Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

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Joyce Moreno e Marcos Valle criam bela homenagem a Gal

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Por Fabian Chacur

Ao receber a triste notícia da morte de Gal Costa em 9 de novembro deste ano, Marcos Valle reagiu criando uma delicada melodia no piano, inspirado pela chuva que caía e que rememorou Chuva de Prata (Ed Wilson-Ronaldo Bastos), de 1984, um dos grandes hits da cantora. Logo, surgiu a ideia de mandar a nova criação para que Joyce Moreno, grande amiga da cantora, se incumbisse da letra. Nascia A Chuva Sem Gal, canção lançada nesta terça-feira (20) nas plataformas digitais pela Biscoito Fino.

Em depoimento enviado à imprensa, Joyce Moreno explica como foi escrever esses lindos versos:

“Eu estava mexidíssima. Foi como se um pedaço do coração do Brasil tivesse parado de bater, naquele momento. Aí, eu recebi essa melodia linda do Marcos. Escrevi a letra chorando muito: achei que não conseguiria, mas ela saiu, na emoção da hora. No dia seguinte eu fiz os últimos ajustes e mandei pra ele, que imediatamente me disse que tinha adorado”.

A Chuva Sem Gal nasce já clássica, com um sentimento genuíno que a faz ficar muito longe de um possível oportunismo que alguns poderiam encarar nesse tipo de homenagem. Aqui, tudo soa genuíno. Além de Joyce no vocal e Marcos Valle no vocal e piano, temos Tutty Moreno (bateria), Jorge Helder (baixo) e Jessé Sadoc (flugelhorn). Onde estiver, Gal deve ter amado.

A Chuva Sem Gal (clipe)- Joyce Moreno e Marcos Valle:

João Bosco, voz e violão, em show no Bourbon Street (SP)

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Por Fabian Chacur

Um dos melhores shows que vi na minha vida (e olha que eu vi centenas, quem sabe milhares deles!) foi no Centro Cultural São Paulo, lá pelos idos de 1984. No palco, João Bosco, no melhor estilo voz e violão. Em casa mais do que lotada, o cara deu simplesmente uma aula de música. E é exatamente neste formato, no qual ele se dá muito bem, que esse grande cantor, compositor e exímio violonista mineiro se apresentará neste domingo (11) às 19h30 em São Paulo.

O local será o Bourbon Street (rua dos Chanés, nº 213- Moema- fone 0xx11 5095-6100), com ingressos a R$ 165,00. Com direção de produção a cargo do grande Zé Luiz Toledo, Bosco se incumbirá de dar uma geral em algumas das músicas mais legais de seu vasto repertório, construído em cinco décadas de uma carreira impecável que lhe deu fama sólida no Brasil e também no exterior, onde faz turnês constantes e bem-sucedidas.

Aos 76 anos de idade, o autor de O Bêbado e a Equilibrista, A Nível de…, Bala Com Bala, Linha de Passe e tantos outros clássicos da nossa música (muitos deles em parceria com o saudoso Aldyr Blanc), João Bosco continua esbanjando energia e categoria, naquela mescla de samba, bossa nova, bolero, latinidades, brasilidades e “jazzistidades” mil. Tipo do show do qual você sai com a alma lavada e vontade de ver e ouvir mais.

A Nível de…(ao vivo)- João Bosco:

Gilberto Gil-Duetos 2 reúne colaborações raras e preciosas

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Por Fabian Chacur

Durante a sua longa e bem-sucedida carreira musical, Gilberto Gil sempre esteve aberto a colaborações com outros artistas. Várias delas ficaram restritas aos discos dos outros artistas, sendo que algumas se transformaram em raridades. Como forma de resgatar 16 desses momentos tão especiais e de também homenagear os 80 anos deste genial artista baiano, a Warner vai disponibilizar nas plataformas digitais no dia 22 de julho e lançar em CD físico a compilação Gilberto Gil Duetos 2.

As gravações, lançadas originalmente entre 1980 e 2013, flagram o autor de Aquele Abraço trocando preciosas figurinhas musicais com luminares do porte de Joyce Moreno, Dominguinhos, Milton Nascimento, Maria Rita, Quarteto em Cy, Pepeu Gomes, Pery Ribeiro, Johnny Alf e Maria Bethânia, só para citar alguns deles. A seleção do repertório ficou por conta do jornalista e pesquisador musical Renato Vieira.

Eis as músicas incluídas em Gilberto Gil Duetos 2:

1) Abri a Porta – com Dominguinhos (gravação de 1980)

2) Imagine – com Milton Nascimento (gravação de 2001)

3) Amor Até o Fim – com Maria Rita (gravação de 2009)

4) Monsieur Binot – com Joyce Moreno (gravação de 1994)

5) Ilha da Ilusão – com Pery Ribeiro (gravação de 1991 – inédita em CD e nas plataformas)

6) Tempo Rei – com Quarteto em Cy (gravação de 1994)

7) Meu Coração – com Pepeu Gomes (gravação de 2004)

8) Mané João – com Erasmo Carlos (gravação de 1980)

9) Mancada – com Beth Carvalho (gravação de 2007)

10) Eu e a Brisa – com Johnny Alf (gravação de 1990)

11) Se eu Morresse de Saudade – com Maria Bethânia (gravação de 2001/lançada em 2013)

12) Um Carro de Boi Dourado – com Francis Hime (gravação de 1984)

13) Eu Só Quero um Xodó – com Anastácia (gravação de 1985 – inédita em CD e nas plataformas)

14) Vida – com Obina Shok e Gal Costa (gravação de 1986)

15) Marcha da Tietagem – com Trio Dodô e Osmar e As Frenéticas (gravação de 1980)

16) A Força Secreta Daquela Alegria – com Jorge Mautner (gravação de 1981)

Monsieur Binot– Joyce Moreno e Gilberto Gil:

Marcos Valle mostra seu álbum Cinzento em show em São Paulo

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Por Fabian Chacur

No início de 2020, Marcos Valle se preparava para fazer a turnê de lançamento de seu novo álbum, Cinzento, quando a pandemia do novo coronavírus adiou os shows presenciais pelo mundo afora. Mesmo com a situação ainda não totalmente normalizada, as apresentações ao vivo estão voltando, e enfim o lendário cantor, compositor e músico mostrará o novo trabalho com shows em São Paulo nesta sexta e sábado (3 e 4), às 21h, no teatro do Sesc Pompeia (rua Clélia, nº 93- Pompeia- mais informações aqui).

Cantando e tocando teclados, o incrível músico com fãs nos quatro cantos do mundo irá apresentar na íntegra o repertório do novo álbum, acompanhado por uma banda afiadíssima composta por Patricia Alvi (vocal), Jessé Sadoc (trompete, flugel e teclado), Jefferson Lescowich (baixo), Guilherme Lirio (guitarra) Renato Massa Calmon (bateria) e Dudu Viana (teclados).

Dois de seus parceiros nas canções de Cinzento marcarão presença nos dois shows. São eles Bem Gil (filho de Gilberto Gil), que escreveu com ele Se Proteja, e Moreno Veloso (filho de Caetano Veloso), coautor de Redescobrir. Como não poderia ser diferente, o show também incluirá alguns dos inúmeros clássicos do repertório de Marcos Valle, entre eles Estrelar e Parabéns.

Ouça Cinzento, de Marcos Valle, em streaming:

Delia Fischer e Ney Matogrosso juntos na bela Blues de Acabar

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Por Fabian Chacur

Uma das gravações mais tocantes do ano acaba de ser disponibilizada nas plataformas digitais. Trata-se de Blues de Acabar, que reúne a cantora, compositora, pianista e diretora musical Delia Fischer com o astro da nossa música Ney Matogrosso. A balada com traços eruditos e uma melodia delicada de autoria de Delia traz uma letra cortante, escrita por Marcio Moreira, que retrata como poucas os atos finais de uma relação amorosa que, pensava-se, poderia durar mais do que de fato durou. Arrepiante, para dizer o mínimo.

Aliás, a gravação segue uma orientação minimalista, pois reúne apenas a artista carioca (cantando e tocando um piano encantador) e esse grande craque da canção cuja voz parece vinho, cada vez melhor mesmo após cinco décadas em atividade. Blues de Acabar integrará o álbum digital Hoje, previsto para ser lançado no dia 21 de maio. Em press release enviado à imprensa, Delia fala sobre essa composição inspiradíssima:

“A letra me chegou em meio a pandemia com o título original de Samba de Acabar. Confesso que tentei enquadrá-la nesse formato, mas a melodia que nasceu tinha muita influência do blues. Propus manter como uma bossa, mas de tanto tocá-la, o samba e a bossa deram lugar ao blues, reforçando ainda mais o discurso da canção, que fala das dores do amor, tema clássico e recorrente no cancioneiro da antiga e também atual MPB”.

Na ativa desde os anos 1980, Delia Fischer integrou o Duo Fenix ao lado de Claudio Dauelsberg, com quem gravou um álbum em 1988. Depois, lançou trabalhos-solo, atuou com artistas como Toninho Horta, Erasmo Carlos, Ana Carolina, Bob Baldwin (EUA) e Lisa Nilsson (Suécia) e foi diretora musical de musicais como Beatles Num Céu Com Diamantes, Milton Nascimento- Nada Será Como Antes e Elis, A Musical, entre outros.

Blues de Acabar (clipe)- Delia Fischer e Ney Matogrosso:

Alexia Bomtempo mostra em Suspiro sua versão da bossa nova

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Por Fabian Chacur

A cantora Alexia Bomtempo nasceu em Washington D.C. (EUA), filha de pai brasileiro e mãe americana. Foi criada no Brasil, mas com várias passagens por seu país de origem. Isso criou uma espécie de dualidade cultural em sua formação pessoal que se refletiu em uma trajetória musical com mais de 10 anos.

Há quase oito anos radicada em Nova York, Alexia está lançando Suspiro (que saiu no Brasil pela Lab344, ouça aqui), seu quarto álbum, no qual mergulha em uma visão própria da bossa nova, com direito a canções autorais, inéditas de outros compositores e clássicos nada óbvios daquele movimento musical, de autores como Jorge Ben Jor, João Donato e Edu Lobo.

Em entrevista feita por email a MONDO POP, ela conta tudo sobre o novo trabalho e também nos dá uma geral em sua interessante e bastante consistente trajetória como cantora e compositora.

MONDO POP- Suspiro, seu novo álbum, é um trabalho bem diferente do seu álbum anterior, mais voltado para o pop-rock. Este novo tem um espírito bem de bossa moderna. Como surgiu a ideia de fazer um CD com essa sonoridade?
ALEXIA BOMTEMPO
– Eu passei uns meses em Tokyo fazendo uma residência de jazz e tive uma espécie de “reencontro” com a bossa nova. Fiz um mergulho naqueles discos que foram a base da minha formação musical, comecei a compor músicas novas e convivi muito com amigos e fãs japoneses completamente apaixonados por bossa nova. Voltei pra Nova York com a ideia de fazer um album que explorasse esse universo.

MONDO POP – O repertório de Suspiro mescla faixas inéditas e releituras nada óbvias. Que critérios você seguiu para fazer a seleção? Desde o início a ideia era mesclar idiomas (português, francês e inglês)?
ALEXIA BOMTEMPO
– A gente já tinha o conceito do álbum, que era saudar esse movimento samba-bossa-jazz dos anos 60 e 70, mas com um pensamento moderno. Apesar de fazer minhas próprias músicas, sempre gostei de cantar canções de outros compositores. Adoro pesquisar repertório e encontrar pérolas, relembrar músicas que foram lançadas lá atrás com roupagem diferente. Eu, o Jake e o Stéphane fomos trocando ideias e selecionando o repertório de forma colaborativa. Sou naturalmente bilíngue, sempre cantei em inglês e português e com esse álbum não poderia ser diferente. A bossa nova tem ligação forte com a cultura francesa e achamos bacana explorar esse idioma também.

MONDO POP- Como ocorreu a seleção das faixas inéditas? O objetivo era misturar canções de sua autoria com as de outros compositores ou isso acabou ocorrendo naturalmente?
ALEXIA BOMTEMPO
– O objetivo era esse, mas tudo aconteceu naturalmente. Eu já tinha algumas músicas prontas, depois fiz outras com o Jake pensando mais no conceito do álbum. O Stéphane estava passando uns dias no Rio nessa fase de pré-produção do disco e pediu canções inéditas ao Alberto Continentino e ao Domenico Lancellotti – dois compositores que eu adoro.

MONDO POP- A sonoridade do álbum é muito coesa, delicada e elegante, e soa como um trabalho de banda. Essa era a sua ideia inicial? Escolheu os músicos pensando nisso?
ALEXIA BOMTEMPO
– Sim, a ideia era fazer um disco com essa sonoridade de banda. Chamamos o pianista Vitor Gonçalves e o baixista Eduardo Belo (ambos brasileiros radicados em Nova York), que já vinham tocando com o Stéphane num outro projeto de samba-jazz. Foi bacana, porque já existia todo um entrosamento. O Jake, apesar de ter muita experiência com música brasileira, vem de uma formação mais jazz e blues que somou muito pra chegarmos nesse lugar delicado, elegante e internacional.

MONDO POP- Qual a importância dos produtores Jake Owen e Stéphane San Juan na concretização do álbum Suspiro, e como rolou o dueto com Stéphane em Les Chansons D’Amour?
ALEXIA BOMTEMPO
– O Jake e o Stéphane foram fundamentais. Eles são produtores fantásticos, pessoas lindas e profissionais incríveis. Todo o processo de feitura do disco se deu de uma forma muito leve, divertida e colaborativa – desde a escolha do repertório. Achamos que seria interessante ter uma música em francês, pela bossa nova ter um elo tão vivo com a cultura francesa e o Stéphane fez a letra pra música do Alberto Continentino, que resultou em Les Chansons D’Amour. O dueto também é uma referência aos duetos clássicos de bossa nova. A voz grave do Stéphane combinou muito com a minha e acho que a gravação transporta o ouvinte para outra atmosfera. Ah, e o Stéphane é francês!

MONDO POP- Fale um pouco sobre o clima das gravações, se você gravou com os músicos ao mesmo tempo ou naquele esquema de ir criando aos poucos a base instrumental para depois colocar a voz.
ALEXIA BOMTEMPO
– Gravamos no SuperLegal Studio (do Jake e do percussionista Mauro Refosco) que fica no Brooklyn, tudo ao vivo, com os músicos tocando ao mesmo tempo, “como se fazia antigamente” – inclusive a voz. Os arranjos foram feitos na hora, sem muito ensaio. Eu, o Jake e o Stéphane já tínhamos escolhido o repertório e conhecíamos as músicas, mas o Eduardo e o Vitor foram ouvindo as ideias na hora, deixando a criatividade fluir, e contribuíram imensamente na elaboração de cada faixa. Foi muito leve e divertido, gravamos as bases em dois dias e depois convidamos o trompetista Michael Leonhart para participar. Ele é um músico fantástico e apaixonado por bossa nova. Também chamamos o guitarrista Guilherme Monteiro para participar da faixa “Les Chansons D’Amour” e ele fez o arranjo no violão rapidamente, de uma forma muito natural. Eu amei fazer um disco assim, livre (e em pouco tempo).

MONDO POP- Gostaria de que você me lembrasse um pouco de suas origens, sendo filha de um brasileiro e de uma americana e tendo nascido em Washington. Foi criada lá ou aqui? E como foi essa criação em termos musicais, o que seus pais ouviam, o que você ouvia na infância e adolescência?
ALEXIA BOMTEMPO
– Eu fui criada nos Estados Unidos e no Brasil. Minha vida foi meio partida entre os dois países, foram muitas idas e vindas ao longo dos anos. Sempre me senti dividida, e as influências das duas culturas se misturam muito dentro de mim. A minha formação musical também foi assim, misturada. Em casa a gente ouvia os clássicos do Brasil (Caetano, Gil, Djavan, Tom Jobim, Gal, Rita Lee, João Gilberto) e da América do Norte (Bob Dylan, Billie Holiday, Joni Mitchell, Janis Joplin, Leonard Cohen). Meu pai era produtor cultural em Petrópolis, então tive a sorte de crescer na coxia, assistindo de perto os shows dos grandes nomes da música brasileira. Foi uma infância muito estimulante e eu sempre soube que queria fazer parte daquele mundo algum dia.

MONDO POP- Relembre um pouco suas primeiras experiências musicais, e em que momento você decidiu que esse seria o seu projeto profissional, ser uma cantora e compositora.
ALEXIA BOMTEMPO
– Durante a minha infância e pré-adolescência no Brasil, estudei teatro no Tablado. Já gostava de cantar, mas comecei no teatro. Já com 17 anos e morando nos Estados Unidos, entrei para o coral da escola e comecei a me destacar. E então resolvi abraçar a música de vez. Voltei pro Brasil, montei uma banda e toquei na noite durante um tempo. Depois, resolvi estudar canto lírico nos Estados Unidos e fiquei na faculdade por dois anos antes de voltar novamente ao Brasil. Conheci o produtor Sérgio Carvalho, que produziu minha primeira demo e depois me apresentou seu irmão Dadi – que se tornou um grande amigo, um padrinho musical e produziu meu primeiro disco, Astrolábio.

MONDO POP- O que te levou a se mudar para Nova York há quase oito anos?
ALEXIA BOMTEMPO
– Eu estava lançando o meu segundo disco I Just Happen to Be Here com canções em inglês do Caetano Veloso que me abriu algumas portas fora do Brasil. Já vinha passando umas temporadas em Nova York, sempre fui fascinada pela energia da cidade, pelo aspecto internacional da arte feita aqui e estava cultivando colaborações musicais – queria fazer parte disso. Fui convidada para tocar no Brasil Summerfest e resolvi vir com uma passagem só de ida – se a coisa fluísse, eu ficava. E assim fiquei de vez.

MONDO POP- Astrolábio foi o seu álbum de estreia, como você o encara com os olhos e ouvidos de hoje?
ALEXIA BOMTEMPO
– Acho que o Astrolábio (n.da r.: lançado em 2008 pela EMI) é um disco de descobrimento, que representa o meu encontro musical com o Dadi, um retrato da minha vida naquela época. É um disco carioca, “feito à mão”, sem pressa, com amizade e doçura.

MONDO POP- I Just Happen To Be Here foi uma bela ideia, um recorte provavelmente inédito da produção do Caetano Veloso de 1969 a 1972 em inglês em um período conturbado e criativo da vida dele. Fale um pouco sobre esse projeto e como encara a sua repercussão.
ALEXIA BOMTEMPO
– A ideia foi do Felipe Abreu, um dos produtores do disco, junto com o Dé Palmeira. O Felipe foi meu preparador vocal e se tornou um grande amigo e conselheiro. Um dia, durante uma aula, cantei London, London e ele teve a ideia de fazermos um disco com o repertório em inglês do Caetano. O conceito era buscar “despir” as canções da carga política e emocional da época em que foram feitas e trazê-las pra perto de mim, da minha história partida entre dois países, duas culturas, duas línguas. Foi um desafio muito interessante, tenho muito orgulho desse disco. E Caetano gostou da homenagem.

MONDO POP- Suspiro saiu primeiro no Japão, país que tem um público muito grande para a bossa nova. Você já tocou lá, tem bons contatos lá? E como foi a reação do público japonês para este álbum?
ALEXIA BOMTEMPO
– Tenho muito amor pelo Japão. O público me acompanha desde o início, já fiz várias turnês e residências e tenho muitos amigos queridos por lá. A ideia do Suspiro surgiu justamente quando eu estava passando uma temporada no Japão e achei muito significativo o fato de o disco ter sido lançado lá primeiro. Eles adoraram.

MONDO POP- O lançamento de Suspiro será só no formato digital ou teremos versões físicas (CD, vinil etc)?
ALEXIA BOMTEMPO
– Temos o CD nos Estados Unidos e no Japão. A ideia é fazer vinil também, mas agora as fábricas estão paradas por causa da pandemia. Então futuramente, espero que sim.

MONDO POP- Como tem sido para você esse período da quarentena? Muitos artistas tem feito lives, você pensa em fazer algo assim (se é que já não fez…)?
ALEXIA BOMTEMPO
– Tem dias que são melhores do que outros. Eu gosto de ficar em casa e tenho aproveitado o tempo pra descansar, compor, ouvir discos, cozinhar, ler… Mas a sensação de não saber como serão os próximos meses é desconcertante e causa muita ansiedade. Estar lançando um álbum novo nesse período tem sido interessante. Muita gente tem me falado que o disco acalma e traz paz de espírito, que é a trilha sonora ideal para esses tempos difíceis – isso é muito gratificante. Tenho feito lives, sim, mas aos poucos e com cuidado, pois também acho que a internet está ficando saturada de conteúdo superficial. É uma maneira bacana de se manter conectado com o público, mas sinto muita saudade da troca que acontece ao vivo, no palco.

Eles Querem Amar (clipe)- Alexia Bomtempo:

Simone mergulha de cabeça nas lives e curte contato com os fãs

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Por Fabian Chacur

No dia 12 deste mês, Simone estreou no cenário das lives. A experiência foi tão agradável para a Cigarra que ela resolveu tornar esse contato direto com os fãs uma espécie de evento semanal durante a quarentena gerada pelo combate ao novo coronavírus. A cantora baiana já anunciou uma nova para o próximo domingo (3/5) a partir das 18h, e as subsequentes devem ocorrer no mesmo dia da semana e hora.

“Tem sido uma experiência muito diferente pra mim produzir e seguir realizando essas lives, cantando, lendo as mensagens, buscando as músicas. Independentemente desse tempo triste, de tantas perdas, conectar com o mundo dessa maneira está sendo uma experiência intensa”, relata Simone em texto enviado à imprensa.

Ela pretende manter o formato do qual tem se valido, que a mostra ou no melhor estilo violão e voz, ou sendo acompanhada por bases pré-gravadas preparadas e enviadas por músicos com os quais a estrela baiana já trabalhou em ocasiões anteriores. Entre uma interpretação e outra, temos causos e bate-papo virtual com os fãs, sendo que sugestões e pedidos podem ser feitos através dos perfis da artista nas redes sociais digitais.

Como profissional séria que sempre foi, ela está se preparando com afinco para as próximas transmissões.”Estou levantando repertório novo pra as lives, encomendando bases, conversando com músicos, revisitando meu próprio repertório, dá trabalho!”, relata a intérprete de O Que Será, Face a Face e tantos outros hits marcantes na história da nossa música popula brasileira.

As transmissões estão sendo feitas a partir do perfil no Instagram @simoneoficial .

Veja trechos de uma live de Simone:

Bebel Gilberto lança clipe com cenas gravadas em Los Angeles

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Por Fabian Chacur

Seis anos após Tudo (2014), Bebel Gilberto nos oferece a primeira amostra de um novo álbum de inéditas. Trata-se da canção Deixa, divulgada por um clipe dirigido por Erik Sohlstrom, que trabalhou com Duran Duran e Nicki Minaj, entre outros. As cenas foram gravadas no final de 2019 no luxuoso The Nomad Hotel, em Los Angeles, Califórnia, e flagram a cantora com vários modelitos e visuais, soltinha.

Esta canção é a primeira a ser divulgada do álbum Agora, cujo lançamento será feito no dia 21 de agosto através do selo belga (PIAS) Recordings no formato digital e também em CD físico. A produção ficou a cargo de Thomas Bartlett, que trabalhou com Surfjam Stevens e St. Vincent, entre outros.

Além de Deixa, teremos mais dez outras faixas, entre as quais Essence, Raio, Cliché, Yet Another Love Song e Teletransportador. Ela já tinha engatilhadas as datas de uma turnê, mas teve de adiá-las. A ideia é remarcar tudo e divulgar aos fãs logo que a poeira baixar em nosso conturbado planeta.

Nascida em 12 de maio de 1966 em Nova Iorque e filha de João Gilberto e Miúcha, Bebel iniciou sua trajetória no mundo da música ao lançar em 1986 pela Warner um EP que inclui uma de suas músicas mais conhecidas, Preciso Dizer Que Te Amo, muito conhecida nas gravações de Marina Lima e de Cazuza, que a escreveu em parceria com ela e o baixista Dedé Palmeira (ex-Barão Vermelho).

A participação no álbum Red Hot + Rio (1996) abriu portas para ela no mercado internacional, o que se consolidou a partir do lançamento do álbum Tanto Tempo (2000). A repercussão de sua fusão de bossa nova com ritmos eletrônicos a firmou no mercado internacional e gerou novos trabalhos de sucesso, incluindo o DVD gravado ao vivo Bebel Gilberto In Rio (2014).

Deixa (clipe)- Bebel Gilberto:

Leila Pinheiro e Antonio Adolfo lançam videoclipe de Teletema

Foto: Leo Aversa

Foto: Leo Aversa

Por Fabian Chacur

Há parcerias que se mostram clássicas logo ao serem anunciadas, e a que reúne em um mesmo trabalho o pianista, compositor, arranjador e produtor Antonio Adolfo e a cantora Leila Pinheiro se encaixa feito luva nessa definição. O legal é que eles se unem para reverenciar o trabalho de outra dupla que marcou história na música popular brasileira, a formada pelo próprio Adolfo e o saudoso Tibério Gaspar (1943-2017). O primeiro videoclipe para divulgar este álbum, com a música Teletema, foi lançado nesta quinta-feira (26).

Gravada originalmente por Regininha e incluída na trilha sonora da novela global Véu de Noiva em 1970, essa belíssima canção ganhou um novo arranjo que se encaixou feito luva na voz de Leila. Participam da gravação Roberto Menescal (guitarra), Jessé Sadoc (trompete), Marcio Bahia (bateria) e Jorge Helder (contrabaixo), além do próprio Antonio Adolfo, que foi o diretor musical e arranjador do álbum, nos teclados.

Já disponibilizado pela gravadora Deck nas plataformas digitais e em breve também em CD físico, Vamos Pro Mundo- A Música de Antonio Adolfo traz 13 das mais de 50 músicas escritas pelos dois parceiros, clássicos da música brasileira, entre as quais Cláudia e Sá Marina, esta última grande sucesso na voz de Wilson Simonal e décadas depois na de Ivete Sangalo.

Teletema (clipe)- Leila Pinheiro e Antonio Adolfo:

Ney Matogrosso continua um craque da música brasileira

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Por Fabian Chacur

Se há um artista que personifica com perfeição o pop à brasileira, ele sem sombra de quaisquer dúvidas é Ney Matogrosso. Em seus quase 50 anos de trajetória musical, ele nos oferece uma mistura dos mais diversos elementos sonoros, propondo-nos, dessa forma, um som ao mesmo tempo universal, pelo acréscimo de fortes elementos da música originada no exterior, e essencialmente brasileiro, pela forma como tempera essa obra. Eis o que podemos conferir em Bloco na Rua, seu mais recente trabalho, disponível desde o fim do anos passado no formato digital e agora também em CD duplo e, em breve, em DVD físico.

Bloco na Rua é o registro do show que estreou no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 2019 e que, desde então, passou por diversos palcos brasileiros. A gravação ocorreu em julho do ano passado, no palco do Teatro Bradesco (SP), totalmente ao vivo, mas sem a presença de público. Chega a ser irônico se pensarmos na atual situação do show business mundial, uma atitude quase premonitória do que viria adiante.

O repertório nos oferece 20 músicas, sendo nove já gravadas anteriormente pelo artista na carreira-solo e com os Secos & Molhados, e 11 estreando em seu set list e discografia. Uma única dessas músicas é totalmente inédita, a sensacional Inominável, do compositor paulistano Dan Nakagawa. No entanto, a forma como Ney abordou cada canção dá a elas um molho de ineditismo que só quem é muito do ramo consegue fazer.

Para isso, ele contou com uma banda de apoio incrível que o acompanha há cinco anos, liderada pelo diretor musical, arranjador e tecladista Sacha Amback e que traz também os excelentes Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussão), Maurício Negão (guitarra e violão), Dunga (baixo), Everson Moraes (trombone) e Aquiles Moraes (trompete e flugelhorn). Na faixa Postal de Amor, foi acrescentada a participação da Orquestra de Cordas de São Petesburgo.

O entrosamento entre o cantor e os músicos é impecável, fruto das diversas apresentações anteriores à gravação, e o registro da performance é padrão Ney Matogrosso, com iluminação esplêndida e detalhes cênicos que variam de canção a canção, sempre com o bom gosto e a ousadia habituais. Ney entra no palco usando uma máscara meio assustadora, que acabou sendo registrada na capa do CD duplo e que ele tira durante a primeira música.

Aliás, a apresentação visual do disco é maravilhosa, com direita a capa digipack luxuosa trazendo encarte com todas as letras das canções, fichas técnicas e fotos, além de dez deliciosos depoimentos de fãs referentes às performances do artista selecionados nas redes sociais.

Pode parecer redundante dizer isso, mas nada dessa produção toda valeria alguma coisa se a estrela da companhia não tivesse um desempenho à altura, e o ex-vocalista dos Secos & Molhados brilha com muita, mas muita intensidade mesmo. Aos 78 anos, ele se mostra mais apaixonado do que nunca por seu ofício, e mergulha com paixão e rigor técnico no repertório, tornando-o seu, mesmo que não tenha escrito nenhuma dessas músicas.

O set list de Bloco na Rua traz composições lançadas desde os tempos dos Secos & Molhados até esta década, mas elas soam com uma unidade, repletas de odes à liberdade, à coragem, à irreverência e ao lirismo (aqui e ali). O título, extraído da clássica Eu Quero é Botar Meu Bloco da Rua, de Sérgio Sampaio, reflete mesmo essa atitude de ir à luta, mesmo em tempos tão cinzas como os atuais.

Embora o show seja bom como um todo, vale destacar alguns de seus pontos altos, como a psicodélica Álcool (Bolero Filosófico), lançada em 2003 pelo autor, o DJ Dolores, a já citada Inominável, a sempre contundente Pavão Mysteriozo, hit máximo do cearense Ednardo, os clássicos de Tia Rita Lee Jardins da Babilônia e Corista de Rock, a tocante A Maçã, de Raul Seixas, e a envolvente Já Sei, de Itamar Assumpção. Sangue Latino e Mulher Barriguda, hits dos Secos & Molhados, surgem com novos e vibrantes arranjos roqueiros.

Bloco na Rua é a prova contundente de que Ney Matogrosso continua mais relevante do que nunca, mostrando que, como poucos, pode cantar os versos do grande Ednardo “não tenha minha donzela nossa sorte nessa guerra, eles são muitos mas não podem voar” sem medo de ser retrucado. Ele, pode, pelo menos em termos musicais e artísticos em geral.

Álcool (Bolero Filosófico)– Ney Matogrosso:

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