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Rita Lee tem Build Up de volta em um vinil azul marmorizado

rita lee build up 400x

Por Fabian Chacur

Aos poucos, a gravadora Universal Music tem feito relançamentos luxuosos em vinil da discografia de Rita Lee. Processo, vale registrar, cujo início foi bem antes da sua prematura partida, no último dia 8 de maio. Desta vez, o álbum escolhido é Build Up, que em 1970 equivaleu ao primeiro item da cantora e compositora paulistana como artista-solo, quando ainda era integrante dos Mutantes.

Duas particularidades certamente deixarão os colecionadores bastante a fim de adquirir essa reedição do álbum inicial da querida e saudosa Tia Rita. Uma é o fato de o LP ter uma prensagem em vinil azul marmorizado. A outra é resgatar a capa dupla da ínfima primeira tiragem original do LP, que em todas as reedições posteriores viria sempre com uma capa simples.

A faixa mais conhecida deste trabalho é José, versão em português assinada por Nara Leão para Joseph, do saudoso cantor e compositor grego radicado na França Georges Moustaki (1934-2013), que tocou bastante em rádios. Outro destaque é uma releitura bem roqueira de And I Love Her, dos Beatles.

Saiba mais sobre esse relançamento aqui.

José (Joseph)– Rita Lee:

Tom Zé tem seu 2º LP relançado em vinil pela Polysom-Som Livre

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Por Fabian Chacur

Há 50 anos, Tom Zé lançou o seu segundo álbum, autointitulado. O trabalho ajudou a firmar de forma decisiva o nome do cantor, compositor e músico baiano no cenário musical brasileiro como um dos grandes expoentes do movimento tropicalista. Como forma de resgatá-lo, a Polysom, em parceria com a gravadora Som Livre, está relançando este importante disco, integrando sua badalada série Clássicos em Vinil, no melhor estilo LP de 180 gramas.

O relançamento está sendo feito em grande estilo, com reprodução na íntegra dos encartes que acompanhavam o álbum em 1970, incluindo até uma reclamação do artista por ainda não ter, naquela época, recebido da prefeitura de São Paulo o prêmio referente ao festival que venceu dois anos antes com São, São Paulo, um dos maiores sucessos do seu belo songbook.

O repertório traz como destaques as incríveis Jimmy Renda-se e Qualquer Bobagem, esta última uma composição dele em parceria com os Mutantes. Outras faixas bem bacanas são Jeitinho Dela e Passageiro, em um disco que teve direção artística de João Araújo (o pai do saudoso Cazuza) e arranjos assinados por Chiquinho de Moraes, Lagna Fietta e Capacete.

Além de Tom Zé (1970), a Polysom já relançou outros títulos bem bacanas do genial filho mais conhecido da cidade de Irará: Tom Zé-A Grande Liquidação (1968), Tom Zé- Se o Caso é Chorar (1972), Todos os Olhos (1973), Estudando o Samba (1976) e Correio da Estação do Brás (1978).

Ouça Tom Zé (1970) na íntegra em streaming:

Lulu Santos e o seu divertido CD com músicas de Rita Lee

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Por Fabian Chacur

Baby Baby!, novo álbum de Lulu Santos, está sendo lançado nesta sexta-feira (20) pela Universal Music no formato CD e também nas plataformas digitais. Trata-se do amplamente divulgado trabalho no qual o cantor, compositor e guitarrista carioca relê 12 músicas de Rita Lee. A homenageada já teceu belos elogios ao colega em seu perfil no Facebook: “Minha vontade é pegar esse menino no colo e encher de beijinhos e carinhos sem ter fim. Gracias muchissimas, mi amor”.

Com 64 anos de idade e na estrada musical desde a década de 1970, Luiz Mauricio Pragana dos Santos já passou por todos os estágios possíveis na carreira. Integrou banda de rock progressivo (Vímana, com Lobão e Ritchie), estourou como artista solo na cena pop-rock dos anos 1980, reinventou-se com pegada dance/r&b nos anos 1990 e dessa forma voltou às paradas de sucesso, sumiu dos charts nos anos 2000, virou em 2012 jurado do reality show musical The Voice…

A essa altura dos acontecimentos, esse cara pode se dar ao luxo de fazer o que quiser, ou nem fazer nada, se for o caso. Seus discos de inéditas deste século passaram batidos, alguns injustamente. Ele os mesclou com trabalhos ao vivo, ou mesmo um só de releituras, Lulu Santos Canta & Toca Roberto e Erasmo (2013). Ao ler Rita Lee- Uma Autobiografia, teve a ideia de gravar este Baby Baby!, uma boa ideia, afinal de contas.

O repertório do disco, cujo título saiu do quase refrão de uma das faixas escolhidas, Ovelha Negra, tem como pontos extremos em termos cronológicos Fuga Nº II (de 1969, dos Mutantes) e Paradise Brasil (única mais recente, de 2015, do álbum Reza). As outras dez são dos anos 1970 e 1980, fase áurea da eterna Rainha do Rock Brasileiro. Nada de lados B, é um hit atrás do outro.

Com arranjos simples e que não descaracterizaram as melodias, Lulu nos oferece um recital leve e descontraído, sem aparente pretensão de criar versões definitivas de cada uma dessas canções. A impressão que temos é de ele ter se divertido bastante ao gravar este álbum, no qual se vale de poucos músicos de apoio e uma infraestrutura enxuta e coesa.

Lógico que não é fácil reler composições de Rita Lee, que costuma ser a melhor intérprete daquilo que escreve. Normalmente, com raras exceções, as versões definitivas de suas musicas levam sua voz. Mas vale o comentário feito para mim pelos integrantes do grupo Roupa Nova, em 1999, quando lançaram Agora Sim!, no qual reliam músicas de seu próprio repertório: “Essas novas versões não invalidam as anteriores”.

É bem por aí. Em alguns momentos, Lulu chega perto, como em Baila Comigo, Fuga Nº II, Caso Sério e Mania de Você. Em outros, não deu muito certo, como exemplificam Ovelha Negra, Agora Só Falta Você e Mamãe Natureza. Mas, no geral, Baby Baby! é extremamente bom de se ouvir como um todo. Nada para se levar muito a sério, ou para se endeusar. É só música boa, cantada por um craque do pop-rock brasileiro em um momento no qual ele só quer saber de se divertir. E consegue nos divertir, também. Tá ótimo!

Baila Comigo (lyric video)- Lulu Santos:

Polysom relança em vinil fase progressiva dos Mutantes

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Por Fabian Chacur

Após ter lançado uma caixa com seis LPs da fase dos Mutantes com Rita Lee, a Polysom agora completa a discografia anos 60/70 da banda paulistana no formato bolachão colocando nas lojas versões em vinil de 180 gramas com prensagem premium e remasterizadas dos álbuns Tudo Foi Feito Pelo Sol (1974) e Ao Vivo (1976), discos que na época saíram com o selo da Som Livre, a gravadora global. São trabalhos muito interessantes.

Tudo Foi Feito Pelo Sol marca o início de uma nova era do grupo, que mantinha de sua escalação clássica apenas Sergio Dias (guitarras, violão, sitar e voz), agora acompanhado por Túlio Mourão (piano, órgão Hammond, Minimoog e voz), Antonio Pedro de Medeiros (baixo e voz) e Rui Mota (bateria, percussão e voz). Com sete faixas, o álbum marca a adesão dos músicos ao rock progressivo na melhor tradição de Yes, Emerson Lake & Palmer e outros, e vendeu na época 30 mil cópias, a melhor marca da história desses roqueiros.

Ao vivo trouxe mais novidades, com as saídas de Antônio Pedro e Tulio Mourão. O quarteto agora era integrado por Sergio Dias (guitarras, violão, sitar e voz), Paul de Castro (guitarra e violino), Luciano Alves (teclados) e Rui Mota (bateria, percussão e voz). Ao contrário do que se poderia esperar, o disco gravado ao vivo no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro trouxe 12 faixas inéditas, sem canções antigas.

Tudo Foi Feito Pelo Sol- Os Mutantes (LP em streaming):

Mutantes Ao Vivo- Os Mutantes (LP em streaming):

Caixa com álbuns clássicos do grupo Mutantes sai em breve

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Por Fabian Chacur

Está prevista para sair no dia 29 de julho uma caixa dedicada a um dos grupos mais importantes da história do rock brasileiro, os Mutantes. A compilação reúne os álbuns lançados pela banda em sua fase áurea, entre 1968 e 1972, mais o póstumo Tecnicolor (gravado em 1970 mas lançado apenas em 1999) e uma coletânea contendo raridades e colaborações do grupo com outros artistas.

Os discos de carreira incluídos no pacote são Os Mutantes (1968), Mutantes (1969), A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado (1970), Jardim Elétrico (1971) e Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets (1972). Tecnicolor só saiu em 1999 e foi gravado na Europa em 1970.

A coletânea Mande Um Abraço Pra Velha, criada especialmente para integrar esta caixa, mescla gravações raras lançadas em compactos de vinil a colaborações da banda com artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil. As faixas são: Domingo no Parque, Canção Pra Inglês Ver/Chiquita Bacana, Ando Meio Desligado (versão compacto), The Rain The Park And Other Things, Cinderella Rockfella, Glória Ao Rei Dos Confins do Além, Baby, Saudosismo, Marcianita, A Voz do Morto, Lady Madonna, Mande Um Abraço Pra Velha e Ando Meio Desligado.

Ouça Mande Um Abraço Pra Velha, com os Mutantes:

Um show loki do lendário Arnaldo Baptista

Por Fabian Chacur

Existem shows musicais que deveriam ter um aviso ao público. Algo assim: só para iniciados. São apresentações que exigem de quem as vê tolerância, mente aberta e a certeza de que não irão ver um espetáculo convencional. Um bom exemplo desse tipo de apresentação foi a realizada nesta fria noite de quinta-feira (29) por Arnaldo Baptista no Sesc Vila Mariana (SP), com casa cheia.

Todos conhecem a trajetória deste lendário cantor, compositor e músico paulistano. Primeiro, integrante dos Mutantes em seus anos de ouro. Depois, carreira solo, breve período com o Patrulha do Espaço, precoce e horrível flerte com a morte do qual escapou no início dos anos 80, mas com sequelas… Veja o documentário Loki e entenda como foi duro para ele sobreviver e seguir em frente. Barra Lúcifer perde!

Graças a Deus, ele está aí, tocando ao vivo, gravando, fazendo exposições com suas pinturas. Mas o Arnaldo Baptista de hoje guarda uma boa distância daquele que cativou a todos nos anos 60 e 70. E ver um de seus shows atualmente mostra isso de forma brutal. Você sabe estar diante de alguém com menos de 50% do potencial físico e musical de antes. Mas, ainda assim, muito interessante e com muito a dizer, do seu jeito.

Sua performance no Sesc Vila Mariana atendeu as expectativas. Voz e piano, vestindo aquela blusa dourada que virou sua marca nessa fase, ele ainda mostra habilidade nos teclados, com passagens intrincadas, harmonias e arranjos bem diferentes para as canções que toca e voz bem mais crua e distante dos bons tempos, mas ainda assim reconhecível de imediato. Ainda é ele, apesar dos pesares, o que não é pouco.

O repertório traz alguma coisa da carreira solo, como Cê Tá Pensando Que Eu Sou Loki?, algo dos Mutantes, entre elas Balada do Louco (que abriu o show), e muitas músicas que a maioria nunca associaria ao músico. Que tal Rocket Man e Skyline Pigeon, de Elton John? Ou Take It To The Limit, dos Eagles? Ou ainda Lampião de Gás, eternizada na voz de Inezita Barroso?

E teve mais, tipo Yesterday (Beatles), Blowin’ In The Wind (Eduardo Suplicy, digo, Bob Dylan), Down By The Riverside, Sweet Georgia Brown, Honky Tonk Women e um pot-pourry que eu apelidaria de “azedo”, pelo fato de juntar Lemon Tree (Pete Seeger) e Meu Limão Meu Limoeiro (Jorge Ben). Também tivemos inéditas e temas instrumentais. Cada música não durava mais do que três ou quatro minutos.

Após cada música, Arnaldo soltava um obrigado antes mesmo de os aplausos surgirem (e eles surgiram, felizmente). A plateia teve total respeito pelo artista, e curtiu o show, que tinha no palco pétalas de rosas e a projeção de imagens de algumas das obras do ex-mutante, com efeito simples, porém muito compatível com o que estava sendo apresentado pelo músico.

Com uma hora de duração, o show de Arnaldo Baptista é daquele tipo de espetáculo que o público médio certamente não suportaria, graças a sua imprevisibilidade e total ausência daqueles parâmetros habituais em espetáculos musicais mais populares. Mas quem vai vê-lo prevenido certamente sairá de lá feliz por poder partilhar momentos musicais peculiares com um verdadeiro sobrevivente em todos os aspectos possíveis. Valeu, Loki do bem!

Ouça Será Que Eu Vou Virar Bolor, com Arnaldo Baptista, clipe dos anos 70:

Mutantes formação 1974 voltam em dezembro

Por Fabian Chacur

A formação 1974-1976 dos Mutantes voltará a se apresentar ao vivo em dezembro como principal atração do festival Psicodália 2013-Festival de Ano Novo. O evento será realizado na Fazenda Evaristo, na cidade de Rio Negrinho, em Santa Catarina.

O grupo incluirá como grande atração em seu set list a execução, na íntegra, do álbum Tudo Foi Feito Pelo Sol (1974), que marcou a adesão da banda ao rock progressivo, abandonando o psicodelismo roqueiro e tropicalista dos tempos de Rita Lee e Arnaldo Baptista.

A escalação da banda naquele período incluía o fundador Sérgio Dias (guitarra e vocal), Túlio Mourão (teclados, tocou depois com Milton Nascimento e outros), Antonio Pedro (baixo, depois da Blitz) e Rui Motta (bateria, tocou com Ney Matogrosso, Sá & Guarabira, Veludo Elétrico, Sociedade Anônima e outros).

Segundo depoimento de Sérgio Dias ao site do evento, os quatro músicos estão ansiosos pelo reencontro, que deve ser intensificado mais para o fim do ano, quando os músicos se encontrarão na casa de Antonio Pedro para ensaiar. Ele também diz que Tudo Foi Feito Pelo Sol foi gravado em um único take, e acabou sendo o disco mais vendido da carreira da banda, além de gerar um grande número de shows pelo Brasil.

O show será realizado em 30 de dezembro, no terceiro dia do festival, programado para ocorrer entre 28 de dezembro a 2 de janeiro de 2013. Mais informações no site www.psicodalia.mus.br . Outra atrações já confirmadas são Blues Etílicos, Hermeto Pascoal, Confraria da Costa e Vlad D, entre outros. O evento inclui música, teatro, cinema e temas ligados à ecologia e saúde.

Ouça Tudo Foi Feito Pelo Sol, com os Mutantes, na íntegra:

Tropicália disseca Tropicalismo com maestria

Por Fabian Chacur

De todos os movimentos ocorridos na história de nossa riquíssima música popular, o Tropicalismo certamente segura o estandarte de o mais polêmico, influente e original. Mais de 40 anos após seu surgimento nos efervescentes anos 60, esse importante capítulo de nossa cultura permanece relevante e atraindo as atenções gerais.

Tropicália, documentário dirigido pelo experiente e competente Marcelo Machado, estreará nos cinemas paulistanos nesta sexta-feira (14) com a missão de oferecer ao público a oportunidade de conhecer melhor o que representa essa palavra de sonoridade agradável e imediatamente associada ao nosso “País Tropical abençoado por Deus”, como diria Jorge Ben.

O principal mérito da produção é conciliar, de forma inteligente e impecável, uma apresentação fluente do Tropicalismo oferecida a quem não o domina e a busca por elementos inéditos ou pouco divulgados para satisfazer quem conhece o tema de forma mais apurada.

Sem cair em um didatismo que poderia tornar o filme enfadonho, Tropicália proporciona ao espectador uma visão abrangente do movimento que ajudou a quebrar as barreiras entre estilos musicais e culturais até então considerados opostos. Graças ao Tropicalismo, rock, bossa nova, bolero, música erudita de vanguarda e jazz (para citar apenas alguns gêneros musicais) puderam dialogar em um mesmo contexto de forma livre e ousada.

Para contar essa história, Machado e sua equipe mergulharam em pesquisas que resgataram registros inéditos ou raríssimos por aqui de momentos importantes dos artistas envolvidos. Caetano Veloso e Gilberto Gil, por exemplo, aparecem dando entrevista a uma emissora de TV portuguesa em 1969, e em Londres em meio a seu exílio imposto pela Ditadura Militar.

Os cantores também são flagrados em uma desconhecida por muita gente participação no palco do mitológico festival da Ilha de Wight, na Inglaterra, evento que também incluiu figuras mitológicas como Jimi Hendrix, The Who, Miles Davis e The Doors, entre outros. Caetano e seus parceiros cantam Shoot Me Dead. De arrepiar.

Além dessas cenas garimpadas nos mais diversos arquivos, também temos entrevistas atuais com Caetano, Gil, Tom Zé, Gal Costa, Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e outros protagonistas do Tropicalismo. Em alguns momentos, o filme mostra Caetano, por exemplo, vendo algumas daquelas cenas raras e interagindo com elas.

Lógico que a música come solta durante os 82 minutos de duração do filme, entre as quais uma interpretação ao vivo simplesmente arrasadora de Back In Bahia, um dos clássicos composto por Gil e relacionado a seus dias de exílio londrino.

Tropicália é um documentário essencial para quem deseja entender os caminhos da música brasileira nessas décadas todas. Não vejo a hora do lançamento em DVD, principalmente se tivermos extras aproveitando material que ficou de fora da edição final. Deve ter muita coisa boa adicional nessa geleia geral pesquisada pela troupe da Bossa Nova Filmes.

Veja o trailer de Tropicália, de Marcelo Machado:

Balada do Louco vira Melô da Cerveja

Por Fabian Chacur

Está sendo veiculado atualmente na mídia, com grande destaque, um comercial de conhecida marca de cerveja. Nela, eles tentam mostrar a paixão do torcedor de futebol pelo esporte, e também pelas chamadas louras geladas.

Até aí, tudo bem. Cada um vende seu produto do jeito que achar melhor. O que de certa forma me entristeceu foi ouvir a música que utilizaram como trilha sonora para este ode ao futebol e às bebidas alcoólicas.

Balada do Louco, composta por Arnaldo Baptista e Rita Lee, lançada no álbum Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets (1972) é a mais nova vítima da transformação de uma belíssima canção popular em mero jingle.

Agora, esse canção maravilhosa, que tem como tema essa tênue distância entre loucura e sanidade, que frequentemente é definida por critérios subjetivos demais, será por um bom tempo associada a um produto específico.

Isso já aconteceu com inúmeros clássicos da música, como Imagine e Revolution, por exemplo, e também com canções que nem bem entraram nas paradas de sucesso e já viraram trilha sonora para vencer coisinhas, como a recente Ai Se Eu Te Pego, sucesso na voz de Michel Teló.

Creio que tem dois pensamentos gerados por isso. O primeiro é o fato de uma música deixar de ser uma obra de arte e virar um mero e desvalorizado produto comercial, tendo seu conteúdo banalizado ao ser associado a comerciais.

O outro é tirar espaços para a criação de novos jingles publicitários, que tantos empregos proporcionaram a tantos músicos mundo afora, e que imagino ser o tipo de trilha ideal para anúncios. E muitas obras-primas já foram feitas com esse intuito.

Estaria eu, em pleno 2012, caindo no erro do politicamente correto? Será que os autores desta música (no caso, Rita e Arnaldo) não tem o direito de darem à sua criação o uso que lhes der na telha, se forem devidamente pagos por isso? Sei lá. Acho que estou sendo idealista demais. Enfim, é a minha opinião. Mais louco é quem me diz. E eu sou feliz com ela!

Balada do Louco, com os Mutantes, ao vivo no Parque da Independência (SP) em 25.1.2007:

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