Mondo Pop

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D.A. Pennebaker eternizou as cenas de gênios da música pop

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Por Fabian Chacur

As décadas de 1960, 1970 e 1980 foram palco de grandes momentos da história da música pop mundial. Se por ventura você ainda não era vivo ou não tinha idade suficiente para ter presenciado in loco o que de melhor ocorreu nessas épocas, a única saída é recorrer a documentários. E um dos profissionais que melhor trabalhou no ofício de eternizar performances sublimes em filmes foi o diretor americano D.A. Pennebaker, que infelizmente nos deixou aos 94 anos de idade no último dia 1º (quinta), sendo que sua morte só foi divulgada no último sábado (3). Seu currículo na área musical é simplesmente arrasador.

Don Alan Pennebaker nasceu em Evanston, Illinois (EUA) em 15 de julho de 1925, filho de um fotógrafo. Ele se formou em engenharia, mas acabou se embrenhando pelo cinema. Seu primeiro curta-metragem envolvendo música saiu em 1953, Daybreak Express, no qual cenas registradas em estação de metrô de Nova York ao som da música de mesmo título, de Duke Ellington. Em 1960, ganhou os holofotes com Primary, na qual registrou a disputa das primárias do Partido Democrata que nomearam como candidato John F. Kennedy.

O método com o qual Pennebaker fazia seu trabalho partia de um princípio básico: ser uma espécie de espectador neutro dentro de um contexto, ou “fly on the wall” (mosca na parede), como ficou conhecido esse tipo de abordagem. Em uma entrevista concedida à revista Film Comment, ele delineou seu método de trabalho:”observe. Apenas observe. Não interprete, não explique”.

O pulo do gato em termos de projeção na área musical ocorreu quando foi convidado a registrar a turnê realizada por Bob Dylan na Inglaterra em 1965. O filme resultante desta experiência, Dont Look Back (1967) flagra toda a polêmica passagem do artista de sua fase acústica para uma abordagem mais roqueira, atraindo reações agressivas por parte dos fãs mais puristas, que desejavam ver seu ídolo eternamente atrelado ao folk acústico.

Mama Cass de queixo caído

Em 1967, lá estava Pennebaker registrando o seminal Monterey Pop, festival que se tornou um marco da música pop e do rock em particular, atraindo um público muito maior do que se esperava e escancarando a importância roqueira no universo cultural naqueles anos efervescentes e criativos.

A cena em que ele mostra a cantora Mama Cass, do The Mamas And The Papas, com o queixo caído ao presenciar na platéia uma performance demencial da então ainda desconhecida Janis Joplin na música Ball And Chain é um dos pontos altos do simplesmente espetacular Monterey Pop (1968).

Posteriormente, seriam lançados outros dois filmes com material inédito registrado durante aquele festival, Jimmy Plays Monterey (1986) e Shake! Otis At Monterey (1987), centradas nos shows incríveis realizados por Jimi Hendrix e Otis Redding naquele evento mitológico.

Plastic Ono Band no Canadá

Em 1969, John Lennon montou um grupo com a esposa, Yoko Ono, e os amigos Eric Clapton (guitarra), Klaus Woorman (baixo) e o então desconhecido Allan White (bateria, tocaria depois com o Yes) e participou de um festival de música em Toronto, no Canadá, evento do qual também participaram os pioneiros do rock Bo Diddley, Jerry Lee Lewis, Chuck Berry e Little Richard.

O show, uma das raras performances ao vivo de John Lennon sem os Beatles, virou filme graças às lentes de Pennebaker, gerando o documentário Sweet Toronto (1971), que embora traga performances dos outros roqueiros, é centrada na performance completa de Lennon e seus asseclas, a mesma que gerou o álbum ao vivo Live Peace In Toronto (1969), o “álbum da nuvem”, creditado à Plastic Ono Band.

Em 1973, chega a vez de Pennebaker filmar o último show da turnê de David Bowie encarnando o personagem Ziggy Stardust, realizado em 3 de julho daquele ano no Hammersmith Odeon, em Londres. Um registro cru e direto de um show no qual Bowie vive um dos vários momentos icônicos de sua trajetória, ao lado da banda Spiders From Mars.

O filme propriamente dito, Ziggy Stardust And The Spiders From Mars- The Motion Picture, só sairia em 1979, e sua impactante trilha sonora, em 1983.

Uma curiosidade sobre esse documentário: o lendário guitarrista Jeff Beck participou do show em sua parte final, no pot-pourry The Jean Genie/Love Me Do e em Round And Round. Essa performance, no entanto, só foi exibida em um especial na TV americana que foi ao ar em 1974, e não aparece nem no filme, nem na trilha sonora. As razões pela qual o guitarrista pediu para que a sua participação fosse tirada do filme nunca foram devidamente esclarecidas.

Chris Hegedus, Depeche Mode etc

Em 1976, Pennebaker ganha uma assistente ao trabalhar pela primeira vez com Chris Hegedus, então com apenas 25 anos. Eles se casaram em 1982, e ela se mostrou uma talentosa documentarista, trazendo nova energia para o trabalho do veterano cineasta. A chamada união do útil com o agradável.

O fruto dessa renovação se mostrou em toda a sua intensidade no genial 101 (1989), que documentou o exato momento em que a banda britânica Depeche Mode deixou de ser mais uma das inúmeras bandas de tecnopop aspirando ao estrelato e entrou com tudo no primeiro escalão da música pop. Isso ocorreu durante a turnê americana do grupo realizada em 1988.

A grande sacada de 101 é mostrar a banda de Dave Gahan e Martin L. Gore sendo acompanhada por um grupo de fãs devotados e carismáticos, algo que seria imitado posteriormente por emissoras de TV como a MTV, por exemplo. Pennebaker e Hegedus afirmaram em entrevistas ter sido este o seu trabalho favorito, na seara musical.

Se boa parte das incursões musicais de D.A. Pennebaker registrou fatos que estavam acontece naquele exato momento, um de seus filmes mais bacanas equivale a um verdadeiro resgate, embora tenha como mote a realização de um show. Trata-se de Only The Strong Survive (2002), que reúne craques da soul music como Isaac Hayes, Jerry Butler, The Chi-lites, Sam Moore (da dupla Sam & Dave), Wilson Pickett, Mary Wilson e Rufus e Carla Thomas, entre outros.

Este documentário chegou a ser considerado uma espécie de Buena Vista Social Club do soul, por reunir artistas seminais daquela vertente musical deixados de lado pela grande mídia. Depoimentos emocionantes, como Sam Moore lembrando dos tempos em que atuou como traficante, Jerry Butler virando político ou o medo de Carla Thomas em arrumar os dentes e eventualmente perder seu estilo vocal, são cerejas de um bolo no qual performances arrasadoras são o mote. Saiu em DVD no Brasil, procurem que vale a pena.

Veja o trailer de Only The Strong Survive:

Rolling Stones reeditam o seu histórico Rock And Roll Circus

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Por Fabian Chacur

Nos últimos anos, os fãs dos Rolling Stones tem necessitado de uma condição financeira privilegiada para manter sua coleção de itens referentes à banda devidamente atualizada. Agora, chega a vez de The Rolling Stones Rock And Roll Circus, que a ABKO Films e ABKO Music, em parceria com a Universal Music, lançará em breve em versão 4K Dolby Vision. Serão disponibilizadas as versões Deluxe Edition (incorporando Blu-ray – DVD, 2 CDs e um livro com 44 páginas), LP triplo, CD duplo e digital. No Brasil, o único item relativo aos formatos físicos a ser lançado será o DVD, com os outros limitados às plataformas digitais.

Nessa verdadeira enxurrada de produtos referentes à banda de Mick Jagger e Keith Richards, Rock And Roll Circus é um dos mais importantes. Gravado em dezembro de 1968 com o objetivo de ser um especial de TV, ficou nos arquivos durante quase 30 anos, sendo lançado de forma oficial em áudio e vídeo apenas em 1996. O show trazia um cenário relembrando o de um circo cinematográfico, com o grupo britânico recebendo diversos convidados especiais.

Além de ter marcado a última performance de Brian Jones com a banda que ajudou a fundar, o show traz outras atrações históricas, como o Dirty Mac, supergrupo formado para esta apresentação que traz “apenas” John Lennon (guitarra e vocal), Eric Clapton (guitarra), Keith Richards (baixo) e Mitch Mitchell (bateria, do Jimi Hendrix Experience). Eles tocam uma versão endiabrada de Yer Blues, que os Beatles haviam lançado há pouco no Álbum Branco. Também estão presentes The Who, Jethro Tull, Marianne Faithfull, Yoko Ono e Taj Mahal.

Se a versão em condições técnicas revitalizadas já é uma bela pedida, o fato de termos inúmeras faixas-bônus em áudio equivale ao ponto mais cobiçado pelos colecionadores, nesta nova edição de Rock And Roll Circus. O Dirty Mac, por exemplo, toca nada menos do que Revolution, além de uma jam session. A versão anterior em CD era simples, vale lembrar. O filme foi dirigido por Michael Lindsay-Hog, o mesmo do filme Let It Be, dos Beatles, cujas gravações estavam sendo iniciadas naquela mesma época.

The Rolling Stones Rock and Roll Circus (4K FILM)

O FILME

Song For Jeffrey – Jethro Tull

A Quick One While He’s Away – The Who

Ain’t That A Lot Of Love – Taj Mahal

Something Better – Marianne Faithfull

Yer Blues – The Dirty Mac

Whole Lotta Yoko – Yoko Ono & Ivry Gitlis, and The Dirty Mac

Jumpin’ Jack Flash – The Rolling Stones

Parachute Woman – The Rolling Stones

No Expectations – The Rolling Stones

You Can’t Always Get What You Want – The Rolling Stones

Sympathy for the Devil – The Rolling Stones

Salt Of The Earth – The Rolling Stones

EXTRAS

Widescreen Feature, Aspect Ratio: 16:9 (65 min)

Entrevista Pete Townshend, Aspect Ratio: 4×3 (18 min)

The Dirty Mac:

‘Yer Blues’ Tk2 Quad Split, Aspect Ratio: 4×3 (5:43)

Taj Mahal:

-Checkin’ Up On My Baby, Aspect Ratio: 4×3 (5:37)

-Leaving Trunk, Aspect Ratio: 4×3 (6:20)

-Corinna, Aspect Ratio: 4×3 (3:49)

Julius Katchen:

-de Falla: Ritual Fire Dance, Aspect Ratio: 4×3 (6:30)

-Mozart: Sonata In C Major-1st Movement, Aspect Ratio: 4×3 (2:27)

Mick & The Tiger/ Luna & The Tiger, Ratio: 4×3 (1:35)

Bill Wyman & The Clowns, Aspect Ratio: 4×3 (2:00)

Lennon, Jagger, & Yoko backstage, Aspect Ratio: 4×3 (45sec)

COMENTÁRIOS DAS FAIXAS DO FILME:

Life Under The Big Top (Artistas) Apresentando: Mick Jagger, Ian Anderson, Taj Mahal, Yoko Ono, Bill Wyman, Keith Richards (65 min)

Framing The Show (Diretor & Diretor de Fotografia) Apresentando: Michael Lindsay Hogg, Tony Richmond (65 min)

Musings (artistas, escritor, fãs que estiveram na gravação) Apresentando: Marianne Faithfull, David Dalton, David Stark (50 min)

The Rolling Stones Rock and Roll Circus Edição de Áudio Ampliada

1. Mick Jagger’s Introduction Of Rock And Roll Circus – Mick Jagger

2. Entry Of The Gladiators – Circus Band

3. Mick Jagger’s Introduction Of Jethro Tull – Mick Jagger

4. Song For Jeffrey – Jethro Tull

5. Keith Richards’ Introduction Of The Who – Keith Richards

6. A Quick One While He’s Away – The Who

7. Over The Waves – Circus Band

8. Ain’t That A Lot Of Love – Taj Mahal

9. Charlie Watts’ Introduction Of Marianne Faithfull – Charlie Watts

10. Something Better – Marianne Faithfull

11. Mick Jagger’s and John Lennon’s Introduction Of The Dirty Mac

12. Yer Blues – The Dirty Mac

13. Whole Lotta Yoko – Yoko Ono & Ivry Gitlis with The Dirty Mac

14. John Lennon’s Introduction Of The Rolling Stones + Jumpin’ Jack Flash – The Rolling Stones

15. Parachute Woman – The Rolling Stones

16. No Expectations – The Rolling Stones

17. You Can’t Always Get What You Want – The Rolling Stones

18. Sympathy for the Devil – The Rolling Stones

19. Salt Of The Earth – The Rolling Stones

FAIXAS-BÔNUS

20. Checkin’ Up On My Baby – Taj Mahal

21. Leaving Trunk – Taj Mahal

22. Corinna – Taj Mahal

23. Revolution (rehearsal) – The Dirty Mac

24. Warmup Jam – The Dirty Mac

25. Yer Blues (take 2) – The Dirty Mac

26. Brian Jones’ Introduction of Julius Katchen – Brian Jones

27. de Falla: Ritual Fire Dance – Julius Katchen

28. Mozart: Sonata In C Major-1st Movement – Julius Katchen

Yer Blues- The Dirty Mac (John Lennon+):

John Lennon 75: dá para falar algo de inédito sobre o gênio?

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Por Fabian Chacur

Nesta sexta-feira (9), na qual John Winston (Ono) Lennon completaria 75 anos de idade, fica a pergunta: o que falar desse genial cantor, compositor e músico britânico que alguém já não tenha falado, escrito, comentado? A resposta pode ser essa aqui: e quem disse que o inédito é sempre o mais importante? O importante é dizer o que de fato importa, quantas vezes for necessário. Então, Imagine guy, essas palavras são para você!

John Lennon foi uma das figuras mais importantes e marcantes da história do rock. Nos Beatles, personificou o lado mais rebelde e incisivo, embora também soubesse ser romântico e sonhador. Aliás, um dos pontos fortes de sua criação artística é exatamente essa dualidade agressividade-romantismo, capaz de ir do protesto mais ácido à canção de amor mais emotiva e direta. Sempre com muita inspiração e entrega.

Influenciado por pioneiros como Buddy Holly, Chuck Berry, The Everly Brothers e tantos outros, esse nativo de Liverpool soube criar uma sonoridade própria, repleta de experimentação, paixão e intensidade, na qual boas melodias, harmonias vocais bacanas e grandes sacadas sobre a vida e como vivê-la sempre apareciam em cena.

Nos Beatles, deixou como marca canções do naipe de You Can’t Do That, Help!, Strawberry Fields Forever, Come Together, I Am The Walrus, I Want You (She’s So Heavy), todas repletas de conteúdo e intensidade. Aliás, em seus curtos 40 anos de vida, soube aproveitar para mergulhar fundo em sua obra, uma das melhores da história do rock and roll.

Fora dos Fab Four, construiu uma trajetória sólida e instigante como artista solo. Do sonho utópico de Imagine à dureza de Working Class Hero, da agressividade engajada de Gimme Some Truth ao romantismo doce de Oh! My Love, do experimentalismo gritado de Well Well Well à doçura poética de Watching The Wheels, o cara soube instigar seus ouvintes.

Sem medo de dizer aquilo que pensava, Lennon sempre foi contraditório, capaz de generosidade extrema e de crueldade também extrema, mas sempre dentro dos limites de um ser humano diferenciado. Errou, sim, mas nunca teve medo de admitir quando percebia que havia pisado na bola. Transparente, direto, franco, esse era o Lennon que ficou para a posteridade.

Após quase cinco anos longe de cena, que dedicou aos primeiros anos do filho que teve com Yoko Ono, que por sinal completa nesta mesma sexta-feira (10) 40 anos de idade, o astro britânico voltou à tona em 1980 com força total, proporcionando a nós músicas maravilhosas como (Just Like) Starting Over, Watching The Wheels e a intensa Beautiful Boy (Darling Boy), da qual faz parte um dos versos mais profundos jamais escritos:

“…life is what happens to you, while you’re busy making other plans…” (a vida é o que acontece a você, enquanto você está ocupado fazendo outros planos).

Aí, eu respondo à pergunta feita no início desse texto: pra que se obrigar a inventar algo inédito, se é possível se repetir mensagens positivas e que continuam tão importantes hoje como eram quando surgiram? Que as mensagens de John Lennon continuem sendo divulgadas, que continuem sendo apreciadas e que continuem nos emocionando.

Gimme Some Truth– John Lennon:

>Well Well Well– John Lennon:

What You Got– John Lennon:

Mind Games– John Lennon:

Beautiful Boy (Darling Boy)– John Lennon:

John Lennon vence enquete do NME

Por Fabian Chacur

O New Musical Express (NME), uma das publicações especializadas em música mais conceituadas do mundo, está completando 60 anos de existência. Como forma de marcar a data, a revista britânica criou uma enquete, iniciada em março. Entre 60 nomes pré-escolhidos, qual seria o ícone fundamental da música de 1962 para cá?

Mais de 160 mil pessoas votaram via internet no intuito de eleger The Ultimate Musical Icon Of The Last 60 Years, e o vencedor acabou sendo John Lennon. O eterno beatle superou concorrentes como o parceiro Paul McCartney, Bob Dylan, os irmãos Liam e Noel Gallagher, Ozzy Osbourne, Kurt Cobain, Amy Winehouse e outros do mesmo gabarito.

O Top 10 mistura artistas de várias épocas. Surpreende nomes como Paul McCartney, Bono, Bob Dylan e Ozzy Osbourne não terem conseguido chegar a este posto, enquanto Alex Turner, cantor e guitarrista do bem menos relevante Arctic Monkey ostentar o quarto posto, mas o fato de ele ser da nova geração faz todo o sentido. E John Lennon é um belíssimo vencedor.

Listas de melhores e piores são sempre discutíveis, mas indiscutivelmente válidas pelas discussões que geram e para nos ajudar a avaliar nossos gostos e opiniões pessoais.

Eis a lista dos 10 mais votados da eleição do NME:

1- John Lennon (Beatles)

2- Liam Gallagher (Oasis)

3- David Bowie

4- Alex Turner (Arctic Monkeys)

5- Kurt Cobain (Nirvana)

6- Amy Winehouse

7- Jimi Hendrix

8- Morrissey (The Smiths)

9- Noel Gallagher (Oasis)

10- Ian Curtis (Joy Division)

Veja o clipe de Gimme Some Truth, de John Lennon:

Imagine – John Lennon (Apple/1971)

Por Fabian Chacur

Imagine já tocou tantas vezes e foi regravada por tantos artistas (alguns, detestáveis) que às vezes a gente até mesmo se esquece de o quanto esta canção é bela e importante.

Com sua melodia simples e delicada e seu arranjo original composto apenas por piano, baixo e bateria, Imagine rapidamente se tornou um dos grandes clássicos da carreira de John Lennon.

Os Beatles haviam se separado há apenas um ano, e Lennon vinha do excepcional John Lennon-Plastic Ono Band, um álbum brilhante e visceral que não foi compreendido por todos, talvez por sua agressividade e virulência musical/vocal.

Em Imagine, o álbum, que foi lançado há 40 anos, o astro britânico nos ofereceu canções mais acessíveis, embora algumas tivessem o mesmo espírito pé na porta das do disco anterior.

How Do You Sleep?, por exemplo, era uma agressão direta ao ex-parceiro musical Paul McCartney, com direito aos maldosos versos “aqueles doidos estavam certos quando disseram que você estava morto”, ou “A única coisa que você fez foi Yesterday, e desde que você se foi, é só Another Day“.

Gimme Some Truth é um torpedo direcionado aos políticos picaretas, enquanto a arrastada It’s So Hard traz o tédio do dia a dia como tema.

Mas o repertório é bem servido de momentos mais melódicos, incluindo a belíssima e utópica faixa-título, a maravilhosa balada Oh My Love, a reflexiva How e Jealous Guy, uma das melhores músicas a abordar o eterno tema do ciúme, além da alegrinha Oh Yoko.

O álbum foi basicamente gravado em um estúdio instalado na casa britânica do casal Lennon/Yoko, com coprodução a cargo de Phil Spector e participação de músicos como George Harrison, Nicky Hopkins, Alan White e Klaus Woorman, entre outros.

O último disco de John Lennon gravado no Reino Unido atingiu o topo das paradas americana, britânica e de diversos outros países, transformando-se em um marco na carreira do ex-beatle.

Veja o clipe de Imagine:

Documentário homenageia o genial Harry Nilsson

Por Fabian Chacur

Harry Nilsson (1941-1994) é um daqueles caras que geralmente só mesmo quem é mais ligado nos meandros da musica pop sabe de quem se trata.

Sua carreira foi recheada de contradições. Para muitos, ele era inglês, tal a sua ligação com músicos daquele país, embora seja tão americano quanto a coca-cola.

Ótimo compositor, ele no entanto teve seus dois maiores sucessos com releituras de composições alheias, Everybody’s Talkin’ (Fred Neil, tema do filme Perdidos Na NoiteMidnight Cowboy, de 1969) e Without You (Pete Ham e Tom Evans, do grupo britânico Badfinger, em 1971).

Tido como um verdadeiro bonachão de boa alma, arrumou inúmeras encrencas quando enchia a cara, o que por sinal ocorria de forma constante, por sinal.

Ele nos deixou um belo legado musical, e o belo documentário Who Is Harry Nilsson (And Why Is Everybody Talkin’ About Him?), de 2010 e dirigido por John Scheinfeld, ressalta isso com muita sensibilidade.

Com algo em torno de duas horas de duração, o filme conta com inúmeras cenas de Nilsson cantando, em estúdio e em depoimentos em áudio concedidos a uma de suas esposas.

Também temos a participação e os depoimentos emocionados de amigos como Jimmy Webb, Ray Cooper, Robin Williams, Micky Dolenz, Gerry Beckley, Terry Gillian, Randy Newman e Yoko Ono, entre outros.

De origem muito pobre, Nilsson conseguiu fama graças a uma belíssima e potente voz, a composições que tinham na diversidade e versatilidade sua marca e albuns álbuns marcantes.

Além dos dois maiores sucessos já citados, ele possui no currículo maravilhas como a quase caribenha Coconut, o rockão Jump Into The Fire, a funkeada Daybreak e outro cover matador, Many Rivers To Cross, de Jimmy Cliff.

Esta última faz parte de Pussycats (1974), álbum produzido por John Lennon que tem alguns momentos arrepiantes.

Para muitos, Nilsson Schmilsson (19720, produzido por Richard Perry e incluindo Without You e Jump Into The Fire, é seu melhor trabalho, e certamente o que mais vendeu.

Outro momento importante da carreira do cantor, compositor e músico americano é o filme Son Of Dracula, do qual participou o grande amigo Ringo Starr e que é considerado bizarro pela crítica mas que gerou uma trilha sonora fantástica, que inclui Daybreak.

A emotividade com que os amigos, filhos e parentes falam sobre Nilsson diz muito sobre quem foi esse artista, que pelo visto teve ele próprio como seu grande inimigo.

Veja trailer do filme:

Ouça Jump Into The Fire, com Harry Nilsson:

Ouça Many Rivers To Cross, com Harry Nilsson:

Mr. Holland, Adorável Professor, um filme marcante para quem ama ou quer amar a música

Por Fabian Chacur

Há filmes que marcam as nossas vidas, e certamente Mr. Holland, Adorável Professor (Mr. Holland’s Opus– 1996) é um deles.

A forma como eu o descobri foi muito peculiar.

Com a lamentável morte do meu irmão Victor, em 1999, acabei herdando boa parte de seus discos.

Entre eles, estava exatamente a trilha de Mr. Holland Opus, filme que eu nem mesmo sabia que existia.

Anos depois, tive a oportunidade de vê-lo na TV a cabo. Desde então, revi essa maravilha umas dez vezes, mas só uma na íntegra, o que ocorreu neste sábado (8).

Dirigido por Stephen Herek, o filme aborda a vida do músico Glenn Holland, que em 1965 resolve de forma relutante investir provisoriamente na carreira de professor de música em um colégio americano.

Seu projeto era se manter na função por no máximo quatro anos, enquanto se preparava para mergulhar na carreira de compositor.

Recém-casado na época com Iris, o nascimento do primeiro filho e também o envolvimento com a nova profissão acabam mudando seus planos.

Glenn Holland, papel vivido pelo excelente ator Richard Dreyfuss (de Tubarão, A Garota do Adeus, Tocaia e tantos outros filmes), muda da insegurança e do ceticismo inicial para a irrepreensível postura de um profissional entusiástico, disposto a tirar o melhor de seus alunos.

Melhor: seu objetivo, na verdade, é sempre fazer com que eles aprendam não meras noções de leitura e história musical, mas sim a saber apreciar e até mesmo amar a música.

Sua trajetória, durante 30 anos em um mesmo colégio, é emocionante.

Versátil, ele ouve de tudo, desde música erudita até o rock and roll mais básico, passando esse ecletismo para seus alunos.

Mr. Holland, Adorável Professor é uma lição de vida, de companheirismo, de como fazer a diferença na vida dos outros e, principalmente, de como faz bem mergulhar de cabeça na música.

O CD com a trilha decepciona um pouco por conter apenas 12 das mais de 20 músicas tocadas durante o filme, deixando de fora maravilhas como Louie Louie, assim como a emocionante (embora tecnicamente tosca) interpretação de Dreyfuss para Beautiful Boy (Darling Boy) de John Lennon.

A bela voz de Jean Louisa Kelly, que interpreta o papel da jovem cantora Rowena Morgan, também ficou de fora, ela que cantou de forma belíssima clássicos de George Gershwin como Someone To Watch Over Me.

Ou seja, o grande lance é ver o filme. Faça isso! Essa é mais uma dica que devo ao Victor. E nunca saberei o quanto ele gostou de Mr. Holland, O Adorável Professor

Veja o trailer de Mr. Holland’s Opus:

DVD/CD de John Lennon parece pirata, mas não é

Por Fabian Chacur

Confesso que tomei um susto quando vi, em uma loja de CDs/DVDs localizada na avenida Paulista, em São Paulo, Live In New York City.

Trata-se de um DVD, também disponível no formato CD, que contém gravações feitas ao vivo em 30 de agosto de 1972 no Madison Square Garden em Nova York de um dos raros shows de John Lennon em sua carreira solo.

O espetáculo beneficente mostra o ex-beatle ao lado de Yoko Ono e da banda nova-iorquina Elephant’s Memory, acrescida do experiente baterista Jim Keltner, que participou de vários discos dele, Ringo Starr e muitos outros.

Mas qual seria a razão da surpresa, perguntaria o leitor de Mondo Pop? E a explicação é simples.

O lançamento é do selo independente brasileiro Gema, conhecido por seus produtos na área do forró e da música popular.

Para quem não sabe, Live In New York City saiu originalmente no formato vinil em 1986 pela EMI, que quatro anos depois também o disponibilizou em CD no mercado internacional.

A edição da gravadora Gema tem todo o jeitão de produto pirata em termos de embalagem, com direito a fotos desfocadas e poucas informações (praticamente nenhuma no CD e algumas no DVD).

Como não tenho nada a ver com essas disputas entre as empresas discográficas, o que vale ressaltar é que o produto está à venda no Brasil em lojas legalizadas, e por preço abaixo de R$ 14 (DVD) e R$12 (CD).

As músicas do CD original da EMI e da nova edição da Gema são exatamente as mesmas, mas seguindo uma ordem diferente, a saber:

EMINew York City, It’s So Hard, Woman Is The Nigger Of The World, Well Well Well, Instant Karma (We All Shine On), Mother, Come Together, Imagine, Cold Turkey, Hound Dog e Give Peace a Chance.

GemaImagine, Mother,Instant Karma (We All Shine On), Come Together,

Woman Is The Nigger Of The World, New York City, It’s So HardWell Well Well, Cold Turkey, Hound Dog e Give Peace a Chance.

O DVD da Gema inclui duas músicas adicionais que entram entre Hound Dog e Give Peace a Chance, ambas interpretadas por Yoko Ono: Sisters Oh Sisters (grafada erroneamente como Sister Oh Sister no DVD nacional) e Born In a Prison.

A notícia preciosa que darei é o fato de que tanto a qualidade de áudio como a de vídeo são boas, ainda mais se levarmos em conta se tratar de registros feitos há 38 anos. Muito melhor do que eu esperava.

As gravações em vídeo são as mesmas que a gente teve oportunidade de ver pela TV nos anos 80.

O desempenho de John Lennon nos vocais e guitarra é excelente, cantando com garra e esbanjando carisma.

Da banda que o acompanhou, o destaque é o excelente saxofonista Stan Bronstein, que rouba a cena em várias músicas.

Jim Keltner faz o esquema de duas baterias ao lado de Rick Frank. O resto do time inclui Yoko Ono batucando os teclados e soltando seus gritos habituais, Wayne Tex Gabriel na buitarra solo, John Ward no baixo e Gary Van Scyoc no outro baixo.

Bem-humorado, Lennon falou em um momento do show que “essas são algumas músicas que fiz após deixar os Rolling Stones”.

E emendou a seguir uma versão turbinada de Come Together, de sua verdadeira ex-banda.

O astro havia lançado na época o panfletário álbum duplo Some Time In New York City, do qual três músicas (cinco no DVD) são executadas.

De resto, temos uma dos Beatles (a já citada Come Together), músicas da carreira solo e também uma homenagem ao ídolo Elvis Presley, com a releitura do clássico Hound Dog.

Live In New York City é um registro fundamental para os fãs de John Lennon, especialmente se levarmos em conta a quase inexistência de gravações do roqueiro nos palcos ems ua carreira solo, ainda mais um show com 53 minutos de duração como esse aqui.

A capa do CD e do DVD, assim como partes do encarte, trazem caracteres em japonês, o que nos dá a possibilidade de pensar que a Gema pode ter negociado os direitos para o lançamento no Brasil com algum selo nipônico.

Mas já disse: não tenho nada a ver com isso… E a esse preço, trata-se de uma pechincha irrecusável.

Veja Imagine ao vivo, em Live In New York City:

É duro imaginar um mundo há 30 anos sem a presença mágica de John Lennon, não acham?

Por Fabian Chacur

Há exatos 30 anos, estava acordando para ir trabalhar quando vi um bilhete do meu irmão Victor em cima do criado mudo ao lado da minha cama.

“John Lennon morreu”, era a mórbida mensagem.

Lógico que entrei em alfa imediatamente. Meu Deus do céu!

Vale uma pequena história antes de mergulhar no tema.

Em 1980, eu cursava o primeiro ano de jornalismo na Cásper Líbero, e também começava a trabalhar com carteira assinada.

Era uma nova era em minha vida.

Com dinheiro no bolso, comecei a comprar em quantidades bem maiores aqueles discos que adquiria na base do conta-gotas nos tempos de mesada de infância/adolescência.

Nessas, mergulhei de cabeça em uma de minhas paixões mais antigas, os Beatles, e de quebra, nas carreiras solos de seus integrantes.

Lógico que, nessa leva, entraram trabalhos do John Lennon.

Se não me falha a minha memória, o primeiro compacto dele que comprei foi o estupendo Mind Games, em 1973, até hoje uma de minhas músicas favoritas desse cidadão. A capa é a que ilustra este post.

O primeiro LP foi a coletânea Shaved Fish, adquirida nesse mesmo 1980.

Vivi uma verdadeira febre de Beatles na faculdade ao lado dos amigos Jorge, Chico, Paulo Henrique e, pouco depois, Giovanni.

Quando tivemos a notícia de que Lennon havia gravado um novo disco, ficamos hiper curiosos.

Logo que saiu o single de (Just Like) Starting Over eu o comprei. E adorei!

Ainda não tinha ouvido o Double Fantasy quando Lennon foi assassinado por aquele demente de quem prefiro não escrever o nome.

Trinta anos se passaram e a música feita por aquele cantor, compositor e músico britânico permanece forte e atual como nunca.

Discos como John Lennon/Plastic Ono Band (1970), Imagine (1971) e Walls And Bridges (1974) figuram entre os melhores trabalhos de rock de todos os tempos.

Além de ter sido fundamental para a revolução musical que atendeu pelo nome Beatles, o cara ainda desenvolveu uma carreira solo riquíssima.

Mesmo em seus trabalhos mais irregulares estão contidas pérolas sonoras de primeira grandeza, como New York City, Mind Games, One Day at a Time, Watching The Wheels e Beautiful Boy (Darling Boy).

Lennon era capaz de ir desde canções românticas e doces como Oh My Love, Woman, Oh Yoko e Love até rocks viscerais e agressivos como How Do You Sleep?, Well Well Well, Cold Turkey e Gimme Some Truth.

Também não fechava as portas para inovações, como provam o funk What You Got, a country Cripple Inside, a quase reggae Borrowed Time e a psicodélica e experimental (e fantástica!) Nº9 Dream, só para citar algumas.

Mesmo se não tivesse integrado a melhor banda de qualquer estilo musical de todos os tempos ele teria tido um lugar cativo na galeria dos melhores astros do rock de todos os tempos.

O que ele estaria fazendo hoje, se estivesse vivo? Sabe Deus. Nunca saberemos a resposta para esta pergunta.

No entanto, se levarmos em conta o que Paul McCartney fez nesses últimos 30 anos, me atrevo a dizer que o pai de Julian e Sean certamente estaria nos proporcionando música de alta qualidade, além de shows imperdíveis.

Descanse em paz, Mr. Lennon, e obrigado por sua obra nos fazer tanto bem, mesmo sem tê-lo por perto há tanto tempo.

O que é bom, é para sempre, e nem um alucinado será capaz de apagar com sua brutalidade irracional.

Double Fantasy volta em duas versões

Por Fabian Chacur

Double Fantasy nunca foi um dos meus álbuns prediletos de John Lennon, embora inclua pelo menos cinco músicas muito boas.

Mas essa história de dividir álbum com Yoko Ono nunca deu certo, vide outro momento menor da discografia do ex-beatle, Some Time In New York City, de 1972.

Outro fator que conta pontos negativos em realação ao último álbum lançado em vida por Lennon é a produção um pouco polida demais e com cara de trabalho pop de artistas menos dotados do que ele.

Sempre tive vontade de ouvir as canções mais legais desse disco em versões mais básicas, só para sentir como ficariam.

Como que lendo meus pensamentos e realizando meu desejo, sai junto com o pacote de relançamentos remasterizados e com novas embalagens da discografia básica de John Lennon uma nova versão de Double Fantasy.

O pacote intitula-se Double Fantasy Stripped Down, e traz dois belíssimos desenhos em preto e branco reproduzindo capa e contracapa do álbum original. Ficou lindo, e quem fez foi Sean Ono Lennon, segundo filho do astro.

Trata-se de um álbum duplo, sendo o primeiro CD a versão original e o segundo o disco em um formato mais cru, sem tantos elementos de produção e com ênfase nos vocais do autor de Imagine.

O resultado nos proporciona várias conclusões. A primeira: Lennon não tinha porque achar que sua voz precisava ficar embolada no meio da mixagem por não ser tão boa, algo que fez durante os anos 70.

O cara estava cantando muito, e ouvir seu vozeirão lindo e bem a frente na nova mixagem das versões despidas de músicas como (Just Like) Starting Over, Cleanup Time (que ficou muito melhor do que na versão original) e I’m Losing You são a prova disso.

Mesmo em canções nas quais dá para sentir mais a falta dos instrumentos adicionais, como Watching The Wheels e Woman, você percebe melhor a emoção emprestada pelo genial astro de Liverpool nesse trabalho.

Lógico que, no caso das canções de Yoko Ono, tudo continua na mesma, ou seja, afora a rapidinha e quase new wave Kiss Kiss Kiss e na lírica Every Man Has a Woman Who Loves Him (que o casal canta em dueto), o resto é plenamente esquecível, naquela toada “bruxa malvada pop”. Socorro!

A embalagem e o encarte que acompanham o álbum duplo são simplesmente maravilhosos e tornam este ítem um dos mais atraentes do pacotão Lennon lançado neste final de ano. Vale cada centavo que você pagar nele.

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