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Livro com fotos dos Mutantes será lançado com show em SP

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Por Fabian Chacur

Entre 1970 e 1973, Leila Lisboa fez de forma despretensiosa fotos do grupo Os Mutantes. Os registros, hoje históricos pelas proporções que essa banda ganhou no cenário musical mundial, enfim chegam ao público. Cento e trinta deles, para ser mais preciso, integram o livro A Hora e a Vez, que será lançado nesta terça-feira (27) às 19h50 no Delirium Café (rua Ferreira de Araújo, 589- Pinheiros-SP- fone 0xx11-2495-2225), com direito a show da banda Top Top interpretando hits da banda de Rita Lee e dos irmãos Baptista.

Nos anos em que clicou os Mutantes, Leila era casada com o baixista Liminha, que depois se tornaria um dos produtores mais importantes da história da música brasileira. Vários dos fotogramas tem como cenário a casa na Serra da Cantareira, onde o grupo morava, e também temos flagrantes em ensaios e shows. Algumas das fotos contam com notas da fotógrafa relembrando de fatos daqueles anos agitados.

O livro, lançado pela editora Realejo Livros, conta com 208 páginas e custa em média R$ 129,00. Sua concretização ocorreu graças a campanha realizada na plataforma de financiamento coletivo Kickante (procedimento também conhecido como crowdfuding), que arrecadou em torno de R$ 70 mil com fãs e admiradores. O lançamento tem entrada gratuita, sendo que a pessoa só paga aquilo que consumir.

Ouça o álbum Jardim Elétrico, dos Mutantes, em streaming:

Ouça Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets- Os Mutantes:

Cláudio Foá nos mostra a sua viagem particular em livro

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Por Fabian Chacur

A mente humana foi, é e sempre será um grande e insolúvel mistério. O que há nela? Como determinar o que é normal e o que não é em seu dia-a-dia? Como distinguir alguém “normal” de alguém “com a cuca fundida”, como se dizia nos já longínquos anos 1970 do século passado? São essas e outras importantes questões que nos vem à mente com a leitura de Memories Of a Shrinked Person, primeiro livro do arquiteto e fã/estudioso/colecionador de música Cláudio Finzi Foá.

Nascido em Jundiaí (SP) e com 59 anos de idade, Foá dá um mergulho em seu passado, compartilhando com o leitor boas experiências de vida. A descoberta do passado e das tristes e dramáticas circunstâncias da morte de seu pai, ocorrida quando ele era muito pequeno, daria por si só o roteiro de um filme dos mais tocantes. E isso é só o começo.

O relato das experiências do protagonista em instituições dedicadas a esses tais de “doidos”, ou “doentes mentais”, ou seja lá como se queira rotular pessoas com distúrbios fora dos padrões das tais “pessoas civilizadas e normais” são bem ilustrativos de como são tratadas de forma empírica e sem lógica pacientes com problemas nada definidos.

A narrativa de Foá é feita com um texto bastante bom, mas que não segue padrões lineares de narrativa. Portanto, idas e vindas por épocas e situações diferentes ocorrem com frequência, sem no entanto impedir que se consiga seguir suas descrições detalhadas. A cada uma delas, novas descobertas, algumas perturbadoras, outras surpreendentes.

Uma das marcas de Memories Of a Shrinked Person é o fato de em vários momentos não ficar claro se estamos diante de um relato fidedigno dos acontecimentos supostamente ocorridos, ou se estamos diante da imaginação do autor, ou mesmo da sua memória pregando peças ao mesmo. Algo que torna a leitura ainda mais interessante.

O delicioso tempero fica por conta dos relatos ligados à música, da qual Finzi é fã desde moleque, possuindo conhecimentos muito acima da média em termos de rock, MPB e quetais. Suas escolhas e dicas musicais são dignas de um Quentin Tarantino, pinçando momentos muito bons de nomes importantes como Santana, Arnaldo Baptista, Traffic etc.

Como cereja do bolo, os desenhos criados por Cláudio para ilustrar a capa e as páginas são simplesmente esplêndidos, com um traço peculiar e facilmente identificável, e um apêndice com direito a incursões bacanas por versões de letras musicais e literatura de cordel by Finzi. Não se trata de um livro fácil e tradicional, mas sua ótima prosa e edição esperta o torna muito bom de se ler. Que venham os próximos!

Arnaldo Batista – Cê Tá Pensando que Eu Sou Loki?:

Hidden Treasure– Traffic:

La Llave– Devadip Carlos Santana:

Chico Lobo divulga CD e livro em SP com um pocket show

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Por Fabian Chacur

Chico Lobo vive um momento bem produtivo em sua carreira. O cantor, compositor e violeiro mineiro está lançando um novo CD, Cantigas de Violeiro, e também o livro Conversa de Violeiro, ambos pela Kuarup. Este último tem como parceiro Fábio Sombra. Ambos serão divulgados com um pocket show gratuito em São Paulo nesta quinta (6) na Livraria da Vila (rua Fradique Coutinho, 915- Pinheiros- fone 0xx11-3814-1063).

Quem acompanha o cenário da viola caipira no Brasil conhece e muito o trabalho de Chico Lobo. Mineiro de São João Del Rei, o músico está comemorando 30 anos de carreira com o CD Cantigas de Violeiro, que traz 14 faixas de várias fases de sua trajetória e duas inéditas. Participam do trabalho Tavinho Moura, Xangai, Rolando Boldrin, Célio Balona, Aldo Lobo, Wilson Dias, Pena Branca e Fábio Sombra.

Por sua vez, o livro Conversa de Violeiro traz um subtítulo que dá uma boa ideia da intenção dos autores Lobo e Sombra: “Viola Caipira: tradição, mistérios e crenças de um instrumento com a alma do Brasil”. Trata-se de uma compilação deliciosa de “causos”, informações e detalhes acerca desse instrumento musical que é a cara do Brasil.

O pocket show trará as participações especiais do escritor e pesquisador Fábio Sombra, o parceiro no livro, e do jornalista Assis Ângelo, que escreveu o prefácio do livro e é conhecido por seu profundo conhecimento da música e folclore brasileiros, especialmente da obra de Luiz Gonzaga. O evento terá início às 19h30.

Alma Caípira– Chico Lobo:

Brasil Violeiro– Chico Lobo e Wilson Dias:

Ciranda de Roda– Chico Lobo e Fabio Sombra:

Livro conta a nada imaginária trajetória do grupo The Cure

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Por Fabian Chacur

O The Cure é uma das bandas mais peculiares da história do rock, e também uma das mais bacanas. Liderada pelo imprevisível cantor, compositor e guitarrista Robert Smith, angariou milhões de fãs mundo afora. Quem deseja conhecer melhor sua incrível e nada imaginária trajetória não pode perder A História do The Cure- Nunca é o Bastante, de Jeff Apter, que a Edições Ideal acaba de lançar no Brasil. Trata-se de um trabalho de fôlego e completo.

O australiano Apter trabalhou na edição local da Rolling Stone e atua na área musical há duas décadas. Para realizar esta biografia, entrevistou ex-integrantes, produtores e outras pessoas envolvidas com a carreira da banda britânica. Só não conseguiu falar com o chefão do time, mas compensou essa lacuna com vasta pesquisa feita em entrevistas concedidas pelo roqueiro para a imprensa em geral nesses anos todos.

O resultado é um trabalho abrangente, que vai desde a infância dos fundadores da banda (Smith, o baixista Michael Dempsey e o baterista e depois tecladista Laurence Lou Tolhurst) até 2009. A vida pessoal é abordada na medida, assim como as gravações de discos, as turnês, os inovadores videoclipes e cada música gravada pelo The Cure.

O texto é fluente e gostoso de se ler. Chega a ser curioso pensar que Smith e seus amigos tinham como grande objetivo em seu início apenas fugir de empregos formais que os obrigassem a acordar cedo e a dar duro. Oriundos da pequena Crawley, que fica entre a capital britânica Londres e a litorânea Brighton, viraram cidadãos do mundo.

Do início quase punk do álbum de estreia Three Imaginary Boys, além de singles básicos como Boys Don’t Cry e Killing An Arab eles mergulharam de cabeça no rock gótico e ajudaram a consolidar o estilo com Seventeen Seconds (1980), Faith (1981) e Pornography (1982).

Quando muitos esperavam um possível suicídio por parte de Robert Smith, o roqueiro mergulhou de cabeça no pop em canções como Let’s Go To Bed, The Walk e The Lovecats nos idos de 1983. A partir do brilhante álbum The Head On The Door (1985), passou a mesclar essas duas tendências em sua sonoridade, indo do introspectivo ao festivo em um mesmo álbum. Bela e original dualidade.

Nunca é o Bastante descreve em detalhes como foi essa trajetória, explicando as mudanças nas formações, as idas e vindas de músicos, as deliciosas histórias de bastidores e a inspiração por trás das canções dessa grande banda. Até mesmo a primeira turnê dos caras pelo Brasil em março de 1987 merece alguns parágrafos saborosos.

De quebra, temos uma discografia básica bem útil e uma ótima sessão de fotos cobrindo todas as fases e formações da banda desde seu início, na segunda metade dos anos 1970, até os dias de hoje. O livro é uma boa oportunidade para entendermos melhor esse verdadeiro enigma chamado Robert Smith, e tudo o que girou em torno de sua carreira.

Jumpin’ Someone Else’s Train– The Cure:

A Night Like This– The Cure:

The Lovecats– The Cure:

Livro conta a incrível história de fanzine dos Rolling Stones

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Por Fabian Chacur

Em 1978, um garoto de apenas 16 anos resolveu, após muito tempo insatisfeito com a pequena e inexata cobertura da imprensa referente à sua banda favorita, criar um fanzine. Mal sabia ele, Bill German, que aquele inocente gesto mudaria a sua vida por completo. Eis o que conta o excelente livro Under Their Thumb (Editora Nova Fronteira), cujo subtítulo entrega o conteúdo do mesmo: como um bom garoto se misturou com os Rolling Stones e sobreviveu para contar.

O americano Bill German criou o seu fanzine, intitulado Beggars Banquet, em 1978. No início, ninguém dava nada por ele. No entanto, o jovem nova iorquino não desanimou, e indo atrás de fontes e mergulhando no trabalho da banda, começou a tornar seu trabalho conhecido. Em 1980, aproveitou a presença da banda em Nova York e, na raça, abordou Keith Richards e Ron Wood para lhes entregar exemplares do fanzine. Mal sabia o que estava iniciando.

Por sorte de German, Keith Richards, Mick Jagger e Ron Wood passavam uma boa parte de seu tempo naquele início dos anos 1980 em Nova York. Dessa forma, ele conseguiu se aproximar deles e de seus assessores e produtores. Resultado: em 1983, foi convidado a tornar o Beggars Banquet o boletim oficial do grupo para os fãs americanos.

Detalhe: com chamada para convidar os fãs para assiná-lo no encarte do álbum Undercover. Era a glória. Bem, sim e não. A partir daí, o jovem German sentiu na pele o que é lidar com o ego inflado e a instabilidade emocional de astros do rock e, principalmente, como é duro conviver com os assessores desses astros. Isso, ganhando quantias de dinheiro que lhe permitiam apenas uma dura luta pela sobrevivência.

Com um texto fluente e divertido, o autor nos conta intimidades vividas ao lado especialmente de Keith Richards e Ron Wood, além da convivência com alguns personagens inacreditáveis da entourage da banda britânica. Tudo regado a muitas drogas, mulheres e rock and roll, não necessariamente nessa ordem, mas sempre com belos bastidores.

Detalhes de shows, o relacionamento da banda com os fãs, a imprevisibilidade total do temperamento de Mick Jagger, a simpatia de Richards e Wood e a mudança da postura do staff da banda com o decorrer dos anos pontuam o livro. Durante 17 anos (até o início de 1996), Bill German viveu em função do Beggars Banquet, e pagou caro por isso. Mas não se arrepende.

Under Their Thumbs também serve como um bom registro em primeira mão das mudanças ocorridas no mundo dos shows entre os anos 1980 e 1990, quando os espetáculos de bandas grandes como os Rolling Stones viraram eventos faraônicos, com ingressos caríssimos e o público mantido cada vez mais distante de seus ídolos.

Harlem Shuffle– The Rolling Stones:

Beast Of Burden– The Rolling Stones:

Undercover Of The Night– The Rolling Stones:

Taiguara terá um livro e um CD lançados em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Taiguara (1945-1996), saudoso cantor, compositor e músico nascido no Uruguai mas criado desde moleque no Brasil, deixou como legado uma obra de grande valor artístico. Como forma de resgatar a sua memória, a gravadora Kuarup está lançando simultaneamente um livro e um CD ligados ao artista. A noite de autógrafos em São Paulo será realizada nesta quinta-feira (23) a partir das 18h30 na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (piso do Teatro Eva Herz- avenida Paulista, 2.073).

Estarão presentes no evento a jornalista e escritora Janes Rocha, autora da biografia Os Outubros de Taiguara- Um Artista Contra a Ditadura: Música, Censura e Exílio, e também Pedro Baldanza e Ricardo Carvalheira, que trabalharam na produção do CD Ele Vive, que traz 11 canções inéditas de Taiguara resgatadas a partir de fitas cassete, e também quatro gravações ao vivo de canções marcantes como Helena Helena Helena e Hoje.

Conhecido do grande público entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970 graças a sucessos românticos como Hoje e O Universo no Teu Corpo, Taiguara logo teve sérios problemas com a censura da Ditadura Militar devido ao conteúdo libertário de algumas de suas canções, o que atrapalhou e muito a sua carreira nos anos que viriam. Sua obra, no entanto, resistiu e se mantém essencial até hoje.

Ouça o álbum Viagem (1970), de Taiguara, em streaming:

As várias faces do Lobão Mau e do Lobão Bobo

Por Fabian Chacur

Mais uma vez o glorioso João Luiz Woerdenbag Filho, 55 anos, mais conhecido pelo nome artístico Lobão, consegue criar uma grande polêmica em torno de declarações incisivas e agressivas dirigidas aos mais diferentes nomes da música, política e cultura brasileira. Não por acaso, está lançando um novo produto, no caso o livro Manifesto do Nada na Terra do Nunca, onde tais declarações estão inseridas.

Conheço muito bem a figura. A primeira entrevista que fiz com ele foi no já longínquo ano de 1986, quando ele lançou o que eu reputo ser seu melhor trabalho, o álbum O Rock Errou. Desde então, tive a oportunidade de participar de entrevistas coletivas ou fazer exclusivas com ele em pelo menos mais dez ocasiões nesses quase 30 anos.

Em cada uma delas surge um Lobão. Ora mais simpático e tranquilo, ora agressivo, ora até mesmo com jeito de quem tomou umas e outras, para dizer o mínimo. Mas algumas características se mantiveram sempre: a verborragia, as opiniões contundentes, a inteligência, o jeitão de manipulador e de quem diz as tais “verdades”. Sempre dá ótimas entrevistas.

Desta vez, as vítimas de sua língua ferina são Mano Brown, a produtora cultural Paula Lavigne, a presidente Dilma Roussef o Rei Roberto Carlos…Sobrou até para Sérgio Reis, quem diria… E, como de costume, a metralhadora giratória do cantor, compositor e músico carioca angariou apoios e ataques das pessoas mais diferentes possíveis.

Nem vou entrar no mérito das coisas que ele disse nesta nova blitzkrieg opinativa, embora a forma como ele as faz tenha esse abominável formato de “não tenho medo de dizer as verdades”, ou seja, como se tudo o que o autor de Me Chama afirma fosse a verdade absoluta e tudo o que os outros falam são mentiras covardes e imperdoáveis. Ninguém é detentor absoluto das tais “verdades”, Big Wolf. E você sabe bem disso.

Apoiar ou criticar integralmente aquilo que Woerdenbag Filho diz é entrar em uma fria. Ao ler suas declarações, sempre dá para concordar e discordar de muita coisa. O mais ponderado, sempre, é analisar cada opinião dele e tirar suas próprias conclusões. Agora, uma coisa é fato: ele adora atirar nas chamadas “vacas sagradas”.

Se desta vez são Mano Brown, a Doutora Dilma, “Reiberto” Carlos e Paula Lavigne os principais atingidos, em outras ocasiões os alvos foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Herbert Vianna e tantos outros. Nada de novo no front. E isso costuma ocorrer com mais frequência quando ele lança novos trabalhos.

A obra do artista Lobão é altamente relevante, mas repleta de altos e baixos, o que o torna um fantástico proprietário de telhado de vidro. Vasculhem suas entrevistas nesses anos todos e descubram incoerências em praticamente todas elas. Em uma das coletivas de que partipei, por exemplo, ele detonou os próprios fãs, dizendo que eles “só sabem pedir autógrafos”.

Durante outra entrevista concedida a mim, desta vez uma exclusiva feita em um final de tarde, a assessoria de imprensa da gravadora perguntou se ele poderia conceder mais uma. A resposta: “claro, eu faço tudo o que precisar, pois preciso divulgar muito esse show para lotar o Olympia (extinta casa de espetáculos onde ele iria cantar)”.

Portanto, meus caros, esse filme é bem idoso, e no fim, o Big Bad (or Good) Wolf sempre ganha no final. Seus trabalhos são bem divulgados, alguns artistas estendem as polêmicas e o nome de Lobão circula forte na mídia durante um bom período de tempo. Quer saber? “Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais revanche”.

Ah, e não pretendo comprar esse novo livro, não, como não comprei a autobiografia dele. Fiquei satisfeito em ler trechos do mesmo, que já me deram uma boa amostra do que se tratava. Está de bom tamanho. Afinal, tal qual ele, também tenho de pagar minhas contas, que não são poucas. Se um dia ganhar de presente…

Ouça Revanche, com Lobão, do álbum O Rock Errou:

Livro mergulha na história do Rock in Rio

Por Fabian Chacur

O Rock in Rio se tornou um marco na história dos grandes eventos musicais no Brasil. Uma espécie de rito de passagem de uma era de amadorismo e inconstância rumo a do profissionalismo em nível de Primeiro Mundo.

A partir daquela primeira edição em janeiro de 1985, que muitos pensavam ser apenas um sonho impossível do publicitário e empresário Roberto Medina e que acabou virando realidade, tudo era possível em termos de shows por aqui.

O jornalista Luiz Felipe Carneiro mergulhou em todo o material que conseguiu pesquisar sobre as três edições nacionais do evento, além de entrevistar inúmeros envolvidos, e escreveu o livro Rock in Rio – A História do Maior Festival de Música do Mundo.

Com texto fluente e recheado de informações e dados sobre as edições de 1985, 1991 e 2001 do Rock in Rio, Carneiro nos informa sobre negociações, cachês, detalhes bastidores (bastante suculentos, por sinal), shows, reações do público etc (e tome etc!).

Da lama da edição na Cidade do Rock de 1985 ao insuportável cheiro de urina do Maracanã em 1991 e da utilização de um “guru” para evitar a chuva em 2001, nada escapa da pena do autor.

Da canção América do Sul, que na voz de Ney Matogrosso abriu o Rock in Rio 1985, aos últimos acordes do Red Hot Chili Peppers na edição 2001, nada fica de fora.

O livro é tão bacana de se ler que devorei as suas 400 páginas em apenas três dias, pois não conseguia parar de rememorar tantas histórias, causos, detalhes etc.

Saiba muito sobre como foram as passagens de Guns N’ Roses, Prince, George Michael, Ozzy Osbourne, Queen, Britney Spears e as inúmeras outras atrações dos três Rock in Rio, além de curtir fotos, rankings, números e muito mais.

Uma boa diversão para quem estiver se preparando para ir rumo à Cidade Maravilhosa conferir a quarta edição em solo brasileiro desse que é um dos maiores eventos musicais do mundo.

Veja o clipe de Freedom 90, de George Michael:

Patti Smith reverencia um amigo inesquecível

Por Fabian Chacur

Patti Smith é um dos mais poderosos e duradouros ícones femininos do nosso amado rock and roll.

A partir do lançamento de seu primeiro álbum, o mitológico Horses (1975), a cantora e compositora americana conquistou corações e mentes em todo o planeta graças a suas canções sempre repletas de poesia e vigor rocker.

Em seu novo livro, Só Garotos, a autora de Because The Night (em parceria com Bruce Springsteen) consegue ao mesmo tempo revelar muito do seu início no mundo artístico e reverenciar um personagem fundamental em sua trajetória de vida.

Trata-se do fotógrafo e artista Robert Mapplethorpe (1946-1989), que ela conheceu em 1967 em Nova York, quando ainda era uma desconhecida jovem de 20 anos em busca do seu rumo na vida.

Nascia ali um relacionamento difícil de ser definido. Eles foram ao mesmo tempo amigos, namorados, amantes, colegas de trabalho, confidentes, inspiradores mútuos e muito, mas muito mais, mesmo.

Só Garotos relata esse relacionamento e tudo o que girou em torno dele, basicamente o crescimento de ambos em termos pessoais e artísticos.

Escrito de forma fluente e indisfarçavelmente emocional, Patti partilha conosco esses anos de autodescobrimento, de refeições baratas em restaurantes precários, da vida em locais aparentemente inabitáveis, do prazer em conhecer ídolos, dos primeiros passos artísticos etc.

Conversas com Jimi Hendrix, Janis Joplin e inúmeros outros mitos do mundo pop, presença em shows importantes de grupos como os Doors, experiências traumáticas e momentos luminosos permeiam cada página deste livro.

Robert é o autor de diversas fotos famosas de Patti, incluindo a da capa de Horses, além de ter sido um artista polêmico e cuja obra continua sendo reverenciada, mesmo anos após sua morte.

Só Garotos é o cumprimento de uma promessa que a roqueira fez ao amigo antes de sua morte: registrar a parceria cósmica de ambos. Como Patti cumpriu bem essa missão!

Ouça Because The Night, com Patti Smith:

Verdade Tropical-Caetano Veloso, 13 anos depois

Por Fabian Chacur

Em 1997, Caetano Veloso lançou seu primeiro livro de memórias. Intitulado Verdade Tropical, o trabalho influenciou até um disco que lançou mais ou menos na mesma época, que ele intitulou de forma espirituosa Livro.

Na época, não me interessei por lê-lo, ou por viver um momento conturbado em minha vida pessoal, ou por absoluta falta de dinheiro para comprá-lo, ou ainda por temer um amontoado verborrágico de páginas intermináveis.

Sim, Caetano Veloso é um gênio, um artista brilhante, alguém que há muito deixou o seu nome cravado na cultura brasileira com destaque. Mas em algumas ocasiões ele pode ser meio difícil de se digerir. E um livro parecia ser a mídia mais provável para que isso acontecesse de forma exponencial.

Treze anos se passaram. Dentro de uma revistaria situada numa rodoviária de São Paulo há algumas semanas, vi uma edição pocket de Verdade Tropical a preço acessível, e me deu um clique: chegou a hora de ler Caetano.

Me dei bem. Verdade Tropical, que está mais para “Minha Verdade Tropical”, representa pensamentos, opiniões e análises deliciosas de alguém que tem uma infinidade de experiências maravilhosas de vida e que, generosamente, resolveu dividi-las com os interessados.

Não se trata de uma autobiografia tradicional, pois ele, se conta várias passagens de sua existência pessoal e profissional, prefere centrar fogo na experiência do Tropicalismo.

Lendo o livro de Caetano, você terá um belo depoimento de quem esteve no centro da criação de um dos mais importantes movimentos musicais da história da música brasileira, cujos frutos influenciam até hoje a música feita no Brasil e no mundo.

As análises, opiniões e teorias do artista são sempre escritas de forma caudalosa, entusiasmada e ativa, sem subir em cima de muros e sempre tomando partidos nos mais diversos momentos.

O relato dos meses em que ficou preso pela Ditadura Militar, do final de 1968 até meados de 1969, é uma boa oportunidade de se ver o quanto aquele período foi nefasto na vida política do Brasil.

Detalhes sobre músicas fundamentais como Tropicália e Alegria, Alegria também tornam a leitura de Verdade Tropical indispensável para quem é apaixonado por música.

Como não abordou todos os aspectos de sua carreira, fica a esperança de que, um dia, Mr. Veloso possa escrever outro registro desse gabarito, trazendo mais lembranças desses anos intensos de criação e polêmicas de sua vida.

Só não consigo compartilhar de seu entusiasmo por João Gilberto, que para mim foi, é e sempre será um pioneiro que, com o passar dos anos, virou uma espécie de Chuck Berry da bossa nova, refazendo mal a mesma coisa e sendo ultrapassado pelos artistas que influenciou, entre eles o próprio Caetano. Bem, mas essa é a minha verdade tropical…

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