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Por Fabian Chacur

2016 tem sido um ano absurdamente triste para os fãs de boa música. As perdas são absurdas, e mais duas se somam a tantas outras ocorridas até o momento. São as do cantor, compositor e poeta canadense Leonard Cohen e do cantor, compositor e músico americano Leon Russell, dois artistas que nos deixaram legados de valor incalculável. Ambos tem algo em comum: são ídolos e trabalharam com ninguém menos do que Sir Elton John.

A parceria do autor de Goodbye Yellow Brick Road com Leon Russell ocorreu em 2010, com o lançamento do álbum The Union. Um trabalho histórico por várias razões, entre outras o fato de ter sido o primeiro CD que Elton dividiu inteiro com outro artista, e por ter resgatado de um recente anonimato um grande artista. The Union (leia a crítica de Mondo Pop aqui) equivale a uma verdadeira aula de música, e concretizou o sonho de Elton, que sempre citou Russell como um de seus ídolos e grande influência musical. Chegou ao nº 3 nos EUA. Uau!

O álbum com o fã ilustre ajudou a resgatar Leon Russell. Nascido nos EUA em 2 de abril de 1942, ele se tornou conhecido inicialmente como um excepcional músico de estúdio, tocando piano e teclados em trabalhos de artistas diversos, entre os quais The Beach Boys, Jan & Dean, Bob Dylan e inúmeros outros. O estouro de sua composição Delta Lady, gravada por Joe Cocker, ajudou a abrir caminhos para uma atuação mais destacada como artista solo e sideman.

Como diretor musical e pianista, ele esteve ao lado de Joe Cocker no álbum duplo Mad Dogs And Englishmen (1970), registro de uma turnê que é considerada por gente do alto gabarito de Kid Vinil como uma das mais marcantes da história, e na qual Russell aparece com grande destaque. Ele gravou vários discos solo de sucesso nos anos 1970, e viu canções de sua autoria como Superstar, Delta Lady e a Song For You serem regravadas por inúmeros outros artistas.

Leonard Cohen também entrou na discografia de Elton John na base do dueto. Neste caso específico, em uma única faixa, Turn To Lose, incluída no álbum Duets, no qual o astro britânico gravou canções alheias de sua preferência ao lado de diversos amigos famosos do porte de Little Richard, Don Henley, Gladys Knight e George Michael. Vale lembrar que o astro britânico dos mil óculos participou do álbum tributo Tower Of Song- The Songs Of Leonard Cohen, interpretando I’m Your Man.

Nascido no Canadá em 21 de setembro de 1942, Leonard Cohen iniciou sua carreira no mundo das artes como poeta, tendo lançando seu primeiro livro em 1956 (Let Us Compare Mythologies). Ele entrou no cenário musical em 1967 como álbum Songs Of Leonard Cohen, no qual se sobressaíam suas canções introspectivas, com letras profundas conduzidas por uma voz grave e fora dos padrões do pop-rock da época.

Com o tempo, não se tornou um vendedor de milhões de discos ou teve suas músicas tocando o dia todo nas rádios, mas ganhou um fã-clube fiel, composto por inúmeros nomes famosos. A diversidade desses artistas influenciados por ele pode ser bem exemplificada por dois álbuns celebrando sua obra. Um é I’m Your Fan- The Songs Of Leonard Cohen (1991), que traz astros do rock alternativo como R.E.M., Lloyd Cole, Pixies, John Cale e Ian McCulloch.

Por sua vez, Tower Of Song- The Songs Of Leonard Cohen (1995) inclui um elenco de nomes mais afeitos ao mainstream, do porte de Elton John, Sting, Willie Nelson, Peter Gabriel e Suzanne Vega. Canções como Suzanne, So Long Marianne, Tower Of Song, Bird On The Wire, I’m Your Man e Sister Of Mercy são campeãs de regravações. Hallelujah entrou até em trilha de novela e em reality show musical! Universalidade perde. Seu mais recente álbum, You Want It Darker, saiu há poucos dias, e tem a morte como tema principal.

Born To Lose– Elton John & Leonard Cohen: