Mondo Pop

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Idina Menzel faz parceria com Nile Rodgers no single Paradise

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Por Fabian Chacur

Idina Menzel é uma cantora, atriz e compositora norte-americana que ficou conhecida mundialmente ao fazer a voz original da animação Frozen (2013) e gravar o megahit oriundo dessa trilha sonora, Let It Go. Ela acaba de lançar o seu 1º álbum em quatro anos, Drama Queen, e traz como faixa de destaque um dueto certeiro com um dos grandes craques da música pop de todos os tempos.

A irresistivelmente dançante Paradise tem como principal tempero a fantástica guitarra rítmica do genial Nile Rodgers, conhecido pelo seu trabalho com o seu grupo, o Chic, e também por ter emprestado o seu imenso talento a nomes do porte de David Bowie, Diana Ross, Madonna e Carly Simon, entre inúmeros outros. E a dobradinha deu um belo match. Uma das melhores faixas para as pistas do ano.

Dona de um vozeirão que a tornou uma estrela nos musicais teatrais a partir de 2005 com Rent, Idina, que na TV ficou conhecida atuando na série Glee, teve o bom senso de dosar essa potência vocal e dar ênfase ao apelo dançante, tornando Paradise certeira. E Nile na guitarra sacode até segurança da coroa britânica.

Paradise– Idina Menzel e Nile Rodgers:

Rozzi lança Consequences, com a participação de Nile Rodgers

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Por Fabian Chacur

Rozzi é uma cantora e compositora norte-americana que aos poucos vai crescendo no cenário musical pop. Tem vários atrativos: é muito bonita, tem presença cênica, bagagem musical e, melhor de tudo, canta que é uma maravilha. A nova amostra fica por conta de Consequences, single dançante com tempero rocker que conta com a participação mais do que especial do grande Nile Rodgers na guitarra.

Com formação musical formal, Rozzi Crane (nascida em San Francisco, California, em 2 de maio de 1991) foi backing vocal para artistas como Don Henley e Sergio Mendes ainda nova. Em 2012, foi contratada pelo vocalista do grupo Maroon 5, Adam Levine, para o selo da banda, no qual lançou EPs. Ela também abriu e participou de shows da banda e também de Come Away To The Water (ouça aqui), faixa da banda incluída em 2012 em um dos filmes da franquia de filmes Jogos Vorazes.

Seu primeiro álbum completo, Bad Together, saiu em 2028, quando seu relacionamento com Levine já havia acabado. Ela também trabalhou com astros da música atual do porte de Kendrick Lamar e Pusha T., entre outros. Consequences é uma das seis faixas de seu novo EP, Berry, que inclui também a faixa Fflow, balada vigorosa que tem clipe disponível (veja aqui). Outra faixa bacana da moça é I Can’t Go To The Party (ouça aqui).

Consequences– Rozzi e Nile Rodgers:

Nile Rodgers volta a trabalhar com a cantora Sheila B Devotion

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Por Fabian Chacur

Além do fantástico trabalho feito com seu próprio grupo, o Chic, o genial Nile Rodgers traz como marca as inúmeras colaborações bacanas com outros artistas. Em 1980, por exemplo, ele produziu e compôs o repertório do álbum King Of The World, da cantora francesa Sheila (na época conhecida como Sheila B Devotion). Pois agora, 41 anos depois, eles voltam a trabalhar juntos em uma das faixas do novo álbum da estrela pop da terra de Charles Aznavour, Venue D’Ailleurs, infelizmente sem previsão de lançamento no Brasil.

Intitulada Law Of Attraction, a música é um petardo dançante, composto por Nile (que se incumbe de sua marcante guitarra rítmica) em parceria com Jerry Barnes, Melissa Sanley e Alex Forbes. O álbum também traz outra participação ilustre, a do cantor e baixista Jason Scheff, que integrou o grupo Chicago entre 1985 e 2016 ocupando a vaga de Peter Cetera.

A nova parceria de Sheila e Rodgers é uma boa sucessora da faixa mais destacada do álbum King Of The World, a simplesmente espetacular Spacer (ouça aqui), uma das melhores composições do guitarrista com seu saudoso parceiro de Chic, o não menos brilhante Bernard Edwards.

Annie Chancel ganhou o seu nome artístico em 1963 ao gravar uma versão em francês do hit Sheila, do americano Tommy Roe. Ela começou a gravar em inglês em 1977, e antes da parceria com Nile Rodgers emplacou hits nas pistas de dança com a releitura disco de Singin’ In The Rain (interpretada por Gene Kelly em 1952 no filme Cantando na Chuva) e a quase roqueira You Light My Fire, ambas com boa repercussão no Brasil.

Vale o registro: quando começou a cantar em inglês, Sheila inicialmente se valeu de um trio de dançarinos que se intitulava B Devotion. Especialmente na França, seus discos eram creditados a Sheila & B Devotion, mas na maioria dos outros países (incluindo o Brasil) seu nome aparecia como Sheila B Devotion, como se fosse um sobrenome.

Law Of Attraction– Sheila feat Nile Rodgers:

Risqué (1979), o álbum que marca o auge do Chic de Nile Rodgers

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Por Fabian Chacur

Em 1979, a disco music era a galinha dos ovos de ouro da indústria fonográfica. O gênero musical que surgiu e se desenvolveu durante a década de 1970 atingiu o auge de sua popularidade após o estouro de Os Embalos de Sábado à Noite (Saturday Night Fever-1977). O filme estrelado por John Travolta e com trilha sonora encabeçada pelos Bee Gees rapidamente se tornou um fenômeno cultural e comercial. Todos queriam faturar em cima daquele modismo contagiante e inovador.

O resultado foi uma verdadeira overdose de lançamentos dedicados ao gênero a partir daquele momento, com uma significativa aparição de oportunistas tentando surfar naquela onda que gerava milhões de dólares.

Isso acabou levando muita gente a confundir esses picaretas aproveitadores com os artistas de verdade que estavam desenvolvendo trabalhos incríveis dentro desse conceito de música criado para proporcionar diversão, alegria e te fazer dançar até não poder mais. Abra suas asas, solte suas feras…

Se por um lado essa saturação atingiu o seu auge naquele ano, do outro tínhamos uma legião de ressentidos, boa parte deles roqueiros brancos que não conseguiam aceitar que aquele amontoado de negros, gays e pobres tomasse conta dos holofotes, afastando das paradas de sucessos os seus ídolos.

Roqueiros ressentidos reagem da pior forma possível

Era preciso dar um basta naquilo, pensavam (?) esses acéfalos. E, como costumeiramente ocorre nesse tipo de situação, alguém surge com uma ideia que, posta em prática, vira o estopim de uma reação ignorante e violenta.

O DJ, roqueiro e humorista americano Steve Dahl foi demitido da rádio na qual trabalhava, em Chicago, pela mudança de direcionamento musical da emissora, que largou o rock para mergulhar na disco music. A partir dali, Dahl se tornou uma espécie de “inimigo nº 1” do gênero.

E foi dessa cabeça oca que surgiu a “brilhante” ideia de promover a destruição pública de LPs e compactos dos artistas disco. O auge desse projeto do mal teve como palco o estádio Comiskey Park, em Chicago, no intervalo de uma partida de baseball entre o Chicago White Socks e o Detroit Tigers.

Um marco de ignorância e intolerância

O evento, intitulado Disco Demolition Day, ocorreu no dia 12 de julho de 1979, que merece constar nos calendários como um dos acontecimentos mais vergonhosos da história da cultura pop de todos os tempos.

Em determinado momento da “festa”, um engradado lotado de discos foi explodido, gerando um grande tumulto e ganhando manchetes em toda a imprensa. “Disco Sucks” (disco music é uma merda, em tradução livre) era o slogan que esses imbecis usavam, em camisetas e bottoms.

O objetivo dessa horda de homofóbicos e racistas não foi atingido logo de imediato, mas a Disco Demolition Day conseguiu alastrar nos meses seguintes um sentimento de medo entre as pessoas, e em especial nas gravadoras.

Em sua excelente autobiografia Le Freak (2011), Nile Rodgers, o líder da banda Chic relembra uma festa da qual participou promovida pela revista Cash Box, algum tempo após aquela cerimônia de ódio, na qual um espaço com pista de dança dedicado à disco music permaneceu vazio durante toda a noite.

Aos poucos, ninguém queria ser associado à disco music. Ser considerado um artista disco era quase uma maldição. E todos os artistas ligados ao gênero passaram a ser postos de lado. Entre eles, Nile e sua seminal banda.

Sucesso que nem o preconceito conseguiu derrubar

Foi nesse contexto tumultuado, no dia 30 de julho de 1979, 18 dias após o show de horrores promovido por Dahl e seus idiotas, que Risqué, o terceiro álbum do Chic, chegou às lojas de discos.

Esse trabalho tinha a dura missão de suceder o esplêndido C’Est Chic (1978), que emplacou os megahits Le Freak e I Want Your Love e tornou a banda americana um grandioso sucesso nos quatro cantos do planeta, Brasil incluso (eles fizeram shows por aqui, na época).

A primeira faixa a ser extraída do disco (no formato single) não poderia ter sido melhor escolhida. Good Times reeditou a performance de Le Freak, atingindo o primeiro lugar na parada de singles americanas no dia 18 de agosto daquele ano.

Com uma levada hipnótica e um refrão matador, Good Times traz como marca registrada no seu “miolo” uma extensa parte instrumental na qual a linha de baixo comanda, com espaços para elegantes solos de teclados e guitarra.

A letra se baseia em hits dos tempos da Depressão Americana (anos 1920-1930) e busca estimular um astral positivo em um momento no qual a economia americana passava novamente por sérios problemas.

Em circunstâncias normais, Good Times deveria ter se mantido mais do que apenas uma semana no topo da parada americana, mas a mudança de orientação das rádios, que aos poucos foram tocando cada vez menos músicas associadas à disco music em suas programações, impediu que esse clássico fosse ainda mais longe. Ainda assim, virou um hit explosivo.

Disco music, sim, mas do seu jeito

O embrião do Chic surgiu quando o guitarrista Nile Rodgers tornou-se parceiro musical do baixista Bernard Edwards. Com a entrada no time do baterista Tony Thompson, eles ganharam entrosamento acompanhando outros artistas, até que, na metade dos anos 1970, resolveram investir em material próprio.

Influenciados pela disco music, eles no entanto criaram uma sonoridade própria, com forte tempero de rhythm and blues, funk, jazz e até rock que os colocam à parte dos grupos disco mais emblemáticos, do tipo Village People, Silver Convention e Boney M.

O Chic tinha um DNA mais próximo de bandas funk como Con Funk Shun, Commodores e Kool & The Gang, mas foi inserido no universo disco, o que lhes valeu muito de 1977 (quando lançaram o álbum de estreia, Chic) a 1979, e depois se tornou um fardo duro de carregar devido ao fator preconceito.

Capa com visual anos 1920-30

Risqué marca o momento em que o Chic atingiu o seu auge em termos criativos. A coisa começa bem logo na capa, contracapa e encarte, que traz fotos com os cinco integrantes do grupo vestindo elegantes trajes típicos dos anos 1920-1930. O clima é de filme de mistério, com direito a Bernard Edwards caído nas teclas do piano, com uma faca nas costas.

Tony Thompson posa de mordomo (seria ele o culpado do crime?), com Nile dando uma de cafetão e as vocalistas Luci Martin e Alfa Anderson no melhor estilo garotas de programa. A locação é uma sala estilosa com móveis idem, tendo como centro um piano de cauda.

O jeitão da apresentação visual do LP lembra o de In Throught The Out Door, do Led Zeppelin, que curiosamente foi lançado pela mesma Atlantic Records no dia 15 de agosto, ou seja, duas semanas após Risqué. Baita coincidência, mas cada uma dessas capas tem seus aspectos peculiares, não denotando um plágio.

Um álbum bom de ponta a ponta

Como normalmente as faixas de disco music e funk costumavam ser mais longas, era comum um número menor de canções do que em discos de rock e pop. No caso de Risqué, temos sete músicas. Mas é o típico caso de conteúdo na medida, nem a mais, nem a menos. E a duração estendida mostra a criatividade dos músicos no intuito de criarem uma sonoridade repleta de grooves, hipnótica e de uma sofisticação sintética e repleta de bom gosto.

Após a abertura matadora com Good Times, temos a seguir A Warm Summer Night, uma espécie de balada sensual que pode ser considerada a Je T’Aime Moi Non Plus do Chic. Para quem não lembra, essa música gravada em 1969 por seu autor, Serge Gainsbourg, em parceria com a cantora Jane Birkin, tornou-se um marco do som erótico-sensual.

No caso da canção de Edwards-Rodgers, a letra concisa, com os versos “te quiero papi” praticamente gemidos pelas cantoras, leva ao clima ideal para transar.

Homenagem aos dançarinos profissionais com solo inusitado

My Feet Keep Dancing tem como marca o arranjo de cordas com stacatto, o que dá uma ênfase rítmica bem peculiar e envolvente. A letra da canção fala sobre alguém que resolve mergulhar no mundo da dança mesmo sem o apoio dos parentes, que o ironizavam dizendo que “seu cérebro está em seus pés”.

A grande sacada, genial mesmo, do arranjo de My Feet Keep Dancing fica por conta de termos nela um solo não de guitarra, teclados ou outro instrumento musical, mas de sapateado! Sim, e feito por três craques dessa área, Mr. Fayard Nicholas (do grupo The Nicholas Bros.), Mr. Eugene Jackson (do grupo Our Gang) e Mr. Sammy Warren.

As idas e vindas do amor

A eterna questão do amor proibido dá o tom a My Forbidden Lover, inspirada naquelas paixões que a gente sabe serem inadequadas, mas das quais não conseguimos nos livrar, com versos bem definidores como “minha paixão proibida, eu não quero outra”. Em um mundo perfeito, esta faixa e My Feet Keep Dancing teriam sido hit singles de muito sucesso.

As dificuldades de um relacionamento afetivo, no qual a sinceridade nem sempre se faz presente, é o tema de Can’t Stand To Love You, provavelmente o momento mais jazzístico de Risqué.

Nada mais duro do que ser dispensado pela pessoa que você ama, e este é o tema da balada do álbum, Will You Cry (When You Hear This Song), na qual a cantora Alfa Anderson dá uma comovente aula de interpretação.

O disco é encerrado por What About Me, na qual a garota questiona o namorado, que conseguiu o que queria, mas e ela? Como é que fica? “Eu te dei o meu amor, você não vê?” Isso, tendo como fundo sonoro uma canção swingada na qual a guitarra base se destaca. Final perfeito para um álbum perfeito.

A ótica feminina nas letras

Existe um aspecto muito interessante nas composições do Chic, que fica por conta da qualidade das letras. Neste álbum em questão, temos uma quantidade significativa de incursões em temas vinculados aos relacionamentos.

Ao contrário do que se poderia esperar, o fato de as faixas serem assinadas por dois homens não deu um viés machista ou muito masculinizado ao tema. Pelo contrário, o ponto de vista das mulheres é defendido e mostra a crueldade masculina em diversos momentos.

Difícil algum homem ou mulher de bom senso não concordar ou não se identificar com alguns dos personagens das sete composições contidas em Risqué, cujo título tem muito a ver com os riscos que corremos sempre que nos envolvemos afetivamente com alguém.

The Chic Organization Ltd

Para todos os efeitos, a formação clássica e oficial do Chic trazia Nile Rodgers (guitarra e composições), Bernard Edwards (baixo e vocais), Tony Thompson (bateria) e as cantoras Alfa Anderson e Luci Martin. Nos discos, no entanto, o time aumentava, justificando plenamente o nome The Chic Organization com que Nile e Bernard assinavam as suas produções para a banda ou outros artistas.

Neste Risqué, temos nos teclados Raymond Jones, Robert Sabino e Andy Schwartz. Na percussão, Sammy Figueroa. Nos vocais, Alfa e Luci tem o auxílio luxuoso de Fonzi Thornton, Michelle Cobbs e Ullanda McCullough. E, de quebra uma sessão de instrumentos de cordas, a The Chic Strings, regida por Gene Orloff e incluindo Karen Milne, Cheryl Hong, Karen Karlsrud e Valerie Haywood.

Todos esses músicos foram utilizados estritamente em função das necessidades de cada canção, sem espaço para virtuosismos tolos ou exageros arrogantes. Mesmo as incríveis linhas de baixo criadas por Bernard Edwards nunca atropelam as faixas nas quais estão inseridas, reforçando o groove e envolvendo os ouvintes. Tudo muito chique mesmo!

Good Times, influente e inspiradora

Se não bastasse o sucesso que conseguiu no formato single e como principal faixa de Risqué, Good Times ainda se transformou em uma das músicas mais influentes e inspiradoras de todos os tempos.

O primeiro grande hit da história do rap, por exemplo, Rapper’s Delight, da Sugarhill Gang, valeu-se da passagem instrumental e da linha de baixo de Good Times. A partir de um determinado momento de sua carreira, o Chic passou a inserir no meio de Good Times um extenso trecho de Rapper’s Delight, que você pode encontrar em DVDs ao vivo da banda.

No mesmo 1980, Bounce Rock Skate Roll, de Vaughan Mason And Crew, e Another One Bites The Dust, do Queen, esbanjavam influências de Good Times, assim como Rapture, do Blondie, esta última uma clara homenagem ao Chic. Não por acaso, Debbie Harry gravou um disco solo, Koo-Koo (1981), com produção e composições de Nile Rodgers.

The Adventures of Grandmaster Flash on the Wheels of Steel, hit em 1981 com outro grupo pioneiro e importante do rap americano, Grandmaster Flash And The Furious Five, foi ainda além, acrescentando nessa sua composição trechos de Good Times, Another One Bites The Dust, Rapture e Rapper’s Delight.

E a lista vai muito mais longe. Só para citar mais três músicas influenciadas por Good Times, temos Try It Out (1981), de Gino Soccio, Hot! Hot! Hot! (1987), do The Cure, e 2345meia78, do brasileiro Gabriel o Pensador.

Alguma dúvida de que se trata de um álbum clássico?

No fim das contas, apesar de todo o contexto negativo no qual foi lançado, Risqué conseguiu atingir o 5º posto na parada americana, vendendo mais de um milhão de cópias por lá e estourando mundialmente. Missão cumprida!

Chega a ser uma vergonha este álbum não ter sido incluído na série de documentários da série Classic Albums, que contam a história de discos importantes da história do rock, soul e música pop. Ainda dá tempo…

Risqué- Chic (ouça na íntegra em streaming):

Johnny Mathis e Chic enfim tem seu álbum lançado em CD simples

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Por Fabian Chacur

Em 1981, o consagrado astro do jazz e do pop Johnny Mathis deveria ter lançado o álbum I Love My Lady, no qual foi produzido por Nile Rodgers e Bernard Edwards, do grupo Chic. Na prática, o LP equivale a uma espécie de álbum da banda disco com os vocais do cantor, pois composições, músicos e backing vocals ficaram por conta deles. No entanto, a gravadora Columbia Records resolveu abortar o projeto, e colocou-o em seus arquivos. Em 1ª de fevereiro, nos EUA, I Love My Lady, o fruto dessa parceria, enfim estará disponível no formato CD simples.

Na verdade, este mitológico álbum já havia sido disponibilizado no formato CD anteriormente. No entanto, o interessado teria de adquirir The Voice Of Romance: The Columbia Original Album Collection, box set lançada em 2017 com 67 discos (!!!) e um livro com 200 páginas. No site da Amazon americana, está disponível pela “bagatela” de 362 dólares (bem mais do que mil reais, fora frete). A partir de 2010, algumas faixas do disco apareceram em coletâneas como Up All Night (The Chic Organization Album (2013, lançada no Brasil).

A nova versão do álbum, que será disponibilizada em CD e logo após em vinil, trará como atrativos adicionais uma nova capa, belíssima, e um encarte repleto de informações sobre as gravações de I Love My Lady com direito a uma entrevista com o próprio Johnny Mathis feita especialmente para esta ocasião. O selo responsável por tal reedição é o americano Real Gone Music, especialista em reeditar trabalhos bacanas há muito fora do mercado discográfico.

I Love My Lady traz oito faixas, e mostra o cantor se adaptando de forma competente à sonoridade concebida pelos geniais Nile Rodgers e Bernard Edwards. O repertório é muito bom, com direito a maravilhas como a swingada balada Fall In Love (I Want To), a sacudida e irresistivelmente dançante Something To Sing About (com um refrão fantástico e bela interação entre Mathis e as vocalistas de apoio), a elegante faixa-título e a gostosa Love And Be Loved.

Alguns podem achar os vocais de Mathis muito contidos em relação a outros trabalhos dele, mas a graça quem sabe esteja exatamente aí, ou seja, ele teve a humildade de se enquadrar na concepção musical do Chic. No fim das contas, valeu a pena esperar tanto para enfim ouvir essa parceria histórica. Pena que, só para variar, esse álbum não terá versão nacional no formato físico…

Something To Sing About– Johnny Mathis:

Nile Rodgers anuncia o novo CD do Chic ainda para 2018

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Por Fabian Chacur

Em 2015, Nile Rodgers lançou I’ll Be There, um novo single do Chic. Seria o aperitivo para um novo álbum, previsto para chegar ao mercado musical a seguir. Pois bem. Estamos em fevereiro de 2018 e até agora, nada. No entanto, os inúmeros fãs do brilhante músico americano voltam a se empolgar. O artista, em entrevista ao site da revista americana Billboard publicada nesta sexta (2), promete o álbum para breve, ainda em 2018, e com o sugestivo título It’s About Time (já era tempo, em tradução livre).

Nile define o novo trabalho, o primeiro de inéditas do grupo desde 1992, como uma celebração à sua carreira e uma espécie de compêndio musical. Estão previstas participações especiais de Elton John, Lady Gaga, Miguel, Janelle Monáe, Disclosure e Anderson.Paak, entre outros. A faixa Prince Said It, avaliada pelo próprio artista como muito boa, foi posta de lado, em função da morte do autor de Purple Rain.

Embora não tenha ficado claro no texto da Billboard, a impressão é que o álbum já está pronto, com no máximo alguns detalhes a serem concluídos, e só não foi lançado até agora pelo fato de o guitarrista, compositor e produtor americano ter tido problemas de saúde que o impediriam de divulgar da melhor forma possível o material. Problemas esses aparentemente superados, pois o Chic está na estrada, passou pelo Rock in Rio em 2017 e deve iniciar em julho uma turnê ao lado de outra banda legendária da música pop, o Earth, Wind & Fire.

Atualmente, a banda que o tornou conhecido mundialmente na década de 1970 atende pelo nome de Chic Featuring Nile Rodgers, pois só mantém ele de sua formação original. Com uma sonoridade própria e marcante, o grupo ajudou a elevar o patamar da disco music, além de influenciar gerações de músicos. Gênio é pouco para se definir Nile. Que venha logo esse álbum. Leia mais matérias sobre o Chic e Nile Rodgers do arquivo de Mondo Pop aqui e aqui.

I’ll Be There– Chic Featuring Nile Rodgers:

Morre Joni Sledge, integrante do grupo vocal Sister Sledge

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Por Fabian Chacur

O quarteto vocal americano Sister Sledge fez furor na era da disco music, especialmente com o álbum We Are Family (1979), que estourou no mundo todo. Uma de suas integrantes, a cantora e compositora Joni (última à direita na foto ao lado), nos deixou na última sexta-feira (10). Ela foi encontrada morta em sua casa por um amigo, em Phoenix, Arizona (EUA), e tinha 60 anos de idade.

Nascida em 13 de setembro de 1956 na cidade de Filadélfia, Joni montou ainda menina o grupo com suas irmãs Debbie (9/7/1954), Kim (21/8/1957) e Kathy (6/1/1959). A primeira gravação do quarteto, o single Time Will Tell, saiu em 1971, sem grande repercussão. As meninas não desanimaram e continuaram fazendo shows, até serem contratadas em 1974 pela Atlantic Records. Os primeiros anos foram bem difíceis, até que dois “anjos” entraram em suas vidas.

Foram eles Nile Rodgers e Bernard Edwards, da banda Chic, então estourada com o hit Le Freak. Eles receberam a missão de produzir um novo álbum para as meninas, com direito a compor todo o material e escalar os mesmos músicos de seu time. Bingo! O primeiro trabalho deles nessa parceria não poderia ter dado mais certo, e deu às irmãs o sucesso que tanto procuravam e pelo qual tanto batalharam.

O álbum We Are Family saiu no início de 1979 e acabou atingindo o terceiro posto na parada americana, além de vender muito bem no resto do mundo. Joni foi a vocalista principal em duas faixas, Easier To Love e Lost In Music, sendo que Kathy se mostrou a mais sortuda, pois fez a voz principal nos dois maiores hits do LP, We Are Family e He’s The Greatest Dancer, além das faixas Somebody Loves Me e Thinking Of You.

Seria difícil suceder um trabalho tão bom como esse e também repetir seu sucesso comercial. Love Somebody Today (1980) até chegou perto em termos de qualidade musical, mas atingiu apenas a posição de nº 31 nos charts ianques. O maior hit foi Got To Love Somebody, na voz de Kathy, mas Joni mandou bem em Reach Your Peak e I’m a Good Girl. Infelizmente, este foi o último LP da parceria delas com Nile e Bernard.

Até o fim dos anos 1980, as Sisters Sledge viram sua popularidade cair, embora ainda tenham emplacado alguns hits menores, entre os quais All American Girls (produzido por Narada Michael Walden, de elogiável carreira-solo e que que depois trabalharia com Whitney Houston), My Guy (releitura do sucesso de Mary Wells, dos anos 1960) e Frankie. Em 1989, Kathy sai do grupo rumo a uma carreira-solo, só se reunindo eventualmente com as irmãs.

A partir daí, o trio remanescente se manteve na ativa em shows nostálgicos, lançando alguns discos eventuais. Entre eles, o mais badalado foi African Eyes (1997), que contou com a produção e algumas composições de Joni e recebeu elogios por parte da crítica especializada, embora vendesse pouco. Em 2015, Kathy Sledge fez um show em São Paulo em show que também incluiu o grupo Shalamar, em uma festa disco (leia sobre esse show aqui).

Vale uma última e muito importante informação: em diversas entrevistas, Nile Rodgers, cuja versão atual do Chic está escalada para tocar no Rock in Rio 2017, nomeou We Are Family como o seu álbum favorito, dentre todos os que gravou e produziu durante seus mais de 40 anos de carreira artística. Uma bela escolha, por sinal.

Lost In Music– Sister Sledge:

Jota Quest e Nile Rodgers vão tocar juntos em Nova York

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Por Fabian Chacur

A parceria entre o Jota Quest e Nile Rodgers teve início em 2013, quando o genial guitarrista, compositor, produtor e líder do seminal grupo Chic participou do álbum Funky Funky Boom Boom, da banda mineira, na faixa Mandou Bem, além de ter uma de suas composições, Waiting For You, gravada por eles. A colaboração prosseguiu em 2015 no álbum Pancadélico, com o astro americano marcando presença em Blecaute. Agora, chegou a hora de eles dividirem um palco juntos pela primeira vez.

O encontro vai ocorrer neste domingo (4/9) em Nova York no Brasilian Day 2016, evento anual realizado naquela cidade americana em que consagrados artistas brasileiros se apresentam ao vivo. Rogério Flausino e seus colegas estão escalados para o show, e Nile Rodgers será o seu convidado especial, mostrando sua maestria, seus belos links de guitarra e sua incrível capacidade rítmica. Um belo prêmio para os fãs da banda que moram em Manhattan e arredores.

Quem está em outros lugares, no entanto, poderá ver o show, que será transmitido ao vivo pelo canal a cabo Multishow e também pelo portal G Show. A Globo Internacional também exibirá a gig para mais de 160 países. Além da parceria com o autor de hits como Le Freak, Good Times, Everybody Dance e tantos outros, o Jota Quest dará uma geral em seus maiores sucessos, com aquela levada para cima e descomplicada.

Blecaute– Jota Quest, Nile Rodgers e Anitta:

Mandou Bem– Jota Quest e Nile Rodgers:

Waiting For You– Jota Quest:

Autobiografia mostra a louca vida do genial Nile Rodgers

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Por Fabian Chacur

Após ler as quase 300 páginas de Le Freak, autobiografia de Nile Rodgers, que saiu no exterior em 2011 e só agora chega ao mercado brasileiro em versão em português, a impressão que fica é de que esse genial guitarrista, compositor e produtor americano é protagonista de um verdadeiro milagre.

Afinal de contas, como um garoto, fruto de um relacionamento entre uma mãe totalmente destrambelhada e viciada com um pai ainda mais drogado e ausente, que cresceu entre as ruas, lares de avós, tias e eventualmente da mãe biológica e que esteve sempre cercado de viciados, traficantes, ladrões, assassinos e quetais conseguiu não só sobreviver como se tornar um dos grandes nomes da história da música pop? Como? Só por milagre de Deus mesmo…

A autobiografia do coautor de Le Freak, Good Times, Everybody Dance e tantos outros clássicos da música pop possui um tom bem franco e bem-humorado, no qual em nenhum momento ele procura julgar as pessoas que o criaram da pior forma possível. Felizmente, ele soube achar um caminho próprio, a música, e se deu bem nele.

A vida pessoal e seus dramas tem prioridade no livro. Lógico que temos relatos do trabalho de Nile com o grupo que o tornou famoso, o Chic, sua incrível parceria com o genial baixista e compositor Bernard Edwards, os discos que produziu para Diana Ross, Madonna e David Bowie e participações em shows e outros eventos. Mas o lado escuro prevalece.

Noitadas de bebidas, drogas e mulheres, as amizades nem sempre muito saudáveis, a proximidade da morte, as eventuais internações, está tudo lá. Para quem gostaria de ler mais sobre o Nile Rodgers músico e produtor, recomendo outro livro que serve como complemento indispensável para Le Freak, o ótimo Everybody Dance- Chic And The Politics Of Disco (2004- Helter Skelter Publishing), de Daryl Easlea, que conta com a colaboração de Rodgers e mergulha fundo nessa área da atuação do músico. Pena que não tenha ainda uma edição em português.

Mesmo assim, Le Freak é obrigatório para quem quer descobrir um pouco mais sobre o cara por trás dessa guitarra irresistível e influente, e suas incríveis composições e produções. Pena que o enredo se encerre no momento em que Rodgers descobre ser portador de um tipo agressivo de câncer, em 2011, deixando um ponto de interrogação no ar.

Para felicidade geral de todos os seus milhões de fãs, ele está vencendo essa batalha, e conseguiu nesses quatro anos voltar às paradas de sucesso com suas participações nos hits Move Yourself To Dance e Get Lucky, do Daft Punk, e gravar um novo álbum do Chic, no qual aproveita gravações inéditas de arquivo e novos takes. Ele também continua fazendo shows. Que possa ir bem além dos 63 anos que viveu até agora!

E fica uma frase do astro, que mostra bem sua perspicácia: “Não é bom viver no passado, mas é um bom lugar para se visitar, e se você for lá, eu estarei lá”. O mote do novo álbum do Chic é tempo, e Rodgers tem vivido cada dia como se fosse ser o seu último, porque um dia, será o último mesmo, como ele diz em seu livro. Repito: que demore bastante!

I’ll Be There – Chic:

I’ll Be There– pequeno making of do CD:

My Forbidden Lover– Chic:

Everybody Dance– Chic:

The Land Of The Good Groove– Nile Rodgers:

Yum Yum– Nile Rodgers:

Grammy consagra Random Access Memory

Por Fabian Chacur

Há críticos musicais que adoram detonar sempre e sempre os Grammy Awards, encarando-os como um monumento ao brega e à música comercial mais banal. Nem sempre, tolinhos, nem sempre. Com mais frequência do que se imagina, o Oscar da música consagra exatamente aqueles trabalhos que merecem ser consagrados. E isso ocorreu na noite deste domingo (26) com o Daft Punk. Vitória merecidíssima!

O duo radicado na França e integrado por Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo abocanhou cinco troféus na cerimônia realizada no Staples Center, em Los Angeles, incluindo os dois mais importantes, como Álbum do Ano (por Random Access Memories) e Single do Ano, com Get Lucky. Eles ainda levaram nas categorias Melhor Performance de Duo/Grupo Pop (com Get Lucky), Melhor Álbum Dance/Eletrônico) e Melhor Álbum Em Termos Técnicos.

Vale lembrar que, segundo o site da revista americana Billboard, Random Access Memory é o primeiro álbum de dance music a ganhar como Álbum do Ano desde 1978, quando a trilha de Saturday Night Fever (Os Embalos de Sábado à Noite) conseguiu esse feito. Curiosamente (ou não), Random Access Memory soa como se tivesse sido gravado e lançado exatamente naquela época, quando a disco music dominava o cenário pop.

Random Access Memory, um dos álbuns mais vendidos de 2013, possui inúmeros méritos, sendo o principal a incrível mistura de teclados e efeitos eletrônicos com músicos de verdade, o que deu ao trabalho um sabor ao mesmo tempo retrô e atualíssimo, 1978 e 2013 no mesmo pacote. O duo resolveu investir em músicos, e trouxe para o seu time alguns gênios da raça.

Logo de cara, Random Access Memory se tornou histórico por trazer de volta às paradas de sucessos o guitarrista Nile Rodgers, líder do grupo Chic e um dos grandes craques da guitarra rítmica. Ele dá o norte a três faixas matadoras do disco, Give Life Back To Music e os hit singles Get Lucky e Lose Yourself To Dance. Rodgers se encaixou feito luva na proposta musical do Daft Punk, agregando muito valor a essas músicas.

Giorgio Moroder, outro gênio da disco e da música eletrônica, faz participação bastante peculiar na deliciosa Giorgio By Moroder. Ele, ao invés de cantar ou tocar, conta um pouco da história da sua vida e do sonho que conseguiu concretizar, o de ser músico de sucesso, que ele admite que considerava impossível, quando ainda era moleque. O resultado é delicioso.

Paul Williams, compositor de clássicos da música pop como Rainy Days And Mondays e We’ve Only Just Begun e autor das músicas e estrela do sensacional filme cult musical O Fantasma do Paraíso (1974, dirigido por Brian De Palma), é cantor e coautor de Touch, faixa mais épica do álbum. É o momento de maior destaque da orquestra que o Daft Punk montou especialmente para gravar este trabalho.

Inteligentes, Bangalter e De Homem-Christo também trouxeram convidados da nova geração, entre os quais Pharrell Williams (o vocalista principal nos hits Get Lucky e Move Yourself To Dance) e Julian Casablancas, vocalista dos Strokes e responsável por vocais, guitarras e coautoria da deliciosa Instant Crush, outro momento surpreendente em um disco surpreendente como um todo. A soma perfeita do eletrônico com o orgânico.

De quebra, ainda estão no elenco de músicos presentes neste CD feras consagradas como Nathan East (baixo), Omar Hakim (bateria) e Paul Jackson Jr. (guitarra). Ou seja, o Daft Punk reuniu um time realmente grandioso, mas nada disso teria dado certo se todos não fossem escalados em suas posições corretas, nas músicas certas e objetivando soluções musicais bem específicas. Todos jogando em função da música, não do estrelismo.

O resultado, Random Access Memory, pode ser considerado sem susto um dos melhores álbuns pop deste século, e um trabalho que, tal qual Saturday Night Fever, será relembrado, ouvido e dançado por gerações e gerações. Nada melhor do que ter a oportunidade de ver um clássico nascer. E os Grammy Awards se incumbiram de o tornar definitivo. Parabéns à Academia, e parabéns ao Daft Punk, que terá dificuldades em lançar um novo álbum com tanta qualidade. Vamos ver o que o futuro nos dirá…

Ouça Touch, com Paul Williams e o Daft Punk:

Ouça Give Life Back To Music, com Nile Rodgers e o Daft Punk:

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