CCR.

Pelo menos três faixas entraram rapidinho para o songbook do melhor rock, as certeiras The Old Man Down The Road, Rock And Roll Girls e Centerfield, a excelente canção que deu nome ao álbum.

Sem inventar nem soar como mero reciclador do passado, Fogerty viu este álbum atingir o primeiro posto na parada americana, tornando-se uma das grandes histórias de sucesso de 1985.

De quebra, ainda tirou uma da cara do presidente da gravadora Fantasy, Saul Saentz, que lançou todos os álbuns do CCR e que na época movia processos contra ele na Justiça.

A música Vanz Kant Danz chamava o executivo de ladrão na cara dura. No fim das contas, Fogerty foi inocentado e, anos depois, voltaria a gravar na mesma Fantasy, agora integrante do conglomerado da Universal Music. Coisas da vida.

Em 2010, foi lançada uma excelente edição comemorativa dos 25 anos do lançamento de Centerfield, em adorável formato digipack e com direito a encarte luxuoso contendo letras, texto sobre a história do disco e também duas faixas bônus gravadas ao vivo na época, My Toot Toot e I Confess, ambas covers.

E, como tive a honra de conferir em maio deste ano (tem resenha aqui em Mondo Pop), o cidadão continua cuspindo fogo pelas ventas, aos 66 anos de idade.

Veja o clipe de The Old Man Down The Road:

John Fogerty não rejeita volta do Creedence

Por Fabian Chacur

Em entrevista recente ao jornal Calgary Herald, John Fogerty deu uma boa notícia aos fãs do Creedence Clearwater Revival.

Durante o papo, ele foi questionado pela culionésima vez sobre um possível retorno da banda que o tornou famoso mundialmente entre 1968 e 1972.

Vale recordar que ele sempre respondia de forma negativa e seca em relação a um possível retorno.

Vale lembrar que em 1993, quando o grupo entrou no Rock And Roll Hall Of Fame, ele se recusou a tocar com os ex-colegas, e os processou em 1997 pelo uso indevido do nome da banda.

A razão de tanto ódio é que Stu Cook (baixo) e Doug Cosmo Clifford (bateria) apoiaram o processo que a gravadora Fantasy abriu contra Fogerty, nos anos 80.

Felizmente, hoje Fogerty está de bem com a Fantasy, tanto que voltou para lá, e se não faz nenhum plano para a volta do CCR, ele ao menos não se fecha para algum tipo de projeto envolvendo tal coisa.

“Se alguém começar a falar sobre esse retorno, pode ter certeza de que eu ouvirei”, disse ele à publicação.

Fogerty, que fez shows sensacionais no Brasil em maio, está mais na ativa do que nunca, enquanto os dois ex-colegas atualmente tocam as músicas do CCR com outros músicos de apoio e se valendo do nome Creedence Clearwater Revisited, com o qual já nos visitaram várias vezes.

Uma última lembrança: a banda contou, até 1971, com Tom Fogerty na guitarra-base. O irmão de John saiu para investir em carreira solo, e morreu em 1990.

Someday Never Comes, Creedence Clearwater Revival:

Enfim John Fogerty entra no meu currículo!

Por Fabian Chacur

Domingo, 8 de maio, dia das mães (um beijo no seu coração, saudosa dona Victória!).

Exatamente às 20h20, no Credicard Hall (SP), tinha início, com a música Hey Tonight, um momento histórico em minha vida.

Pela primeira vez, tive a honra de ver ao vivo um dos maiores gênios da história do rock and roll, John Fogerty.

Cantor, compositor e guitarrista líder do Creedence Clearwater Revival, esse é um daqueles caras que eu curto desde que era muito moleque.

Em plena forma e prestes a completar 66 anos, o que se Deus quiser irá ocorrer no dia 28 deste mês, o astro americano esbanjou qualidades durante a aproximadamente 1h40 em que dividiu sua energia e talento conosco.

O vozeirão dos tempos do Creedence continua lá, tipo vinho. A habilidade na guitarra, porém, mudou. O cara está tocando ainda melhor do que nos anos 60/70.

Trocando de instrumento de música para música, Fogerty mostrou como é que se faz um show de rock de verdade. Bastam energia, talento, conhecimento de causa e bons músicos a acompanhá-lo.

Pena que essas qualidades não estejam à venda no mercado, e só alguns predestinados a tenham. Cidadãos como John Fogerty.

Com repertório predominantemente composto por músicas do CCR, o cidadão misturou sucessos da banda como Lodi, Green River, Proud Mary e Have You Ever Seen The Rain com outras tão boas quanto mas menos óbvias, como as explosivas Ramble Tamble, Bootleg, Keep On Choglin’ e I Put A Spell On You.

Na banda de apoio composta por cinco músicos, destacou-se o lendário baterista Kenny Aronoff, que já tocou com Deus e o mundo e é considerado um dos melhores do rock and roll, com justiça, como pude conferir.

Veja o set list e babe. Coisa fina!

Hey Tonight

Green River

Who’l Stop The Rain

Suzy Q

Lodi

Lookin’ Out My Back Door

Born On The Bayou

Ramble Tamble

Midnight Special

Commotion

Bootleg

I Put a Spell On You

Long As I Can See The Light

Don’t You Wish It Was True

Have You Ever Seen The Rain

Oh! Pretty Woman

Keep On Chooglin’

Good Golly Miss Molly

Down On The Corner

Up Around The Bend

The Old Man Down The Road

Bad Moon Rising

Fortunate Son

Primeiro bis

Rockin’ All Over The World

Proud Mary

Segundo bis

Travellin’ Band

No link http://www.setlist.fm/setlist/john-fogerty/2011/credicard-hall-sao-paulo-brazil-bd3f1e2.html você poderá ver cenas do show. Mas o meu set list é o correto, eles erraram o final.

Parece sonho: John Fogerty tocará no Brasil!

Por Fabian Chacur

Há notícias que a gente tem prazer em dar, e esta é certamente uma delas.

Após muitos boatos, agora é totalmente oficial: John Fogerty, ex-líder do mitológico Creedence Clearwater Revival, fará shows no Brasil em breve.

O cantor, compositor e guitarrista americano tem cinco apresentações agendadas por aqui.

O calendário é o seguinte: 6/5 no Citibank Hall, no Rio; 7/5 no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte; 8/5 no Teatro Positivo, em Curitiba, e finalmente, nos dias 10 e 11/5 no Credicard Hall, em São Paulo.

O roqueiro, que completará 66 anos no mesmo mês de maio, mais precisamente no dia 28, tornou-se conhecido como o líder inconteste do mitológico Creedence Clearwater Revival.

Entre 1968 e 1972, a banda que também incluía seu irmão Tom na guitarra, o baixista Stu Coock e o baterista Doug Cosmo Clifford gravou e lançou alguns dos maiores clássicos do rock and roll.

Com espírito revivalista e totalmente centrado nas raízes do rock americano, o Creedence misturou com rara categoria rock and roll básico, blues, soul, country e folk.

Resultado: canções que ainda hoje arrepiam a todos, entre as quais Have You Ever Seen The Rain?, Fortunate Son, Sweet Hitch-Hicker, Someday Never Comes, Down On The Corner, I Heard It Through The Grapevine etc (e tome etc!).

A partir de 1973, passou a se dedicar à carreira solo, que também rendeu grandes momentos como os álbuns John Fogerty (1975) e Centerfield (1985).

Durante anos, problemas legais o impediram de tocar ao vivo seus clássicos do Creedence, devido a uma briga com os ex-colegas e a gravadora Fantasy, pendenga que felizmente hoje é passado.

Nos últimos anos, tivemos por aqui vários shows do Creedence Clearwater Revisited, que conta com Stu Cook e Doug Cosmo Clifford em sua formação. Tom Fogerty infelizmente se foi em 1990.

O legal é que Fogerty está em ótima forma, vide o excepcional DVD The Long Way Home, lançado por ele em 2005 e um dos melhores que já vi de rock em termos técnicos e de performance.

Em São Paulo, os ingressos custarão de R$ 100 a R$ 400.

Fortunate Son com John Fogerty, do DVD The Long Way Home:

Creedence Clearwater Revival em belo DVD

Por Fabian Chacur

Encontrei em uma banca de jornais um DVD intitulado Creedence Clearwater Revival-20 Maiores Sucessos, lançado no Brasil por uma tal VZ Multimídia Importação Exportação Comércio e Editora Ltda. O preço: R$20.

Como simplesmente adoro essa banda, que povoou minha infância com seus hits eternos calcados no velho e bom rock and roll básico, resolvi arriscar. E não é que me dei bem?

O DVD tem qualidade de mediana para boa de imagens e até boa de áudio. Mas seu conteúdo histórico compensa qualquer probleminha técnico. Temos aqui na verdade três partes distintas. Vamos destrinchá-las.

A primeira, da faixa 1 (Down On The Corner) até a sétima (I Heard It Through The Grapevine) reúne gravações de apresentações do quarteto americano na TV (dublando) e também alguns clipes, entre os quais o de Sweet Hitch-Hiker, primeira música que ouvi na vida do CCR e até hoje a minha favorita.

Da faixa 8 (Born On The Bayou) até a 14 (Keep On Choogling), temos um show da banda realizado provavelmente na Inglaterra nos idos de 1970, na qual eles esbanjam pique e carisma. A apresentação rola em um ginásio, e a recepção do público é entusiástica.

A parte final rola da faixa 15 (Traveling Band) até a 20 (Keep On Choogling), em mais um show realizado também provavelmente por volta de 1970. Como o DVD não tem ficha técnica, as informações não são precisas.

Em ambas as performances, o grupo surge em sua formação clássica de quarteto, com John Fogerty nos vocais e guitarra solo, Tom Fogerty na guitarra base e vocais, Stu Cook no baixo e Doug Cosmo Clifford na bateria.

O legal é que o DVD, com seus aproximadamente 80 minutos de duração, equivale a uma bela amostra do porque o Creedence pode ser considerado um dos melhores grupos de rock and roll de todos os tempos.

Guiados pela poderosa voz e guitarra solo arrepiante de John Fogerty, da base sólida da guitarra do irmão Tom e da precisão e balanço da cozinha formada por Cook e Cosmo, o Creedence dava um banho de raça, categoria e simplicidade, aquele tipo de simplicidade hiper rara de se conseguir.

Difícil acreditar que a banda tenha criado tantos hits no curto período compreendido entre 1968 e 1972, pérolas roqueiras do naipe de Proud Mary, Bad Moon Rising, Sweet Hitch-Hiker, Born On The Bayou, Green River e The Midnight Special, todas incluídas neste DVD. Procure por aí que vale a pena.

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