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Rosa Marya Colin hipnotiza o ouvinte em CD com dois álbuns

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Por Fabian Chacur

Rosa Marya Colin parece ter sido a cantora que inspirou aquela célebre frase “capaz de extrair emoção até de um catálogo telefônico”, coisa que não existe há muito, vale dizer. Mas se existisse, não tenham dúvidas, você se emocionaria ao ouvi-la interpretando suas linhas burocráticas. Gravou muito pouco, mas sempre bem. E agora nos oferece Rosa (Gravadora Eldorado-Nova Estação), um trabalho à altura de seu imenso talento, e que merece ser apreciado e divulgado com a mesma intensidade e profissionalismo que ela teve ao conceber este belíssimo CD.

Nessas mais de duas décadas que ficou longe da gravação de discos, Rosa se manteve atuando como atriz em novelas e séries globais como Deus Salve o Rei (2018) e Fina Estampa (2011). Mas essas “férias” musicais felizmente acabaram.

Coproduzido por ela em parceria com o talentoso LC Varella e produção executiva a cargo de Thiago Marques Luiz (sempre ele!), Rosa equivale a um banho de vitalidade, maturidade e sensibilidade dessa cantora mineira radicada no Rio de Janeiro que completará 73 anos no próximo dia 27 de fevereiro.

Com dez faixas, o novo trabalho de Rosa Marya Colin traz o blues e o jazz no seu DNA, em algumas de forma direta, como Um Blues Para Rosa (Lula Barbosa-Celso Prudente), Depois das Seis (Sylvia Patricia), Man (Alzira Espindola-Itamar Assumpção) e Eu Canto Esse Blues (Arlindo Cruz-Rogê Cury-Gabriel Moura), em outras no tempero, como em Giz (Renato Russo-Marcelo Bonfá-Dado Villa-Lobos), Mas Até Lá (Roney Giah) e É Por Você Que Vivo (Rosa Maria e Tim Maia).

General da Banda (José Alcides-Satiro de Melo-Tancredo Silva), maior sucesso do grande e saudoso Blecaute, é relido com grande impacto. Tema de Eva (Taiguaira) prima pela delicadeza. E o final fica com Alma Cigana (Edu Rocha e Orlando) na qual a intérprete, a capella, se incumbe de todas as vozes de forma magistral.

Os arranjos são precisos, sem excessos ou ausências sonoras, no ponto certo. E Rosa demonstra um domínio pleno de sua potência vocal, sem arroubos exagerados ou contenção excessiva, dando a cada nota e a cada palavra o que elas pedem. Ela mostra que conhece todos os atalhos, proporcionando ao ouvinte maciças doses de prazer auditivo. Blues, jazz, folk, rock, MPB, tudo aqui soa às mil maravilhas, vindos de uma profissional que respeita cada canção que escolhe com muito bom gosto para seu repertório.

Em uma boa sacada que acaba valorizando a versão física do álbum, Rosa traz como bônus nada menos do que a íntegra de outro álbum da intérprete, Vagando, lançado pela Gravadora Eldorado em 1980 e há algum tempo fora de catálogo. Trata-se de um disco mais próximo da estética da MPB, no qual a intérprete encanta com Dancing Cassino (Fátima Guedes), Vagando (Paulinho Pedra Azul), Coração de Strass (Paulinho Nogueira e Zezinha Nogueira), Romeiros (Djavan) e Espírito do Som (Chico Evangelista e Pericles Cavalcante). Discaço!

É um exercício de apreciação bem interessante ouvir as 10 faixas de Rosa e logo a seguir as 10 de Vagando, comparando as nuances da intérprete aos 34 anos de idade e em sua fase atual. Mas posso adiantar que ambas as versões são maravilhosas. Essa cantora encantadora, cujo maior hit foi a releitura de California Dreamin’ (dos The Mamas And The Papas) em 1988, merece a sua atenção. Aliás, na verdade, você merece, mesmo, é ser encantado, hipnotizado e cativado por essa voz maravilhosa. Um bálsamo para tempos difíceis!

Ouça Rosa e Vagando em streaming:

Elba Ramalho mostra novo álbum com shows no Sesc Pinheiros (SP)

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Por Fabian Chacur

Em 1978, Elba Ramalho deu início à sua carreira fonográfica. Quatro décadas depois, firmou-se como uma das cantoras de maior sucesso do país, com público fiel e novos lançamentos que sempre atraem as atenções de público e crítica. O mais recente, O Ouro do Pó da Estrada, lançado pela gravadora Deck, é o mote para os shows que ela fará sexta (8) e sábado (9) às 21h e domingo (10) às 18h no Sesc Pinheiros- Teatro Paulo Autran (rua Paes Leme, nº 195- fone 0xx11-3095-9400), com ingressos de R$ 15,00 a R$ 50,00.

Para acompanhá-la, a intérprete paraibana terá a seu lado uma banda composta por Marcos Arcanjo (guitarra e violões), Elder Caldas (percussão), Rafael Nascimento (sanfona), Fernando Gaby (baixo), Tostão Queiroga (bateria), Yuri Queiroga (guitarra), José Durval Pereira (zabumba) e Alessandro Rocha (vocais).

Não faltarão faixas de O Ouro do Pó da Estrada no repertório. Deste, que é o 38ª título de sua extensa discografia, fazem parte canções inéditas e releituras, entre as quais Girassol da Caverna, Na Areia, Oxente e Se Não Tiver Amor. Como seria de se esperar, também teremos alguns dos maiores hits da trajetória dessa explosiva intérprete, que no palco sempre aproveita sua faceta atriz para envolver e eletrizar as plateias do Brasil e do mundo.

Veja o making of e ouça as faixas de O Ouro do Pó da Estrada:

Zeca Pagodinho e a entrevista que rendeu admiração eterna

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Por Fabian Chacur

Essa história rolou em 1988. Vivia os meus primeiros tempos no hoje extinto jornal Diario Popular (SP), e fui designado pelo meu editor Oswaldo Faustino para entrevistar Zeca Pagodinho, então estreando na gravadora BMG com o LP Jeito Moleque, após dois discos de muito sucesso pela RGE. A assessora de imprensa, Miriam Martinez, avisou-me antes do meu bate-papo com o sambista carioca começar: “tome cuidado que ele está bravo, andaram fazendo perguntas de que ele não gostou…” Ou seja, entrei em cena com o placar desfavorável, e não por minha culpa. Mas cabia a mim virar o jogo.

A ideia do meu editor era que eu fizesse uma entrevista solta, coloquial, na qual o leitor pudesse ter uma ideia de como era aquele artista apadrinhado por Beth Carvalho que veio do subúrbio carioca e se tornou um fenômeno de vendas. Embora ainda inexperiente, eu percebi que precisava ser cauteloso ao menos no início do papo, e foi assim que comecei a conversa. Na minha, respeitoso, prestando atenção no que ele me falava. E, para minha felicidade, a troca de ideias se mostrou ótima e bem fluente.

Aos poucos, Zeca demostrou confiar em mim, e os assuntos se ampliaram, indo da música até mesmo ao jogo do bicho. As declarações eram sempre deliciosas, do tipo “sei falar com bacana e sei falar com malandro”, ou “o jogo do bicho é uma das coisas mais confiáveis desse país, pois você ganha hoje e os caras te pagam na hora, sem conversa mole”. Quando essa nossa primeira conversa profissional se encerrou, recebi um elogio que guardo para a vida: “gostei de você, você é malandro”. Imagina ouvir uma dessas vindo de um cara que é malandragem pura, obviamente do lado positivo desse termo.

A entrevista fez sucesso, e a partir dali tive várias oportunidades de conversar com esse cara, que tornou-se ainda mais simpático, franco e sem frescuras. Sua generosidade se mostra em respostas aparentemente banais, como quando lhe perguntei o porque de, com o passar dos anos, ele gravar cada vez menos músicas de sua autoria, ele que ficou conhecido inicialmente como autor de sambas, e só posteriormente como intérprete: “Cara, tem muita gente boa compondo, e gente que precisa mais do que eu dos direitos autorais”.

Em uma entrevista coletiva realizada em 1999, a pergunta que ele levou mais a sério veio de mim, sobre a fusão entre a Brahma e a Antarctica que gerou a AmBev. Ele sempre se declarou um entusiasta da Brahma. “Olha, quando surgiu essa notícia, eu fiquei preocupado e até liguei para saber se eles iriam manter a Brahma do mesmo jeito, e eles me garantiram que sim”, respondeu, para delírio dos repórteres presentes. Com o tempo, ele acabou fazendo propaganda dessa marca, não sem uma polêmica no meio que não cabe ser analisada aqui.

Grande compositor, sambista de estilo inconfundível e craque em escolher músicas alheias para gravar, Zeca sempre foi um seguidor da tradição do samba, como me confessou logo naquela primeira entrevista: “desde moleque eu sempre ficava colado na Velha Guarda. Eu ia buscar as cervejas, abria para eles e ficava ouvindo ele cantarem e tocarem, aprendendo”. E como aprendeu, heim?

Nesta segunda (4), Jessé Gomes da Silva Filho, o nosso querido Zeca Pagodinho, completa 60 anos de idade. Um cara que mesmo em situação financeira excelente nunca abandonou suas origens, sendo famoso pela generosidade. Xerém, que adotou como ponto de encontro com amigos de todas as idades e faixas sociais, deve estar em festa. Que essa data se repita por muitos e muitos anos, e que eu possa entrevistar novamente no futuro esse representante do Brasil que importa, o Brasil do swing, do jogo de cintura, do talento, da simpatia e da integração entre as pessoas.

Camarão que Dorme a Onda Leva (ao vivo)- Zeca Pagodinho e amigos:

Mutinho mostra as músicas de Meu Segredo no Bar Brahma

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Por Fabian Chacur

Mutinho está há mais de 50 anos na cena musical brasileira. Nesses anos todos, brilhou como baterista e compositor, tendo atuado ao lado de Toquinho, Vinicius de Moraes, Elis Regina, Nara Leão, Pery Ribeiro, Chico Buarque, Leny Andrade e outros. No entanto, ele só havia lançado um único disco próprio, um compacto duplo em 1977. Faltava um álbum completo. Não falta mais. Lançado pela gravadora Kuarup, Meu Segredo já está disponível nas plataformas digitais e em uma magistral versão em CD com direito a capa do mestre Elifas Andreato e encarte luxuoso. O show completo de lançamento em São Paulo será realizado nesta quarta-feira (9) às 21h no Bar Brahma (avenida São João, nª 677- Centro- fone 0xx11-2039-1251), com couvert artístico a R$ 30,00.

Meu Segredo teve um parto complicado, digamos assim, pois suas gravações foram realizadas durante longos cinco anos, com início em 2012 e finalização em 2017. Mas valeu a pena a espera. E convenhamos: para quem aguardava por essa realização desde a década de 1960, até que não demorou tanto assim… O repertório é totalmente autoral, mesclando composições inéditas e outras gravadas anteriormente, parcerias com Vinícius de Moraes, Toquinho, João Palmeiro, Carlos Chagas, Marcio Mutalupi e Luiz Carlos Seixas.

As sonoridades se alternam entre samba, marcha-rancho, bossa nova, valsa e latinidade, com direito a belas melodias e letras inteligentes e sensíveis. Temos as participações especiais da saudosa Miúcha e também de Toquinho e Georgiana de Moraes, esta última filha do inesquecível Poetinha.

Com concepção artística e produção artística de Wagner Amorosino, Bruno De La Rosa e Marcos Alma, o CD conta em seu elenco de músicos com feras do porte de Silvia Góes (piano), Fi Maróstica (baixo) e Alex Braga (violino), entre outros. Um dos destaques é a deliciosa faixa Turbilhão, hit na gravação de Toquinho & Vinícius em 1975 e muito bem relida aqui.

No show, Mutinho, baterista que assumiu seu lado vocalista neste CD, terá a seu lado Bruno De La Rosa (violão e voz), Wagner Amorosino (teclado) e Nicolo De Caro (percuteria). No show, as canções do CD e outras, entre as quais possivelmente outro hit de Toquinho & Vinícius que leva a sua assinatura, Escravo da Alegria. Como se não bastasse tanto currículo, Mutinho ainda é sobrinho do grande compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues. Aliás, seu nome de batismo é Lupicinio Morais Rodrigues, e também tem origem nos pampas gaúchos, nascido em Porto Alegre em 4 de fevereiro de 1941. Mas que baita pedigree, tchê!

Ouça Meu Segredo, de Mutinho, em streaming, na íntegra:

Recado (1978), de Gonzaguinha, celebra 40 anos muito essencial

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por Fabian Chacur

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (1945-1991) teve como marca a sensibilidade à flor da pele. Essa característica o levava a atingir os extremos, indo do extremamente ácido ao incrivelmente doce às vezes em uma mesma canção. Puro coração. Sujeito que se indignava com as injustiças, que tinha paixão por se apaixonar, por viver, por “andar por esse país pra ver se um dia descanso feliz”, como bem retratam os versos de Vida de Viajante, parceria do pai Gonzagão com Hervê Cordovil que fez grande sucesso em 1979, em versão incluindo pai e filho nos vocais.

Sua poesia era direta e sem rodeios, enquanto em termos melódicos e rítmicos suas canções apresentavam influências de música nordestina, jazz, rock, bossa nova, samba, bolero e o que mais aparecesse.

Em uma discografia repleta de preciosidades, Recado, lançado em 1978 e seu sexto álbum, se sobressai por várias razões, a começar pela maravilhosa faixa título, espécie de carta de intenções de Gonzaguinha enquanto ser humano. “Se é para ir, vamos juntos, se não é já não tô nem aqui”, finaliza esse clássico da MPB, com sua levada bossa nova e o piano marcante de Gilson Peranzzetta, conhecido por também participar de discos essenciais de Ivan Lins, um dos raros parceiros de Gonzaguinha e seu amigo fiel desde sempre.

A única composição alheia é O Que Foi Feito Devera, de Milton Nascimento (provavelmente o maior ídolo do artista carioca) e Fernando Brant, relida de forma brilhante e com a participação do próprio Milton no violão e vocais.

O romantismo intimista é a marca de Lindo, balada jazzística sublime em sua sutileza, enquanto a mãe do astro carioca, uma cantora da noite que morreu quando ele era ainda muito criança, vítima de tuberculose, é homenageada de forma tocante em Odaléia Noites Brasileiras, balada voz e piano.

A indignação do artista com a infeliz e então recente declaração dada por Pelé, dizendo que, para ele, “brasileiro não sabe votar”, gerou E Por Falar No Rei Pelé…, uma espécie de “MPB heavy metal” na qual ele toma as dores do povão, com versos ácidos e certeiros como “craque mesmo é o povo brasileiro carregando esse time de terceira divisão”.

E o final fica com a magnífica Petúnia Resedá, sacudida mistura de rock e forró que fez sucesso na releitura de Simone. E tem a voz. Fora dos padrões convencionais, Gonzaguinha cantava com paixão, assinatura própria e muita, mas muita personalidade. Lá do fundo, das entranhas, paixão total.

E vale destacar também o elenco de músicos presentes neste álbum. Além de Gilson Peranzzetta nos teclados, também temos Fredera (guitarra), Toninho Horta (guitarra), Luis Alves (baixo), João Cortez (bateria), Danilo Caymmi (flauta), Mauro Senise (flauta), Paulo Jobim (flauta), Ronaldo Alvarenga (percussão) e Novelli (baixo), com produção a cargo do compositor Ronaldo Bastos, parceiro de Milton Nascimento em vários clássicos da MPB.

Recado é daqueles discos padrão vinho: sua audição melhora, com o decorrer dos anos. Clássico da MPB que você precisa conhecer, ouvir de novo e degustar com prazer. E paixão, obviamente.

Recado- Gonzaguinha- ouça o álbum em streaming:

Joyce Moreno e Alfredo Del-Penho resgatam Sidney Miller

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Por Fabian Chacur

Sidney Miller (1945-1980) infelizmente nos deixou ainda jovem, e de forma trágica. No entanto, o legado que nos deixou de seus 15 anos de carreira como cantor, compositor e músico só proporciona alegria, emoção e prazer a quem se propor a conhecer melhor essa obra curta, porém caudalosa. Como seus três discos são bem raros, uma boa forma de se apreciar suas canções acaba de chegar ao mercado discográfico e virtual. Trata-se de Argumento, álbum lançado pela gravadora Kuarup que reúne dois grandes talentos de gerações distintas, Joyce Moreno e Alfredo Del-Penho, relendo essas sublimes pérolas musicais.

O álbum nos traz a íntegra de um show realizado no Auditório do Instituto Moreira Sales (IMS), no Rio de Janeiro, em 17 de abril de 2012. Na programação, as 12 canções contidas no autointitulado álbum de estreia do artista carioca, lançado em 1967 pelo mitológico selo Elenco, além de outras 4 de outros períodos. Joyce (voz, arranjos e violão) e Alfredo (voz, violão de sete cordas e viola) interpretam seis músicas em dupla, enquanto a cantora se incumbe de sete por conta própria e seu parceiro de outras três.

Em um formato acústico e minimalista, os dois músicos e cantores esbanjam bom gosto, talento e carisma para preencher os espaços existentes. Ora em dupla, que revive a parceria de Miller com Nara Leão (decisiva no impulsionamento de sua carreira), ora individualmente, eles demonstram um lindo entrosamento entre si e com a obra que abordaram. As deliciosas canções do artista carioca, dividindo-se entre samba, bossa e ritmos regionais, são incorporadas de forma ágil e sensível, valorizando cada verso, cada frase melódica, cada acorde. Um show que te pega logo de cara e só te solta minutos após o último acorde.

Em dupla, eles dão um banho nas deliciosas A Estrada e o Violeiro e É Isso Aí. Joyce nos resgata a deliciosa O Circo, que em 1977 fez muito sucesso na voz de Marília Barbosa como abertural da novela global À Sombra dos Laranjais, e brilha em Argumento, Pede Passagem e Maria Joana, com seu violão endiabrado dando o tom com aquela classe que poucos instrumentistas no Brasil conseguem igualar.

Por sua vez, Alfredo, no frescor de seus 37 anos, esbanja uma bela voz e segurança como músico em canções como Me Dá Um Dó e Botequim Nº 1. Este cantor, compositor, músico, ator e pesquisador carioca encarou uma árdua missão ao mergulhar em um repertório tão bom e caudaloso, e ao lado de um verdadeiro mito da nossa música, e passou com nota máxima.

Argumento não só apresenta as canções de Sidney Miller às novas gerações como mostra o incrível talento de Joyce Moreno e Alfredo Del-Penho como intérpretes de repertório alheio. Um disco daqueles que surge e rapidamente se revela como discografia essencial para os fãs de música brasileira da boa.

Show Argumento na íntegra:

Boca Livre mostra hits e algumas novidades ao vivo em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Há exatos 40 anos na estrada, o Boca Livre construiu uma trajetória impecável, consolidando-se como um dos grandes grupos vocais da história da nossa música. Para celebrar essas quatro décadas de estradas, o quarteto prepara um novo álbum de estúdio. Enquanto isso não ocorre, o público paulistano poderá conferir em primeira mão algumas das músicas que estarão nesse disco, assim como aqueles hits maravilhosos habituais. Será nesta sexta (30) e sábado (1º-12) às 21h30 no Tupi Or Not Tupi (Rua Fidalga, nº 360- Vila Madalena- fone 0xx11-3813-7404), com ingressos a R$ 140,00.

O primeiro álbum do Boca Livre, autointitulado, saiu em 1979 pela via independente, e logo tornou-se um fenômeno de vendagens, conseguindo tocar em rádios e os levar a apresentações em emissoras de TV. Isso, fazendo uma sonoridade própria, uma mistura de folk, country, MPB em suas várias tendências e muito mais, com direito a vocalizações simplesmente sublimes. Quem Tem a Viola, Toada, Mistérios, as músicas desse álbum tomaram rapidamente conta das paradas de sucesso. No peito e na raça.

Nesses anos todos, o quarteto se manteve sempre ativo. A atual formação é a sua mais constante, trazendo os fundadores Mauricio Maestro (baixo e vocal), Zé Renato (violão e vocal) e David Tygel (viola de dez cordas e vocal), e Lourenço Baeta (vocal), que entrou no time logo em 1980, substituindo Cláudio Nucci. Fernando Gama também esteve no grupo durante as décadas de 1990 e 2000, sendo que a atual escalação se mantém estável desde 2006.

Além dos hits, os citados e possivelmente Panis Et Circenses e Bicicleta, o Boca Livre também fará uma prévia de algumas faixas do próximo trabalho, que deverá ser intitulado Viola de Bem Querer, nome de uma das faixas que o integrarão. Também estarão no trabalho Vida da Minha Vida e Amor de Índio, esta última um clássico do repertório de Beto Guedes. Será o sucessor de seu mais recente CD, o elogiado Amizade (2013).

Quem Tem a Viola- Boca Livre:

Ednardo mostra seu disco mais famoso na íntegra ao vivo em SP

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Por Fabian Chacur

Ednardo lançou o seu álbum O Romance do Pavão Mysteriozo em 1974. O trabalho, elogiado pela crítica, estava passando batido pelo grande público quando, em 1976, uma de suas faixas, Pavão Mysteriozo, foi escolhida para a abertura da novela global Saramandaia. Pronto. O estouro enfim veio. E é o material deste LP, na íntegra, que o cantor, compositor e músico cearense irá mostrar neste sábado (1º-12) às 21h e domingo (2-12) às 18h no teatro do Sesc Belenzinho (rua Padre Adelino, nº 1.000- Belenzinho- fone 0xx11-2076-9700), com ingressos de R$ 6,00 a R$ 20,00.

Nascido em Fortaleza (CE) em 17 de abril de 1945, Ednardo faz parte da mesma geração de Belchior, Fagner, Amelinha e outros nomes bacanas da música cearense. Apelidados de Pessoal do Ceará, surgiram no cenário universitário de sua cidade natal no início dos anos 1970. O Romance do Pavão Mysteriozo, seu primeiro disco solo, traz 12 músicas, a grande maioria de sua autoria. Pavão Mysteriozo tornou-se seu principal hit, com levada marcial, forte tempero nordestino e versos fortes como “não tenha sinhá donzela nossa sorte nessa guerra, eles são muitos mas não podem voar”.

O álbum traz outras canções marcantes, entre as quais Carneiro, Ausência (com participação especial de Amelinha, então ainda desconhecida), Varal, Dorothy Lamour e A Palo Seco, esta última do amigo e parceiro Belchior. O violeiro Manassés participou desse trabalho, e marcará presença nos shows que Ednardo fará no Sesc Belenzinho, ao lado do artista cearense e de uma banda afiada, pronta para todos os desafios sonoros.

Além de ter lançado mais de dez discos individuais, Ednardo também teve trabalhos feitos em parcerias com outros artistas, como o projeto Massafeira (1980) e o álbum Pessoal do Ceará (2002- com Amelinha e Belchior, álbum que saiu rapidamente de catálogo e é hoje uma bela raridade). Ele também compôs trilhas sonoras para cinema e teatro, e dirigiu um filme. Seu trabalho mais recente é o DVD 40 Anos de Canção, lançado em 2015.

O Romance do Pavão Mysteriozo- ouça em streaming:

Baby do Brasil traz o seu show Música Extravagante para SP

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Por Fabian Chacur

Com o lançamento em 2015 do DVD/CD Baby Sucessos- A Menina Ainda Dança, gravado ao vivo, Baby Consuelo voltou ao mundo da chamada “música secular” após muitos anos nos quais se dedicou apenas à música evangélica. Um retorno triunfal, com ótima repercussão perante público e crítica. A cantora volta a São Paulo nesta sexta-feira (23) às 22h30 com um novo show, Música Extravagante, no Espaço das Américas (rua Tagipuru, nº 795- Barra Funda- fone 0xx11-3829-4899), com ingressos custando de R$ 60,00 a R$ 240,00.

Para acompanhar a cantora oriunda de Niterói (RJ), teremos uma banda composta só por craques. A escalação: Frank Solari (guitarra), Schwab (guitarra), Rafael Garrido (guitarra), André Gomes (baixo), Jorginho Gomes (bateria), Luciano Lopes (teclados), Dudu Trentim (teclados) e Marcos Suzano (percussão), todos músicos com altíssimo pedigree artístico. No repertório, sucessos e três músicas inéditas.

Nascida em 18 de julho de 1952, Baby iniciou sua carreira aos 17 anos, ao se mudar, sem lenço nem documento, para Salvador. Lá, acabou entrando em um grupo que iniciava a sua trajetória, Os Novos Baianos, e que se tornaria um dos mais bem-sucedidos e influentes da história da nossa música. Seu estilo único incorpora desde o choro de Ademilde Fonseca até o rock/blues de Janis Joplin, tudo com uma voz deliciosa, potente e repleta de carisma.

Em 1978, iniciou, com o álbum O Que Vier Eu Traço, uma carreira solo que atingiria seu auge durante a década de 1980. Também fez parcerias com o guitarrista do grupo, um certo Pepeu Gomes, com quem viveu entre 1970 e 1988, em casamento que também rendeu seis filhos, vários deles também músicos. Baby se divide entre a trajetória individual e eventuais reuniões do grupo que a revelou, sempre encantando fãs que vão aumentando e se renovando a cada ano que passa.

A Menina Dança (ao vivo)- Baby do Brasil:

Luiz Melodia tem LP clássico e genial reeditado em vinil 180g

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Por Fabian Chacur

Mais um item bem bacana é adicionado ao catálogo da série Clássicos em Vinil, editada pela Polysom. Trata-se de Maravilhas Contemporâneas, do completamente genial cantor, compositor e músico carioca Luiz Melodia, que infelizmente saiu de cena em 2017 aos 66 anos, deixando como inestimável legado trabalhos desse altíssimo gabarito.

Maravilhas Contemporâneas saiu originalmente em 1976, lançado pela gravadora Som Livre. Trata-se do segundo álbum de Melodia, e certamente aquele que o encaminhou rumo ao estrelato. A faixa que impulsionou a divulgação e a vendagem desse trabalho é a seminal Juventude Transviada, parte integrante da trilha sonora da novela global Pecado Capital e tocada com destaque naquela atração televisiva.

Outra faixa de bastante destaque é Congênito, daquelas que nunca saía do repertório de seus shows, com ritmo gostoso e letra filosófica e profunda, além de direta. O álbum, com 11 faixas, também inclui pérolas do porte de Baby Rose, Memórias Modestas, Paquistão e Quando o Carnaval Chegou, todas com aquela mistura de rock, soul, samba, jazz, reggae e o que mais pintasse de bom. Genialidade em estado puro.

Maravilhas Contemporâneas- ouça o álbum em streaming:

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