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Tag: punk rock

Green Day tem o ator Gaten Matarazzo em seu novo clipe

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Por Fabian Chacur

O Green Day está a mil por hora. O trio americano já havia lançado dois videoclipes como forma de antecipar o lançamento de seu novo álbum (leia mais aqui). Agora, com Mother Of All Motherfuckers já devidamente disponível, eles nos oferecem um novo clipe, desta vez para divulgar a faixa Meet Me On The Roof, outro petardo deste trabalho.

O clipe tem como trama um adolescente gordinho e feioso que tenta uma estratégia para ficar bem na fita com a garota pela qual está apaixonado. O papel é vivido pelo ator americano Gaten Matarazzo, conhecido por atuar na série Stranger Things e ser portador de displasia cleidocraniana. Lógico que ele se dá bem, no fim das contas, com direito ao Green Day tocando no teto da escola.

Meet Me On The Roof (videoclipe)- Green Day:

Road To Ruin, dos Ramones, é relançado com edição deluxe

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Por Fabian Chacur

Há 40 anos, chegava às lojas de discos Road To Ruin, quarto álbum dos Ramones e um dos melhores de sua carreira. Como forma de celebrar essa efeméride, a Warner Music lançou duas edições comemorativas, uma no formato Deluxe Edition contendo três CDs e um LP de vinil, e outra standard, em embalagem digipack dupla. Só a segunda sairá em formato físico no Brasil, sendo que a primeira estará disponível nas plataformas digitais.

A edição deluxe inclui o seguinte conteúdo: o CD 1 traz duas mixagens do álbum, uma a original remasterizada e a outra mais crua e feita especialmente para esta ocasião. O CD 2 tem versões alternativas e extras e o CD 3 traz material gravado ao vivo em 1979. O LP de vinil, de 180 gramas, vem com a mixagem original e remasterizada. O site da Amazon oferece o pacote por 45,85 dólares (em torno de R$ 170,00).

Road To Ruin, na versão física que já pode ser encontrada no Brasil, possui uma charmosa embalagem digipack com capa dupla incluindo cinco fotos do grupo e de seus integrantes, e poucas informações técnicas. Destoando do que era praxe nos relançamentos feitos pelo selo Rhino, hoje da Warner, não traz encarte com texto informativo ou coisa que o valha. Uma pena, pois valorizaria ainda mais o produto e o tornaria mais atrativo ao público em geral.

A remasterização é muito boa, dando ao álbum uma qualidade de áudio matadora e superior às versões anteriores. Algo bem legal, se levarmos em conta que Road To Ruin equivale a um momento no qual os Ramones buscavam ir além do punk rock cru e acelerado que havia marcado a sua trajetória até então. Mais melodias e sutilezas a caminho.

Um marco deste trabalho fica por conta de ser o primeiro com Marky Ramone na bateria. Seu antecessor, Tommy, passou a se dedicar totalmente à produção do álbum, que ele assina (com seu nome de batismo, T. Erdelyi. em parceria com Ed Stasium (que também trabalhou com Talking Heads, Living Colour e Smithereens).

O espírito “1,2,3,4,porrada!” dos discos anteriores se mostra em faixas como I Wanted Everything, I’m Against It, Bad Brain (que inspiraria o nome da célebre banda americana Bad Brains) e She’s The One. I Just Want To Have Something To Do, I Don’t Want You e It’s a Long Way Back seguem um compasso mais lento, com cara hard rock.

A vertente mais melódica surge em canções como Don’t Come Close, um roquinho delicioso com direito a base de violão e um belo solo de guitarra. Grande hit nos anos 1960 com a cantora americana Jackie DeShannon e o grupo britânico The Searchers, a maravilhosa balada rock Needles And Pins surge em uma releitura inspirada, na qual Joey Ramone mostra como a sua voz carismática e agressiva podia se tornar extremamente agradável em um contexto menos básico.

Questioningly os insere novamente no formato rock balada de forma certeira, com direito a violões e ao uso inspirado da slide guitar que certamente arrancaria sorrisos de George Harrison e Lulu Santos. E temos a provavelmente mais conhecida faixa deste trabalho, a endiabrada I Wanna Be Sedated, que equivale a uma mistura do punk básico com uma pegada new wave então emergente. Faixa enérgica, para levantar defuntos e agitar festas rockers!

Como um todo, Road To Ruin é um trabalho no qual Joey (vocal), Johnny (guitarra), Dee Dee (baixo) e Marky (bateria) demonstram maturidade, energia e uma vocação pop-rock inesperada. Se teve péssimo desempenho comercial na época (nº 103 na parada americana), acabou se tornando um clássico do rock, e boa prova de que os Ramones não eram tão repetitivos e básicos como alguns apressados podem pensar. Eles sabiam variar, e fazer rock melódico. Esta é a prova cabal!

Confira a tracklist completa de “Road To Ruin: 40th Anniversary Deluxe Edition”

Disco Um-
Original Mix Remastered

1.“I Just Want To Have Something To Do”
2.“I Wanted Everything”
3.“Don’t Come Close”
4.“I Don’t Want You”
5.“Needles And Pins”
6.“I’m Against It”
7.“I Wanna Be Sedated”
8.“Go Mental”
9.“Questioningly”
10.“She’s The One”
11.“Bad Brain”
12.“It’s A Long Way Back”

40th Anniversary Road Revisited Mix

13.“I Just Want To Have Something To Do”
14.“I Wanted Everything”
15.“Don’t Come Close”
16.“I Don’t Want You”
17.“Needles And Pins”
18.“I’m Against It”
19.“I Wanna Be Sedated”
20.“Go Mental”
21.“Questioningly”
22.“She’s The One”
23.“Bad Brain”
24.“It’s A Long Way Back”

Disco dois: “Rough Mixes & 40th Anniversary Extras”

1.“I Walk Out” (2018 Mix) *
2.“S.L.U.G.” (2018 Mix) *
3.“Don’t Come Close” (Single Mix)
4.“Needles And Pins” (Single Mix)
5.“I Just Want To Have Something To Do” (Basic Rough Mix) *
6.“I Don’t Want You” (Basic Rough Mix) *
7.“I’m Against It” (Basic Rough Mix) *
8.“It’s A Long Way Back” (Basic Rough Mix) *
9.“I Walk Out” (Basic Rough Mix) *
10.“Bad Brain” (Basic Rough Mix) *
11.“Needles And Pins” (Basic Rough Mix) *
12.“I Wanna Be Sedated” Take 2 (Basic Rough Mix) *
13.“I Wanted Everything” (Basic Rough Mix) *
14.“Go Mental” (Basic Rough Mix) *
15.“She’s The One” (Basic Rough Mix) *
16.“Questioningly” Take 2 (Basic Rough Mix) *
17.“S.L.U.G.” (Basic Rough Mix) *
18.“Don’t Come Close” (Basic Rough Mix) *
19.“I Wanna Be Sedated” (Backing Track) *
20.“I Don’t Want You” (Brit Pop Mix) *
21.“Questioningly” (Acoustic Version) *
22.“Needles And Pins” (Acoustic Version) *
23.“Don’t Come Close” (Acoustic Version) *
24.“I Wanna Be Sedated” (“Ramones-On-45 Mega-Mix!”)

Disco três: “Live At The Palladium, New York, NY, December 31 1979”

1.“Blitzkrieg Bop” *
2.“Teenage Lobotomy” *
3.“Rockaway Beach” *
4.“I Don’t Want You” *
5.“Go Mental” *
6.“Gimme Gimme Shock Treatment” *
7.“I Wanna Be Sedated” *
8.“I Just Want To Have Something To Do” *
9.“She’s The One” *
10.“This Ain’t Havana” *
11.“I’m Against It” *
12.“Sheena Is A Punk Rocker” *
13.“Havana Affair” *
14.“Commando” *
15.“Needles And Pins” *
16.“I Wanna Be Your Boyfriend” *
17.“Surfin’ Bird” *
18.“Cretin Hop” *
19.“All The Way” *
20.“Judy Is A Punk” *
21.“California Sun” *
22.“I Don’t Wanna Walk Around With You” *
23.“Today Your Love, Tomorrow The World” *
24.“Pinhead” *
25.“Do You Wanna Dance?” *
26.“Suzy Is A Headbanger” *
27.“Let’s Dance” *
28.“Chinese Rock” *
29.“Beat On The Brat” *
30.“We’re A Happy Family” *
31.“Bad Brain” *
32.“I Wanted Everything” *

*não divulgadas previamente

She’s The One (clipe)- Ramones:

Griswolds dá um toque punk a hits das trilhas de animações

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Por Fabian Chacur

Várias das músicas mais populares de todos os tempos saíram das trilhas das animações, antigamente chamadas de “desenhos animados”. São aquelas melodias que todos conhecem, e cujas letras acompanhamos juntos. Pois o grupo Griswolds teve a ideia de reunir 12 desses petardos em seu novo CD, Punkidz. O título entrega a intenção do trio: os hits aparecem em inusitadas versões punk rock.

Criada e sediada na cidade de Jaú (SP), a Griswolds pensou inicialmente em Punkidz como um show, mas durante sua gestação, ficou claro que o resultado merecia virar um CD, o que ocorreu após um ano e meio do início de tudo. E outra coisa ficou clara nesse processo criativo: o ideal seria gravar as versões em português das músicas, e não as originais em inglês, como costumam fazer em seus discos e shows.

“Até gravamos You’ll Be In My Heart (da trilha de Tarzan, hit de Phil Collins), mas logo percebemos que a maioria das pessoas conhece e canta essas músicas nas versões dubladas em português das animações, e ficou legal, pois é algo diferente do que a gente faz habitualmente”, explica o vocalista e guitarrista Fernando Lazzari, que integra o grupo com o irmão Alexandre (bateria) e o cunhado Naka (baixo).

Além da música do ex-cantor e baterista do Genesis (cuja versão em inglês encerra o álbum, como faixa-bônus), temos canções de animações desde clássicos dos anos 1960 até os atuais, incluindo A Bela e a Fera, Mogli, Toy Story e O Rei Leão. A curiosidade é a divertida A Canção dos Gatos Siameses, de A Dama e o Vagabundo. “Queríamos uma canção de vilões, e essa se encaixou perfeitamente”, justifica Fernando.

O show de lançamento de Punkidz, que teve uma bela prévia no último dia 26 de julho no Cinema Municipal de Jaú, com casa cheia e ótima acolhida por parte do público, traz músicas do novo CD, algumas dos anteriores e uma ou outra ainda não gravada pelo trio. “Cada uma é ilustrada por um vídeo com cenas das animações”, explica o músico.

Criado em 2010, o grupo, que foi batizado com o sobrenome da família do filme Férias Frustradas, surgiu como um projeto paralelo do grupo de canções próprias e covers Estado de Shock, que lançou um LP/CD em 1993 e durou de 1990 a 2011. Inicialmente, o trio apenas gravava as músicas, até que realizou seu primeiro show em maio de 2011.

A Griswolds fica numa espécie de fronteira entre banda cover e de material próprio, pois se só toca canções alheias, sempre faz isso com arranjos originais, criativos e distantes dos gravados originalmente por seus criadores. “Não ligo de nos chamarem de banda cover, mas a gente procura fazer as nossas versões, com a nossa pegada, fugindo do óbvio e trazendo coisas inusitadas”, comenta Fernando.

Durante esses oito anos de existência, a Griswolds conseguiu criar um público fiel em sua cidade natal, e também tem no currículo várias apresentações no estado de São Paulo, em cidades como Campinas, Bertioga, Registro e Presidente Prudente, além de conseguir boa repercussão através das redes sociais.

Para saber mais sobre a banda, entre aqui.

A Bela e a Fera (clipe)- Griswolds:

Grant Hart, ex-Husker Du, faz a sua última e triste viagem

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Por Fabian Chacur

Grant Hart, baterista, vocalista e compositor da seminal banda americana Husker Du, nos deixou nesta quinta-feira (14), aos 56 anos. Ele lutava nos últimos meses contra um câncer no rim, que infelizmente não teve como ser curado. Diversos músicos lamentaram essa inestimável perda, entre eles Bob Mould, seu ex-colega de banda, que divulgou sua tristeza nas redes sociais, conforme ótima matéria da edição online do jornal Star Tribune, da cidade americana de Minneapolis (leia aqui).

Em uma dessas tristes coincidências, o único show de Hart em São Paulo completará quatro anos de sua realização nesta sexta-feira (15). Foi um evento incrível, no qual o artista americano mostrou seu enorme talento e encantou os inúmeros fãs presentes à Galeria Olido (leia a resenha deste show histórico aqui). E o ingresso foi gratuito!

Grantzberg Vernon Hart nasceu em 18 de março de 1961. Ele montou o Husker Du na cidade de Minneapolis, a mesma que deu ao mundo o genial Prince, em 1979. Junto com Bob Mould (guitarra e vocal) e Greg Norton (baixo), o baterista, cantor e compositor resolveu investir em um punk rock bastante agressivo, que ganhou o rótulo de hardcore. O primeiro single do grupo, com as faixas Statues e Amusement, saiu em 1981. O primeiro álbum, o ao vivo Land Speed Record (1982), é um registro básico, cru e hardcore até a medula.

Com o tempo, o Husker Du ampliou os seus horizontes e criou uma sonoridade que pode ser definida de forma geral como se fosse uma mistura do Black Flag com os Byrds. Álbuns como Zen Arcade (1984) e Flip Your Wig (1985) os tornaram bastante conhecidos no meio underground do rock americano, a ponto de atrair a atenção da gravadora Warner, que resolveu apostar nos rockers feiosos e gordinhos, mas muito talentosos.

Candy Apple Grey (1986), a estreia deles na Warner, é uma obra-prima, na qual essa fusão de folk-rock clássico com hardcore soa simplesmente perfeita. Hart e Mould eram os compositores do grupo e também se alternavam como vocalistas principais. Dois craques. Mas as canções de Hart, maravilhas como I Don’t Want To Know If You’re Lonely e Sorry Somehow, são as melhores, poderosos diamantes sônicos bem lapidados, sem perder a energia, nem a ternura, jamais.

Infelizmente, nem esse clássico, nem o seu ótimo sucessor, Warehouse: Songs And Stories (1987), conseguiram bons números de venda. Em 1987, ou seja, há exatos trinta anos, eles acabaram se separando, especialmente devido a brigas entre Hart e Mould, rivalidade que se manteve por muitos e muitos anos e impediu qualquer chance do retorno da banda. E aquela praga que frequentemente atinge pioneiros na música os pegou em cheio.

Logo após o seu fim, bandas como Pixies e, especialmente, Nirvana, beberam com categoria em sua fonte e conseguiram colher os frutos em termos comerciais e de popularidade que foram negados ao Husker Du. Após o fim da banda, Grant Hart iniciou uma carreira-solo com o excelente Intolerance (1989), que este que vos escreve tem autografado pelo autor.

Hart ainda criou a banda Nova Mob, que se manteve por algum tempo na ativa e lançou alguns discos, mas sem sucesso. Depois, retornou à carreira-solo. Seu último trabalho individual foi The Argument (2013). Naquele mesmo ano, foi feito o documentário Every Everyting- The Music, Life & Times Of Grant Hart, de Gorman Bechard (o mesmo de Color Me Obsessed-2011, sobre os Replacements, outra banda seminal de Minneapolis), dando uma geral em sua vida.

Bob Mould voltou a se aproximar do ex-colega de banda nessa fase final. Inclusive, anunciaram há uma semana o lançamento, previsto para novembro deste ano, de Savage Young Du, caixa com três CDs trazendo gravações inéditas da fase inicial do Husker Du. Em julho deste ano, em um de seus últimos shows (ou quem sabe o último), em Minneapolis, Hart teve a participação de integrantes do Soul Asylum, Babes In Toyland e Run Westy Run. Leia mais sobre ele aqui.

Em entrevista concedida em 2009 ao Star Tribune, o músico, que foi amigo de Patty Smith e Willian S. Burroughs, deu uma declaração que pode servir como um belo epitáfio: “Acho que o trabalho que eu produzi durante a minha vida irá mais do que reparar o mundo por alguma inconveniência que eu tenha causado”. Descanse em paz.

Candy Apple Grey- Husker Du (ouça em streaming):

Iggy Pop faz show em outubro em SP no 3º Popload Festival

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Por Fabian Chacur

Boa notícia para os fãs dos grandes nomes do rock. Voltará a São Paulo em breve o lendário Iggy Pop. Ele será a grande atração da terceira edição do Popload Festival, que será realizada em São Paulo no Audio Club (rua Francisco Matarazzo, 694- Barra Funda) nos dias 16 e 17 de outubro. Os ingressos custam de R$160,00 a R$ 480,00 por dia, ou de R$ 360,00 a R$ 720,00 pelos dois dias. Mais informações em www.poploadfestival.com.

Com 68 anos de idade, Iggy Pop merece a alcunha de lenda viva do rock. Seu início foi nos anos 1960 como integrante da seminal banda americana The Stooges, que com seus três primeiros álbuns revolucionou o cenário rocker e plantou as sementes para o que se convencionou chamar de punk rock anos depois. Não inventou esse gênero, mas foi um de seus pioneiros.

David Bowie, um de seus fãs assumidos, o ajudou em vários momentos da carreira, incluindo a produção de dois álbuns solo seminais de Mr. Jamie Ostenberg, os ótimos e também seminais The Idiot e Lust For Life, ambos de 1977. Ele veio ao Brasil pela primeira vez em 1988, cantando em São Paulo no extinto Projeto SP para divulgar seu então mais recente álbum, Instinct.

Sempre na ativa, dividiu-se entre frequentes trabalhos individuais e um histórico retorno dos Stooges que também passou pelos palcos brasileiros. A performance de Iggy Pop nos palcos costuma ser feroz e marcante, sempre com direito a uma viagem pelos melhores momentos de seu excelente repertório. Não é todo dia que temos a chance de ver uma lenda viva cara a cara.

Iggy será a principal atração do Popload Festival no dia 16 de outubro. Na mesma data, estão programados shows do rapper brasileiro Emicida, dos noruegueses Sondre Lerche e Todd Terje e da americana Natalie Prass. No dia 17 de outubro, teremos os escoceses do Belle & Sebastian, os americanos do Spoon, os cearenses do Cidadão Instigado e a carioca Barbara Ohana. Outras atrações devem ser anunciadas em breve, mas Mr. Pop já torna o evento estrelado pacas.

I Wanna Be Your Dog– The Stooges:

Search And Destroy– The Stooges:

The Passenger– Iggy Pop:

Cry For Love– Iggy Pop:

Cold Metal– Iggy Pop:

Ratos de Porão tocam no Clash Club

Por Fabian Chacur

João Gordo se tornou tão conhecido como apresentador de TV que muita gente se esquece de o quanto ele é bom como cantor de punk rock. Uma boa oportunidade de se reavaliar esse talento roqueiro será neste sábado (14) a partir das 19h no Clash Club, quando os lendários Ratos de Porão irão se apresentar ao vivo. A abertura ficará a cargo das bandas Andralls e Executer.

Com mais de 30 anos de estradas, o Ratos de Porão mantém dois integrantes de sua formação clássica, o vocalista João Gordo e o guitarrista Jão, com o time sendo atualmente completado por Juninho (baixo) e Boca (bateria). Do início no punk rock básico, o grupo aos poucos passou a investir no crossover com o heavy metal e o hardcore, gerando uma sonoridade agressiva e personalizada que os consolidou no cenário do rock brasileiro.

O repertório do show de João Gordo e sua turma dará uma geral em seus principais hits underground, entre os quais Crucificados Pelo Sistema, Beber Até Morrer e Aids Pop Repressão, entre muitos outros. Tomara que o quarteto volte a se apresentar ao vivo com mais frequência, o que os fãs do rock brasileiro certamente agradecerão.

O Clash Club fica na rua Barra Funda, 969- Barra Funda, com ingressos a R$ 30 (antecipado) e R$ 40 (na porta, no dia do show). Informações: (0xx11) 3661-1500 e www.clashclub.com.br .

Veja Beber Até Morrer, ao vivo, nos anos 80:

Clássico punk volta em reedição luxuosa

Por Fabian Chacur

Há 35 anos, chegava às lojas o mais emblemático álbum da história do punk rock: Never Mind The Bollocks Here’s The Sex Pistols. Como forma de comemorar essa importante efeméride no mundo do rock, a Universal Music acaba de lançar uma reedição luxuosa do único ábum só de inéditas da carreira da banda de Johnny Rotten.

Trata-se de um daqueles relançamentos feitos no capricho e indispensáveis para quem deseja entender o porquê os Sex Pistols continuam sendo uma das bandas mais importantes e influentes do rock, mesmo com suas canções de três acordes, habilidades restritas como músicos e pouco sucesso comercial na época.

O primeiro CD inclui uma versão remasterizada das 12 músicas contidas no álbum original, mais quatro faixas lançadas originalmente como lados B de compactos de vinil. O outro CD traz 11 faixas gravadas em um show realizado em Estocolmo, Suécia, em 28 de julho de 1977, e três músicas extraídas de show realizado no Reino Unido em 1º de setembro de 1977.

Com fortes influências de bandas como New York Dolls, The Stooges, MC 5 e os grupos americanos de garagem dos anos 60, os Pistols esbanjam pique, energia e atitude em suas canções. Músicas como God Save The Queen, Anarchy In The UK, Pretty Vacant e Holidays In The Sun refletem a fúria dos jovens britânicos em relação à gravíssima situação vivida pela classe operária de lá naqueles anos de chumbo.

De quebra, o grupo também punha para fora a insatisfação em relação ao momento vivido pelo rock de então, com músicos milionários, ingressos de shows caríssimos e sonoridades intrincadas como as propostas pelo rock progressivo afastando o rock and roll de suas origens operárias e básicas. Era uma volta às raízes, feita de forma virulenta e impactante.

O álbum, a rigor, foi gravado com a participação apenas do vocalista Johhny Rotten (que depois voltaria ao nome de batismo, John Lydon, quando saiu da banda), Steve Jones (guitarra e baixo) e Paul Cook (bateria). Glenn Matlock, o baixista original e coautor de boa parte das músicas, foi demitido do time no primeiro semestre de 1977 (ele está em três faixas do CD 1), e seu substituto, Sid Vicious, fazia tudo, menos tocar baixo, funcionando mais como personagem midiático do que como músico.

O CD ao vivo ressalta essa total inexistência de Vicious como músico, pois, apesar de ele participar dos dois shows, é praticamente impossível ouvir um único acorde sequer de baixo nas gravações. Registrado de forma precária, temos no CD a voz vigorosa e ardida de Rotten, a guitarra básica e tosca de Jones e a garra de Cook na bateria. A reação da plateia é entusiástica e favorável a eles, ao contrário de outros shows tumultuados do quarteto.

Dá arrepios ouvir a vibração dos Pistols ao vivo, que chutam para longe a firula e praticamente vomitam as letras desesperadas e os acordes enérgicas de suas canções. Uma delas (também incluída em versão de estúdio no CD 1) é a avassaladora releitura de No Fun, dos Stooges, com mais de cinco minutos de pura explosão rocker.

Os CDs vem acomodados em belíssima embalagem digipack que se abre em quatro divisões, com direito a um caprichado encarte colorido repleto de fotos e informações. Só faltaram as letras, omissão praticamente imperdoável, se levarmos em conta as fortes mensagens contidas nelas. Mas dá para passar, levando-se em conta a excelência do material apresentado.

A ironia fica por conta de um trecho de God Save The Queen, que diz “no future for you” (não há futuro para você). Bem, com exceção de Sid Vicious, que morreu em 1979 vítima de sua própria inconsequência, os outros integrantes da banda estão aí até hoje, e se deram muito bem para quem veio tão de baixo. Ou seja, tiveram um belo futuro, no fim das contas…

Ouçam Never Mind The Bollocks Here’s The Sex Pistols na íntegra:

It’s Alive -The Ramones (1979/Sire-Warner)

Por Fabian Chacur

Estou lendo uma biografia dos Ramones que será futuramente resenhada aqui em Mondo Pop. Sempre que isso ocorre, costumo usar isso como desculpa para me divertir ouvindo álbuns do artista em questão, como trilha sonora.

Aproveitei esta ocasião para conhecer um álbum que sempre me atraiu a curiosidade. Trata-se de It’s Alive, primeiro álbum ao vivo da carreira da banda. Com apenas duas audições, já virou discografia básica.

O show foi registrado no dia 31 de dezembro de1977 no Rainbow Theatre em Londres, e o álbum saiu no Reino Unido em 1979. Por alguma razão estranha, só chegou às lojas americanas em 1995.

It’s Alive flagra a formação original e clássica dos Ramones em ação, com Joey (vocal), Johnny (guitarra), Dee Dee (baixo) e Tommy Ramone(bateria), com a produção a cargo de Tommy e Ed Stasium.

Temos aqui 28 músicas interpretadas com garra, fúria, energia e eficiência indescritíveis. Muito, mas muito pique mesmo, capaz de levantar qualquer roqueiro que se preze.

O bacana é que as músicas, embora tenham levadas semelhantes, não soam iguais, pois as melodias sempre seguem caminhos interessantes, em uma inigualável fusão de punk e pop que seria diluída e aproveitada comercialmente nos anos 90 por inúmeras outras bandas.

O repertório inclui uma seleção de canções dos três primeiros álbuns da banda, que na época ainda estava com apenas três anos de estrada, embora já esbanjando maturidade e personalidade.

Comandada pelo vocal inconfundível e ao mesmo tempo energético e melódico de Joey, a banda ainda contava com a guitarra serra elétrica de Johnny, o baixo seco de Dee Dee e da levada original da bateria de Tommy. Um time perfeito para rock básico e direto sem cair no banal.

Rockaway Beach, I Wanna Be Well, Commando, Cretin Hop, I Don’t Wanna Walk Around With You, Sheena Is a Punk Rocker, é um petardo atrás do outro.

It’s Alive merece mesmo ser considerado um dos melhores álbuns ao vivo da história do rock, pois é incendiário, bem executado e com ótima qualidade de gravação. Hey Ho, Let’s Go Forever!

Veja e ouça vídeo com músicas de It’s Alive:

Morre Redson Pozzi, do grupo punk Cólera

Por Fabian Chacur

O rock brasileiro está em um luto bravo. Morreu aos 49 anos na madrugada desta quarta-feira (28) Redson Pozzi, cantor, guitarrista e compositor da banda punk Cólera, uma das mais importantes já surgidas em nosso país.

O músico teria sofrido uma parada cardiorrespiratória, segundo informou Val Pinheiro, baixista do grupo.

Surgido em 1979, o Cólera teve grandes diferenciais em seus mais de 30 anos de carreira.

Apesar do nome e do som vibrante, sujo e energético, Redson e sua turma apostavam em letras positivas e que abordavam temas como a paz, por exemplo.

Embora tenha recebido propostas para assinar com gravadoras multinacionais, toda a carreira do Cólera foi desenvolvida no cenário independente, pelo qual lançou seus trabalhos. O grupo, inclusive, teve seu próprio selo, o Ataque Frontal.

Vegetariano, Redson brilhava nos shows, sempre vigorosos e com direito a grande participação por parte do público. Álbuns como Tente Mudar o Amanhã (1984) e Pela Paz Em Todo Mundo (1986) estão entre os mais importantes da história do rock brasileiro.

Tive a oportunidade de entrevistar Redson lá pelos idos de 1986/87 no escritório da Ataque Frontal, no centro de São Paulo. Tenho até uma foto que registrou o encontro.

Era um cara gente fina, com posições extremamente interessantes e que amava o que fazia. Vai fazer muita falta!

Deixe a Terra em Paz – Cólera:

Pela Paz Em Todo Mundo – Cólera:

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