Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Tag: kuarup (page 1 of 2)

Mário Sève mostra faceta choro de Paulinho da Viola em show

mario seve-400x

Por Fabian Chacur

Uma das mais belas homenagens recebidas por Paulinho da Viola em 2022, ano em que completou 80 anos de vida, foi o álbum Ouvindo Paulinho da Viola. O lançamento da gravadora Kuarup traz o flautista, saxofonista, compositor e arranjador Mário Sève relendo com categoria faixas da faceta choro do grande cantor, compositor e músico carioca. Ele vem a São Paulo para mostrar esse repertório iluminado em um show nesta quinta-feira (27) às 20h no teatro do Sesc 24 de Maio (rua 24 de Maio, nº 109- fone 11-3350-6300), com ingressos de R$ 12,00 a R$ 40,00.

Mário Sève (sopros e arranjos) terá a seu lado no show Adriano Souza (piano), Celsinho Silva (percussão) e Dininho (baixo) — integrantes do seleto grupo do próprio homenageado —, além de Jorge Filho (cavaquinho), Kiko Horta (acordeão) e Luiz Otávio Braga (violão de sete cordas). Vale lembrar que Mário também integra há muitos anos a banda de Paulinho.

Frequentemente lembrado como sambista, Paulinho da Viola tem também uma forte faceta de choro na sua obra, influência direta de seu saudoso pai Cesar Faria, e é essa veia que Mário explora de forma extremamente competente em Ouvindo Paulinho da Viola. O álbum traz chorinhos escritos pelo autor de Pecado Capital e também duas parcerias de Séve com Paulinho- Vou Me Embora Pra Roça e Carinhosa.

Com uma carreira extensa e consistente, Mário Sève é também educador, sendo mestre e doutor em Música e com vários livros publicados, além de ter sido um dos fundadores dos grupos Aquarela Carioca e Nó em Pingo D’Água. Teve composições suas gravadas por artistas do gabarito de Ney Matogrosso, Alceu Valença, Ivan Lins, Guinga, Moraes Moreira, Marisa Monte e Zeca Pagodinho, entre outros.

Ouvindo Paulinho da Viola- Mário Séve (ouça em streaming):

Tuia e Paula Lima fazem um dueto na faixa Paraquedas

tuia e paula lima 400x

Por Fabian Chacur

Em suas três décadas de trajetória musical, o cantor, compositor e músico Tuia traz como marca estar sempre aberto a novas parcerias. E essa característica se apresenta novamente no single recém-lançado por ele nas plataformas digitais. Paraquedas, escalada para integrar o álbum Versões de Vitrola Volume 2, que a gravadora Kuarup lançará em breve, adiciona mais dois nomes nesse currículo de colaborações bacanas.

A canção foi composta pelo artista em parceria com Roberta Campos, cantora, compositora e musicista que também tem grande destaque na área do folk à brasileira. Para interpretar Paraquedas ao lado de Tuia, foi convidada Paula Lima, um dos grandes expoentes da black music brasileira, que se encaixou feito luva na sonoridade proposta por esta bela canção.

Versões de Vitrola Volume 2 foi gravado e produzido por Fábio Pincwoski no estúdio 12 Dólares em São Paulo (SP), e contas com as participações de Reginaldo Lincoln, conhecido por seu trabalho com a banda Vanguart, e Mário Lima, baterista que atuou com Sandy e a dupla Sandy & Júnior.

Paraquedas– Tuia e Paula Lima:

Renato Teixeira e Fagner nos oferecem o singelo Naturezas

renato teixeira e fagner capa 400x

Por Fabian Chacur

Renato Teixeira e Raimundo Fagner são da geração de músicos brasileiros que invadiram as paradas de sucesso na década de 1970 com trabalhos consistentes e sempre preocupados com a qualidade de letras e melodias. Amigos há muito tempo, estreitaram sua relação nos últimos anos, valendo-se dos recursos tecnológicos para, mesmo de longe, escreverem várias canções em parceria. Tinha tudo para dar em um disco em dupla, e deu mesmo, Naturezas, que a gravadora Kuarup disponibiliza nas plataformas digitais e em uma belíssima edição em CD.

O álbum conta com 10 faixas, sendo oito delas parcerias inéditas dos dois feitas especialmente para o projeto. Um hit marcante de cada um completa o repertório. Tocando em Frente, inspirada composição de Teixeira e Almir Sater, traz também a participação deste último na releitura, que ficou muito bonita. Da seara de Fagner, temos Mucuripe, clássico escrito com o saudoso Belchior. As duas abrem o disco, como que abrindo o caminho para as novidades. Uma ideia bem interessante.

O trabalho foi gravado em São Paulo no estúdio da gravadora Kuarup, que curiosamente fica em um imóvel no qual Renato Teixeira morou, na década de 1970, e onde compôs sua canção mais conhecida, Romaria. Entre os músicos que participaram das gravações, vale destacar o grande Natan Marques, guitarrista e violonista que atuou com Elis Regina e Simone.

O clima básico de Naturezas é bem singelo e tranquilo, enveredando por caminhos sempre presentes nas obras de Renato Teixeira e Raimundo Fagner, com ênfase no lado folk-rural. As vozes dos dois se encaixaram muito bem, com cada um fazendo seus solos de forma bem competente. A tendência de interpretações mais contidas do artista cearense dos últimos tempos se mantém por aqui.

Além de Tocando em Frente, Almir Sater também está presente em Para o Nosso Amor Amém, um dos pontos altos do disco, ao lado de Arte e Poesia, Eu Comigo Mesmo e Rastros da Paixão. Eu Só Quero Ser Feliz tem um terceiro parceiro, o grande Antonio Adolfo, autor da melodia original que acabou recebendo letra de Fagner e Teixeira.

A bela capa de Naturezas foi o último trabalho com finalidade discográfica do saudoso e icônico Elifas Andreato, que nos deixou em março deste ano. O álbum certamente irá agradar e muito os fãs mais fiéis, apostando em simplicidade, lirismo e sutilezas nos arranjos. Uma reunião prazerosa de dois grandes amigos que rendeu belos frutos.

Para o Nosso Amor Amém– Renato Teixeira, Fagner e Almir Sater:

Tempo Feliz é livro que conta a história de uma bela aventura

tempo feliz capa do livro-400x

Por Fabian Chacur

Uma forma interessante de estudar a história da música brasileira é se deter na trajetória das gravadoras, especialmente as independentes ou de pequeno e médio porte. É através delas que muita coisa importante aconteceu. Um bom exemplo é a Forma, criada por Roberto Quartin e Wadi Gebara em 1964 e que se manteve assim até 1967, quando foi vendida para a CBD (cujo acervo hoje pertence à Universal Music). Eis a missão assumida pelo jornalista Renato Vieira, que mergulhou fundo nela e nos proporcionou o excelente livro Tempo Feliz- A História da Gravadora Forma (Kuarup Música).

Além das tradicionais entrevistas com boa parte dos principais envolvidos com o enredo do tema que resolveu abordar, Vieira teve uma ideia bastante interessante. Como o acervo de lançamentos da Forma em seu período independente comporta um número pequeno de títulos (pouco mais de 20), ele nos traz uma análise de cada um deles, com direito a fichas técnicas, textos das contra-capas e também uma análise inteligente dos discos, incluindo desempenho comercial e repercussão na imprensa.

Além disso, ele nos situa de forma basante precisa naquele período da história do Brasil, quando o golpe militar havia acabado de ocorrer e as perseguições à área cultural foram aos poucos aumentando, além do clima favorável à bossa nova no exterior, graças ao mitológico show no Carnegie Hall em 1962 e principalmente ao estouro do álbum Getz-Gilberto (1964), que vendeu muito e rendeu 4 troféus Grammy ao músico americano Stan Getz e seus talentosos parceiros brazucas.

É dentro dessa dualidade medo/esperança que a Forma surge. Ela é fruto do idealismo quase irresponsável do jovem Roberto Quartin, que se une a um profissional do meio musical, o alemão Peter Keller, para criar um selo musical que teria seus discos prensados e distribuídos pela CBD. Keller saiu da sociedade antes mesmo do lançamento do 1º álbum, e o também jovem músico amador e arquiteto Wadi Gebara acabou sendo o seu parceiro de fato nessa ousada empreitada.

Quartin tinha como objetivo lançar discos de artistas extremamente talentosos e que admirava muito, mesmo sem saber se poderiam lhe dar um retorno comercial que viabilizasse o negócio. Cada álbum teria apresentação luxuosa, com direito a capas duplas, textos assinados por nomes importantes da cultura brasileira e fichas técnicas completas. E assim foi feito, mesmo sob o olhar assustado de Gebara em vários momentos, ele mais próximo do lado financeiro dessa operação.

Em termos musicais, deu muito certo. Entre outros, lançou o mitológico Os Afro-Sambas, firmando a célebre parceria de Baden Powell e Vinícius de Moraes, os primeiros discos do seminal Quarteto em Cy, o icônico Coisas, do maestro Moacir Santos e discos importantes e marcantes dos então ainda novatos Eumir Deodato e Victor Assis Brasil, só para citar alguns.

O duro é que, por circunstâncias as mais diversas, esses discos foram acumulando prejuízos, e em 1966 o próprio Quartin resolveu se mandar, deixando a encrenca nas mãos de Gebara. A Forma só se manteve no mesmo espírito independente até 1967, quando foi vendida para a CBD e tornou-se apenas um selo como outro qualquer até 1971, quando enfim saiu de cena. Mas sua história ficou marcada.

Com um texto fluente e consistente, Renato Vieira nos conta essa história com muita riqueza de detalhes e bastidores, e que mostra um pouco do idealismo em prol da criação de espaços nobres para lançamentos de artistas que praticassem a boa música brasileira que gerou empreitadas como esta Forma e também a mais conhecida delas, a Elenco de Aloysio de Oliveira, outra que acabou sendo incorporada ao acerco da gloriosa CBD.

Roberto Quartin ainda faria algumas produções eventuais, após deixar a Forma, e nos deixou em 2004, aos 62 anos de idade. Wadi Gebara saiu de vez da cena musical sem um tostão, e voltou a se dedicar à arquitetura, sendo uma das fontes deste livro e quem sugeriu o belo título. Ele infelizmente nos deixou antes de vê-lo publicado, em 2019, aos 81 anos.

Ao desabafar um dia com o amigo Roberto Menescal sobre o fato de ter perdido todo o dinheiro que tinha com o projeto da Forma, Gebara ouviu de um dos grandes craques da bossa nova uma frase lapidar, e com um trocadilho matador: “Wadi, foi a melhor forma de você perder dinheiro”.

Os Afro-Sambas- Baden e Vinícius (ouça em streaming):

Chico Lobo esbanja inspiração no CD O Tempo é Seu Irmão

3KCD 416_O TEMPO É SEU IRMÃO_CHICO LOBO_DPAC_FRENTE

Por Fabian Chacur

A música do violeiro, compositor e cantador mineiro Chico Lobo é presença constante aqui em Mondo Pop (leia mais sobre ele aqui). Duas razões explicam esse fato: a qualidade de seu trabalho e sua alta produtividade. E ele tem pãozinho musical quentinho saindo do forno. É O Tempo é Seu Irmão, seu 27º álbum, disponível nas plataformas digitais e em belíssima edição digipack em CD com encarte repleto de informações e texto do jornalista Chico Pinheiro.

Embora com fortes raízes rurais, Chico Lobo mantém a sua música aberta a outras influências, e mistura moda de viola, pagode caipira, catira e outros ritmos desse universo sonoro com elementos de folk, country e MPB. Ele usa a sua viola com categoria, adornando com raro bom gosto suas belas canções. Neste álbum, são cinco só dele e outras cinco com Eudes Fraga, Jorge Nelson, Edmundo Bandinelle, Carlos Di Jaguarão e Thales Martinez.

Agregador como ele só, o nosso amigo mineiro trouxe convidados especiais bem bacanas para seu novo trabalho. Kleiton & Kledir, por exemplo, marcam presença na canção rural Rio e Mar. Luiz Caldas surge com seu swing na moda de viola Sementeira, enquanto a voz sempre marcante de Tetê Espíndola pontua a belíssima Lua e Sol. O ótimo Sergio Andrade completa o time na bem nordestina Indagorinha.

Valendo-se de temas ecológicos e da vida junto à natureza, do amor, da saudade e do futuro das novas gerações, Lobo se mostra particularmente inspirado na maravilhosa faixa-título, em Se a Noite Apaga a Luz e Faca de Talho. Com sua voz quente e acolhedora, ele nos leva a refletir sobre como a vida pode ser melhor se formos mais positivos e se soubermos perceber o aviso que a natureza sempre nos dá. Belo disco! E que venha o 28º!

Ouça O Tempo é Seu Irmão, de Chico Lobo, em streaming:

Caçulinha celebra 60 anos de carreira com muita elegância

KCD 337_CAÇULINHA_60 ANOS DE MÚSICA_ENCARTE

Por Fabian Chacur

No dia 15 de março deste ano, um certo Rubens Antonio da Silva celebrou 80 anos de uma vida muito bem desfrutada. Esse cidadão, conhecido no meio musical e televisivo por um apelido tão simpático quanto ele, Caçulinha, também está comemorando 60 anos de carreira musical. Como forma de marcar essa efeméride poderosa, o produtor e diretor artístico Thiago Marques concebeu Caçulinha 60 Anos de Música, lançado nos formatos CD e digital pela Kuarup. Uma homenagem à altura desse gentleman da música brasileira.

A gravação foi realizada ao vivo em um show realizado no Teatro Itália (SP) em 9 de novembro de 2019. Além do próprio homenageado se incumbindo de piano e acordeon, temos em ação os músicos Renato Loyola (baixo), Jorginho Saavedra (bateria) e o lendário Caixote (teclados), com direito à participação especial de outro músico de currículo generoso, o violonista Edmilson Capelupi.

Nessas seis décadas de estrada musical, Caçulinha sempre teve como marca ser aquilo que no futebol a gente designa como “garçom”, o jogador cuja função é colocar os colegas na cara do gol. E se há algo que ele sempre fez nesse tempo todo de atividade, foi proporcionar o acompanhamento musical preciso para craques como Elis Regina, Roberto Carlos, Clara Nunes, Elizeth Cardoso, Caetano Veloso, Gonzagão e um Maracanã lotado de outros darem vasão a seus imensos talentos. Sempre com elegância, qualidade musical e simplicidade.

O show se desenvolve precisamente como se fosse um dos programas televisivos dos quais o Caçula participou, com a presença de 11 convidados especialíssimos. O repertório ressalta a versatilidade do músico, indo da música sertaneja ao jazz, passando por bolero, bossa nova, samba e até música francesa. Os “canários” em cena são Mônica Salmaso, Ayrton Montarroyos, Daniel, Sérgio Reis, Wanderléa, Agnaldo Rayol, Claudette Soares, Simoninha, Zé Luiz Mazziotti, Wanda Cavalheiro e Thobias da Vai Vai, que vestiram a camisa do projeto com categoria.

Em um repertório que comporta 14 faixas (incluindo dois pot-pourrys), alguns momentos se destacam. Agnaldo Rayol, por exemplo, outro estilista da canção, dá um banho de classe na maravilhosa Começaria Tudo Outra Vez (Gonzaguinha). Zé Luiz Mazziotti, muito menos conhecido do que merece neste Brasil, nos delicia com uma interpretação da clássica La Vie En Rose (Pierre Louiguy e Edith Piaf) cujo arranjo instrumental traz, como sutileza, um pequeno trecho do hino francês em sua parte final.

Thobias da Vai Vai, um sambista excepcional, dá um banho em um pot-pourry com canções do saudoso Ataulpho Alves, enquanto a Ternurinha Wanderléa injeta seu estilo próprio em A Saudade Mata a Gente (João de Barro e Antonio Almeida)-Felicidade (Lupicínio Rodrigues).

Caçulinha destila a categoria que sempre demonstrou ao acompanhar outros artistas, e também investe em dois temas instrumentais, Waltz For Debby (Bill Evans, Lee Gene e Beppe Wolgers) e Sufixo (de sua autoria), este último conhecido por encerrar os episódios do programa global Sai de Baixo.

Esbanjando energia e a classe habituais, Caçulinha não poderia festejar esses 60 anos de carreira de uma forma mais próxima daquilo que sempre foi, e que o tornou um dos músicos mais respeitados e queridos dos meios musical e televisivo. Nada melhor do que ver alguém com a sua envergadura receber as flores em vida, como sempre deveria ser.

Ouça as músicas de Caçulinha 60 Anos de Música:

Chico Lobo e Roberta Campos fazem uma bela parceria em Nós

chico lobo roberta campos 400x

Por Fabian Chacur

Tudo começou quando o violeiro Chico Lobo foi convidado pela cantora e compositora Roberta Campos para fazer um arranjo de viola em uma de suas composições, Para Raio. Logo a seguir, eles a interpretariam em um show em Minas Gerais. Era o início de uma parceria musical que agora rende um belo fruto. Trata-se da canção Nós, composta por Chico e cantada em um inspirado dueto por eles, e cujo clipe e single já estão disponíveis nas plataformas digitais em parceria com a Kuarup.

Nós foi escrita por Chico Lobo para celebrar os 25 anos de sua união com a produtora e manager Angela Lopes. O clipe, assim com a canção em si, foram registrados de forma remota, e as gravações dessa bela canção também tiveram as participações dos músicos Ricardo Gomes (baixo e teclados), Leo Pires (bateria) e Marcello Sylvah (violões com cordas de aço).

Esta é a primeira de um total de quatro canções que serão divulgadas previamente do 26º álbum do cantor, compositor e violeiro mineiro, Alma e Coração, cujo lançamento está previsto para novembro e traz, além de Roberta, participações de Luiz Carlos Sá, Drigo Ribeiro e Tatá Sympa.

Os recursos para viabilizar este trabalho estão sendo viabilizados com uma campanha colaborativa desenvolvida desde o início deste ano na Plataforma Colaborativa Vakinha, e que será encerrada neste sábado (15) às 19h com uma live de Chico Lobo na qual ele tocará músicas deste álbum e também momentos importantes desse repertório. Saiba como participar dessa campanha aqui.

Nós (clipe)- Chico Lobo e Roberta Campos:

Tuia relê canções alheias e as próprias em seu novo álbum

tuia-400x

Por Fabian Chacur

Se estivéssemos na era medieval, Tuia certamente seria um daqueles trovadores, viajando por todas as cortes e reinados com seu instrumento musical para cantar as idas e vindas do amor perante as mais diversas plateias. De certa forma, é exatamente isso o que ele faz em 2020. Na estrada desde os anos 1990, o cantor, compositor e músico paulista tem um currículo dos mais respeitáveis (leia mais sobre ele aqui), e agora lança Versões de Vitrola Vol.1 (Kuarup), nos formatos CD e digital.

Em sua rica trajetória profissional, Tuia consolidou uma sonoridade que tem tudo a ver com o rock rural brasileiro, pois mistura com categoria e do seu jeito rock, country, folk, MPB e música caipira. Não por acaso, atraiu as atenções dos craques dessa praia, entre os quais Zé Geraldo, Tavito, Renato Teixeira e Guarabyra, com quem já trocou belas figurinhas em shows e discos.

Este novo trabalho o flagra em um momento de releituras. Temos aqui oito canções, sendo seis composições alheias e duas de sua autoria, nenhuma delas inédita. Linda Juventude, grande hit com o 14 Bis nos anos 1980, aparece em duas versões, uma acústica e outra com banda, ambas contando com a delicada participação da cantora e compositora paranaense Ana Vilela.

A consagrada estrela paraibana Elba Ramalho, por sua vez, marca presença na nova gravação de uma das canções mais bem-sucedidas de Tuia, a lírica Céu, em dueto que funcionou às mil maravilhas.

A única música que foge das fronteiras do som rural brasileiro é Tudo é Possível, rock de Kiko Zambianchi lançado pelo autor em seu álbum Disco Novo (2001) e que aqui surge em um arranjo mais afeito ao universo do country. Aliás, o ponto alto do disco é exatamente esse: as canções surgem repaginadas com assinatura própria de Tuia, mas sem perderem suas espinhas dorsais.

Chalana, clássico de Mário Zan e Arlindo Pinto que muita gente conheceu nas versões de Sérgio Reis e Almir Sater, aparece aqui com jeitão folk rock.

Espanhola, megahit escrito por Guarabyra e Flávio Venturini, renasce como uma power ballad, enquanto Senhorita, do grande Zé Geraldo, virou um country rock encapetado. Flor, a outra composição de Tuia incluída neste CD, surge levemente diferente de gravações anteriores.

Completa o repertório a maravilhosa Começo Meio e Fim (Tavito, Ney Azambuja e Paulo Sérgio Valle), que fez sucesso nas gravações do próprio Tavito e do Roupa Nova. Nela, assim como nas outras, Tuia nos oferece suas interpretações apaixonadas, nas quais se entrega às canções sem medo de ser feliz, e por tabela consegue cativar seus inúmeros fãs pelo Brasil afora.

Versões de Vitrola Vol.1 é daqueles trabalhos de sofisticada simplicidade que transmite ao ouvinte paz, emoção e alegria, especialmente em tempos tão confusos e conturbados como os atuais. Que o nosso querido trovador possa continuar cumprindo seu ofício com essa categoria e sensibilidade por muitos e muitos anos. E que venha em breve o Volume 2 dessa parada aí!

Céu (lyric video)- Tuia e Elba Ramalho:

Quinteto de Metais MP5 lança CD Rio Antigo com show no Rio

quinteto de metais mp5-400x

Por Fabian Chacur

Em 2009, cinco músicos integrantes de três orquestras importantes do Rio de Janeiro resolveram montar um grupo só com metais. Nascia o Quinteto de Metais MP5, que não demorou a se firmar como uma das mais originais e competentes formações deste gênero no Brasil. Eles estão lançando o seu segundo CD, Rio Antigo (também disponível nas plataformas digitais) pela gravadora Kuarup, e mostram esse repertório com uma apresentação ao vivo no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (10) às 18h30 na Igreja da Candelária (praça Pio X, s-nº- Centro- Rio- fone 0xx21-2233-2324), com entrada gratuita.

O Quinteto de Metais MP5 traz em sua escalação Nelson Oliveira e Josué Nascimento (trompetes), Josué Soares (trompa), Sérgio de Jesus (trombone) e Carlos Vega (tuba). Desde o início, o projeto era investir em um repertório diversificado, com incursões pela música popular, erudita, folclórica, jazz e contemporânea, além de acrescentar à mistura boas pitadas de bom humor e interação com a plateia em suas apresentações ao vivo, o que reforça a expressividade de sua atuação.

Rio Antigo, o novo álbum, inclui 11 faixas de autores clássicos como Altamiro Carrilho, Raul de Barros, Pixinguinha, Noel Rosa, Vadico, Radamés Gnattali, Zequinha de Abreu, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Patápio Silva, entre outros, todos com uma coisa em comum, além do talento: nasceram no século 19. São compositores que, cada qual a seu modo, ajudaram a moldar na primeira metade do século 20 o que viria a ser a música popular brasileira.

Entre outras maravilhas, você poderá ouvir neste trabalho Rio Antigo-Pau no Burro, Primeiro Amor, Atraente, Tico-Tico no Fubá, Rabo de Galo e Folha Morta, nas quais os arranjos swingados e criativos do quinteto ressaltam as melodias e mostram a competência do quinteto em atuar sem o apoio de outros instrumentos musicais, dando conta do recado com muita eficiência e brilho.

O carioca que por ventura não puder ir a essa apresentação de quarta (10) terá uma outra oportunidade para conferir o Quinteto de Metais MP5 ao vivo. No dia 5 de setembro, às 19h30, o Quinteto dará o ar de sua graça na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro (PIB) (rua Frei Caneca, nº 525- Estácio- fone 0xx21-2197-0900), na Série Música de Primeira, também com entrada franca.

Ouça Rio Antigo na íntegra em streaming:

Johnny Alf e sua essência são as marcas de dois álbuns digitais

johnny alf o interprete capa-400x

Por Fabian Chacur

Alfredo José da Silva, embora sóbrio, não era um nome muito charmoso para um dos grandes nomes da história da nossa música. Felizmente, ele atendeu a sugestões de amigos e tornou-se Johnny Alf, denominação muito mais classuda. E deu muito certo. Esse grande cantor, compositor e pianista carioca, que completaria 90 anos no próximo dia 19, mas que infelizmente nos deixou em 2010, construiu uma obra sólida e densa que merecia ser bem mais cultuada do que é. A Kuarup acaba de disponibilizar em todas as plataformas digitais dois álbuns inéditos deste gênio, intitulados O Autor e O Intérprete.

Para alguns dos maiores especialistas no tema, entre eles o jornalista Ruy Castro, Johnny foi o pioneiro da bossa nova, misturando com criatividade e sutileza samba e jazz já no início da década de 1950. Versátil, ele sabia não só compor com desenvoltura como também tocar um piano personalizado, além de reler com classe canções alheias. Um artista de primeira, que habitualmente rendia o máximo ao vivo, nos palcos da vida, com uma categoria reservada a poucos.

Os dois álbuns digitais trazem faixas extraídas de gravações ao vivo realizadas no início dos anos 2000 pertencentes ao acervo do produtor e empresário Nelson Valência, que trabalhou por muitos anos com Johnny Alf. Esse material foi pesquisado pelo consagrado produtor musical e jornalista Thiago Marques Luiz, que se incumbiu de selecionar o repertório que chegou aos produtos finais.

O álbum O Autor nos traz dez das composições mais icônicas do nobre songbook do artista carioca, com direito a Rapaz de Bem, O Que é o Amor, Eu e a Brisa e Ilusão À Toa. O Intérprete, por sua vez, nos oferece suas certeiras releituras de maravilhas alheias do porte de Corcovado, Chega de Saudade, Desafinado, Valsa de Eurídice, Alguém Como Tu e The Shadow Of Your Smile.

Totalmente à vontade e em excelente forma, tanto vocal como instrumental, Johnny aparece no formato do trio de jazz, acompanhado por um guitarrista e um baterista. Suas performances tem total DNA jazzístico, respeitando as melodias mas não se negando a improvisos deliciosos e a belos solos de piano e guitarra aqui e ali. Em alguns momentos, ele fala com a plateia, dando informações sobre as músicas. A qualidade de áudio é das melhores.

O material merecia ter lançamento físico, com direito a um encarte com texto informativo redigido por Thiago e uma capa aproveitando as simples, porém muito belas e eficientes imagens que ilustram as versões digitais, mas só o fato de essas gravações raras chegarem à tona e estarem agora disponíveis para todos os fãs da melhor música brasileira já merece fartos aplausos.

O Intérprete- Johnny Alf (ouça em streaming):

Older posts

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑