republica-point-no-return

Por Fabian Chacur

Dizer que o heavy metal brasileiro atingiu nível internacional é notícia velha, ou, como diriam os antigos, “chover no molhado”. Pelo menos desde os tempos de Sepultura e Viper, nos já distantes anos 1990, esse segmento do rock brasileiro esbanja vitalidade fora de nossas fronteiras. Mas a coisa continua crescendo, e a prova é Point Of No Return, da banda paulistana Repulica. Um daqueles lançamentos de dar gosto de se ouvir e resenhar.

Na estrada desde 1991, o Republica começou a se destacar no cenário do rock pesado a partir do lançamento de seu segundo álbum, There’s No Fucking Electronic Modern Loop (2008), que o impulsionou rumo a participações nos principais festivais de música do pais, tipo Planeta Atlântida, Festival de Verão de Salvador, Planeta Terra e Ceará Music.

A força de seus shows levou o quinteto a eventos internacionais como abrir a turnê brasileira do Deep Purple em 2011, participar no Chile do festival Maquinaria ao lado de bandas como Kiss, Slayer, Deftones e Stone Sour e marcar presença com força no Lollapalooza Brasil 2013 e Rock in Rio no mesmo ano. Tanto reconhecimento não veio de graça.

A prova é o terceiro CD da banda, Point Of No Return, lançamento independente que supera de longe a maior parte dos produtos das gravadoras majors no setor em todos os quesitos- apresentação, qualidade técnica e especialmente conteúdo musical. É um disco de rock padrão mundial que não deixa nada a dever a qualquer CD do segmento.

Produzido por Luis Paulo Serafim e com a parte dos vocais supervisionada por Thiago Bianchi, temos uma qualidade de gravação que permite ao ouvinte apreciar cada detalhe de instrumentos e vozes e também a massa sonora formada pela soma de tudo isso, algo nada fácil de se obter. Gravado no estúdio da banda e masterizado nos EUA, o álbum é impecável nesse quesito.

Lógico que isso não valeria de nada se o conteúdo musical de Point Of No Return fosse de segundo ou terceiro escalão, mas o capricho dos caras nessa área foi ainda superior. Leo Belling se mostra um excelente cantor, com ótima dicção em inglês e um vozeirão no melhor estilo James Hetfield, Phil Anselmo e Bruce Dickinson.

As guitarras, a cargo de Luiz Fernando Vieira e Jorge Marinhas, tem o peso exigido pelo estilo, mas com bela variedade de timbres e andamentos. Por sua vez, a cozinha rítmica integrada por Marco Vieira (baixo) e Gabriel Triani (bateria) segura os vários rumos seguidos por eles em termos musicais, com suas influências de Black Sabbath, Judas Priest, Metallica e o que mais vier de bom. O resultado é no ângulo.

As dez faixas do terceiro álbum do Republica possuem seus encantos. Goodbye Asshole, por exemplo, tem um clima bem Black Sabbath das antigas, e conta com a participação especialíssima do guitarrista Roy Z, conhecido por seus trabalhos com Bruce Dickinson e Rob Halford. Também meio “sabbathesca” é a ótima Time To Pay, que abre o CD.

A energética Change My Way, a agressiva The Land Of The King e a intensa El Diablo são outros pontos bacanas de um álbum que esbanja consistência e vigor de ponta a ponta. Point Of No Return é a prova de mais um passo adiante dado por essa excelente banda, que se continuar nesse rumo vai longe, muito longe mesmo.

Change My Way– Republica:

Life Goes On– Republica: