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Antonio Adolfo mergulha em Jobim de um jeito todo seu

antonio adolfo jobim forever

Por Fabian Chacur

Antonio Adolfo teve o privilégio de iniciar a sua brilhante carreira como músico nos anos 1960, quando o Brasil vivia uma efervescência musical acompanhada com muito prazer por seu próprio povo e também no exterior. Nesse contexto, a bossa nova era um dos principais caminhos, e nele, havia um Maestro Soberano, um certo Tom Jobim. Que não só o inspirou como também se tornou um amigo querido. E agora chega a vez de homenagear esse grande craque. Aliás, caso típico de um craque homenageando o outro: Jobim Forever (AAM Music), já disponível nas plataformas digitais e em CD.

Antes de iniciar a análise do trabalho em si, valem algumas palavrinhas introdutórias. Já li e ouvi por aí muitas restrições em relação a novas releituras da obra de Tom Jobim, especialmente quando engloba momentos mais conhecidos de seu maravilhoso songbook. Sim, muita gente já bebeu nessa fonte. E daí? Cada novo trabalho lançado com este repertório merece ser analisado de forma individual, deixando de lado preconceitos. E, neste caso aqui, estamos a anos luz de uma abordagem conservadora, diluída ou mesmo conformista-comercial. O sarrafo é bem alto.

Aos bem vividos 74 anos de idade (vale lembrar que Jobim nos deixou em 1994, aos 67 anos), Antonio Adolfo esbanja vitalidade, criatividade e produtividade, lançando novos trabalhos em períodos relativamente curtos e sempre buscando oferecer ao seu ouvinte um produto artístico de primeiríssima qualidade. E não seria justo com músicas de um dos artistas que mais o influenciaram que ele deixaria essa peteca ir ao chão.

Novamente acompanhado por uma banda integrada por craques do gabarito de Lula Galvão (guitarra), Jorge Helder (contrabaixo), Paulo Braga (bateria), Rafael Barata (bateria), Jessé Sadoc (trumpete e flugelhorn), Danilo Sinna (sax alto), Marcelo Martins (sax tenor e soprano e flauta), Rafael Rocha (trombone), Dada Costa (percussão) e Zé Renato (vocais em A Felicidade), Antonio pilota seu piano com a fluência habitual, com direito àqueles timbres maravilhosos que o caracterizam e um swing que só quem tem muito talento e ama o que faz pode nos oferecer com tanta categoria.

Os arranjos são de uma inspiração ímpar, e seguem um padrão com cara jazzística, pois nos apresentam as melodias originais com muita categoria e depois abrem espaços para que os diversos instrumentos envolvidos deem seus recados, em uma coesão perfeita e explorando elementos presentes nas composições e os expandido com uma fluência simplesmente impressionante. Toda essa criatividade, vale registrar, a serviço dos nossos ouvidos, pois Jobim Forever é daqueles discos que fluem deliciosamente a cada nova audição.

O repertório traz nove faixas, sendo oito delas composições lançadas dos anos 1960 e uma nos 1950. Certamente Antonio Adolfo mergulha nos seus anos formativos, relendo músicas que provavelmente tocou nos bares da vida e com suas bandas daqueles mágicos anos 1960 e 1970. Entre outras, temos aqui The Girl From Ipanema, Wave, A Felicidade e Estrada do Sol, tocadas com uma excelência e inspiração incomparáveis.

Tom Jobim foi certamente um dos grandes nomes da história da música brasileira e mundial, e uma das suas marcas era uma generosidade e humildade impressionantes. Consigo imaginar o sorriso que ele abriria ao ouvir esse álbum, uma obra-prima que está liderando há semanas a parada da revista americana JazzWeek. Certamente iria render um bom papo entre esses dois gênios, regado a belas reminiscências, uisquinho e chopes. O título deste álbum é simples, e diz tudo. Mas vou além: Antonio Adolfo Forever!

Garota de Ipanema (clipe)- Antonio Adolfo:

Ana de Oliveira e Sérgio Ferraz e seu belo trabalho instrumental

CARTA DE AMOR E OUTRAS HISTORIAS CD CAPA-400x

Por Fabian Chacur

Fazer música instrumental no Brasil nunca foi para fracos. Com poucos espaços para divulgação e não muito apoio na mídia, os profissionais dispostos a encarar essa vertente musical precisam de muita garra, dedicação e paciência para construir uma trajetória vitoriosa. Por isso, é de se aplaudir o duo Ana de Oliveira e Sérgio Ferraz pelo lançamento de seu primeiro álbum, Carta de Amor e Outras Histórias (independente, distribuído pela Tratore), disponível em CD e também nas plataformas digitais. Um trabalho de rara beleza e consistência artística.

A parceria entre o violonista Sérgio e a violinista Ana surgiu em 2018 durante a realização do MIMO Festival, em Olinda (PE).O curioso fica por conta dela ser paulistana, ele pernambucano e ambos serem radicados no Rio de Janeiro. Uma espécie de dica de como a brasilidade sem fronteiras marca a musicalidade de ambos. E se o duo é recente, o currículo prévio dele é bem expressivo.

Ana de Oliveira é mestre em música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e graduou-se na classe de Rainer Kussmaulna na Escola Superior de Música em Freiburg, Alemanha, cidade onde viveu durante nove anos. Ela se apresentou como solista com diversas orquestras no Brasil e no exterior, e também atuou e atua em grupos de câmara, entre os quais o Trio Puelli, além de participar de diversos álbuns.

Por sua vez, Sérgio Ferraz é bacharel em música pela Universidade Federal de Pernambuco. Ele toca vários tipos de violão, guitarra e violino. Atuou em vários grupos e integrou aquele que, entre 2008 e 2014, acompanhou o consagrado escritor Ariano Suassuna em suas aulas-espetáculo. Gravou vários discos individuais e atuou com diversos grupos, além de ser compositor refinado.

É evidente que dois músicos tão talentosos e com trajetórias significativas não se uniriam para perder tempo, e o álbum Carta de Amor e Outras Histórias mostra isso logo de cara em sua capa, maravilhosa, de autoria de Romero Andrade Lima e com design gráfico de Guga Burckhardt. O belíssimo encarte, com belas imagens, ótimo texto de Ricardo Tacuchian e muita informação (em português e inglês), agrega muito valor ao CD físico.

O trabalho é totalmente acústico, com Ana se incumbindo do violino e Sérgio se desdobrando entre violões de oito e doze cordas. Em duas das oito faixas que integram este CD, temos a participação do consagrado percussionista Marcos Suzano. A maior parte das composições é de autoria de Sérgio, sendo FrevoKaratê, Eterna, Carta de Amor e Lôro de Egberto Gismonti (uma importante influência no trabalho do duo), e Cadenza de Ana.

O diálogo musical desenvolvido pelo duo no álbum é dos mais fluentes, desrespeitando com muita inspiração e irreverência criativa os limites da música popular e erudita, conseguindo nesse processo uma sonoridade que evoca a riqueza musical de um país cuja cultura é de uma riqueza aparentemente inesgotável, apesar dos muitos pesares.

Centrada na música nordestina mas incorporando diversos outros elementos em sua mistura, a sonoridade desenvolvida por Ana de Oliveira e Sérgio Ferraz neste encantador Carta de Amor e Outras Histórias é a prova de que valeu todo o sacrifício que eles devem ter tido para viabilizar um trabalho tão consistente e ao mesmo tempo tão distante do mainstream. Uma obra de arte!

Ouça Carta de Amor e Outras Histórias em streaming:

Alfredo Dias Gomes funde MPB e jazz instrumental no álbum Solar

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Por Fabian Chacur

Alfredo Dias Gomes iniciou sua carreira no final dos anos 1970, ainda muito jovem. E começou com tudo, sendo o baterista da banda do incrível Hermeto Pascoal, conhecido pelo rigor com que arregimenta seus músicos de apoio. Com o tempo, atuou com inúmeros grupos e artistas, entre os quais Heróis da Resistência, Ivan Lins, Lulu Santos, Ritchie e Sergio Dias, só para citar alguns. Desde 1993, o músico carioca se concentra em sua carreira-solo, que acaba de render mais um novo e belo fruto, o álbum Solar, disponível nas plataformas digitais e também em CD.

Duas características marcam este trabalho. Uma é o fato de Alfredo ter a seu lado apenas mais um músico, Widor Santiago, que se incumbe dos sopros (sax e flauta). De resto, temos ele na bateria e também nos teclados, baixos e composições. A outra fica por conta de um mergulho em sonoridades brasileiras, especialmente de ritmos nordestinos, que se misturam ao jazz durante as oito faixas do álbum, com um resultado dos mais agradáveis.

O título Solar, que também dá nome a uma das faixas do disco, é bem feliz para retratar o clima geral deste trabalho. É um álbum para cima, bom de se ouvir, energético, no qual as sutilezas são oferecidas ao ouvinte de forma inteligente, sem cair no formato hermético que por vezes a música instrumental acaba seguindo em função da virtuosidade dos músicos envolvidos. Aqui, tanto Alfredo quanto Widor Santiago solam com categoria e esbanjam técnica, mas sem cair em tecnicismos ególatras.

A faixa Viajante é a mais antiga do repertório, e tem uma história bacana. Ela foi escrita por Alfredo em 1980, atendendo ao pedido de sua mãe, ninguém menos do que a novelista Janete Clair. A música foi gravada originalmente por Dominguinhos e entrou na trilha sonora da novela global Coração Alado (1980-1981). Agora, enfim recebe versão de seu autor. Trata-se de uma espécie de baião, com bela ênfase rítmica e melodia redonda e gostosa. Aliás, vale lembrar que seu pai é o também novelista-e também saudoso- Dias Gomes.

Se a pegada brasileira predomina em Viajante, na faixa título e em Corais, o jazz clima anos 1950 marca a incrível Smoky, enquanto o jazz rock permeia Alta Tensão e Trilhando. Com sotaque latino, El Toreador foi escrita em 1993 para a trilha sonora da peça teatral homônima de Janete Clair. E Finale encerra o CD com classe. No geral, Solar mostra Alfredo Dias Gomes à vontade como músico e compositor, proporcionando ao ouvinte muito prazer auditivo.

Ouça Solar, de Alfredo Dias Gomes, em streaming:

Choro Pra Cinco fará os seus primeiros shows em São Paulo

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Por Fabian Chacur

O choro, ou chorinho, é um dos gêneros mais belos e nobres da música brasileira. Centenário, nunca some totalmente de cena, para felicidade de quem tem bom gosto e sabe escolher boas opções sonoras para curtir. Uma das formações mais bacanas da atualidade nessa praia é o Choro Pra Cinco, de Brasília, que enfim fará suas primeiras apresentações ao vivo em São Paulo, ambas com entrada gratuita. A primeira nesta quinta (14) às 19h no Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, nª 1.000- Paraíso- fone 0xx11-3397-4002) e a segunda nesta sexta (15) às 19h na Galeria Olido (Avenida São João, nª 473- Centro- fone 0xx11-3331-8399).

Criado em 2012 na capital brasileira, o Choro Pra Cinco é integrado por Thanise Silva (flauta), George Costa (violão), Vinícius Magalhães (violão 7 cordas), Pedro Molusco (cavaquinho) e Gabriel Carneiro (pandeiro). Eles tem como principal mérito, além da perfeita coesão instrumental, o fato de mesclarem com inteligência nos shows clássicos do chorinho e da MPB com várias composições próprias, o que dá um sotaque próprio ao seu trabalho.

Essa habilidade está plenamente presente em seu álbum Caminho dos Ventos, disponível em CD e também nas principais plataformas digitais. Este trabalho altamente recomendável traz dez faixas, entre elas as deliciosas Pela Sombra (Thanise Silva), Âncora (George Costa), Antes Que Eu Me Esqueça (George Costa e Vinícius Magalhães), Pergunta Pra Rafa (Vinícius Magalhães), Sutil (Hamilton Costa e Sebastião Tapajós) e É Nessa Que Eu Vou (Rafael dos Anjos).

Nesses sete anos de estrada, o quinteto brasiliense fez vários shows em sua cidade natal e também em Araxá (MG), Curitiba, Recife e, agora, São Paulo. Eles já realizaram duas consistentes turnês internacionais, com direito a shows em locais fechados e ao ar livre e workshops na Alemanha, França, Suíça e Bélgica (veja um registro em vídeo da segunda tour aqui).

Pela Sombra (clipe)- Choro Pra Cinco:

Michel Freidenson e Teco Cardoso releem Luiz Millan e Moacyr Zwarg em DVD e CD

Michel Freidenson, Anna Setton, Luiz Millan e Teco Cardoso - Foto Priscila Prade-400x

Por Fabian Chacur

Formado em medicina com especialização em psiquiatria, Luiz Millan também desenvolveu sua veia musical, estudando piano e violão. Após ver um show do pianista Moacyr Zwarg, não só procurou o músico para elogiá-lo como também quis ter aulas com ele. O aprendizado formal não foi lá essas maravilhas, mas rendeu coisa melhor: uma parceria musical. Nascia ali uma semente que rendeu quase 40 músicas, um CD de estúdio e, agora, um DVD-CD, Dois Por Dois Ao Vivo. Trata-se de um trabalho inusitado, e cuja história é deliciosa, envolvendo fortes amizades e muito talento e emoção. O resultado merece bons elogios.

Pois vamos acrescentar mais informações sobre os eventos que geraram este trabalho. Millan viu que o número de obras compostas por ele e Zwarg era bastante significativo. Aí, surgiu a ideia de registrar uma parte delas, 14, para ser mais preciso, em um CD. Mas o conceito em torno desse trabalho seria diferente. Ao invés de os autores as gravarem, eles convidariam dois outros músicos para interpretá-las. E Millan resolveu convidar um amigo que já havia trabalhado com ele, o pianista, compositor e arranjador Michel Freidenson.

Na estrada desde os anos 1980 com muito destaque, integrante de bandas como a ZonaZul e acompanhando nomes do porte de Hermeto Pascoal, Djavan, Milton Nascimento e outros, além de trabalhos próprios, Freidenson aceitou de imediato o convite do velho amigo, e logo em seguida outro parceiro dele de muitos anos, o flautista e saxofonista Teco Cardoso, entrou no time. Teco integrou o ZonaZul junto com Freidenson, e tocou com Edu Lobo, Hermeto Pascoal, Dori Caymmi, Ivan Lins e Toots Thielemans. Mesmo sem tocar junto há algum tempo, o duo logo viu que continuava entrosado.

O CD Dois Por Dois saiu em 2016, e no dia 25 de agosto daquele mesmo ano foi realizado em São Paulo, no Teatro Espaço Promon, um show de lançamento. O espetáculo traria no palco Freidenson, Cardoso e também a cantora Anna Setton, que participou do álbum na única faixa com vocais do mesmo, a delicada balada Janeiro de 76. Millan apresentou as músicas e tocou piano em um único momento, para acompanhar no piano a leitura do poema Depois de Ouvir o Millan (de autoria de Márcia Salomão) por Marília Pereira Bueno Millan.

Felizmente, surgiu a ideia de gravar, com quatro câmeras e direção do jovem Thales Menezes, a apresentação, mas com o intuito apenas de registrar o evento. O resultado, no fim das contas, ficou tão bom que o lançamento se mostrou inevitável, e é exatamente o que acaba de acontecer, em luxuosa embalagem digipack com direito a encarte caprichado e englobando DVD e CD em um único produto, distribuído pela Tratore e com preço médio de R$ 30,00.

O repertório traz as 14 faixas do CD de estúdio mais o já citado poema e também três canções de Millan compostas com outros parceiros: E O Palhaço Chorou (com Mozar Terra), Entre Nuvens (com Plinio Cutait) e Montparnasse (também com Plinio Cutait). As três, e também Janeiro de 76, são interpretadas em um único bloco no show por Anna Setton, que se mostra à vontade na função, ressaltando as boas melodias e letras de cada faixa.

As músicas da dupla Millan & Zwarg possuem uma delicadeza muito grande, valendo-se de elementos de várias vertentes da música brasileira e com um tempero erudito. A seleção, segundo conta Millan no ótimo making of de 16 minutos contido no DVD, procurou optar por uma diversidade de estilos, com direito a canções, bossa nova e até frevo. O Passar das Horas, Frevo Para Léa (bela homenagem a Lea Freire), Dois Por Dois e Primeiro Amor são destaques de um repertório que flui sem dificuldade.

A parte triste ficou para o fim. No dia 22 de junho de 2017, durante a fase de produção do DVD, Moacyr Zwarg nos deixou, aos 72 anos de idade. Ele aparece tanto no making of (gravado em 2016, após o lançamento do CD de estúdio) como na plateia do show, e este lançamento equivale a uma bela e merecida homenagem a ele, oriundo de uma família de vários músicos (incluindo o pai, Antonio Bruno Zwarg) e com trabalhos ao lado de nomes como Hermeto Pascoal, Fagner, Ednardo, Leny Andrade e Peri Ribeiro, entre outros.

Janeiro de 76 (ao vivo)- Michel Freidenson e Teco Cardoso, com Anna Setton:

Antonio Adolfo grava CD com a ótima Orquestra Atlântica

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Por Fabian Chacur

Antonio Adolfo serve como bom exemplo de como a atividade profissional constante e bem planejada ajuda o ser humano a se manter eternamente jovem e inquieto. Aos 71 anos de idade, este pianista, compositor, arranjador e produtor carioca recusa-se a deitar nos muitos louros de uma carreira impecável, trabalhando bastante e nos proporcionando novos lançamentos. O mais recente é o CD Encontros, que inicia sua parceria com a ótima Orquestra Atlântica.

Habitualmente, o autor do seminal álbum Feito em Casa (1977), marco da produção independente brasileira, costuma ser acompanhado por formações musicais mais compactas. Ele desejava investir em uma parceria corm um grupo maior, e ao ver um show da Orquestra Atlântica, percebeu que ali estava o time capaz de realizar seu desejo.

Na ativa desde 2012 e com um CD no currículo, a Orquestra Atlântica reúne onze músicos do primeiro time, entre os quais Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Marcos Nimrichter (piano e acordeon), Marcelo Martins (sax tenor e flauta) e Jorge Helder (baixo). Sua mistura de música brasileira, sons latinos e jazz se encaixa feito luva nas preferências musicais de Antonio Adolfo, e a parceria se mostrou certeira, levando-se em conta a qualidade deste álbum.

O repertório incluído traz 10 faixas, sendo nove delas composições recentes e antigas de Adolfo (duas delas em parceria com Tiberio Gaspar) e uma, Milestones, um clássico do repertório do mestre do jazz Miles Davis. Além dos músicos da Orquestra Tropical, temos participações especiais de feras do porte de Nelson Faria (violão), Zé Renato (vocalizações) e Leo Amuedo (guitarra), entre outros.

O som criado por eles é uma delícia de se ouvir, conciliando solos divididos generosamente entre os músicos envolvidos, belas melodias e variações rítmicas muito bem concatenadas. A sofisticação se mostra presente, mas sem deixar de lado aquele elemento que nos livra ao mesmo tempo do tecnicismo excessivo e da acessibilidade sem sal e digna do som de elevador. Temos aqui música elaborada e com raro requinte, mas para todos curtirem sem dificuldades.

A rigor, todas as faixas são dignas de serem citadas, mas pegarei apenas algumas como bons exemplos. Partido Samba-Funk, que abre o CD, tem ecos da Banda Black Rio, e energiza o ouvinte logo nos seus primeiros instantes. Capoeira Yá parte do som básico da trilha da capoeira rumo a algo mais consistente em termos musicais, enquanto África Bahia Brasil mergulha com classe e bom gosto em uma fusão afro-brasileira.

Sá Marina, uma das composições de maior sucesso de Antonio Adolfo, é relida com uma verve jazzística/bossa-novista que é um luxo, enquanto Milestones recebe um tempero brazuca, sem no entanto perder a sua essência. Novamente, esse mestre da música brasileira nos mostra como fazer música instrumental boa de se curtir e bem elaborada. Que essa inquietude continue nos proporcionando novos e ótimos trabalhos.

E vale ressaltar um último, porém muito importante, detalhe. As versões físicas em CD dos álbuns de Antonio Adolfo primam pelo bom gosto, com embalagem digipack sempre com capas lindas (a deste novo traz bela ilustração de Bruno Liberati) e com textos nos quais o artista explica sua abordagem musical. Capricho total!

leia mais textos de Mondo Pop sobre Antonio Adolfo aqui.

Encontros- Antonio Adolfo- Orquestra Atlântica (ouça em streaming):

Selo Maritaca comemora seus 20 anos com um show em SP

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Por Fabian Chacur

Em 1997, a flautista, compositora, arranjadora e produtora Léa Freire deu início ao selo Maritaca, gravadora independente especializada em música instrumental. Com mais de 60 lançamentos de alta qualidade em seu catálogo, a empresa celebra seus 20 anos de estrada com um show especial em São Paulo que será realizado nesta sexta-feira (20) às 21h no Auditório Ibirapuera (Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº- Portão 2 do Parque Ibirapuera- fone 0xx11-3629-1075), com ingressos custando R$ 10,00 (meia) e R$ 20,00 (inteira).

Com mais de 40 anos de carreira, Léa é uma guerreira, pois consolidar espaços dedicados ao som instrumental no Brasil é tarefa hercúlea. Sua definição para a vertente sonora que abraçou é das mais inteligentes: “A música instrumental é pra pensar o que você quiser, para sentir o que você quiser, para criar seu próprio enredo”.

A comemoração das duas décadas do Maritaca reunirá um elenco composto por artistas que já gravaram pelo selo, um time repleto de feras da música brasileira que se revezarão no palco durante o espetáculo. Com direção artística a cargo do maestro Felipe Sena, teremos, entre outros, Amilton Godoy, Arismar do Espírito Santo, Filó Machado, Silvia Góes, Quinteto Vento em Madeira (do qual Léa faz parte), Grupo Câmaranóva, Edu Ribeiro e Teco Cardoso.

Nesses anos todos, além de lançar CDs, o selo também comercializou livros de partituras. Outros nomes importantes com trabalhos que fazem parte do acervo da Maritaca são Laércio de Freitas, Bocato, Banda Mantiqueira, Trio Corrente e Théo de Barros. Entre os álbuns mais recentes lançados pela gravadora, vale destacar A Mil Tons, dueto de Amilton Godoy e Léa Freire (leia mais sobre esse trabalho aqui).

Mamulengo– Léa Freire e Amilton Godoy:

Amilton Godoy e Léa Freire e seu show em SP do novo CD

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Por Fabian Chacur

Léa Freire e Amilton Godoy se conheceram quando a primeira era aluna do CLAM (Centro Livre de Aprendizagem em Música), escola da qual o segundo é um dos criadores. Desde então, surgiu uma grande amizade e admiração entre os dois que acaba de gerar um segundo álbum, A Mil Tons. O show de lançamento em São Paulo ocorre nesta terça-feira (15) às 21h no Tupi Or Not Tupi (rua Fidalga, nº 360- Vila Madalena- fone 0xx11-3813-7404), com ingressos a R$ 40,00.

O primeiro álbum em parceria de Léa e Amilton saiu em 2013. Intitulado Amilton Godoy e a Música de Léa Freire, traz apenas composições dela. Nesta segunda experiência, coube ao consagrado pianista assinar todas as composições e arranjos. A formação é na base do piano do autor das músicas com a flauta da parceira. O resultado é um trabalho delicioso que reúne 10 faixas, sendo uma inédita, Três Irmãos, e outras extraídas de várias fases da trajetória de Amilton, incluindo Teste de Som, que o Zimbo Trio tocava nas passagens de som de seus shows.

Amilton Godoy se tornou conhecido no Brasil e no mundo como integrante do Zimbo Trio, que criou em 1964 ao lado de Rubens Barsotti (bateria) e Luiz Chaves (baixo). Uma das grandes referências da música instrumental brasileira, o grupo gravou inúmeros trabalhos e fez shows pelos quatro cantos do planeta. Ele também foi um dos fundadores do CLAM, e desde 2013 lidera o Amilton Godoy Trio, que lançou seu primeiro CD naquele mesmo ano e promete o segundo para breve.

Por sua vez, Léa Freire estudou piano e violão até se envolver com a flauta, instrumento no qual é autodidata. Além de desenvolver uma sólida carreira solo e compor com desenvoltura, ela também é integrante do Quinteto Vento Em Madeira, que acaba de lançar um novo CD, Arraial. Há 20 anos, criou o selo Maritaca, que lançou quase 50 títulos dela e de outros artistas, sempre prezando pela qualidade artística. Ela é parceira da grande Joyce Moreno, que já gravou várias músicas compostas pelas duas.

Caucaia do Alto (ao vivo)- Amilton Godoy e Léa Freire:

Ricardo Vignini lança o novo CD solo com show em Sampa

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Por Fabian Chacur

O paulistano Ricardo Vignini é um dos responsáveis pela ampliação do campo de ação da viola caipira. Esse instrumento, tão fortemente incluído na música brasileira, espalha seus acordes e solos mágicos pelos mais diversos estilos, nas mãos deste músico, também produtor, compositor e produtor. Ele lança o 2º álbum solo, Rebento, com show nesta quinta (20) na comedoria do Sesc Pompeia (rua Clélia, nº 93- Pompéia- fone 0xx11-3871-7700), com ingressos de R$ 6,00 a R$ 20,00.

Com mais de 27 anos de carreira, Vignini gravou cinco CDs com a banda Matuto Moderno, integra o duo Moda de Rock com o violeiro Zé Helder e também lançou em 2010 seu primeiro CD solo, Na Zoada do Arame. Ele participou do ótimo CD Carbono, de Lenine, e acompanhou o brilhante astro pernambucano em sua apresentação no Rock in Rio, em 2016. O músico também leciona viola caipira há 18 anos, e produziu diversos CDs alheios nos últimos 15 anos.

Rebento traz 13 faixas inéditas e autorais, sendo 10 compostas só por ele e outras três com parceiros diversos. Totalmente instrumental, o álbum serve como prova concreta e decisiva de como a viola pode ser utilizada em diversos contextos musicais de forma original e inspirada, passando aqui por country, rock, música brasileira, folk e até rock progressivo, esbanjando versatilidade e com melodias e harmonias concebidas por quem tem bom gosto e talento.

Participam do álbum músicos do altíssimo calibre de Christiaan Oyens (parceiro de Zélia Duncan), Lucio Maia (guitarrista do Nação Zumbi), Ary Borger, Marcos Suzano e diversos outros. No show desta quinta, Vignini terá a seu lado André Rass (percussão), Ricardo Carneiro (violão e guitarra), Sérgio Duarte (gaita), Ari Borger (piano) e Bruno Serroni (violoncelo). O show integra o projeto Plataforma, do Sesc Pompeia.

Ouça o CD Rebento, de Ricardo Vignini, em streaming:

Feito em Casa, clássico LP de Antônio Adolfo, faz 40 anos

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Por Fabian Chacur

Em 1977, cansado de ouvir não dos diretores artísticos de gravadoras, Antonio Adolfo arregaçou as mangas e lançou por conta própria o LP Feito em Casa. Os grandes selos queriam que ele repetisse o seu trabalho anterior , como autor de hits de intérpretes como Tony Tornado e Evinha ou como líder do grupo A Brazuca. Ele queria ir adiante, mesmo fazendo música instrumental e sem se render a fórmulas pré-estabelecidas.

Graças à sua ousadia e ao resultado positivo dessa experiência, a alternativa independente começou a ser uma opção para quem se dedicava a um estilo musical que por ventura não estivesse dentro dos parâmetros do mainstream musical. Os frutos foram incríveis.

Marco na produção independente no Brasil, este álbum foi reeditado posteriormente em CD e em vinil, e é um clássico não só por seu valor histórico, mas também por seu conteúdo musical, com oito faixas instrumentais, uma com vocalizes e duas com letras.

Em entrevista feita via e-mail, o músico, maestro, arranjador e compositor, que completou 70 anos em fevereiro mais ativo do que nunca, recorda como foi sua opção pela independência, e dá detalhes sobre como encarou esse desafio.

Leia mais sobre Antonio Adolfo e sua produção atual aqui .

E leia a resenha de Feito em Casa aqui .

Mondo Pop- Você primeiro gravou o Feito em Casa para só depois procurar as gravadoras, já com tudo pronto. O que o levou a fazer isso? Era uma espécie de premonição em relação ao que viria (a não aceitação por parte delas) ou era dessa forma que você fazia seus trabalhos habitualmente, já naquela época?
Antonio Adolfo
– Não era habitual. Eu vinha de uma temporada de estudos na França (com Nadia Boulanger) e aqui no Brasil (com Guerra-Peixe) entre 1974 e 1976. Compus muito nessa época e acho que aprendi bastante. Cheguei ao Rio e, enquanto estudava com o Guerra, fazia gravações com vários artistas da MPB, jingles, trilhas sonoras etc – eu atuava somente como músico acompanhante, nessas gerações – e ficava ganhando para sobreviver. Costumava gravar muito lá no estúdio Sonoviso – o engenheiro de som (Toninho Barbosa) ficou muito meu amigo e eu comecei a pensar que ali seria um bom estúdio – não muito caro – onde eu poderia gravar algumas músicas minhas Selecionei músicos etc, e resolvi alugar algumas horas do estúdio para gravar. Foi dando tudo certo. Os músicos dando todo o apoio. E a fita (gravação completa) ficou pronta. Resolvi então mostrar ao pessoal das gravadoras, que foram unânimes em recusar. Acho que eles queriam que eu repetisse a fórmula Antonio Adolfo e Tibério Gaspar ou Antonio Adolfo e a Brazuca. Resolvi, então, fazer eu mesmo. Contratei uma fábrica de disco e fiz uma edição pequena. Pedi à gráfica para me vender capas em branco, com cartolina ao avesso, pois criaríamos, eu e amigos, capas uma a uma.. Depois dos 500 primeiros, escolhi uma para matriz.

Mondo Pop- Como você fez para cobrir os custos do álbum na época? Os músicos que participaram do disco receberam algum tipo de cachê ou você contou com o apoio deles sem remuneração imediata?
Antonio Adolfo
– Eu tive que vender um carro, e ganhava dinheiro nas gravações e também algum direito autoral. Assim, dava pra eu viver com minha família e sobrou para a gravação. Os músicos me deram a maior força e acho que só precisei pagar alguns. Esse tipo de atitude entre os colegas músicos é fundamental, já que com o restante da produção, geralmente, não tem “colher de chá”.

Mondo Pop- Fale um pouco da forma como você realizou as vendas. Tinha uma equipe? Conseguiu colocar em todo tipo de loja ou se concentrou nas de menor porte?
Antonio Adolfo
– Cheguei a colocar anúncio no jornal para conseguir vendedores: “gravadora nova precisa de vendedores etc” ou coisa assim. E apareceram vários candidatos. Só um tinha experiência nessa área, e me ajudou muito. Mas como o disco não era um hit, ele foi pra outra. E eu tive que criar coragem e vender de loja em loja. Foi aí que o Tim Maia me deu umas dicas, pois já havia feito coisa semelhante com o Tim Maia Racional. Passou muita informação das lojas e explicou como fazer, mas ele mesmo não estava mais nessa. A imprensa começou a apoiar o disco e fui convidado pra fazer o Fantástico na TV Globo. Aí as coisas começaram a mudar, pois já estava vendendo nas lojas e o LP ganhou força. Mas o que me ajudou muito mesmo a vender foram os shows.

Mondo Pop- Você levava os discos para vender nos shows. Tem ideia de quantos exemplares conseguiu comercializar dessa forma? E quantas cópias, mais ou menos, no total, você vendeu de Feito em Casa naquela época? E tem ideia de quanto venderam os relançamentos em CD (pela Kuarup) e LP de vinil (pela Polysom)?
Antonio Adolfo
– Fiz vários shows, sendo que os Seis e Meia, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, eram um sucesso. E vendia, às vezes, 100 discos após o show que fazia em parceria com o Cesar Costa Filho. Daí por diante, fui combinando vendas em lojas e em show. E o disco chegou a vender 20 mil copias. Um sucesso, principalmente por se tratar principalmente de disco instrumental. O Feito em Casa foi meu best seller. Na Kuarup vendia bem menos e na Polysom (reedição do Feito em Casa) também. Acho que porque não estava fazendo muitos shows nessa época. É bem comum vender muitos discos em shows. É onde se vende maior quantidade de discos físicos no momento.

Mondo Pop- Das onze faixas do álbum original, duas tem letras e uma traz vocalizações. Como surgiu a ideia de incluir essas faixas, e qual o critério usado por você para escalar as cantoras Joyce e Málu para interpretá-las?
Antonio Adolfo
– Nunca fui muito de escrever letras. Mas gostava da canção , que a Málu interpretou. Gosto de música cantada também, mesmo que sem letra. Veja o exemplo da faixa Acalanto que a Joyce gravou. E teve a Aonde Você Vai, que eu mesmo me atrevi a cantar.

Mondo Pop- O repertório traz obras compostas entre 1972 e 1976. Quais foram as principais influências musicais ou mesmo não musicais que você teve para cria-las?
Antonio Adolfo
– Eu vinha de um momento muito tranquilo, quando só estudava, fazia yoga, Aikido, macrobiótica, lia Krishnamurti etc. Acho que essa combinação resultou naquele som. No entanto, no meu terceiro disco, Viralata, eu já havia me modificado um pouco e “suinguei” mais (risos).

Mondo Pop- Eu era adolescente na época, e conheci a faixa Aonde Você Vai? ouvindo-a em uma emissora de rádio. Conte como foi para conseguir que essa e outras faixas entrassem em programações de rádio?
Antonio Adolfo
– A melodia e a letra eram bem simples. E eu era conhecido do pessoal de radio por causa dos hits dos anos 67 a 70 (n da r.: BR 3, Teletema, Juliana e inúmeras outras). Então, comecei a ir também às emissoras de radio e conversar com os programadores, que escolheram essa faixa, por ser a mais “comercial”. Ia também às redações dos jornais e revistas. Isso, no Brasil inteiro.

Mondo Pop- Como foi a turnê de divulgação do álbum? Quantos shows você fez , mais ou menos, e como foi a recepção do público?
Antonio Adolfo
– Viajei o Brasil inteiro. Quando o local do show era mais próximo ao Rio, ia de carro – tinha uma Belina na época, e colocava meu piano elétrico e muitos LPs nela. Quando era mais longe, tipo Belém e Nordeste, ia de avião. Entrava em contato com os diretórios acadêmicos, estações de radio e jornais e ia me aproximando dos artistas locais Conheci muita gente, e esses encontros foram maravilhosos. Fiz shows por todo o país. Fiz também turnês com meu grupo e, a partir de algum momento, o Projeto Pixinguinha. Foi tudo maravilhoso e na hora certa.

Mondo Pop- Aonde Você Vai tem você como vocalista principal. Como surgiu a ideia de você mesmo cantá-la? Cogitou convidar alguém para interpretá-la antes ou desde o começo pretendia fazer isso você mesmo? Pensa em repetir a experiência?
Antonio Adolfo
– Não gosto de cantar. Prefiro tocar piano.

Mondo Pop- A letra de Aonde Você Vai? soa extremamente atual, 40 anos após o seu lançamento. Como você encara isso?
Antonio Adolfo
– Não tinha reparado isso. Talvez outro cantor (ou cantora) pudesse gravá-la novamente. Não eu, pois não gosto de cantar.

Mondo Pop- Nos últimos 40 anos, as grandes gravadoras entraram em parafuso, e hoje perderam muito do seu poder e do seu tamanho. Como você vê esse estado de coisas? Seria a vitória da música independente? Ou foi só incompetência deles mesmo?
Antonio Adolfo
– Foi uma modificação toda do mercado, assim como a tecnologia, a internet etc. Naquela época em que comecei, os meios de produção estavam nas mãos das gravadoras. Depois, a coisa foi mudando. Hoje com a internet, temos inúmeras possibilidades e os autoprodutores foram aumentando. As gravadoras, que ficaram paradas de certa forma, acabaram virando, ou distribuidoras ou empresárias de artistas. A produção delas é bem pequena se comparada à independente. Na verdade, eles não tinham como enfrentar essa avalanche da transformação. Você vê que a Internet, hoje em dia, está até penetrando mais do que a midia tradicional (rádio, TV, jornais impressos).

Mondo Pop- Você é um artista inquieto, sempre buscando novos projetos. Mesmo assim, pensa em fazer algo para comemorar esses 40 anos do Feito Em Casa? Hoje muitos artistas celebram essas efemérides com shows tocando o repertório do trabalho em questão na íntegra. Pensa em fazer isso eventualmente?
Antonio Adolfo
– Não penso em fazer mais do que aguardar um reconhecimento como o seu. Acho que se eu ficar recordando o passado, vou bloquear os novos lançamentos, que estão me dando o maior gás e força pra continuar produzindo e divulgando internacionalmente o meu trabalho.

Mondo Pop- Uma última curiosidade: esse Peninha que aparece nos créditos de músicos que participaram do álbum é aquele mesmo que depois integraria o Barão Vermelho e que nos deixou há alguns meses?
Antonio Adolfo
– Sim, havia ele, que gravava muito comigo quando eu fazia arranjos pra terceiros e o Ariovaldo Contesini também. Os dois na percussão.

Ouça Feito em Casa em streaming:

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