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Lô Borges retoma parceria com irmão Márcio em novo álbum

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Por Fabian Chacur

Já tem data marcada para o lançamento do novo álbum de Lô Borges. Intitulado Muito Além do Fim, o disco sairá em formatos físico e digital no dia 5 de março via gravadora Deck. Este trabalho marcará a retomada da parceria do cantor, compositor e músico mineiro com seu irmão Márcio, dobradinha que já rendeu clássicos da música brasileira do porte de Tudo Que Você Podia Ser, Nau Sem Rumo e Clube da Esquina, só para citar alguns. Eles não escreviam juntos há dez anos.

Lô se diz muito feliz com esse reencontro profissional com o irmão. São 10 composições inéditas. Em comunicado enviado à imprensa, ele comenta sobre a importância de Márcio em sua carreira como compositor: “Para mim está sendo maravilhoso, foi com ele que aprendi a compor quando tinha 14 anos. É um cara fundamental na minha vida”.

A primeira faixa a ser trabalhado é exatamente a que dá nome ao CD, com participação especial de Paulinho Moska nos vocais. Além do próprio Lô cantando e tocando guitarra, o álbum traz também Henrique Matheus (guitarra) e Thiago Corrêa (baixo, teclados e percussão), ambos coprodutores do disco ao lado de Lô, com Robinson Matos (bateria) completando o time ao seu redor.

Muito Além do Fim– Lô Borges e Paulinho Moska:

Toninho Horta celebra Grammy Latino com show em São Paulo

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Por Fabian Chacur

O Clube da Esquina de Milton Nascimento ajudou a tornar conhecidos nacional e mundialmente artistas do mais alto quilate. Entre eles, figura o brilhante cantor, compositor e guitarrista Toninho Horta, que além de ter acompanhado nomes como o Bituca, Gal Costa e Elis Regina e tocado com craques do porte de Pat Metheny, George Benson, Herbie Hancock e Eliane Elias, também desenvolve uma sólida carreira-solo. Ele se apresenta neste domingo (6) às 20h30 em São Paulo no Bourbon Street (rua dos Chanés, nº 127- Moema, fone 0xx11-5095-6100), com couvert artístico a R$ 25,00 e R$ 50,00.

Aos 72 anos, que completou nesta quarta (2), Toninho vive uma fase das mais prolíficas. Ele há pouco faturou pela primeira vez o Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de MPB, com seu disco duplo Belo Horizonte (2019). Na primeira parte do show no Bourbon Street, ele mostrará algumas faixas desse trabalho, no melhor estilo voz e guitarra ou violão.

Na segunda metade do espetáculo, Toninho terá a seu lado o cantor e sanfoneiro Cosme Vieira, músico que já tocou com Ivete Sangalo, Zeca Baleiro e Mariana Aydar e que desenvolve uma respeitável carreira individual.

O repertório trará músicas inéditas, faixas do premiado Belo Horizonte (sua cidade natal, por sinal) e também alguns dos diversos clássicos do repertório deste grande artista, entre as quais as célebres Beijo Partido, Manuel o Audaz, Diana e Pedra da Lua, só para citar algumas delas.

Beijo Partido- Toninho Horta:

Novo Tempo (1980): Ivan Lins consolida e cria outros caminhos

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Por Fabian Chacur

Em 1980, Ivan Lins encerrou a sua passagem pela EMI-Odeon, período iniciado em 1977. De todas as fases de sua brilhante carreira como cantor, compositor e músico, esta pode ser considerada a de maior brilhantismo e criatividade. O astro carioca lançou por aquela gravadora quatro excelentes álbuns. O que pôs ponto final a esse período, Novo Tempo, traz peculiaridades muito interessantes que dão a este trabalho uma grande importância em sua discografia.

Pra começo de conversa, a fase EMI-Odeon de Ivan serviu para consolidar a parceria entre ele, Vitor Martins e Gilson Peranzzetta. Com o poeta, cujo marco inicial é a maravilhosa Abre Alas (de 1974), firmou-se uma dobradinha de entendimento impecável, com versos inspirados sobre relacionamentos, a condição humana e a situação política daquele momento de trevas no Brasil sempre musicados com melodias deliciosas e originais.

Em termos musicais, Gilson Peranzzetta, que iniciou seu trabalho com Ivan Lins no LP Chama Acesa (1975, lançado pela gravadora RCA), mostrou-se o lugar-tenente perfeito, em uma combinação de dois tecladistas que se completam de forma precisa, cirúrgica mesmo. De quebra, seus arranjos e orquestrações ajudaram a dar a cada canção a moldura adequada, sem amarras ou limitações estilísticas. Valia tudo, desde que fosse bem feito e coerente.

Essa trinca incrível deu seus passos iniciais rumo à perfeição em Somos Todos Iguais Nessa Noite (1977), estreia na EMI, e atingiria seu auge criativo nos sublimes Nos Dias de Hoje (1978, leia a resenha aqui) e A Noite (1979, leia a resenha aqui). Como igualar tanta qualidade e sucesso logo a seguir?

Esse foi provavelmente o principal desafio de Novo Tempo. E Ivan o encarou com garra, e incorporando as características daquele momento. No Brasil, vivíamos o início de uma abertura política, que tinha como marco principal a Lei da Anistia, que permitiu o retorno ao país de diversos exilados políticos. Havia esperança no ar, mesmo que a ditadura militar continuasse, com o General Figueiredo na presidência. Eis a inspiração que gerou a maravilhosa canção que deu nome a este álbum. Esperança permeada por temores.

Novo Tempo, a canção, é quase que um contraponto a Aos Nossos Filhos (1978), uma torcida intensa para que dias melhores estivessem mais perto do que se imaginava há apenas dois anos. “No novo tempo, apesar dos perigos, a gente se encontra, cantando na praça, fazendo pirraça, pra sobreviver”. Bem, seriam mais cinco longos anos de ditadura, mas é melhor seguir no tema música.

Nesse mesmo espírito, surgiu Coragem, Mulher, inspirada no triste Caso Marli, ocorrido em 1979, quando PMs invadiram um barraco em Belford Roxo (RJ) e sequestraram e mataram um rapaz, Paulo Pereira Soares, de 18 anos, que acabou sendo morto com 12 tiros por três policiais militares.

Sua irmã, Marli Pereira Soares, uma empregada doméstica, encarou o desafio de reconhecer os assassinos de Paulo, oriundos do 20º Batalhão de Polícia Militar de Belford Roxo. A moça tinha 25 anos, e virou um símbolo da resistência contra a violência policial afligindo os pobres.

“Como te atreves a mostrar tanta decência, de onde vem tanta ternura e paciência, qual teu segredo, seu mistério, seu bruxedo, pra te manter em pé até o fim”. Uma bela homenagem a uma personagem de nossa história recente que, infelizmente, ainda sofreria muito nos anos seguintes, com direito a ter sua casa saqueada e incendiada, além de perder um filho e um afilhado também vítimas da violência, já nos anos 1990.

Duas das canções do disco poderiam ter feito parte do trabalho anterior em termos temáticos, A Noite, pois são centradas em complicadas relações afetivas. Curiosamente, elas mostram dois caminhos possíveis para um casal em fase complicada. Uma, Bilhete, encerra a partida de vez, com direito a mala na porta, pedido de chave de volta e um adeus sem muita vontade de um novo contato.

Enquanto isso, Virá reflete o ponto de vista de quem não se conformou com o final, e aguarda, paciente, o retorno do parceiro-parceira: “virá, de qualquer jeito virá, virá a contragosto, virá por amizade, virá por desespero, virá por cama e comida, por boa bebida, por dinheiro”.

Também retomando caminhos anteriores, a rural Sertaneja nos traz ecos de Ituverava (1977), bela homenagem de Vitor Martins a sua cidade natal, enquanto Barco Fantasma vem da mesma lavra inspirada na música portuguesa que gerou a inspirada Um Fado (1977).

A única canção de fora do núcleo Ivan-Vitor-Gilson é a inspirada releitura de Coração Vagabundo (1967), de Caetano Veloso, que de certa forma dialoga em termos poéticos com Novo Tempo, com versos como “meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer”.

Desde o início de sua carreira, Ivan Lins sempre se mostrou aberto à mistura da música brasileira com elementos do jazz, soul e r&b. Na fase EMI, pode-se dizer que um novo formato dessa vertente surge em Dinorah Dinorah (1977), com uma levada mais moderna e próxima da sonoridade internacional. Não por acaso, essa música foi regravada por George Benson no álbum Give Me The Night, lançado naquele mesmo 1980 e que também inclui Love Dance (Ivan Lins, Gilson Peranzzetta e Paul Williams).

Há pelo menos duas representantes dessa sonoridade híbrida e genial neste álbum: a faixa-título, que alguns afirmam ter sido cogitada para entrar em um álbum de Michael Jackson (Thriller, para ser mais preciso), e a fantástica Arlequim Desconhecido, que abre o álbum. Ambas seriam regravadas por artistas internacionais posteriormente, e não por acaso, pois se encaixam feito luva na sonoridade jazz-pop então prevalente nas rádios americanas.

Uma faixa é totalmente à parte do resto do material. Trata-se de Setembro, assinada por Ivan e Gilson e dividida em duas partes, Antonio e Fernanda e Caminho de Ituverava. Sem letra, ela traz vocalizações arranjadas pelo genial Tavito, cordas e um clima que em alguns trechos pode nos levar surpreendentemente à fase mais experimental dos Beach Boys.

Outro momento muito significativo é a encantadora Feiticeira, canção leve, romântica e delicada com direito a um arranjo ousado que incorpora elementos de baião. Pode-se considerá-la uma espécie de pioneira de uma veia da obra de Ivan que posteriormente nos renderia sucessos maravilhosos do porte de Vitoriosa (1986) e Iluminados (1987).

Entre os músicos participantes do álbum, todos ótimos, um merece destaque especial. Trata-se de Alex Malheiros, baixista do grupo Azymuth que marca presença em 9 das 10 faixas. Sua forma moderna e swingada de tocar ajudou a dar uma roupagem mais próxima do jazz-funk americano ao som do disco, com direito a alguns momentos absurdamente inspirados. Ouça suas linhas de baixo em Arlequim Desconhecido, Setembro e Novo Tempo e tente não concordar comigo.

Curiosamente, nos créditos do álbum, Malheiros é identificado apenas como “Alexandre”, o que me levou a fazer uma extensa pesquisa para descobrir quem era esse cara, até que consegui a resposta ao ouvir uma entrevista feita por Nelson Faria com o saudoso baixista Arthur Maia, no qual ele relembra que entrou na banda de Ivan Lins para substituir precisamente Alex Malheiros, que gravou Novo Tempo mas não participou da turnê.

A embalagem de Novo Tempo também merece ser elogiada. Na capa, Ivan aparece com a camisa aberta, com jeitão de quem está pronto pra qualquer parada. Na parte interna e na contracapa (a capa é dupla), Ivan está ao lado dos parceiros Martins e Peranzzetta, sendo que em uma foto eles compartilham um jornal com manchetes típicas de um país pressionado por momentos difíceis.

Se não fez tanto sucesso como os trabalhos anteriores pela EMI, Novo Tempo conseguiu manter Ivan Lins nas paradas de sucesso e lotando os seus shows. Típico disco de transição, encerrou com classe uma fase brilhante de sua carreira e, por tabela, deu o pontapé inicial em outra, também das mais ricas. Mas essa é uma outra história, que a gente conta futuramente.

Ouça músicas de Novo Tempo em streaming:

Burnier & Cartier lançam raro álbum gravado na Austrália

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Por Fabian Chacur

Os cariocas Octávio Bonfá Burnier e Cláudio Cartier se conheceram no final dos anos 1960, e na década seguinte lançaram dois álbuns de estúdio, um em 1974 pela RCA e o outro em 1976 pela EMI-Odeon, ambos autointitulados. Em 1977, fizeram uma turnê pela Austrália que rendeu um disco ao vivo, lançado como Brazilian Connection (Pie Records) na terra dos cangurus e como Brazilian Parrots (First American Records) nos EUA. Agora, chega às plataformas digitais via FSB Records e Nikita Music Digital um registro desses shows históricos.

O repertório de Australian Tour inclui a música mais conhecida da dupla em relação ao grande público brasileiro, Ficaram Nus, que ficou em 3º lugar no Festival Abertura da TV Globo em 1975, e também Barranco, Pedra Pintada, Lembrando Ed Kleger e Lenda das Amazonas.

O álbum traz as participações do The Don Burrows Quintet, liderado pelo clarinetista, saxofonista e flautista Don Burrows, do guitarrista George Gola e do The Sidney String Quartet. Burrows e Gola fizeram shows e gravaram com o célebre tio de Burnier, o saudoso violonista e compositor Luiz Bonfá (1922-2001). O show teve como local o histórico The Sydney Opera House, situado na cidade australiano de Sidney.

Após o fim da dupla, que efetivamente durou de 1974 a 1978, seus integrantes seguiram adiante na música. Burnier, que hoje usa o nome artístico Tavynho Bonfá, ficou conhecido por ser autor, ao lado de Mariozinho Rocha, de Clarear, um dos primeiros sucessos do Roupa Nova, e lançou alguns trabalhos solo.

Cartier infelizmente nos deixou no último dia 17 de outubro, poucos dias após ter completado 70 anos de idade. Seu grande cartão de apresentações pós-dupla é ser um dos autores da bela canção Saigon, grande sucesso nas vozes de Beth Carvalho, Emílio Santiago e Leny Andrade.

O som de Burnier & Cartier tinha muito bem digeridas influências do Clube da Esquina de Milton Nascimento, com direito a belas vocalizações e canções consistentes. Seus dois discos de estúdio são muito recomendáveis e mereciam ter tido uma repercussão muito maior do que tiveram.

Ficaram Nus (ao vivo)- Burnier & Cartier:

Lô Borges retoma parceria com o irmão Márcio em single c/Moska

Lô Borges (participação Paulinho Moska) - Muito Além do Fim (single)

Por Fabian Chacur

Em um ano repleto de notícias ruins, qualquer coisa boa que surja no horizonte merece ser comemorada de forma efusiva. E é dessa forma que Mondo Pop saúda a retomada, após dez anos, da parceria entre os irmãos Lô e Márcio Borges. Autores de maravilhas do porte de Clube da Esquina, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo e Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, entre outras, eles acabam de divulgar o primeiro fruto dessa nova safra de canções, já disponível nas plataformas digitais via gravadora Deck.

Trata-se de Muito Além do Fim, um delicioso rock melódico com versos para tentar levantar o nosso astral nesse momento complicado do Brasil e do mundo em plena pandemia do novo coronavírus. Para melhorar ainda mais a coisa, temos a participação de Paulinho Moska, que se encaixa feito luva no balanço de Lô e na poesia de Márcio.

Além de Lô e Moska, marcaram presença nesta gravação Henrique Matheus (guitarra), Thiago Corrêa (baixo, teclados e percussão) e Robinson Matos (bateria). A faixa fará parte de um novo álbum de Lô Borges que está em fase de produção. Que venha logo, pois sua música é sempre um bálsamo para a nossa alma.

Muito Além do Fim– Lô Borges e Paulinho Moska:

Renato Teixeira lança a canção Humanos São Todos Iguais

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Por Fabian Chacur

Tem canção nova de Renato Teixeira no ar. O cantor, compositor e músico nascido em Santos que completou 75 anos no último dia 20 de maio se mostra em plena atividade. Recentemente, fez uma live ao lado do parceiro e amigo Sérgio Reis. Agora, nos apresenta Humanos São Todos Iguais, gravação de estúdio distribuída nas plataformas digitais pela Ditto Music. Mais um belo apelo à solidariedade entre as pessoas, em um momento duro como este. Ele explica a intenção deste novo trabalho:

“Humanos São Todos Iguais” é uma cantilena, dessas que se canta quase de improviso, quase declamando, um canto convicto e ensimesmado, soprado pela fé escancarada de quem acredita na salvação da humanidade. Nossa Senhora é intercessora como são intercessoras nossa mães. Na minha imaginação, ela aparece para interceder em nome dos pobres e dos desvalidos, clamando pelo fim da pobreza e de todas as diferenças que existem entre os humanos. A hora é agora! A canção nasceu sem maiores pretensões mas quem sabe não seja ela, como já havia sido Romaria, a nova mensageira dos nossos anseios por um mundo melhor e mais justo?”.

Humanos São Todos Iguais– Renato Teixeira:

Ivan Lins será homenageado com live por seus 75 anos de idade

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Por Fabian Chacur

Nesta terça-feira (16) o grande Ivan Lins completará 75 anos de idade. Como forma de celebrar essa importante efeméride, seu filho, Cláudio Lins, organizou uma live que será realizada nesse mesmo dia, a partir das 16h, e que poderá ser conferida aqui. O elenco escalado para participar da festança virtual é significativo, e inclui nomes de várias gerações da nossa música, como Roberto Menescal, Gilson Peranzzetta, Leila Pinheiro, Délia Fischer, Jorge Vercillo, Nelson Faria, Luciana Mello, Pedro Mariano, Sérgio Santos, Lenine, Jair Oliveira e Jane Duboc, entre outros.

A ideia do organizador é que cada participante escolha uma das canções do incrível repertório construído por Ivan nesses seus 50 anos de trajetória musical e a interprete em dueto com Claudio, que não divulgou as músicas que entrarão no set list dessa live, e explica o porque desse mistério:

“Como precisamos divulgar a live e os convidados, já não será uma live surpresa pro pai… mas pelo menos essa surpresa, do que cada um escolheu, eu vou guardar. Pro pai e pra todos que quiserem celebrar a obra desse verdadeiro gênio da música brasileira e mundial.”

A live faz parte do festival online #ziriguidumEmCasa, organizado pelo filho de Ivan Lins com o jornalista Beto Feitosa e com a participação na organização de Maria Braga e Ana Paula Romeiro, evento virtual que desde o início da pandemia do novo coronavírus já teve 10 edições e trouxe apresentações de inúmeros artistas bacanas da nossa música, incluindo o próprio Ivan Lins.

A pedido do homenageado, serão aceitas doações para a ONG Ação Social Pela Música (saiba mais sobre o seu trabalho aqui) neste link aqui.

Leia mais sobre Ivan Lins aqui.

Somos Todos Iguais Nesta Noite– Ivan Lins:

Francis Hime conta histórias sobre suas canções clássicas

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Por Fabian Chacur

Há mais de cinco décadas as canções de Francis Hime embalam os sonhos, romances e as vidas de inúmeros brasileiros. São clássicos que ele compôs ao lado de outros craques da nossa música durante esse tempo todo. Como forma de compartilhar a feitura de algumas dessas pepitas musicais, o artista estreia nesta quarta (13) às 19h uma webserie na qual contará as histórias de algumas delas. O programa tem como título Trocando em Miúdos- As Minhas Canções, o mesmo do livro que lançou há algum tempo.

“A ideia é abordar não apenas a feitura de cada canção, mas também as influências e circunstâncias que as cercam. Serão encontros semanais, onde eu discorrerei sobre uma determinada obra”, explica o artista.

Como não poderia deixar de ser, o primeiro episódio abordará Trocando em Miúdos, grande clássico de seu repertório composto com um de seus parceiros preferenciais, Chico Buarque, e que expressa o fim de uma relação amorosa com rara precisão e sensibilidade.

Os temas de alguns dos próximos episódios, cujas gravações tem como cenário o estúdio situado na casa de Francis, já estão definidos. No dia 20, por exemplo, a canção em foco será Sem Mais Adeus, escrita com o eterno poeta Vinícius de Moraes.E no dia 27, teremos Parceiros, escrita com o grande Bituca de Três Pontas, Milton Nascimento.

“Na sequência, virão canções que fiz com Ruy Guerra, Olivia Hime, Paulo Cesar Pinheiro, Geraldo Carneiro, Cacaso, Gilberto Gil , Thiago Amud, Guinga, Zelia Duncan e muitos outros, já que uma das características do meu trabalho é gostar de compor com muitos parceiros”, adianta Francis.

Suas incursões por trilhas feitas para cinema e teatro e no universo da música erudita ganharão alguns episódios. A webserie Trocando em Miúdos- As Minhas Canções poderá ser conferidas nos canais @francishimeoficial no Instagram e Facebook e nos canais oficiais da Blooks Livraria (@blookslivraria).

Trocando em Miúdos– Francis Hime:

Walter Franco, genial coração tranquilo e malucão de festival

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Por Fabian Chacur

Os festivais de música se tornaram uma febre no Brasil a partir da metade da década de 1960, graças especialmente ao fato de terem sido promovidos por emissoras de TV e transmitidos para todo o país. Ajudaram a divulgar novos nomes, mas também firmaram alguns estereótipos negativos que prejudicaram carreiras. Walter Franco, que nos deixou nesta quinta (24) aos 74 anos, certamente foi um dos mais prejudicados nesse processo perverso que teve origem no mitológico Festival da Record de 1967.

Espécie de avô dos reality shows do século XXI, aquele tipo de competição musical logo apostaria em encaixar seus competidores em padrões. Tipo o galã (Chico Buarque, por exemplo), o moderno (Caetano Veloso), a espevitada (Elis Regina), o simpático carismático (Jair Rodrigues) e por aí vai.

O cantor, compositor e músico Sérgio Ricardo, ao ser furiosamente vaiado quando interpretava sua inusual composição Beto Bom de Bola naquele festival da Record de 1967, o levou a uma reação furiosa e totalmente inesperada: quebrou o violão e jogou seus restos na plateia.

Como seria de se esperar, naquele momento surgia mais um personagem a ser preenchido na escalação dos próximos certames similares. Denomino esse elemento de “malucão de festival”, tarja que passaria a ser imposta a todo competidor que nos oferecesse um trabalho fora dos padrões mais habituais.

De certa forma, Gilberto Gil foi atirado nesse fosso ao defender a depois eliminada Questão de Ordem em festival de 1968, gerando a indignação de Caetano Veloso e seu ácido discurso no meio de É Proibido Proibir.

Surgem os tais de “malditos”

Mas quem melhor se encaixou neste novo perfil foi Walter Franco no Festival Internacional da Canção da Globo de 1972. Afinal de contas, nada mais experimental e fora do padrão habitual do que Cabeça, uma música genial e minimalista que tocava na ferida da pressão que o chamado mundo moderno fazia nas pessoas, e da importância de se cuidar para não explodir. Ao ver aquilo, em horário nobre, o público entrou em parafuso, e a emissora amou estereotipar aquele cabeludo tão criativo.

Pode-se dizer que essa é a origem do rótulo “malditos”, que depois seria usado para abranger artistas como o próprio Franco, Jards Macalé (que também encarnou o “malucão” em festivais), Jorge Mautner, Sérgio Sampaio e outros artistas criativos e rebeldes. Denominação negativa que dava a entender que se tratava de caras doidos, irascíveis e fora do senso comum que mereciam ser devidamente marginalizados. Como fizeram mal a gente tão talentosa!

Walter Franco voltaria, “apesar de tudo”, ao papel no Festival Abertura, promovido pela Globo em 1975, com sua bela Muito Tudo, homenagem a John Lennon e João Gilberto, e também no caótico festival da Tupi, em 1979. Nesta última, trouxe a roqueira e virulenta Canalha, cujo refrão dava ao público presente a chance de por prá fora a agonia daqueles anos de ditadura militar ainda brava e repulsiva. Ficou em segundo lugar.

Aliás, acho que naquele evento o papel do malucão ficou mesmo a cargo de Arrigo Barnabé e sua Sabor de Veneno, que o público jurava ser sabor de outra coisa menos saborosa e gritava na hora do refrão o nome…

Muito além de apenas experimental e polêmico

Eis o porque Walter Franco ficou com esse estigma de maldito. No entanto, seu incrível experimentalismo, registrado de forma direta no cultuado álbum Ou Não (1972, aquele com a mosca na capa), era apenas uma de suas facetas. O roqueiro vibrante, por exemplo, deu as caras com tudo em Revolver (1975), um dos melhores trabalhos do rock setentista.

Ele também sempre se mostrou capaz de escrever canções delicadas, melódicas e com letras de uma profundidade filosófica marcante, como Coração Tranquilo, Vela Aberta, Respire Fundo e Serra do Luar. Atraiu fãs dos mais distintos, o que o fato de ter sido regravado por nomes tão diferentes entre si como Chico Buarque, Leila Pinheiro, Oswaldo Montenegro, Ira!, Camisa de Vênus, Pato Fu e Titãs (com quem fez shows) serve como prova.

A qualidade da herança musical deixada por Walter Franco em seus poucos (e bons) álbuns é um legado que vai muito além do que rótulos como “maldito” ou “malucão de festival” podem dar a entender. Filho do poeta e político Cid Franco e nascido em São Paulo em 6 de janeiro de 1945, sua figura simpática e tranquila será reverenciada pelos fãs da melhor música brasileira, e certamente redescoberta por muitos a partir dessa sua partida.

Ouça Revolver na íntegra em streaming:

Nelson Angelo e Joyce, o LP, está de volta no formato vinil de 180 g

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Por Fabian Chacur

Em 1972, com vinte e poucos anos cada, Nelson Angelo e Joyce Moreno (então, assinando apenas Joyce) eram um casal que resolveu lançar um disco em dupla. Nascia, dessa forma, o álbum Nelson Angelo e Joyce, lançado na época pela EMI-Odeon. Se não vendeu lá essas maravilhas, foi devidamente cultuado por um público que se ampliou com o decorrer dos anos. Este trabalho está retornando às lojas no formato LP de vinil de 180 gramas, em lançamento feito em parceria por Universal Music e Polysom, parte integrante da coleção Clássicos de Vinil, desenvolvida pela Polysom.

O ouvinte desavisado certamente associará o som das 13 faixas deste álbum com a musicalidade criada pelo Clube da Esquina. E essa semelhança não é por acaso. O mineiro Nelson também fazia parte daquele grupo de artistas geniais capitaneados por Milton Nascimento. Cantor, compositor e músico, ele tem diversos discos solo em seu currículo, e é o autor da belíssima Fazenda, um grande sucesso na gravação do Bituca de Três Pontas.

Boa parte dessa turma genial estava radicada no Rio naquele 1972, quando, por sinal, foram lançados Clube da Esquina (Milton e Lô Borges) e Lô Borges (de Lô Borges, o célebre Disco do Tênis). A terra de Joyce, vale lembrar.

Joyce se encaixou feito luva na sonoridade folk-rock-rural do disco, com diversas composições de Nelson (uma com Joyce) e outras de nomes como Danilo Caymmi, Ronaldo Bastos e Márcio Borges. De quebra, participam do disco baluartes do Clube da Esquina como Lô Borges, Toninho Horta, Wagner Tiso e Beto Guedes. No repertório, canções deliciosas como Meus Vinte Anos, Comunhão, Sete Cachorros e Um Gosto de Fruta, entre outras.

Vale lembrar que, nessa época, nasceram Clara Moreno e Ana Martins, filhas do casal que posteriormente se tornaram também cantoras. Elas inspiraram um dos maiores sucessos da carreira de Joyce Moreno, a doce e delicada Clareana, defendida em um festival da Globo em 1980 e faixa do estupendo álbum Feminina (leia sobre esse CD aqui), que a cantora irá interpretar na íntegra neste fim de semana em São Paulo, durante a Virada Cultural. Um programa imperdível, ainda mais sendo gratuito.

Joyce e Nelson Angelo- ouça o álbum em streaming:

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