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Dolly Parton relê Let It Be com Paul McCartney e Ringo Starr

dolly parton 400x

Por Fabian Chacur

Em novembro de 2022, Dolly Parton foi nomeada para o Rock and Roll Hall Of Fame. Não se trata de algo incomum termos por lá artistas que teoricamente não seriam exatamente roqueiros, mas em um primeiro momento a cantora e compositora norte-americana não se sentiu à vontade com o convite. No fim, não só aceitou como decidiu gravar seu primeiro álbum totalmente dedicado a este estilo musical.

Rockstar, o nome do projeto da talentosíssima estrela de 77 anos e mais ativa do que nunca, sairá em 17 de novembro nos formatos CD duplo, LP de vinil quádruplo e também nas plataformas digitais. Serão 30 faixas, sendo 9 composições inéditas e 21 releituras de clássicos.

Uma dessas releituras acaba de ser divulgada. Trata-se de Let It Be, que ganha contornos históricos por ter as participações especiais de Paul McCartney e Ringo Starr, integrantes daquela banda de Liverpool que gravou originalmente em 1970 esta canção icônica. O resultado ficou ótimo.

O elenco de astros que marcam presença em Rockstar também inclui nomes do porte de Sting, Elton John, Richie Sambora (ex-Bon Jovi), Steve Perry (ex-Journey), Peter Frampton, Ann Wilson (do Heart) e Miley Cyrus. Ou seja, agora Dolly Parton sacramentou de vez a sua presença no cenário rocker.

Let It Be– Dolly Parton, Paul McCartney e Ringo Starr:

Let It Be: material raro surge e some rapidinho do Youtube

let it be cena filme

Por Fabian Chacur

Se há um item cobiçado por beatlemaníacos de todo o mundo é o filme Let It Be. Indisponível desde o final dos anos 1980, trata-se de um registro cru do clima que gerou a dissolução da mais bem-sucedida banda da história da música pop. Após décadas de expectativa, parece que, em breve, teremos de volta esse importante documentário, mas em uma nova versão. A pergunta agora é como será essa reedição.

Enquanto isso, os fãs mais atentos se divertem com a divulgação não autorizada de material raro referente a Let It Be. A nova leva chegou ao Youtube em agosto, mas já foi devidamente tirada do ar a pedido da Apple Corps, detentora dos direitos autorais. Só que este crítico e jornalista especializado em música teve a oportunidade de ver esse rico material. Uma única, mas deliciosa vez. E aqui vai o relato, pedindo desculpas se por ventura algum ponto importante ficou de fora.

Foram postados dois arquivos. Um com aproximadamente 40 minutos de duração, trazia gravações realizadas de 2 a 14 de janeiro de 1969. O outro, com 2h08 de duração, compilava registros feitos de 15 a 31 de janeiro do mesmo ano.

Em entrevista recente, Paul McCartney afirma que existem mais de 56 horas das filmagens de Let It Be nos arquivos da Apple. Portanto, esse material vazado pode ser uma espécie de seleção prévia de momentos considerados mais significativos por quem fez esse trabalho e teve acesso ao total das gravações.

A qualidade dos registros varia do perfeito em cores ao mais precário em preto e branco. Em alguns casos, temos tomadas feitas de ângulos diferentes de uma mesma cena. A qualidade de áudio também varia. No entanto, os pontos mais interessantes para os seguidores mais detalhistas se mostram acima de quaisquer problemas técnicos.

O que mais impressiona são duas participações de Yoko Ono. Em uma delas, faz improvisos vocais agudos semelhantes a guinchos radicais acompanhada por John Lennon, que arranca sons de sua guitarra dando pequenos socos e tapas e também, em alguns momentos, provocando microfonia ao apontá-la em direção aos amplificadores. Sons de bateria são ouvidos, o que nos dá a entender que Ringo também está presente, embora não apareça em nenhum take.

Se essa primeira jam já seria um achado, a segundo vai ainda mais longe, pois, nela, o grupo aparece completo. Yoko berra John o tempo todo, como se fosse um refrão (há uma faixa em um dos discos experimentais que gravou ao lado de Lennon, The Wedding Album, que segue essa linha, com ele gritando Yoko em resposta), enquanto a banda faz uma trilha ardida como acompanhamento. Paul McCartney também provoca microfonia com seu baixo.

All Things Must Pass é uma das músicas que George Harrison tentou submeter à banda para entrar em Let It Be, mas ele só conseguiria lançá-la no álbum solo batizado pela mesma. Nos vídeos, temos o autor tocando-a duas vezes, sendo que, em uma delas, John Lennon aparece tocando piano e harmonizando o refrão com o amigo, aparentemente curtindo muito aquela canção.

Alguns momentos são bastante simpáticos, como, por exemplo, Lennon cantando com a enteada de Paul, Heather, em uma visita ao lado de Linda durante as gravações. Parte dessa visita aparece no filme original, mas não me lembro de ter visto esse dueto Lennon-Heather lá. Sarcástico, Lennon em um determinado momento aparece cantando sozinho um trecho do refrão de Let it Be, soltando um hilariante “Let it Be, Let It Ce”.

Em um determinado momento, enquanto a banda ensaia a canção que dá nome ao filme, Lennon dá uma de folgado e toca seu instrumento musical deitado no colo de Yoko, que, por sinal, aparece o tempo todo colada nele. Durante um ensaio de Two Of Us, temos ela sendo filmada durante o tempo todo pintando caracteres japoneses em pedaços de pano brancos, sem que os músicos sejam focados em momento algum.

I Want You (She’s So Heavy) é uma das faixas mais pesadas do maravilhoso Abbey Road. Neste vídeo, temos algo que eu nunca havia visto antes, que é seu autor, John Lennon, cantando um bom pedaço dela, acompanhando-se na guitarra. Também temos a banda ouvindo na mesa de som uma versão de Teddy Boy, outra canção que só seria lançada em um disco solo, no caso McCartney (1970).

Um momento muito legal ocorre quase no final do vídeo mais longo, quando a banda improvisa um trecho de Run For Your Life, do álbum Rubber Soul, em uma versão bem mais lenta do que a original. E também temos Commonwealth (ouça aqui), um divertido rock básico que já apareceu em discos piratas, mas que não me lembro de ter visto imagens da banda a tocando.

Outro ponto bem interessante é o bom humor que John Lennon demostra em diversos momentos dessas gravações, o que de certa forma reforça o ponto de vista defendido por Paul McCartney em algumas entrevistas de que a versão original de Let It Be tem um enfoque excessivo na parte mais, digamos assim, “beligerante” daquelas gravações. Aparentemente, tivemos também momentos em que os músicos estavam muito soltos e se divertindo.

Agora, fica a expectativa de como será a nova versão de Let It Be, e se teremos nele algumas das cenas mais bacanas dessa amostra pirata, especialmente as envolvendo Yoko Ono. Tomara que, em uma atitude de bom senso, o Let It Be original também seja disponibilizado oficialmente. Aliás, recentemente também uma versão aparentemente remasterizada do filme, com alta qualidade técnica, esteve disponível por um curto tempo no youtube.

Dig a Pony– The Beatles:

Let It Be: 40 anos de um disco injustiçado

por Fabian Chacur

Em maio, um dos discos mais polêmicos da carreira dos Beatles completa 40 anos. Trata-se de Let It Be. Para alguns, o pior dos Fab Four. Para outros, entre os quais me incluo, um belíssimo álbum.

Na verdade, existe muito preconceito em relação a Let It Be.  Primeiro, pelo fato de ter sido montado em partes, sem grande participação da própria banda. O álbum demorou mais de um ano para ser finalizado.

Depois, por não ter seguido o projeto original, que era um álbum do tipo back-to-basics, sem grandes truques de estúdio, ao vivo e direto. Os acréscimos orquestrais feitos por Phil Spector quebraram esse espírito.

Mas e daí? Nesse caso específico, não concordo com Paul McCartney, que ficou revoltado com os arranjos com direito a orquestra e coral nas baladas The Long And Winding Road e Let It Be.

Aliás, essa é uma das razões pelas quais não sou muito fã do Let It Be…Naked, lançado em 2003 como uma espécie de “Let It Be despido dos truques de estúdio”.

As duas baladas ficaram sem graça, ao perder os arranjos concebidos por Phil Spector. Aliás, não só elas. O disco soa frio demais, se comparado com o original. Uma bola fora de McCartney, das raras já cometidas por ele.

Let It Be tem uma sequência fantástica de músicas. Começa com a folk/country Two Of Us, deliciosamente despretensiosa e com ar, ouso dizer, de música caipira brasileira.

A seguir, entra o rockão Dig a Pony, grande momento de John Lennon e com direito a passagens de guitarra eletrizantes e um refrão fantástico.

I Me Mine é uma das melhores músicas de George Harrison incluídas em um disco dos Beatles, com suas mudanças de andamento precisas e vibrantes.

Dig It virou só uma vinhetinha (a versão na íntegra, disponível em álbuns piratas, é sensacional), mas funcionou bem como uma espécie de introdução para a faixa a seguir.

Let It Be é Paul McCartney investindo em uma balada no melhor estilo soul music, tanto que até Aretha Franklin a regravou. Um hino de fé e de resignação no melhor sentido na palavra. Um clássico. Outra vinheta, Maggie May, encerra o que era o lado B do vinil.

I’ve Got a Feeling entra em qualquer lista das mais rascantes canções dos Beatles. Um rockão potente, no qual Paul McCartney solta a voz sem dó nem piedade e com belíssimas passagens de guitarra. Pura energia!

One After 909 foi composta pelos Beatles bem no início da carreira, mas sua versão original básica só saiu anos depois. Os fãs a conheceram nessa gravação deliciosa, na qual o acompanhamento de órgão do americano Billy Preston é o toque de classe. Country soul, seria isso? Sensacional!

The Long And Winding Road é emocionante, e o acompanhamento orquestral, ao contrário do que meu ídolo Paul McCartney deve achar, não deu conotação brega à canção. Pelo contrário. A canção pede uma arranjo assim. Ponto para o polêmico Phil Spector.

For You Blue é uma canção desencanada e muito boa de se ouvir de George Harrison, com direito àquela slide guitar que insere um tempero de blues nesse álbum dos Fab Four.

O final da festa é com Get Back, rockinho contagiante com acompanhamento de bateria similar ao de marcha militar que deu à mesma uma originalidade absurda, e com letra ironizando Yoko Ono.

Belo final para um disco perfeito, mesmo com todas as suas possíveis imperfeições.

Tem muita banda por aí que daria um braço, uma perna, tudo para ter em sua discografia um álbum do gabarito de Let It Be. Como diria o Capitão Nascimento de Tropa de Elite, “nunca terão”…..

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