por Fabian Chacur

Em 2007, o R.E.M. lançou o seu primeiro CD de carreira ao vivo.  Antes, a banda americana reservava faixas ao vivo apenas para os lados B de seus inúmeros singles, que viraram raridades disputadas pelos fãs mais fiéis.

Duplo, R.E.M. Live traz um DVD como bônus, e equivale a uma bela viagem pelos maiores hits de Michael Stipe e sua turma, interpretados com muito pique e categoria. Apenas dois anos se passaram, e eis um novo CD ao vivo.

Só que o grupo integrado por Michael Stipe (vocal), Peter Buck (guitarra) e Mike Mills (baixo) nunca aposta na redundância. Live At The Olympia In Dublin só tem duas coisas em comum com o live album anterior.

Um é o fato de também ser duplo. O outro, três músicas: Drive, I’m Gonna DJ e Cuyahoga. O conceito básico dos dois álbuns é bastante distinto. Enquanto um aposta nos hits, o outro mergulha no catálogo do trio.

Com o apoio de Scott McCaughey (guitarra e backing vocals) e Bill Rieflin (bateria), o R.E.M. se apresentou ao vivo em 2007 na cidade de Dublin, na Irlanda, como forma de se preparar para a turnê mundial que realizaria a seguir, e que passou de forma inesquecível pelo Brasil em 2008.

O repertório do show chega a ser dos sonhos para os fãs mais antigos, ou que conhecem melhor o repertório da banda. 22 das 39 músicas apresentadas pelo grupo neste álbum foram gravadas originalmente nos anos 80.

Maravilhas como Wolves, Lower, Gardening At Night, Carnival Of Sorts (Box Cars), West Of The Fields e Cuyahoga não costumam fazer parte dos set lists mais recentes dos shows dos americanos de Athens, Georgia.

Dois álbuns foram muito bem representados: o segundo, Reckoning, de 1984 (com seis faixas, entre elas Second Guessing) e o terceiro, o excelente e subestimado Fables Of The Reconstruction, de 1985, (com cinco, entre elas as maravilhosas Maps And Legends, Driver 8 e Feeling Gravitys Pull).

Além desse instigante passeio pelo passado brilhante dos rapazes, eles também ofereceram, em primeira mão para o público irlandês, nove das onze faixas que entrariam no ótimo álbum de estúdio Accelerate (2008).

Entre outras, a vibrante Living Well Is The Best Revenge, I’m Gonna DJ e Disguised (que em Accelerate aparece com o título Supernatural Superserious) representam bem a safra mais recente do R.E.M. .

Live At The Olumpia In Dublin é a prova de que uma boa banda de rock não precisa de recursos visuais milaborantes, carinhas bonitinhas e roupas chocantes para se tornar uma sensação mundial.

Basta ter grandes canções e tocá-las com vibração e competência. O que, convenhamos, não é qualquer um que consegue. O R.E.M. já faz parte desse Olimpo pop há muitos, mas muitos anos mesmo!