Mondo Pop

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Christine Valença estreia na música com Lentes de Âmbar

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Por Fabian Chacur

A cantora, compositora e musicista carioca Christine Valença iniciou a sua carreira artística no teatro, vivendo papéis como o de Judy Garland. Em 2019, começou a compor canções, e essa nova vertente se tornou a sua principal. O primeiro álbum fruto desse novo direcionamento na sua trajetória acaba de ser lançado. Trata-se do álbum Lentes de Âmbar, com 11 faixas e lançado pelo selo Maxilar Records e produzido por Elisio Freitas.

Lentes de Âmbar foi gestado em um período particularmente turbulento na vida de Christine, que explica tudo em comentário enviado à imprensa:

“Tive que lidar com o luto pelo falecimento do meu pai, enfrentei uma separação muito dolorosa e logo em seguida veio a pandemia trazendo junto um mar de incertezas. Esse caos despertou em mim uma necessidade urgente de botar pra fora esse turbilhão de emoções. Quando me dei conta, estava com o violão em punho, compondo, tentando me salvar usando a música como uma espécie de escudo. Eu não teria sobrevivido se não fossem essas canções”.

O resultado é um álbum pop com várias vertentes musicais sendo exploradas, entre as quais MPB, pop-rock, folk, soul e canções francesas. Christine ressalta também a importância de Elisio Freitas nesse processo:

“Encontrei no Elísio um grande parceiro. Ele consegue captar minhas ideias e dar vida às músicas. Às vezes eu aparecia no estúdio com meu gravador portátil cheio de trechos de melodias, ritmos, padrões e grande parte desse material acabou sendo aproveitado no disco, graças a ele”.

O repertório traz canções extremamente interessantes, entre elas a swingada Maremoto Blues (divulgada por um clipe sóbrio e muito bem feito), a intensa Recomeçará (ouça aqui), a pop-rock Pra Não Tocar (Na Rádio) (ouça aqui) e a hip-hop Fora do Nosso Compasso (ouça aqui), esta última com a participação do rapper Shock The Glock.

Maremoto Blues (clipe)- Christine Valença:

Victoria Dafner lança clipe para divulgar seu single Minha Cara

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Por Fabian Chacur

Pop dançante, com atitude e consistente. Eis uma receita que parece fácil, mas que de fácil não tem rigorosamente nada. A jovem cantora e compositora paulistana Victoria Dafner surge de forma promissora nessa área com o single Minha Cara. Trata-se de uma canção de batida dance gostosa, melodia bem concatenada e letra descontraída, mas sem cair no banal. A faixa está sendo disponibilizada nas principais plataformas digitais nesta sexta (21), e já tem um clipe estiloso para divulgá-la.

Assinada pela própria Victoria, Minha Cara foi gravada no Studio Garage (SP) e conta com a produção de Renato Galozzi, que também se incumbiu das programações e guitarra. Com cenas registradas em São Paulo, o clipe se inspira no clima da icônica série televisiva Sex And The City, e conta com direção da própria artista em parceria com Mariana Campos.

Com apenas um ano de carreira, Victoria Dafner aponta como suas influências básicas artistas como Madonna, Cher, Marina Lima, Pitty, Angela Ro Ro e Rita Lee, investindo em uma sonoridade que traz elementos de pop, rock e MPB. “Meu objetivo como artista é fazer música voltada para a pista e diversão, porém pulsa forte em mim uma veia rock ‘n’ roll, aquele lance de atitude mesmo”, explica a cantora.

Minha Cara (videoclipe)- Victoria Dafner:

Pepeu Gomes e a filha Zabelê juntos em um single bacana

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Por Fabian Chacur

Após integrar por dez anos o trio SNZ com suas duas irmãs, Zabelê agora investe em uma carreira-solo, mas permanece no ambiente familiar. Seu mais recente projeto, Auê, lançado no final de 2021, mostra a moça relendo hits marcantes das carreiras de seus pais, Pepeu Gomes e Baby do Brasil, tanto nos tempos de Os Novos Baianos como em suas carreiras posteriores. E o novo single traz um dueto de pai e filha que é simplesmente delicioso, com cara de se tornar um belo hit em pleno 2022.

O single mescla duas canções distintas, Eu Também Quero Beijar, hit em 1981 do pai de Zabelê como artista solo, e A Lua e o Mar, estouro em 1989/90 que foi tema da novela global Tieta e integrou o álbum gravado em dupla por Pepeu Gomes e Moraes Moreira.

Com uma batida ainda mais dançante e combinação perfeita dos principais elementos dessas duas faixas, Eu Também Quero Beijar/ A Lua e o Mar mostra um entrosamento perfeito entre o papai orgulhoso e a filha que soube seguir os passos artísticos dele. Pra dançar até cansar.

Eu Também Quero Beijar/ A Lua e o Mar– Zabelê e Pepeu Gomes:

Nila Branco lança Lilith e fará um show em São Paulo em novembro

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Por Fabian Chacur

Nila Branco lançou o seu primeiro álbum em 1998. Desde então, conseguiu conquistar um público fiel e obter sucesso nos quatro cantos do país (leia mais sobre ela aqui). Mais ativa do que nunca, ela lançou recentemente o seu 10º trabalho, Lilith, com 10 canções que se dividem entre composições próprias e obras de Sylvia Patricia, Laura Finocchiaro, Karine Bizinoto, Juliana Lima e Tainá Pompeo.

O tema básico do álbum fica por conta de um olhar sobre o universo feminino a partir de vários ângulos, com uma sonoridade bem diversificada e pop, incluindo até um momento altamente dançante, a deliciosa Amor é… (Sylvia Patricia). O trabalho está disponível nas plataformas digitais e também em CD físico.

Aproveitando o retorno gradual das atividades presenciais na área cultura, Nila programou um show em São Paulo para mostrar o seu novo repertório e também dar uma geral em seus sucessos. O espetáculo está marcado para o dia 19 de novembro no Teatro UMC (Avenida Imperatriz Leopoldina, nº 550- Vila Leopoldina- fone 0xx11-3832-9100).

Amor é…– Nila Branco:

Roberta Campos esbanja classe no belo álbum O Amor Liberta

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Por Fabian Chacur

Antes do início da pandemia do novo coronavírus, Roberta Campos tinha como projeto gravar um álbum com a produção do badalado produtor britânico radicado no Brasil Paul Ralphes. Com tudo o que ocorreu, ela preferiu adiar um pouco esse projeto e lançou o EP Só Conheço o Mar (leia mais sobre esse lançamento e sobre Roberta aqui), com 5 músicas inspiradas nesse momento. Mas seu plano não foi engavetado, e agora chega a hora de lançá-lo, em CD e nas plataformas digitais, com o título O Amor Liberta (Deck).

Trata-se de seu quinto álbum de estúdio (também lançou um DVD gravado ao vivo) em 13 anos de trajetória discográfica na qual se firmou como um dos grandes expoentes do chamado folk à brasileira. Temos aqui 11 composições inéditas, sendo sete só dela e outras quatro assinadas com nomes representativos de quatro gerações diferentes: Hyldon, Humberto Gessinger, Luiz Caldas e De Maria. O resultado não poderia ser melhor.

Valendo-se de sua bela e delicada voz com a categoria habitual, Roberta aposta em uma sonoridade no geral que nos remete a três influências básicas, os trabalhos de Lô Borges, Beto Guedes e Lulu Santos. Também temos elementos de soul, em uma mistura que soa extremamente pop mas sem cair em momento algum na vala comum daqueles que só pensam em música como uma forma pragmática de se ganhar dinheiro e nada mais.

No geral, as letras de Roberta apostam em um romantismo que vai além do simples afeto entre duas pessoas e fala do amor pelos outros, pela vida e pelo que se pode fazer para ser feliz. O momento mais pop fica por conta de Miragem (R.C.), surpreendente utilização da cantora da levada do reggaeton com uma participação especial certeira do cantor Alexandre Carlo, do grupo Natiruts.

O pop rock com elementos folk aparece com muita inspiração em Pro Mundo Que Virá (R.C.) e É Natural (R.C.- Luiz Caldas), enquanto Se a Saudade Apertar (R.C.- Hyldon) equivale a uma balada soul envolvente. O country é o mote de Começa Tudo Outra Vez (R.C.- Humberto Gessinger), que mostra o cantor dos Engenheiros do Hawaii explorando um registro vocal bem diferente ao qual estamos habituados, e com sucesso.

O clima balada soul pontua O Futuro nos Aguarda (R.C.), enquanto Floresço na Sua Vida (R.C.) mergulha no pop com desenvoltura. Aquário (R.C.) traz elementos de latinidade, enquanto O Vento Que Leva (R.C.) remete a bossa nova revista. Pop rock ensolarado é uma possível definição para a ótima Chegou o Meu Verão (R.C.- De Maria). Rosária (R.C.), bela homenagem de Roberta à sua avó, é o momento agridoce que encerra um álbum maduro, artisticamente impecável e que mostra como fazer música doce que não seja terminantemente proibida para diabéticos.

Miragem (clipe)- Roberta Campos e Natiruts:

Bela mostra um single acústico, a envolvente canção Sol Em Touro

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Por Fabian Chacur

A cantora e compositora Bela, que em fevereiro deu uma ótima entrevista a Mondo Pop (leia aqui), não deixa a peteca ir ao chão. Ela acaba de lançar um novo videoclipe no qual divulga uma nova canção de sua autoria, a envolvente balada Sol Em Touro.

Nas imagens, temos três Belas, dividindo a tela em montagem muito bem feita. Interpretada no melhor estilo voz e violão, com o instrumento a cargo de Léo Rodrigues (no áudio, não no clipe), a moça aparece em um local próximo à natureza, curtindo emoções românticas. Ela explica o título da canção:

“Meu signo é touro, usei a minha intuição para escrever a canção. Me baseei em experiências pessoais e também pedi ajuda na criação para meus seguidores nas redes sociais. Foi ótimo para me dar um outro olhar sobre os aspectos do signo, pois estou muito inserida no universo taurino – foi uma troca super positiva. Na canção, quis focar no lado amoroso, decidido e faminto dos taurinos”.

Sol em Touro (clipe)- Bela:

Filippe Moura mostra som autoral e releituras em vídeo

fillipe moura e thai 400x

Por Fabian Chacur

Mesclando composições própria com releituras de autores bacanas, Filippe Moura disponibilizou há pouco no Youtube De Canto a Canto, show ao vivo gravado em um estúdio em São Paulo. O cantor, compositor e músico investe em uma mistura bem dosada de r&b, MPB, folk e elementos jazzísticos aqui e ali. Ele conta com o auxílio luxuoso do consagrado produtor Luiz Carlos Maluly (RPM, Bruno & Marrone e inúmeros outros).

O destaque do repertório próprio fica por conta de Pode Dar Certo, deliciosa parceria com a cantora carioca radicada em São Paulo Thai, e que está sendo divulgada com um clipe extraído do show. Em entrevista a Mondo Pop via e-mail, Moura nos fala da sua formação musical, seus parceiros, como foram as gravações de De Canto a Canto e muito mais. Divirtam-se!

MONDO POP- Fale um pouco sobre como a música entrou em sua vida, se você tem parentes músicos que possam tê-lo influenciado, o que você ouvia quando era criança-adolescente etc
FILIPPE MOURA
– A música, como em grande parte dos casos de músicos, acredito que sempre fez parte da minha vida. Venho de uma família, principalmente por parte de pai, muito musical. Meu pai toca violão muito bem e minha tia trabalhou muito tempo com ensino de arte e música. Sem sombra de dúvidas, o que mais ouvi na minha vida foi a música vinda de Minas Gerais nos anos 1970. Hoje, tenho grandes referências de Caetano, Gil, Novos Baianos, Lenine, Cássia Eller e diversos outros grandes nomes que me moldaram e ainda me moldam musicalmente, mas Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Ronaldo Bastos, Toninho Horta, Fernando Brant, Telo Borges e Milton Nascimento vieram primeiro, acho que desde a barriga da minha mãe. Minha cabeça musical e meu coração estão sempre com um pé em Minas Gerais, não importa onde eu vá.

MONDO POP- Você é bacharel em música pela UNICAMP. Qual a importância e a influência dessa formação teórica no seu trabalho musical autoral?
FILIPPE MOURA
– Acredito que a universidade foi um momento importante de crescimento pessoal e descobrimento musical. Diria que, para mim, mais do que uma evolução técnica e teórica, a universidade (UNICAMP) representou um momento de descobrimento da música como um universo de pessoas e símbolos que ultrapassam o momento do fazer música e tocar propriamente dito. Eu diria que a universidade me ajudou a entender melhor a música como um “estilo de vida” que permeia todos os meus momentos. Acordar de manhã e perceber cada dia mais o quanto eu preciso da música perto de mim. Já teve essa sensação? É como eu me sinto e é algo que a universidade me ajudou a entender, acredito que isso me marcou mais do que o ensino formal de música propriamente dito.

MONDO POP- Uma pessoa muito importante na sua trajetória é Ulisses Rocha. Como você o conheceu, como é o relacionamento entre vocês, e quais as principais coisas que ele te ensinou enquanto músico?
FILIPPE MOURA
– O Ulisses foi e é ainda a minha grande referência como músico e como profissional na música, digamos assim. Eu lembro que estava no casamento de um primo, devia ter uns 12 ou 13 anos, meu pai me ligou e perguntou: “Quer ter aula com o Ulisses Rocha?” Eu era novo, mas já conhecia os discos do D’Alma e adorava, então foi super legal essa proposta que meu pai me fez. Na primeira aula, cheguei com o violão todo desajeitado no colo, o Ulisses falou: “Toca aí”. Fechei o olho e fui, toquei uma música do Lenine e do Marcos Suzano chamada Escrúpulo. Não sei muito bem o que o Ulisses achou, mas sei que ele me aceitou como aluno rsrs. Daí pra frente virou uma relação meio que de padrinho musical, logo comecei a tocar com o Vítor (que é filho do Ulisses), pois temos a mesma idade e hoje ele é um dos meus grandes parceiros e melhores amigos. A partir daqui eu precisaria de um livro para escrever essa história rsrs.

MONDO POP- Como avalia a experiência de ter participado do EP da banda Disco Voador como compositor, coprodutor e arranjador?
FILIPPE MOURA
– Nossa, foi uma experiência muito intensa. Quando você é super jovem (17 ou 18 anos) você tem sempre aquela sensação de que sabe o que quer e de que sabe o que está fazendo, então chegar nos resultados esperados te consome de uma forma, em uma intensidade muito grande. Eu diria que foi o meu laboratório para entender o que é uma gravação, o ponto de partida mesmo. Produzi com o Vítor Loureiro esse trabalho e a gente basicamente saiu de “nunca gravamos na vida” para um trabalho lançado pelo selo Pimba da Dubas, gravadora do Ronaldo Bastos. O que é uma loucura, muito por parte do Ronaldo, eu diria rsrs. Um menino de 18 anos que liga para ele e fala: “Tenho um trabalho aqui em São Paulo, a gente consegue lançar pelo seu selo?” Ele respondeu: “Manda aí, deixa eu ouvir.”. Uma semana depois eu estava pegando um avião para o Rio, para ir na Dubas (gravadora do Ronaldo) pegar os contratos etc. Não digo que o disco rendeu uma grande visibilidade, mas certamente shows e os primeiros passos no meio profissional da música.

MONDO POP- Você passou um período frequentando a University Of Florida, em 2014. Fale um pouco sobre essa experiência por lá, e no que isso influenciou a sua trajetória profissional.
FILIPPE MOURA
– A University of Florida (UF) foi um período muito importante e desafiador para mim. Na verdade, eu fui pra lá participar de um Ensemble de música brasileira da universidade, chamado Jacaré Brasil, pois jacaré é o símbolo da UF, os Gators (em inglês). No final, acabei participando das aulas de violão popular, nas quais o Ulisses era o professor convidado, e acabei até “dando umas aulas” para a graduação, quando ele me convidou para ser assistente dele. Também participei, e aí mais um grande desafio, de aulas de forma e análise de música clássica e arranjo para orquestra. Foi um período de crescimento musical e pessoal gigantesco. Imagina, eu fazia música popular brasileira aqui na UNICAMP e fui me meter em uma aula de forma e análise de música clássica que era dada por um professor de Harvard, na UF, uma loucura. No final deu tudo certo, fora toda a oportunidade de conhecer uma nova cultura, pessoas incríveis, músicos incríveis, tive algumas oportunidades de tocar e participar de jams lá, foi um período muito rico e muito feliz para mim.

MONDO POP- Seu primeiro lançamento foi o EP Ilha, em 2018. Como você o avalia? Ele equivale a um bom cartão de apresentações do seu trabalho? E como foi a escolha das faixas incluídas nele?
FILIPPE MOURA
– Com toda certeza, tudo que envolve o lançamento do EP Ilha me deixa muito feliz! Foi um trabalho que levantei e decidi fazer, pois já estava sendo consumido por ele muito antes de ele existir como show e como EP. No geral, eu coloquei um objetivo muito claro: queria me sentir confortável comigo, com o som, dentro dessa lógica de trabalho solo. Então, escolhi as minhas músicas que mais me traziam paz e que mais me deixavam feliz no momento, feliz no sentido de estar contente com o que eu estava tocando. Peguei algumas coisas de parceiros, coloquei debaixo do braço e saí pra entender como iria viabilizar tudo aquilo.

MONDO POP- Como foi realizar esse trabalho em termos práticos? Quem te ajudou logo no começo?
FILIPPE MOURA
– De cara, encontrei o Felipe Consoline, que deu a cara sonora inicial do disco, ele havia produzido o álbum de lançamento de uma banda que eu adoro aqui de São Paulo, chamada Vitreaux, álbum que eu particularmente adoro também! Depois dele veio, para variar, o Vítor Loureiro, algumas sessões de gravação em Ilhabela, muitas outras de mix. Após isso, por aqueles acasos da vida, acabei topando com o Luiz Carlos Maluly, produtor muito conhecido, que me abriu as portas do estúdio dele e acabou me ajudando na montagem da banda. Aí eu já estava com quase tudo na mão, o Dalton Vicente, que trabalha muito em parceria com o Maluly, acabou masterizando o trabalho. Depois, saí na cara dura e bati, junto com um grande amigo chamado Luis Feijão, na porta do pessoal do Centro Cultural Rio Verde, palco conhecido aqui em SP, e falei: “Gente, estou com um disco para lançar, tem a participação de um monte de gente legal no processo, vocês teriam uma data?” rsrs. Aconteceu! E como cereja do bolo, acabei entrando em um projeto com o Claudio Zoli, de quem eu sou fã, e ele ainda aceitou participar do lançamento. Depois, veio o Nego Jam RZO, que toca com um dos grandes nomes do Rap de São Paulo (o grupo RZO) e já havia feito uma participação no EP e por último a Thai, minha cara metade musical.

MONDO POP- De Canto a Canto mostra você ao lado de uma superbanda de apoio, com destaques para os grandes Albino Infantozzi e Marcos “Caixote” Pontes, além da produção do badalado Luiz Carlos Maluly. Como conseguiu arregimentar esse timaço, e como foi tocar com músicos com currículos tão expressivos?
FILIPPE MOURA
– Nossa, a banda está na conta do Maluly rsrs As coisas acontecem de uma forma que não tem muita explicação. Eu tive a sorte de encontrar algumas pessoas muito importantes nesse caminho e tenho a felicidade pelo fato de que algumas delas gostam do meu trabalho e das músicas e acabaram me ajudando de muitas formas. A relação com o Maluly começou por causa de outros projetos musicais, que nem eram meus, mas dos quais eu estava participando de alguma forma. De lá para cá, fui tentando mostrar para ele um pouco do meu trabalho e, por sorte talvez, ele tem dado muita força e me apresentado muita gente importante e conhecida no mercado, tem sido um período de grande crescimento pra mim. Agradeço demais toda a generosidade do Maluly, uma pessoa ímpar no meio musical, não à toa é a referência que é. Imagina o meu frio na barriga e a responsabilidade que foi gravar com esses caras! Caras que já tocaram com absolutamente todos os nomes importantes da música brasileira e do mundo e que tocaram comigo neste projeto. Quantas histórias deles me contando que estavam gravando com fulano e depois eu vou descobrir que fulano é o engenheiro de som do John Mayer e que cicrano já fez turnê com o Michael Jackson, sei lá, não lembro se são exatamente esses os casos, mas é coisa desse nível. Enfim, um enorme desafio, que espero poder levar para os palcos em breve, quando tudo se normalizar.

MONDO POP- Em De Canto a Canto, você relê duas composições do uruguaio Jorge Drexler. Como surgiu a ideia de incluir essas músicas em seu repertório, como você avalia a obra dele e como vê o fato de ele ser um músico fortemente influenciado pela música brasileira?
FILIPPE MOURA
– Poxa, o Drexler para mim é um ícone, ele e o Fito Paez (argentino) são grandes referências. Sei que eles são fortemente influenciados pela música brasileira e isso só mostra e ressalta a riqueza cultural e musical do Brasil. Acho que essa troca é essencial, essa mistura de culturas, línguas, sons, influências, isso é maravilhoso, me mostra o quanto a música é generosa e como devemos ser generosos para com ela e para com as pessoas. O Drexler ainda tem algo com o qual me conecto ainda mais, que é o fato de ele ser um ótimo violonista, tendo passado por um ensino formal de violão muito próximo ao meu. Essas influências todas da música brasileira e o modo como a música brasileira influencia músicos do mundo todo me faz lembrar uma música do próprio Drexler, em que ele fala mais ou menos assim: “De nenhum lado do todo, de todos os lados um pouco” (perdão a tradução simultânea aqui rsrs). É isso, somos todos essa mistura de culturas e ritmos que nos transforma em pessoas de nenhum e de todos os lados ao mesmo tempo.

MONDO POP- Duas das músicas de De Canto a Canto são do repertório de Marina Lima. Você a sente como uma influência importante em sua obra autoral? E o Claudio Zoli, autor de uma delas?
FILIPPE MOURA
– O Zoli acho que veio de uma forma mais óbvia, pois no show lançamento do EP Ilha eu toquei com ele a música À Francesa, além da participação que ele fez na minha música Tempo Rei. Aliás, uma experiência maravilhosa foi essa de tocar com ele! Zoli é um cara extremamente generoso, musical, iluminado. Bom, todos conhecem o trabalho dele, mas só gostaria de ressaltar que ele é tudo isso mesmo, uma alma incrível e leve. A Marina me veio muito nessa linha do som pop dos anos 80 que de alguma forma me tomou quando eu fui pensar no repertório para o show. Na verdade, estava de carro em Ilhabela e começou a tocar Fullgás, na hora eu falei: “Essa tem que entrar”. Quando o Caixote veio com o arranjo, aí eu tive mais certeza ainda.

MONDO POP- Como você define a sonoridade que desenvolve em seu trabalho autoral, e quais as influências mais importantes presentes nele?
FILIPPE MOURA
– Meu trabalho autoral vem muito da minha relação com o violão. Aliás, já dando um spoiler, essa é uma sonoridade que eu pretendo explorar bastante no meu próximo trabalho. Mas falando deste último, acredito que mesmo com a banda, vários instrumentos, é possível ver ali bem delineada a minha relação com o violão. Seja na lógica harmônica ou melódica das músicas, o violão está sempre ali. O violão é meu grande amigo e parceiro de muitos anos, comecei cedo, então diria que já são uns 15 anos. Sobre o as influências: acredito que eu bebi de tudo da música brasileira, mas principalmente de dois lados: o primeiro é a música mineira dos anos 70, o segundo, principalmente no que diz respeito à relação de um compositor com o violão, foi o Lenine. Diria que Minas me colocou na música e o Lenine me convenceu de que eu não tinha outra saída rsrs Fora eles, claro que vamos falar de João Gilberto, Caetano e Gil, parada obrigatória pra quem faz qualquer tipo de música no Brasil.

MONDO POP- O momento mais marcante em De Canto a Canto, para mim, é o seu dueto-parceria com a cantora Thai na canção Pode Dar Certo. Como você a conheceu? Está em seus planos ampliar essa parceria, tipo gravarem um álbum em dupla, por exemplo?
FILIPPE MOURA
– A Thai é uma dessas felicidades que a vida te proporciona, ela é uma alegria para mim e é um prazer imenso poder conhecer e conviver com ela. Uma pessoa generosa não só musicalmente, e de uma alegria, talento e voz vibrantes. Conheci ela em um projeto que eu estava produzindo com alguns músicos cubanos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ela ia fazer uma participação no show do pianista Pepe Cisneros e do cantor Fernando Ferrer. A conexão ficou ali escondida um tempinho, mas quando fui lançar o EP Ilha e o Rodrigo Bueno “Papito”, baterista que participou das gravações, mostrou o som Na Sua Onda pra Thai, me ligou e disse: “A Thai amou sua música e quer gravar ela”. Aí não teve jeito, nasceu a amizade e a parceria.

MONDO POP- Foi dessa forma que surgiu a ideia de convidá-la para participar de De Canto a Canto?
FILIPPE MOURA
– Sim. Ela participou antes do show de lançamento do EP Ilha cantando uma música do Drexler e agora, em De Canto a Canto, a conexão foi ainda mais intensa, pois lançamos nossa primeira música juntos. A música, aliás, é linda, não por ser minha (rsrs), mas realmente por ser uma canção que me deixa muito feliz com o resultado e de como ela nasceu, em uma tarde de conversas. Enfim, tudo de felicidade e de musicalidade eu vejo na Thai. Tem um ponto curioso, que é o fato de que ela quase não participou da gravação, pois estava em turnê com o Baco Exu do Blues e não sabíamos se as datas iam dar certo, mas devido à pandemia os shows não rolaram, as gravações foram postergadas e acabou rolando a participação dela. Delicado essa questão da pandemia e de como tem afetado o mercado cultural no país e no mundo, mas, bom, esse é um outro assunto. Sobre uma gravação com a Thai: quem sabe? Eu ficaria imensamente feliz em poder gravar com ela novamente. O que será que 2021 nos guarda? Espero que essa gravação rsrs.

Pode Dar Certo (clipe)- Filippe Moura e Thai:

Caramelows lança clipe com a cantora espanhola Indee Styla

Caramelows e Indee Styla - Divulgação 1-400x

Por Fabian Chacur

Uma parceria internacional bem caliente tem tudo para agitar o inverno dos brasileiros. Aliás, não só o dos brasileiros, por sinal. Trata-se de Siente El Calor, gravação que reúne o grupo paulista Caramelows com a cantora, compositora, rapper e dançarina espanhola Ndee Styla. A canção está sendo divulgada com um divertido e delicioso clipe criado por Laura do Lago que segue uma estética inspirada nas memes da internet e que mescla imagens dos artistas com animações descoladas e estilosas.

O resultado musical da parceria remete a uma extremamente dançante e pra cima mistura de disco music, funk anos 1970, latinidade e um tempero de Prince (especialmente da música Controversy). A parceria entre o grupo brasileiro e a artista espanhola ocorreu durante uma turnê europeia da banda. O baterista Péricles Zuanon dá mais detalhes:

“Quando nos apresentamos em Barcelona em 2018, Indee subiu ao palco conosco e a conexão foi imediata. Daí então veio a faísca que deu ignição à vontade de fazermos algo juntos. Um ano depois, voltamos à cidade e ficamos morando por uma semana durante uma pausa na agenda de shows. Foi aí que gravamos a música”.

Formado por Eder Araújo (sax e flauta), Fernando TRZ (pianos e teclados), Marja Lenski (percussão), Péricles Zuanon (bateria), Rafael Barone (baixo), Renata Éssis (vocais), William Zaharanszki (guitarra) e Rinaldo Santos (trompete e flugel), o Caramelows se notabilizou ao acompanhar a cantora Linker Barros.

A banda já tocou no Brasil e exterior e participou de festivais como Womad, Lollapalooza Brasil, Womex, Rock in Rio, SXSW, Reeperbahn e Glastonbury, além de ter colaborado com artistas como Elza Soares, Ziggy Marley e outros.

Siente El Calor (clipe)- Caremelows + Indee Styla:

Mahmundi investe em um som de banda em seu álbum Mundo Novo

Por Fabian Chacur

Aos 33 anos de idade, Marcela Vale tem muitas histórias para contar. Filha adotada por uma família de evangélicos, a moça se envolveu com a música desde cedo, tocando bateria e violão e cantando em igrejas. Com o tempo, sentiu que era essa musa que desejava seguir. Mas não foi fácil. Durante anos, conciliou trabalhos fora dessa área com a atuação como técnica de áudio e microfonista de lugares como o Circo Voador e a Fundição Progresso.

Há cerca de 10 anos, resolveu encarar o desafio de uma carreira como cantora, musicista e compositora. Desde então, conhecida pelo nome artístico Mahmundi, vai pavimentando uma trajetória das mais interessantes. Efeito das Cores (2012) e Setembro (2013), dois EPs, foram os seus primeiros lançamentos. Em 2016, veio o primeiro álbum, Mahmundi, pelo selo Stereomono-Skol Music.

Sua parceria com a gravadora Universal Music teve início em 2018 com o álbum Para Dias Ruins. Desde o início, mostrou uma voz doce e muito bem colocada, aliada a canções que, como um todo, dificultam uma rotulação. Seria nova MPB, pop, soft rock, eletropop, r&b, reggae, soul? Ou seria tudo isso junto e misturado? Pouco importa, pois a qualidade é o que importa, e é grande.

Mahmundi nos oferece ecos de Corinne Bailey Rae, Marina Lima, Marisa Monte e Erikah Badu, só para citar algumas possíveis referências, mas do seu jeito. Mundo Novo, seu novo álbum, acaba de ser disponibilizado nas plataformas digitais, e tem tudo para ampliar ainda mais os seus horizontes profissionais em termos de público e crítica especializada.

São sete faixas (incluindo uma espécie de vinheta). Uma, inteligentemente escolhida para iniciar a divulgação do trabalho, é a hipnótica Nova TV, uma das duas parcerias com o artista carioca Castello Branco incluídas neste álbum (a outra é Nós de Fronte). Trata-se de uma gravação absolutamente perfeita, que te prende do primeiro ao último segundo, com letra e melodia envolventes.

Sem Medo, parceria com Felippe Lau, fecha o lado autoral. Convívio (Paulo Nazareth) e Vai (Frederico Heliodoro), de dois talentosos compositores da nova geração, estão aqui. O repertório é fechado com uma bela releitura de No Coração da Escuridão, composição de Dadi e Jorge Mautner gravada pelo primeiro originalmente em seu autointitulado álbum de 2005 com marcante participação de Caetano Veloso nos vocais.

Mundo Novo equivale a um álbum conciso (tem pouco mais de 20 minutos de duração) que deixa aquele adorável gostinho de quero mais, amostra luxuosa de uma artista que tem tudo para pavimentar uma discografia preciosa. Em entrevista por telefone a Mondo Pop, a artista carioca atualmente radicada em São Paulo nos dá algumas pistas de suas intenções musicais.

MONDO POP- Como foi o seu encontro com a música, e o que você ouvia quando criança e adolescente?
MAHMUNDI
– Minha educação musical foi muito restrita à música gospel, pois meus pais são religiosos. Ouvia música gospel americana e brasileira. Comecei, na igreja, a tocar violão e bateria. Só depois fui ouvir outras coisas, como Legião Urbana, Oasis, Keane, Avril Lavigne.

MONDO POP- Qual a diferença básica do conceito deste novo trabalho em relação aos anteriores?
MAHMUNDI
– Tenho uma assinatura estética em cada um deles. A ideia em Mundo Novo era fazer algo que soasse mais como uma banda, saindo da produção sozinha, dos sintetizadores e tudo mais. Então, partimos pra um trabalho com coprodução do músico Frederico Heliodoro, que trouxe suas referências de música instrumental. Eu assino a direção e a produção musical e ele fez a coprodução do álbum.

MONDO POP- Mundo Novo tem uma duração de 22 minutos, não muito comum em álbuns tradicionais. Há quem rotule um trabalho com essa duração como EP. Como você encara essa questão?
MAHMUNDI
– Para mim, esse trabalho é um álbum, pois tem um formato atual, adaptado para os dias atuais. Toda a concepção dele é a de um álbum, desde a seleção de faixas até a concepção final, capa, encarte etc.

MONDO POP- Esse é o seu segundo álbum lançado por uma gravadora grande, a Universal Music. Como está sendo a relação entre vocês?
MAHMUNDI
– Minha relação com a Universal é maravilhosa. Eu cuido de tudo em termos artísticos e criativos, e eles me dão todo o apoio necessário na parte de divulgação. A sugestão de que Nova TV fosse a primeira faixa de trabalho, por exemplo, foi uma sugestão deles que acabei aceitando.

MONDO POP- Aliás, já que tocamos nessa faixa, fale um pouco sobre ela.
MAHMUNDI
– É uma parceria com o Castello Branco, que é um artista carioca maravilhoso. Vi um texto dele em uma rede social, gostei muito e adaptei para a criação desta canção. Adoro TV, ver o que as pessoas fazem nos botecos, sair dessa visão de Sudeste que as pessoas tem do Brasil. Somos muito presos aos celulares, e essa música fala sobre isso.

MONDO POP- Como surgiu a ideia de reler No Coração da Escuridão?
MAHMUNDI
– Conheci o Dadi quando ele tocava com a Ana Cañas, em um show no Circo Voador. Eu nem sabia quem ele era, e vi que ele tocava muito, fiquei impressionada como ele era bom. Fiquei amiga dele, e depois fui saber de tudo o que ele já tinha feito em sua carreira. É uma pessoa muito profunda. Este álbum é um encontro muito bonito entre eu e outras pessoas, conectei-me com o melhor das pessoas envolvidas neste trabalho.

MONDO POP- O título do seu disco anterior é Para Dias Ruins. Este é Mundo Novo. No caso do que você está lançando agora, isso tem a ver com o que estamos vivendo nesse momento atual?
MAHMUNDI
Mundo Novo é uma relação muito pessoal, muito comigo mesma, comecei a criar o conceito desse trabalho em 2019. Fiz psicanálise e me descobri muito nesse processo. Quanto ao que está acontecendo hoje, não dá pra ficar só batendo panelas, só reclamando. Não podemos nos bloquear, é preciso seguir em frente, pois isso vai passar. O brasileiro consegue de um jeito muito espirituoso resolver as coisas.

Nova TV– Mahmundi:

Rodrigo Suricato e Melim lançam single com a música Astronauta

suricato e melim-400x

Por Fabian Chacur

As parcerias no Brasil nos últimos anos tem sido tantas e envolvendo tantos estilos musicais que às vezes é complicado achar alguma que pareça realmente centrada em afinidades musicais, e não em meros interesses comerciais. Felizmente, o trio Melim e o cantor, compositor e músico Rodrigo Suricato dão a entender que resolveram gravar juntos porque de fato se curtem. O resultado é Astronauta, já disponível nas plataformas digitais e com clipe para divulgá-lo.

Astronauta foi lançada originalmente em outra versão no álbum-solo que Suricato lançou recentemente. Ele explica como surgiu a ideia da participação especial dos irmãos de Niterói (RJ): “Melim é a banda folk pop de que mais gosto atualmente. Busco conexões artísticas reais e sempre tive a sensação de que nos daríamos bem musicalmente. Foi fácil trabalhar com eles”.

A canção é uma parceria do artista com o tecladista Maurício Barros, seu colega no Barão Vermelho. “Astronauta chegou a sete versões diferentes. Foi difícil me decidir por uma e optei no disco pela versão mais lenta, que também adoro. Mas sempre achei que a canção precisaria também de um arranjo mais solar e foi exatamente o que as vozes e o talento deles trouxeram para ela: Sol”.

Astronauta (clipe)- Rodrigo Suricato e Melim:

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