Blues Power-27-400x

Por Fabian Chacur

Em 2014, o guitarrista e compositor paulistano Daniel Gerber voltou ao Brasil após 20 anos morando nos EUA e deu início a uma nova banda. Ex-integrante do Made In Brazil e da Santa Gang, ele buscava uma imersão no universo do blues rock, com fortes influências do rock paulistano dos anos 1970. Nascia a Power Blues, quarteto que acaba de lançar o poderoso single Mentes Criminosas e promete um álbum de estreia com músicas autorais para breve.

Eles se apresentam neste sábado (17) a partir das 19h no lendário Madame Satã (rua Conselheiro Ramalho, nº 873- Boa Vista- fone 0xx11-2592-4474), com ingressos a R$ 20,00. A abertura ficará por conta da Santa Gang, que volta à ativa após 31 anos. Teremos as participações de Kim Kehl, Oswaldo Rock Vecchione e Celso Kim Vecchione. Gerber também fará tocará no show da Santa Gang, em evento com cara de celebração do rock paulistano.

Além de Daniel Gerber na guitarra e composições, a Power Blues conta em sua escalação com Paula Mota (vocal, ex-Lado C e Made In Brazil), Daniel Kid Ribeiro (baixo, tocou com Walter Franco, Ronaldo e os Impedidos e Tony Tornado) e Roby Pontes (bateria, tocou com o Golpe de Estado). Um time experiente e entrosado. Veja vídeos da banda aqui.

Em entrevista ao Mondo Pop, Daniel fala sobre a carreira, o longo período em que viveu nos EUA, a Power Blues e muito mais.

MONDO POP- Antes de entrarmos no tema Power Blues, fale um pouco sobre as suas experiências com a Santa Gang e o Made In Brazil, e também sobre o início da sua carreira como músico.
DANIEL GERBER
– Comecei a tocar com apenas 11 anos, e aos 12, ganhei do meu avô a minha primeira guitarra. Toquei em várias bandas, entre elas a Santa Gang, até que fui convidado a tocar no Made, onde fiquei de 1983 a 1986 e depois de 1989 a 1991. Fiz inúmeros shows, participei de discos como Deus Salva…O Rock Alivia (1985) e compus diversas músicas em parceria com o Oswaldo Rock Vecchione. Perdia de dois a três quilos por show, eram apresentações muito intensas.

MONDO POP- Como foi o seu período nos EUA, e o que você fez por lá?
DANIEL GERBER
– Vivi nos EUA entre 1993 a 2013. Tive a oportunidade de ver muitos shows de artistas como Jeff Beck, e também participei de bandas como a The Mangrols e a Charlie Doc Band, esta última uma banda completa, com teclados, metais, foi uma experiência incrível. Também trabalhei com equipamentos de luz e som, área de que gosto muito. Fiz mais de 200 projetos de luz e som pelos EUA. Foi uma experiência maravilhosa em um país organizado e estabilizado. Voltei para o Brasil por causa da minha família e dos amigos, sentia muita falta da minha terra.

MONDO POP- Como surgir a Power Blues, e como você define o seu direcionamento musical?
DANIEL GERBER
– Quando voltei ao Brasil, em 2013, participei de shows do Made In Brazil e conheci a Pàulinha Mota. Resolvemos criar uma banda, que no início era de blues raiz, mas que fui eletrificando aos poucos. Hoje, fazemos um blues rock, som que começou com o Buddy Guy, seguido pelo Jimi Hendrix e que atualmente tem como grandes seguidores o Kenny Wayne Shepherd e o Joe Bonamassa, com distorções mais refinadas, pois atualmente você pode controlar melhor as frequências.

MONDO POP- Você teve importante participação no cenário do rock paulistano. Isso também influenciou o som da Power Blues?
DANIEL GERBER
– Com certeza. Quando começamos a investir em material autoral, as influências do Made In Brazil, Rita Lee & Tutti Frutti, Mutantes e Joelho de Porco, do rock paulistano dos anos 1970, veio a tona. É um som que costuma ter certas características marcantes e peculiares, como determinados riffs de guitarra, a métrica das letras etc.

MONDO POP- Mentes Criminosas, o single que vocês estão lançados, serve como um bom cartão de apresentações da banda. Como foi a escolha dessa faixa, e como você define o álbum que está sendo finalizado pela banda?
DANIEL GERBER
– Essa faixa é bem representativa do som da Power Blues, porque mistura um riff de surf rock, bateria tribal, hard rock, solo de baixo e uma letra de crítica sócio-política, mostra várias das nossas influências. O álbum, que sairá em breve, é muito eclético, pois penso que não precisamos ser lineares, é uma coisa misturada, livre.

MONDO POP- Como será o show no Madame Satã?
DANIEL GERBER
– Tocaremos as músicas que entrarão em nosso primeiro álbum e também algumas músicas de Mutantes, Rita Lee & Tutti Frutti (Corista de Rock será uma delas) e Made In Brazil (Deus Salva…o Rock Alivia, que é uma das minhas parcerias com o Oswaldo Rock Vecchione). Vou fazer uma participação especial no show da Santa Gang, também, e vão participar do nosso show o Oswaldo, o Celso e o Kim Kehl. Iremos filmar e gravar o show, para um possível lançamento em DVD, e teremos ótimas condições de som e de luz, algo que acho essencial para a nossa proposta musical.

MONDO POP- O seu álbum sairá em quais formatos? E como você vê as mudanças na forma de se lançar música geradas pela internet?
DANIEL GERBER
– O álbum sairá em CD e vinil, e também estará nas plataformas digitais. A internet abriu caminhos para todos os estágios, mudou tudo para a música em geral. Hoje, você anda com a música no bolso, em um celular. As pessoas se perdem em meio a tanto conteúdo. Você gasta bem menos para gravar, mas ninguém quer comprar, mostra o som para o mundo, mas precisa de suporte para poder sobreviver.

MONDO POP- Como superar essas dificuldades? Ainda há público para o rock no Brasil?
DANIEL GERBER
– Tem muito roqueiro no Brasil, é só conferir o número de downloads de músicas desse gênero musical em plataformas digitais como o Spotify feitos por aqui. A concorrência aumentou muito, é preciso uma dose maior de perseverança. Você precisa oferecer músicas boas e um show bom para o público. Sem um bom trabalho, você não cativa um público. As mudanças tecnológicas impulsionam as mudanças na música, sempre foi assim. O importante é emocionar as pessoas, tem de tocar o coração delas.

Mentes Criminosas– Power Blues: